— Algum problema, senhorita Ferreira? — O diretor perguntou sem entender a reação da jovem.— De forma alguma, senhor, achei que tinha visto uma pessoa conhecida. — Abaixou a cabeça sem graça.— É um imenso prazer recebê-lo em nossa humilde universidade, senhor Schramm.— A honra é toda minha, Aguiar. Acredite é um imenso prazer. — Terminou olhando para sua esposa. Alguns colegas que estavam na biblioteca não tiravam os olhos de Evelin, deixando a jovem muito mais incomodada. A mesma estava tão absorta em sua vergonha que não viu o — início que seu esposo chamava as pessoas. Engoliu seco quando ouviu seu nome, afinal Eduardo está chamando em ordem alfabética. Respirou fundo, levantou a cabeça e foi, subiu ao palco com graça e leveza, orgulhando Eduardo com sua atitude.— Parabéns, minha esposa, — entregou o certificado a ela — Tenho orgulho de você. — Agradeço, Edu, isso significa muito para mim, você aqui. — O pegando de surpresa o beijou na bochecha atraindo a atenção de todos, mas
— Você está me assustando, Eduardo. Estamos há vinte minutos aqui nessa praça e você não abriu a boca um minuto. — Tenho medo da sua reação, não quero que briguemos, estamos tão bem. — Confessou. — Mas se me esconde algo, as coisas não estão totalmente nos eixos. Então, desembucha, — Disse, encarando séria. Ele ainda não olhou nos olhos dela, apenas batucava no banco da praça com um galho seco, olhando as famílias rindo com seus filhos. Alguns garotos jogando bola no campinho murado com alambrados verdes descascados, alguns cachorros de rua se misturando com as pessoas pedindo comida e senhoras se exercitando. O dia está lindo e revigorante, não cinza e sem graça, como pode ficar para Eduardo se Evelin brigar com ele. — Quando jovem, conheci uma linda menina. Céus, ela era muito nova, mas me encantou de uma forma que nenhuma fez naquela época. Logo que nos separamos, prometi que a encontraria, porém, burro, esqueci de perguntar seu sobrenome, então foi muito difícil encontrá-la. L
— Já analisou os documentos que pedi, Evelin? — Alessandra perguntou quando se dirigia à sua sala.— Sim, já estão em sua mesa. Coloquei também, algumas sugestões.— Certo, darei uma olhada. — Respondeu com um sorriso discreto. Evelin está há uma semana trabalhando, seu coração está tão em paz. Parece que agora tudo está nos eixos. É a sua segunda casa.— As coisas está estranhas com os chefões lá em cima. — Ouviu Huilse comentando com sua outra colega. Não deu palpite, mas ficou curioso em descobrir o que está acontecendo. Há alguns dias que vem notando seu esposo estranho, perguntou a ele o que estava acontecendo, mas haviam combinado de deixar qualquer assunto do trabalho na empresa. Então, deixou para lá, mas a curiosidade e o forte instinto de ajudá-lo a incomodava intensamente.— Como assim mulher, seja clara? — Maria pediu ansiosa. Ela também está curiosa, Evelin constatou rindo.— Não sei dizer ao certo, mas é algum produto tecnológico com problema. Parece que a empresa pode s
Vivemos em plena cultura da aparência: o contrato de casamento importa mais que o amor, o funeral mais que o morto, as roupas mais do que o corpo e a missa mais do que Deus._ Eduardo GaleanoPerder alguém é um sentimento obscuro, há um desamparo em nossa alma que não conseguimos lidar. Se para um adulto não é fácil, imagina para uma criança? Passar pelos cinco estágios do luto é um suplício.É assim que Evelin Ferreira se sente. Há um mês perdeu seus pais em um acidente de carro, em um dia estavam planejando uma viagem em família, no outro a polícia batia em sua porta lhe contando o que aconteceu.Sem ter a chance de lidar com sua perda repentina, foi empurrada para seus avós. As pessoas que ela nunca teve contato, seus pais nunca lhe trouxeram para eles e muito menos lhe disseram o porquê. Para quem morava no Subúrbio Ferroviário de Salvador e lançada para área nobre da Pituba, fora uma mudança e tanto.Seus avós Carlos e Joana Ferreira não ficaram muito felizes, mas aceitaram, visa
