Bernado Fonseca
Não sei em que momento fui parar no terraço daquele condomínio, mas aconteceu. Os olhos tristes de Marcela não saiam da minha cabeça. Eu era como aquelas duas que estavam conosco no elevador, entretanto, dez vezes pior. Não foi divertido ter presenciado toda aquela situação, não intervi porque pensei que a qualquer momento a mulher feroz que havia dentro dela fosse surgir, no entanto, ela não fez nada, simplesmente nada! Chorar e se trancar no banheiro não era a solução. Me senti tão envergonhado, por ter feito coisas piores com ela. Foram tantas brincadeiras e piadinhas de mau gosto, apenas para minha diversão.
— Até mesmo o diabo sabe a hora certa de se redimir. — murmurei, sabendo exatamente o que deveria ser
Marcela AndradeEra finalzinho de tarde e eu resolvi trocar mensagens com Talita, falávamos sobre Rafael e do quanto ele havia me magoado. Por que não contei nada do asqueroso que se enfiou no meu apartamento? Não contei porque ela sempre foi boca aberta, no caso, não sabia guardar segredo. Eu não me surpreenderia dela aparecer no meu apartamento, apenas para ter certeza que era realmente ele. Certas coisas eram melhor guardar as sete chaves e se possível jogar fora as chaves!Bernardo Fonseca não cansava de me importunar e novamente aprontou uma das suas. Do que estou falando? O dito cujo transitava de maneira descarada na minha frente, apenas de toalha de banho, isso mesmo de toalha de banho! Dificilmente conseguiria ignorar um homem como ele caminhando pelo meu apartamento tão à vontad
Bernado FonsecaNão pensei que uma simples ida a cozinha se tornasse em um momento cômico. As luzes apagaram assim que me aproximei de Marcela, que estava de costas para mim guardando alguma coisa no armário aéreo de três portas. Permaneci no mesmo lugar e em silêncio, nem eu mesmo sei porque não falei nada. Escutei ela resmungar depois de bater em algum lugar, uma atrapalhada, eu sei! Mas ela me pegou de surpresa, quer dizer, desprevenido, não esperava que ela fosse me tocar do jeito que tocou. Cheguei a conclusão de que a minha carência era tamanha que me fez sentir tesão por ela, uma segunda vez, e no mesmo dia! Me senti um adolescente virgem que ficou excitado com alguns toques não propositais. Porra! Eu quase gozei precocemente nas calças! Tudo parou no momento que a luz voltou e ela se deu conta do que havia f
Marcela AndradeTalita falou tantas bobagens apenas para me fazer sorrir, naquela manhã estava de mau-humor, não era pra menos, mal havia dormido a noite por não conseguir esquecer o constrangimento de ter tocado as partes íntimas de Bernardo Fonseca. Quando cheguei para trabalhar na copa aquele desgraçado já havia ligado para que eu levasse seu café, me recusei de todas as maneiras possíveis até convencer alguém levar no meu lugar. Não queria vê-lo depois da noite anterior, pelo menos ele teve a decência de sair do meu apartamento e não voltar mais.— Meu Deus! O senhor Fonseca, está vindo para cá! — minha amiga ficou pálida. — Preciso ir, desculpe!Fiquei boq
Bernardo FonsecaUma semana evitando qualquer contato com Marcela Andrade, deveria ter sido o suficiente para tirá-la dos meus pensamentos e desejos reprimidos, entretanto, não foi. Era sábado às nove e quinze da manhã, estava bastante ansioso em encontrá-la com a desculpa do nosso contrato confesso, mas o que queria de fato nem eu mesmo sabia, apenas sentia uma necessidade de vê-la o quanto antes. Quando as portas do elevador abriram-se no seu andar, senti algo estranho no estômago que nunca havia sentido antes, sequer saí do elevador e a encontrei, porém, ela não estava sozinha.— Senhor Fonseca! — disse ela surpresa, olhando para o magricela que estava com o braço entrelaçado ao seu.Ela tinha um
Marcela AndradeBernardo Fonseca conseguia tirar qualquer alegria minha com sua presença indesejada. O som alto do seu carro me deu um pouco de dor de cabeça, se não bastasse ele ter feito o que fez, ainda assim, arrumava outra maneira de me irritar mais. Rafael apenas quis me defender e acabou levando um soco, isso mesmo, um soco! Estávamos indo dar um passeio pelo condomínio, tínhamos acabado de conversar sobre tudo que aconteceu entre nós, encerrando aquele incidente. Não posso dizer que foi uma conversa fácil para mim, pois ele me confidenciou algo muito inesperado, ele disse com todas as letras: Sou Gay, Marcela. Gay? Jamais imaginaria isso! Vi todas as ilusões que criei indo embora depois de descobrir sua orientação sexual. Estar presa contra minha vontade no banco daquele carro era o de menos, a companhia em si
Bernado FonsecaEncarei a latinha de cerveja na mão, não hesitei em abrir o lacre. Sorri olhando em direção a porta aberta do quarto. Marcela Andrade era mesmo peculiar, não pelo fato dela ter me deixado excitado usando aquele mini shortinho, mas sim, por sua atitude em si. Ela quase me fez esquecer o que disse, ter me pedido desculpas foi o mínimo. O suicídio não era algo para dizer nem de brincadeira. Não consegui esconder o quanto fiquei chateado com aquelas palavras ditas para machucar. Recordei de Laura e do quanto ela era intensa e linda. A culpa do seu suicídio era toda minha. Nunca me perdoaria por ter destruído duas vidas de uma única vez.Experimentei pela primeira vez cerveja, e o gosto relativamente amargo, não era tão ruim como pensei que fo
Marcela AndradeO inferno talvez não fosse tão ruim assim, certo? Do que estou falando? Estou falando do lugar onde passaria a eternidade por mentir tanto! O medo da minha família descobrir que eu não trabalhava em um bom escritório de advocacia na cidade grande, me fez fazer o impensável, tratar meu inimigo como um bom amigo. Bernardo Fonseca não era confiável e estar com ele na casa dos meus pais, causou um desconforto gigantesco para mim. No dia seguinte após o dia anterior de muita angústia e desespero, finalmente pude respirar aliviada, pois meu pai não corria mais risco de vida.Eram quase dez da manhã e o senhor fingindo a bom moço continuava dormindo no quarto de hóspedes. Eu queria fazê-lo mentir, quer dizer, ocultar a verdade para n&atild
Bernardo FonsecaAlgo em Marcela Andrade, conseguia me deixar vulnerável. Não era minha carência, sei que não era, realmente ela tinha algo que poderia ser capaz de tirar o que quisesse de mim. Por quê? Também gostaria de saber! Na terça-feira de manhã quase liguei o telefone, quase, porque sabia que no momento em que ligasse aquele aparelho celular, Caleb e eu acabaríamos discutindo por conta do meu sumiço. O que eu poderia dizer a ele? Que a reunião não significava nada? Eu era orgulhoso demais para contar que deixei minhas responsabilidades de lado por causa de uma mulher, não uma como as outras, e sim, nossa funcionária da copa. Ele não entenderia, com certeza, usaria essa informação, para zombar de mim.Eram cinco da tarde quando