Bernardo Fonseca
Uma semana evitando qualquer contato com Marcela Andrade, deveria ter sido o suficiente para tirá-la dos meus pensamentos e desejos reprimidos, entretanto, não foi. Era sábado às nove e quinze da manhã, estava bastante ansioso em encontrá-la com a desculpa do nosso contrato confesso, mas o que queria de fato nem eu mesmo sabia, apenas sentia uma necessidade de vê-la o quanto antes. Quando as portas do elevador abriram-se no seu andar, senti algo estranho no estômago que nunca havia sentido antes, sequer saí do elevador e a encontrei, porém, ela não estava sozinha.
— Senhor Fonseca! — disse ela surpresa, olhando para o magricela que estava com o braço entrelaçado ao seu.
Ela tinha um
Marcela AndradeBernardo Fonseca conseguia tirar qualquer alegria minha com sua presença indesejada. O som alto do seu carro me deu um pouco de dor de cabeça, se não bastasse ele ter feito o que fez, ainda assim, arrumava outra maneira de me irritar mais. Rafael apenas quis me defender e acabou levando um soco, isso mesmo, um soco! Estávamos indo dar um passeio pelo condomínio, tínhamos acabado de conversar sobre tudo que aconteceu entre nós, encerrando aquele incidente. Não posso dizer que foi uma conversa fácil para mim, pois ele me confidenciou algo muito inesperado, ele disse com todas as letras: Sou Gay, Marcela. Gay? Jamais imaginaria isso! Vi todas as ilusões que criei indo embora depois de descobrir sua orientação sexual. Estar presa contra minha vontade no banco daquele carro era o de menos, a companhia em si
Bernado FonsecaEncarei a latinha de cerveja na mão, não hesitei em abrir o lacre. Sorri olhando em direção a porta aberta do quarto. Marcela Andrade era mesmo peculiar, não pelo fato dela ter me deixado excitado usando aquele mini shortinho, mas sim, por sua atitude em si. Ela quase me fez esquecer o que disse, ter me pedido desculpas foi o mínimo. O suicídio não era algo para dizer nem de brincadeira. Não consegui esconder o quanto fiquei chateado com aquelas palavras ditas para machucar. Recordei de Laura e do quanto ela era intensa e linda. A culpa do seu suicídio era toda minha. Nunca me perdoaria por ter destruído duas vidas de uma única vez.Experimentei pela primeira vez cerveja, e o gosto relativamente amargo, não era tão ruim como pensei que fo
Marcela AndradeO inferno talvez não fosse tão ruim assim, certo? Do que estou falando? Estou falando do lugar onde passaria a eternidade por mentir tanto! O medo da minha família descobrir que eu não trabalhava em um bom escritório de advocacia na cidade grande, me fez fazer o impensável, tratar meu inimigo como um bom amigo. Bernardo Fonseca não era confiável e estar com ele na casa dos meus pais, causou um desconforto gigantesco para mim. No dia seguinte após o dia anterior de muita angústia e desespero, finalmente pude respirar aliviada, pois meu pai não corria mais risco de vida.Eram quase dez da manhã e o senhor fingindo a bom moço continuava dormindo no quarto de hóspedes. Eu queria fazê-lo mentir, quer dizer, ocultar a verdade para n&atild
Bernardo FonsecaAlgo em Marcela Andrade, conseguia me deixar vulnerável. Não era minha carência, sei que não era, realmente ela tinha algo que poderia ser capaz de tirar o que quisesse de mim. Por quê? Também gostaria de saber! Na terça-feira de manhã quase liguei o telefone, quase, porque sabia que no momento em que ligasse aquele aparelho celular, Caleb e eu acabaríamos discutindo por conta do meu sumiço. O que eu poderia dizer a ele? Que a reunião não significava nada? Eu era orgulhoso demais para contar que deixei minhas responsabilidades de lado por causa de uma mulher, não uma como as outras, e sim, nossa funcionária da copa. Ele não entenderia, com certeza, usaria essa informação, para zombar de mim.Eram cinco da tarde quando
Marcela AndradeFoi difícil conseguir respirar de frente para o homem causador das minhas angústias. Por que sempre cruzávamos o caminho um do outro? Eu não sabia se o carma era meu ou dele. Bernardo Fonseca continuava do jeito que recordava, mas tinha algo diferente no olhar, não saberia dizer ao certo o que poderia ser. Nada foi planejado, o nosso encontro. Conseguia sentir o quanto minha presença era indesejada. Olhar no fundo dos seus olhos outra vez, desconcertou-me por inteira. A canção ao fundo me trouxe para realidade e o quanto isso era estranho, digo, encontrá-lo junto com o seu irmão naquele lugar. O desespero bateu forte e quis muito que fosse mentira, uma loucura da minha cabeça, no entanto, era real, os dois estavam ali.— Talita, por que os irmãos
Bernardo FonsecaDiferente de todas as vezes que tive uma mulher nos meus braços, daquela vez o coração acelerado era novidade. Fiquei emocionado, não apenas por causa do pedido de desculpas, Marcela nunca esteve em um relacionamento, ela e o magricela não eram um casal. Como pude desprezá-la daquele jeito? Eu deveria ter conversado com ela antes. Acariciei suas costas e sorri todo feliz. Que felicidade era aquela? Não tinha sentindo algum na minha cabeça, contudo, foi uma das melhores sensações que senti.— Eles não se mataram, viu como eu estava certa? — nos assustamos ao ouvir Talita. Limpei a garganta, soltando-a dos meus braços. O que aqueles dois faziam do lado de fora? Baguncei os cabelos, constrangido.
Marcela AndradeQuando cheguei no meu apartamento tomei um banho de água fria. Amizade com vantagens? Aquela pergunta infeliz que acabei fazendo ficou o tempo inteiro perambulando meus pensamentos. Eu nunca antes havia me colocando em uma situação tão embaraçosa. Deitada na cama prestes a dormir, foi quando me dei conta de que tinha deixado meu óculos de grau no barzinho.— Marcela, como você pode esquecer do seu óculos? — questionei-me batendo forte na minha cara. — Sua tonta!E o que aconteceu depois? Não consegui dormir claro! A noite inteira pensando no óculos e em Bernardo Fonseca, meu chefe, o qual deveria estar pensando que eu era uma maluca. Preparei um café forte após tomar uma ducha r&aacut
Bernardo FonsecaO que Júlia havia feito a Marcela? Ela não parava de chorar nos meus braços. Fiquei surpreso ao sair do banheiro e encontrar Marcela em cima da escrivaninha, puxando os cabelos da minha secretária que gritava por ajuda. Tê-la nos meus braços causou um efeito que só ela causava sem intenção alguma. Caralho! Meu pau começou a pulsar com toda aquela adrenalina. Não que eu fosse um sem vergonha, entretanto, não tinha como controlar ele que ganhou vida própria.— Eu perdi meu emprego... — choramingou pela décima vez. Às vezes ela era um tanto quanto boba.— Não vou te demitir, Marcela. — sussurrei em sua orelha esquerda. Seu cheirinho me fez suspirar um p