Bruna o encarou por um segundo assustada. Em todos esses anos que se conhecem, Eduardo nunca falou assim com ela. Notou que algo mudou, isso a enfureceu, contudo, como uma grande dissimulada que é, sorriu triste.— Porque está falando assim comigo, Dudu? O que lhe fiz? — Choramingou.— Ainda pergunta? — Inquiriu sem paciência. Ele abriu novamente os olhos e notou algumas nuances que não percebia por está tão cego. Apercebeu que Bruna não está sendo sincera, que a tristeza que demonstra é tão falsa quanto os olhos azuis que está nesse momento.Será que vovô está certo? Lembrou da conversa que teve com o patriarca algum tempo em que ele diz que conhece a mulher a sua frente.— “O senhor não a conhece, cresci com Bruna, sei da mulher íntegra que é.”— “E, pelo visto, você também.”Será que em todos esses anos, não conheço a mulher que está a minha frente?Sua cabeça está doendo e muito confusa.— O que aquela desgraçada lhe falou? — Perguntou se revelando por alguns segundos, esses que f
Por que tomar decisões é difícil para algumas pessoas? Será porque ao tomar muitos fatores podem mudar em nossas vidas. Elas têm consequências, seja a longo prazo ou no momento, entretanto escolher não decidir é mais ruim que cometer falhas. Então, decida a buscar, a ouvir, a amar a si, pois não é egoísta. Como Bert Hellinger disse: as grandes decisões são solitárias. Será necessário que decida sozinho, porque as consequências serão apenas sua.Voltando para nosso casal, Evelin ainda não tinha se recuperado do susto, por isso, Eduardo se aproximou dela, agachou e sua frente e pegou o telefone.— Evelin está ocupada, ligue depois! — Falou sem desviar os olhos dela. Com a ousadia do seu esposo, ela acordou do transe que ele deixou e puxou o celular das mãos dele.— Quem lhe deu ousadia de falar por mim? — Perguntou descontente. Ele a observou por alguns segundos que para Evelin apareceu a eternidade. Sorriu enigmático, entregou o celular nas mãos dela e levantou.— Peço desculpas, isso
O dia de Eduardo não foi nada fácil. Se levantou com as galinhas, saiu antes mesmo de clarear o dia, foi o primeiro a chegar na empresa e simplesmente ficou olhando para o nada. Ele não sabia que seria tão difícil conquistar sua esposa. Ouvindo de fora parece até cômico, pois a conquista deveria vir primeiro que o casamento, enfim.— Bom dia, senhor Schrmam! Chegou cedo. — Natan, seu assistente, falou entrando na sala. Ele não sabia que seu chefe já estava no ambiente, caso contrário não entraria sem bater.— Cheguei cedo. Se houver alguma reunião cancele todas, por favor.— Sim senhor. Posso remanejá-las do jeito que achar melhor?— Pode. — Logo em seguida virou para grande janela, isso foi o suficiente para Santana perceber que foi dispensado.O dia passou arrastado, ele resolveu algumas pendências, contudo o grande problema não foi resolvido, falta menos de um mês para lançar o produto e nada saiu do lugar. A questão com sua mulher e a empresa estão consumindo Eduardo. Pela primeir
— Alguém lembrou que tem um amigo! — Louis debochou quando entrou no apartamento de Evelin. Ela sorriu e o abraçou apertado. — Sentir sua falta.— Será? Tenho minhas dúvidas. — Comentou agarrando ela de lado e arrastando até o sofá.— Não diga isso, não entrei em contato porque precisava resolver algumas questões.— E resolveu? — Indagou com um sorriso travesso.— Sabe que sim, pelo menos parte dele — Está diferente. — Disse analisando sua face relaxada. Ele nunca a viu assim, tão despreocupada.— Espero que um diferente bom. — riu — Agora, chega de falar de mim, vamos falar de você, primo.Eles entraram em uma conversa nostálgica e reflexiva. Quando menos esperam já é noite e bem tarde. Quando Louis resolveu ir embora, a porta da frente abriu. Eduardo encarou o homem à frente nem um pouco feliz.— Deve se lembrar do meu primo, Louis? — Ela perguntou entrando no meio dos dois.— Infelizmente! — Schramm respondeu puxando sua mulher até ele. Mesmo com raiva lhe deu um beijo na testa,
