Levar flores aos túmulos era algo que Ranielle fazia praticamente desde que nasceu. Quando não era um parente distante, era alguém próximo e amado. Um ritual inválido, já que Louis assim como todos os que foram mortos em batalha foram queimados assim como seu avô fora anos antes. Era apenas simbólico para desanuviar a alma e ter o consolo de onde ir quando se sentia mal.
Apesar dos esforços de todos, ela ainda se sentia incompleta e sozinha mesmo cercada de pessoas, Louis foi o único que a entendeu. Deu a ela espaço e amor de forma que ninguém além dele poderia. Seus olhos baixaram para a terra recém escavada para enterrarem sua urna, alguma grama já começava a nascer ali por perto, tornando tudo ainda mais doloroso.
Quinze
Ranielle encarava o vaso sanitário de seu quarto na casa da avó pela terceira manhã seguida. Estava começando a ficar preocupada. Não era comum para ela vomitar, muito menos durante as manhãs, já que esta hora geralmente estaria dormindo tranquilamente.Um mês depois de toda a bagunça, ainda estava se ajustando à vida de governar. Os lupinos que viviam em sua matilha eram geralmente calmos e nada requeria sua atenção de imediato. Ou pelo menos é o que ela gostava de pensar.Geralmente brigas por terrenos, filhas querendo se casar um pouco mais tarde e seus pais tentando obrigá-las, vampiros querendo se firmar perto demais da comunidade lupina (esse tema sempre requeria medidas na hora, a vantagem é que Raoul era male&aa
Três meses depois da partida, Ranielle ainda encarava a janela do trem como se fosse a primeira vez que estivesse passeando pela Europa. Cada montanha tem seu charme e beleza e não é que naquele lugarzinho ainda existiam coisas interessantes a se fazer além de lamentar a morte dos seus. Desembarcou em Madri por volta de dois dias depois da partida. Tomou alguns trens e trocou de passaporte para que seus pais não pudessem mais a rastrear. A vantagem de ser fluente em quatro idiomas era essa, além é claro, que poder e dinheiro que falavam alto para quaisquer ouvidos no mundo.Uma olhada em seu sobrenome real e portas se abriam mais do que as pernas das prostitutas nas vitrines. Bruxelas foi uma visão interessante de um mundo totalmente novo, enquanto ela encarava algumas coisas e pessoas pelo caminho, nada tirava de sua mente que eu t
De quem foi a ideia infernal de viajar nesse inverno? Claro que foi dela. Concluiu isso com certo ardor nos músculos que clamavam pelo calor delicioso de uma lareira aconchegante sentada num sofá de couro.Depois do primeiro trem e dos comboios de carro, estavam exaustos. Mas, enquanto ela planejava a sua vingança para quando encontrasse a rainha, Matteo estava ocupado com o corpo quente de uma qualquer. Não que a incomode, não se importava na verdade, porém, queria mais foco na missão.Afinal de contas, não foi fácil salvar o rabo lupino dele, para deixar de lado o seu objetivo maior. Como viajavam sempre de carro ou trem para chamar menos a atenção, demoravam dias numa viagem que de avião seriam horas. As maravilhas de ser de uma fam&iac
Louis não era como ela. Ok, isso pode não ser ruim, mas, quando se tem um outro peregrino por perto a intenção de assassinarem um ao outro é incrível. Então, porque estavam se dando ‘relativamente bem’? Sem nem mesmo trocar palavras rosnadas durante o dia? É uma pergunta que ela sempre fazia. Dois meses depois do encontro no trem, ela sabia tanto sobre ele quanto no início. Era um amigo próximo do seu avô, sem muitas raízes em lugar nenhum, mas, conhece gente por todo canto, vive sempre se mudando, é um dos observadores que foi enviado para nos manter sempre informados do que anda acontecendo em todo o mundo.Na real, ela adoraria enfiar uma bala na cabeça dele, antes que ele pudesse bocejar quando acorda. Mas, precisava dele. Foi uma das condições de vir &lsq
Uma semana... Uma merda de semana... Uma semana de merda... Nessa brincadeira ela ficou quase um mês mais longe da aguardada vingança. Ela sentia seu corpo todo pedindo socorro enquanto olhava pela janela e sentia os músculos latejando sem muita vontade de continuar vivendo. É, ela estava na merda. Seus sentidos registraram a movimentação dos lupinos entrando no galpão com Raoul em seu encalço, ela estava frustrada de não poder sair para caçar e conversar com os gentis amigos não-mortos, mas, seu propósito era maior do que simplesmente torturar vampiros.Precisava continuar no foco e trabalhar firmemente. Nesse meio tempo, ela não fui capaz de iniciar a transformação por conta própria. Frustração não chegava perto do que sentia naqueles momentos em que eles
Os treinamentos continuaram, com a adição do xadrez à rotina e as brigas a evolução era notória. Ela ainda não conseguia vencer Raoul no jogo, mas, continuava chutando as bundas de todos eles durante as brigas. Uma notícia chegou pelo não-morto alguns dias depois, a Encantadora estava fora do radar até mesmo para seus generais há 3 dias e isso os estava preocupando.– Ela não pode ter descoberto sua traição, Raoul. Se você entrou em contato com outros aliados dela e eles também não sabem nada, possivelmente ela só esteja louca ou paranóica como sempre. – Louis tentava ser a voz da razão, mas o outro parecia irredutível.– Se ela desconfiar serão as nossas cabe&ccedi
Num início de noite comum, alguns dias depois, Raoul entrou pálido e desgostoso dentro do galpão, seus cabelos estavam eriçados e ele estava com cara de menos amigos que o normal, algo no ar em volta dele estava sugando toda a alegria que ele geralmente tinha. Algo vestia-se nele como uma segunda pele de medo, enquanto seus passos largos iam na direção de Louis. Depois da interação entre a morena e o lupino e da sua prova dos tiros, eles haviam relaxado mais e a deixado descobrir o que era preciso para avançar na caçada pelo garou, o único problema é que ela continuava avançando muito lentamente para o gosto de todos.A carranca no rosto de Louis foi se formando conforme Raoul falava o que tinha vindo dizer, seus olhos pousaram na mulher por alguns momentos enquanto ela fitava o tabuleiro de xadrez pens
Antes de entrarem no perímetro de onde estavam, o cheiro desagradável dos vampiros preencheu suas narinas e ela teve que se segurar para não sair correndo atrás da briga. Louis já estava com sua Beretta na mão e uma faca na outra, suas presas estavam postas no lugar enquanto Ran ainda tentava se segurar, mas concluiu que não adiantava tentar. Seus instintos tomaram conta e suas mãos correram para a arma e como era ambidestra, direita ou esquerda não importavam muito.Seus ouvidos que estavam ainda em desenvolvimento não captaram nada além de uns barulhos de briga esporádicos, mas, eles sabiam para onde ir, o cheiro de sangue estava permeando suas narinas e não era sangue humano. Os vampiros pareciam estar se fazendo de churrasco ou torturando-se para encontrar a princesa.