Lorena fez um biquinho, sabendo que Duarte havia dito aquilo de propósito. Depois de conversar com ele por mais um tempo, Lorena teve que encerrar a ligação, pois seus alunos começaram a chegar para a aula. Felizmente, com exceção de Alice, todos os outros adoravam piano. Isso tornava o ensino muito mais tranquilo para Lorena. Mesmo tendo alunos tanto de manhã quanto à tarde, ficando ocupada até o anoitecer, ela se sentia extremamente feliz. Assim que se despediu do último estudante, já pronta para ir para casa, Lorena foi surpreendida por uma cena inesperada: uma mulher de meia-idade, com um ar culto e sofisticado, entrou segurando a mão de um garotinho. Com apenas um olhar, Lorena a reconheceu de imediato. Era Raimunda. No passado, elas haviam sido vendidas juntas para o País N. — Raimunda, como assim é você? Lorena sabia que Raimunda havia sido resgatada, mas vê-la ali, ainda mais acompanhada do filho, em seu Estúdio de Piano Maravilhoso, era algo que lhe causava tan
A pergunta repentina de Lorena deixou Raimunda um tanto surpresa, e ela perguntou: — Como assim? O Sr. Duarte não te deu o antídoto? Lorena curvou os lábios em um sorriso amargo e negou com a cabeça. Raimunda sentiu uma pontada de culpa no mesmo instante e disse: — Eu realmente não imaginava que esse antídoto fosse tão precioso... Mas o Sr. Duarte o deu apenas para mim. Achei que você também já tivesse recuperado a memória, não pensei que... Lorena permaneceu em silêncio. "Sim... Um antídoto tão raro, e Duarte o usou para fazer experimentos em Naiara." Raimunda tentou consolá-la: — O Sr. Duarte deve ter feito isso por necessidade. Na época, eu era a única que poderia testemunhar contra a família Godoy. Por isso, ele escolheu me dar o antídoto. Se não fosse por essa razão, ele com certeza teria lhe dado a única dose disponível. Mas Lorena respondeu com indiferença: — E se ele tivesse duas doses? Raimunda olhou para ela, surpresa: — O que você quer dizer com isso?
Duarte provavelmente nem olhou o identificador de chamadas antes de atender. Sua voz soou preguiçosa e irritada: — Tão tarde... O que foi? Lorena respondeu em um tom baixo: — Sou eu. — Rena? — O tom de Duarte mudou imediatamente. Ele perguntou, tenso. — Aconteceu alguma coisa? Caso contrário, por que Lorena ligaria para ele a essa hora? Com a voz embargada, Lorena perguntou: — Te acordei? Eu estou bem, não precisa se preocupar. Duarte soltou um suspiro de alívio e riu baixinho: — Não me diga que sonhou comigo e, por isso, me ligou? Se for isso, vou ficar muito feliz. Lorena murmurou, abatida: — Eu tive um sonho, sim... Mas sonhei com a época em que fui vendida para o País N. Acordei assustada... Estou com medo... Ao ouvir o choro contido de Lorena, Duarte sentiu o coração derreter instantaneamente. Ele queria voltar naquele exato momento e envolvê-la em seus braços. Mas estando tão longe, tudo o que podia fazer era consolá-la: — Rena, não tenha medo. Enquant
O coração de Lorena, mais uma vez, mergulhou no desespero. Ela pensou: "Se ao menos Duarte pudesse entender... Se ele tomasse a iniciativa de me entregar o antídoto, mesmo que fosse apenas porque eu pedi, eu o perdoaria por todas as mentiras." Desde o começo, durante todo o tempo em que estiveram juntos, Lorena sentia que sua jornada ao lado de Duarte havia sido um ciclo interminável de enganos e perdão. "Mas, para perdoar, eu precisaria de pelo menos um motivo, não é?" Ela soltou um riso amargo. Era irônico que, justamente agora, quando queria perdoá-lo, não conseguisse encontrar um único motivo para fazê-lo. — Rena, tem coisas na vida que não vale a pena buscar respostas. — Disse Duarte. — A gente precisa olhar para frente. Por que insistir em lembrar do passado? Lorena admirava a maneira como Duarte conseguia transformar suas mentiras em palavras tão retas e firmes, quase como se fossem verdades inquestionáveis. "Que bom que não o confrontei diretamente sobre isso" pen