— Algum problema, senhorita Ferreira? — O diretor perguntou sem entender a reação da jovem.— De forma alguma, senhor, achei que tinha visto uma pessoa conhecida. — Abaixou a cabeça sem graça.— É um imenso prazer recebê-lo em nossa humilde universidade, senhor Schramm.— A honra é toda minha, Aguiar. Acredite é um imenso prazer. — Terminou olhando para sua esposa. Alguns colegas que estavam na biblioteca não tiravam os olhos de Evelin, deixando a jovem muito mais incomodada. A mesma estava tão absorta em sua vergonha que não viu o — início que seu esposo chamava as pessoas. Engoliu seco quando ouviu seu nome, afinal Eduardo está chamando em ordem alfabética. Respirou fundo, levantou a cabeça e foi, subiu ao palco com graça e leveza, orgulhando Eduardo com sua atitude.— Parabéns, minha esposa, — entregou o certificado a ela — Tenho orgulho de você. — Agradeço, Edu, isso significa muito para mim, você aqui. — O pegando de surpresa o beijou na bochecha atraindo a atenção de todos, mas
— Você está me assustando, Eduardo. Estamos há vinte minutos aqui nessa praça e você não abriu a boca um minuto. — Tenho medo da sua reação, não quero que briguemos, estamos tão bem. — Confessou. — Mas se me esconde algo, as coisas não estão totalmente nos eixos. Então, desembucha, — Disse, encarando séria. Ele ainda não olhou nos olhos dela, apenas batucava no banco da praça com um galho seco, olhando as famílias rindo com seus filhos. Alguns garotos jogando bola no campinho murado com alambrados verdes descascados, alguns cachorros de rua se misturando com as pessoas pedindo comida e senhoras se exercitando. O dia está lindo e revigorante, não cinza e sem graça, como pode ficar para Eduardo se Evelin brigar com ele. — Quando jovem, conheci uma linda menina. Céus, ela era muito nova, mas me encantou de uma forma que nenhuma fez naquela época. Logo que nos separamos, prometi que a encontraria, porém, burro, esqueci de perguntar seu sobrenome, então foi muito difícil encontrá-la. L
— Já analisou os documentos que pedi, Evelin? — Alessandra perguntou quando se dirigia à sua sala.— Sim, já estão em sua mesa. Coloquei também, algumas sugestões.— Certo, darei uma olhada. — Respondeu com um sorriso discreto. Evelin está há uma semana trabalhando, seu coração está tão em paz. Parece que agora tudo está nos eixos. É a sua segunda casa.— As coisas está estranhas com os chefões lá em cima. — Ouviu Huilse comentando com sua outra colega. Não deu palpite, mas ficou curioso em descobrir o que está acontecendo. Há alguns dias que vem notando seu esposo estranho, perguntou a ele o que estava acontecendo, mas haviam combinado de deixar qualquer assunto do trabalho na empresa. Então, deixou para lá, mas a curiosidade e o forte instinto de ajudá-lo a incomodava intensamente.— Como assim mulher, seja clara? — Maria pediu ansiosa. Ela também está curiosa, Evelin constatou rindo.— Não sei dizer ao certo, mas é algum produto tecnológico com problema. Parece que a empresa pode s
Vivemos em plena cultura da aparência: o contrato de casamento importa mais que o amor, o funeral mais que o morto, as roupas mais do que o corpo e a missa mais do que Deus._ Eduardo GaleanoPerder alguém é um sentimento obscuro, há um desamparo em nossa alma que não conseguimos lidar. Se para um adulto não é fácil, imagina para uma criança? Passar pelos cinco estágios do luto é um suplício.É assim que Evelin Ferreira se sente. Há um mês perdeu seus pais em um acidente de carro, em um dia estavam planejando uma viagem em família, no outro a polícia batia em sua porta lhe contando o que aconteceu.Sem ter a chance de lidar com sua perda repentina, foi empurrada para seus avós. As pessoas que ela nunca teve contato, seus pais nunca lhe trouxeram para eles e muito menos lhe disseram o porquê. Para quem morava no Subúrbio Ferroviário de Salvador e lançada para área nobre da Pituba, fora uma mudança e tanto.Seus avós Carlos e Joana Ferreira não ficaram muito felizes, mas aceitaram, visa