Sou humano, mas gostaria de ser como uma máquina, que tivesse como desligar a função do sentimento e da decepção._ Rodrigo Nunes de AndradeO que está acontecendo? Por que ele me tratou de tal forma? Evelin se perguntava. Ela nunca imaginou que estivesse se casando com o homem que sempre amou, todavia, algo lhe dizia que ele não pensa dessa forma. Ela pode notar o ódio cru que lhe dirigia. Sentindo-se cansada e tola, por ser largada sozinha em sua própria festa de casamento, foi para sua nova casa. Um pequeno apartamento em Brotas. Não quis conhecer o seu novo lar, tamanha tristeza que lhe rondava o coração. De modo algum imaginou que aconteceria desse jeito quando o visse novamente.Evelin passou o pão que o diabo amassou, porém, não se abateu por prometer a ele que tentaria ser feliz. Tudo estava indo bem, até o casamento com um total desconhecido, mas descobri que o estranho não era tão estranho assim, lhe animou. Ela sorriu acreditando que ele a reconheceria, contudo, não foi ass
Sem receios, ou preocupações. São de arrependimentos e erros que as lembranças são feitas._ AdeleNo dia seguinte as coisas não se tornaram fáceis. Eduardo acordou primeiro que Evelin, ao vê-la tão desconfortável no minúsculo sofá, algo balançou dentro dele, mas tão rápido que chegou esse sentimento foi embora, ao se lembrar porque estavam nessa situação.— Acorda, preciso trabalhar e não tem café pronto! — Informou entrando no banheiro sem esperar a resposta dela. Evelin acordou sentindo dor em todo o corpo, mesmo assim não reclamou. Se espreguiçou, respirou fundo e saiu do quarto. Ela ignorou a forma que ele falou com ela de propósito, não procuraria confusão de manhã cedo.Entrou na cozinha, e sentiu o impacto da beleza do lugar. É uma área planejada, totalmente funcional. A cor predominante é o branco que dá um ar clean ao ambiente. Abriu os armários e nada havia que pudesse fazer para um café da manhã. Foi até a geladeira embutida na parede e verificou-a. Achou algumas coisas qu
Sem receios, ou preocupações. São de arrependimentos e erros que as lembranças são feitas. _ AdeleNo dia seguinte as coisas não se tornaram fáceis. Eduardo acordou primeiro que Evelin, ao vê-la tão desconfortável no minúsculo sofá, algo balançou dentro dele, mas tão rápido que chegou esse sentimento foi embora, ao se lembrar porque estavam nessa situação.— Acorda, preciso trabalhar e não tem café pronto! — Informou entrando no banheiro sem esperar a resposta dela. Evelin acordou sentindo dor em todo o corpo, mesmo assim não reclamou. Se espreguiçou, respirou fundo e saiu do quarto. Ela ignorou a forma que ele falou com ela de propósito, não procuraria confusão de manhã cedo.Entrou na cozinha, e sentiu o impacto da beleza do lugar. É uma área planejada, totalmente funcional. A cor predominante é o branco que dá um ar clean ao ambiente. Abriu os armários e nada havia que pudesse fazer para um café da manhã. Foi até a geladeira embutida na parede e verificou-a. Achou algumas coisas
Ainda que a traição agrade, o traidor é sempre odiado. _ Miguel de CervantesPassaram-se duas semanas, após o casamento, mas para ela pareciam anos. A convivência está cada dia mais difícil. Ele sempre a trata com hostilidade, repulsa. Eduardo nunca mais a pegou nua, ela fez de tudo para isso não acontecer, até tomar banho no quarto de hóspedes. Outra coisa é que seu esposo muitas vezes dorme fora de casa, isso está lhe magoando ao extremo. Ela não cogita nem querer saber o que ele faz quando dorme fora, contudo, lá no íntimo imagina. Lembrou do que aconteceu há uns cinco dias, quando seu esposo chegou totalmente embriagado. Ele a acusou de coisas sem sentido e a agarrou à força. Evelin se deixou levar, pois estava nos braços dele, era tudo que mais queria, quando já estava nua recebendo as carícias dele, voltou em si, o fez parar, ela não achou certo. Claro que ele não perdeu a oportunidade de espezinhar-lá.— O que foi, se arrependeu? Tem certeza? Olhe qu