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Victoria - Capítulo 5 - Abandonada

Era manhã do outro dia, depois do meu aniversário, e eu estava com muito calor e um pouco tensa, então aproveitei que minha mãe não estava, e eu não tinha nada para fazer pela manhã, e fui nadar um pouco na piscina do castelo.

A água era um ótimo relaxante e me fazia esquecer um pouco dos problemas que me aguardavam a partir daquele dia.

Mergulhei fundo e fiquei lá, o quanto meu fôlego aguentava, então voltei à superfície.

- Oi. - Uma voz falou, me pegando de surpresa.

- O que está fazendo aqui Nicholas?! - perguntei, brava por ele ter me assustado. - Achei que já tivesse ido embora.

- Estou indo agora. - ele respondeu com um sorriso, sem nem se importar com a minha raiva.

Saí da piscina e só então percebi que havia sido um erro.

Eu estava só de biquíni e ele estava perto demais de mim.

Cruzei os braços sobre o peito e o encarei.

- O que você quer? - eu perguntei. Tentei parecer irritada, mas minha voz saiu mais como se eu fosse uma garotinha tímida e assustada.

Ele sorriu ainda mais e deu mais um passo em minha direção.

- Só vim me despedir.

Ele me puxou pela cintura e me beijou.

Sua língua invadiu minha boca e eu tentei resistir, mas acabei retribuindo.

Nicholas era uma péssima influência para mim, mas eu não conseguia ficar longe dele.

Sua mão me apertou e me acariciou e eu o segurei pelos cabelos loiros e desgrenhados.

Eu não podia me envolver assim com ele, pois Nicholas era um mulherengo paquerador e eu já gostava demais dele para o meu próprio bem. Parte de mim tinha medo de que se eu deixasse as coisas irem longe demais ele deixaria de me procurar, e a outra parte me xingava e dizia que isso seria melhor. Eu precisava acabar logo com aqueles nossos casuais encontros escondidos, ou eu sofreria com isso depois.

O empurrei para longe, tentando manter minha pose de durona.

Nicholas fez um beicinho charmoso, me obrigando a desviar os olhos dele para não correr o risco de desmanchar minha carranca.

- Qual é, Vih. Não faz isso comigo. - ele reclamou.

- Já conversamos sobre isso Nick. Você não devia estar aqui. E a gente não devia estar fazendo... isso.

- Porque não? - ele perguntou, voltando para perto de mim e beijando o meu pescoço. - Pare de se fazer de difícil assim.

- Nick, vá embora. - eu falei empurrando-o, dessa vez um pouco irritada. - Você só vem me procurar quando não tem outra garota com quem ficar e eu não sou seu step, Nicholas. Já disse que não quero mais nada com você.

Ele suspirou. Quase parecia que eu o havia magoado, mas eu apenas havia dito a verdade.

- Tudo bem. - ele falou com as mãos erguidas em rendição - Se é isso o que quer...

Ele virou as costas e eu desejei tê-lo deixado ir embora, mas a menina idiota dentro de mim o chamou de volta.

- Espera. - eu falei - Eu não quis... Olha Nick, eu não quero que fique chateado comigo, eu só... - suspirei - Nick, eu tenho dezoito agora e preciso achar alguém com quem eu possa ter um relacionamento sério, não posso continuar ficando com você assim. Isso precisa acabar e você sabe disso.

Ele olhou para o chão mais uma vez.

- Tudo bem. - ele concordou - Eu vou ir embora então. Meus pais já devem estar me esperando.

Dei um passo em sua direção, como que para impedi-lo de ir, mas me segurei ali. Aquilo era necessário, lembrei a mim mesma. Eu precisava terminar com ele de vez, e aquele era o momento certo pra isso.

Esperei um tempo depois que ele se foi e voltei para o meu quarto. Meu tempo de folga havia acabado e estava quase na hora das minhas aulas.

Naquele dia eu estudei leis e costumes com a minha professora Valdirene, uma mulher negra e alta, de cabelos curtos, porém volumosos.

Estudamos sobre os direitos de um réu em julgamento, coisa que eu não sabia se algum dia me seria útil, mas anotei tudo e prestei bastante atenção. Conhecimento nunca era demais, principalmente se eu quisesse ser rainha algum dia. Eu precisava ser uma rainha tão boa quanto a minha mãe era, e isso poderia ser um desafio e tanto.

Depois disso, para aliviar o cérebro, eu fui para a aula de pintura, junto com minhas damas Letícia e Daiene.

Minha professora Sofia, de artes, também era uma mulher de pele marrom chocolate, mas era um pouco mais baixa e bem magra, parecia ser fumante, apesar de eu nunca tê-la visto com um cigarro.

Fizemos pinturas em quadros e eu tentei fazer um retrato de minha mãe, mas não ficou tão bom quanto eu queria.

Minhas damas ficaram impressionadas com o desenho e disseram que eu era muito talentosa, mas eu achava que era apenas bajulação desnecessária e que aquilo não estava parecendo em nada com a minha mãe.

Finalmente o dia estava acabando e Percy voltaria com ela do passeio que eles haviam feito.

Eu queria muito ter ido junto, mas eu entendia que minha mãe queria passar um tempo com ele, afinal eles não se viam havia bastante tempo, mesmo assim era chato ficar ali sozinha, e meu pai estava ocupado também, cuidando de outros assuntos.

Eu me sentia um pouco abandonada. Talvez fosse apenas um pouco de ciúmes, e eu sabia que devia deixar aquele sentimento de lado, mas era difícil, afinal era só o meu irmão chegar e todos me deixavam de lado. E o pior era que depois de dois anos sem vê-lo eu nem pude passar muito tempo com ele. Logo Percy iria embora e a vida seguiria como se ele nem existisse. Minha vida voltaria ao "normal", mas eu ficaria sem o meu irmão novamente.

Isso me fazia lembrar de nossa infância, quando passávamos o tempo todo brincando juntos. Nos dias em que nossos pais precisavam sair e nos deixavam com a nossa babá, nós dois aprontávamos a beça.

Era divertido. Ser criança era divertido. Mas essa fase havia passado e era hora de crescer.

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