Ademir sabia que lá dentro estava Domingos, o paciente mais grave que ele tinha, mas também o que havia resistido por mais tempo. Por isso, Ademir tinha um sentimento especial por Domingos. Afinal, desde que havia voltado ao país e assumido seu caso, já tinha se passado mais de um ano. No entanto, ao encontrar Lorena ali, a expressão fria de Ademir pareceu exibir um leve traço de surpresa. — O que você está fazendo aqui? — Ao passar por Lorena, ele franziu a testa, olhando para ela. Afinal, sempre que Domingos era internado, quem o acompanhava era Joaquim e Natacha, ou então alguns homens desconhecidos, que diziam ser funcionários do pai de Domingos. De qualquer forma, Ademir jamais havia visto os pais do garoto. Por isso, achou estranho. Pela aparência, Lorena parecia ter pouco mais de vinte anos, não era a idade que se esperaria de alguém com um filho daquela idade. Se lembrando da discussão que teve com Ademir no dia anterior, Lorena se arrependeu, mas engoliu o descon
Foi só então que Lorena percebeu que Ademir provavelmente havia entendido errado. Ele achava que ela tinha aberto uma loja de pianos e, por isso, ignorou completamente Domingos. No entanto, Lorena não discutiu. Tinha receio de desagradar o médico responsável pelo tratamento de Domingos e que, por isso, ele não se dedicasse tanto ao caso. Assim, ela apenas assentiu e disse: — Obrigada pelo aviso, Dr. Ademir. Vou conversar com o pai dele. Enquanto ajustava a velocidade do soro de Domingos, Ademir comentou distraidamente: — Que interessante... — O quê? — Lorena não entendeu e olhou para ele, intrigada. Ademir sorriu. — Ontem, a Srta. Lorena ainda parecia alguém difícil de lidar. Hoje, no entanto, está sendo bem educada comigo. Lorena captou a insinuação nas palavras dele. Apertou os dedos levemente, forçando um sorriso um tanto hesitante, e respondeu: — Então, por favor, Dr. Ademir, não leve a sério o que eu disse ontem. O senhor tem razão, eu realmente não tenho o dir
- Sra. Camargo, parece que o Sr. Joaquim não vai voltar esta noite. Que tal você ir dormir primeiro? – Sugeriu Dora, com gentileza, olhando para a luz ainda acesa no quarto.Um traço de decepção cruzou os olhos de Natacha Gonçalves.Naquele momento, o som do motor do carro ecoou no quintal.Natacha, sem sequer colocar os chinelos, correu para a janela para dar uma olhada.Era realmente o carro esportivo prateado de Joaquim Camargo que entrava na garagem.Ela respirou fundo e olhou para o seu conjunto de lingerie sexy, seu coração batendo de forma descontrolada como um tambor.Dois anos de casamento, ele sempre dormia no quarto de hóspedes e nunca tocou ela.Natacha sabia que o casamento deles foi arranjado pelo avô Paulo e não era a vontade de Joaquim.Mas já se passaram dois anos, eles não podiam continuar assim para sempre, certo?Será que Joaquim achava que ela era apenas uma universitária sem diploma, que não sabia de nada?Será que ele achava que ela era muito passiva?Com esses p
Joaquim já havia perdido completamente a razão.Não se sabia se foi a comida ou a bebida que estava batizada na festa naquele dia.Naquele momento, ele era impulsionado pelo desejo, incapaz de controlar seus sentimentos.Ao tocar a mulher macia e perfumada na cama.Seu desejo explodiu num instante como uma flecha disparada.A inocência e o choro impotente dela simplesmente enlouqueceram ele!Uma hora inteira se passou.O homem finalmente estava satisfeito e adormeceu.Natacha se sentiu como se todo o seu corpo tivesse sido esmagado até os ossos.Ela se levantou com dor, se vestiu às pressas e saiu do quarto às pressas.Entrou apressadamente no elevador e acabou esbarrando em uma jovem mulher.- Desculpe. – Murmurou Natacha.Ela estava pálida, entrou rapidamente no elevador e apertou o botão de fechar a porta.Rafaela Costa saiu do elevador e imediatamente olhou para trás.Ela não podia acreditar que estava vendo Natacha pela fresta do elevador.Aquela não era a esposa de Joaquim? A mul