Era manhã do outro dia, depois do meu aniversário, e eu estava com muito calor e um pouco tensa, então aproveitei que minha mãe não estava, e eu não tinha nada para fazer pela manhã, e fui nadar um pouco na piscina do castelo.
A água era um ótimo relaxante e me fazia esquecer um pouco dos problemas que me aguardavam a partir daquele dia.
Mergulhei fundo e fiquei lá, o quanto meu fôlego aguentava, então voltei à superfície.
- Oi. - Uma voz falou, me pegando de surpresa.
- O que está fazendo aqui Nicholas?! - perguntei, brava por ele ter me assustado. - Achei que já tivesse ido embora.
- Estou indo agora. - ele respondeu com um sorriso, sem nem se importar com a minha raiva.
Saí da piscina e só então percebi que havia sido um erro.
Eu estava só de biquíni e ele estava perto demais de mim.
Cruzei os braços sobre o peito e o encarei.
- O que você quer? - eu perguntei. Tentei parecer irritada, mas minha voz saiu mais como se eu fosse uma garotinha tímida e assustada.
Ele sorriu ainda mais e deu mais um passo em minha direção.
- Só vim me despedir.
Ele me puxou pela cintura e me beijou.
Sua língua invadiu minha boca e eu tentei resistir, mas acabei retribuindo.
Nicholas era uma péssima influência para mim, mas eu não conseguia ficar longe dele.
Sua mão me apertou e me acariciou e eu o segurei pelos cabelos loiros e desgrenhados.
Eu não podia me envolver assim com ele, pois Nicholas era um mulherengo paquerador e eu já gostava demais dele para o meu próprio bem. Parte de mim tinha medo de que se eu deixasse as coisas irem longe demais ele deixaria de me procurar, e a outra parte me xingava e dizia que isso seria melhor. Eu precisava acabar logo com aqueles nossos casuais encontros escondidos, ou eu sofreria com isso depois.
O empurrei para longe, tentando manter minha pose de durona.
Nicholas fez um beicinho charmoso, me obrigando a desviar os olhos dele para não correr o risco de desmanchar minha carranca.
- Qual é, Vih. Não faz isso comigo. - ele reclamou.
- Já conversamos sobre isso Nick. Você não devia estar aqui. E a gente não devia estar fazendo... isso.
- Porque não? - ele perguntou, voltando para perto de mim e beijando o meu pescoço. - Pare de se fazer de difícil assim.
- Nick, vá embora. - eu falei empurrando-o, dessa vez um pouco irritada. - Você só vem me procurar quando não tem outra garota com quem ficar e eu não sou seu step, Nicholas. Já disse que não quero mais nada com você.
Ele suspirou. Quase parecia que eu o havia magoado, mas eu apenas havia dito a verdade.
- Tudo bem. - ele falou com as mãos erguidas em rendição - Se é isso o que quer...
Ele virou as costas e eu desejei tê-lo deixado ir embora, mas a menina idiota dentro de mim o chamou de volta.
- Espera. - eu falei - Eu não quis... Olha Nick, eu não quero que fique chateado comigo, eu só... - suspirei - Nick, eu tenho dezoito agora e preciso achar alguém com quem eu possa ter um relacionamento sério, não posso continuar ficando com você assim. Isso precisa acabar e você sabe disso.
Ele olhou para o chão mais uma vez.
- Tudo bem. - ele concordou - Eu vou ir embora então. Meus pais já devem estar me esperando.
Dei um passo em sua direção, como que para impedi-lo de ir, mas me segurei ali. Aquilo era necessário, lembrei a mim mesma. Eu precisava terminar com ele de vez, e aquele era o momento certo pra isso.
Esperei um tempo depois que ele se foi e voltei para o meu quarto. Meu tempo de folga havia acabado e estava quase na hora das minhas aulas.
Naquele dia eu estudei leis e costumes com a minha professora Valdirene, uma mulher negra e alta, de cabelos curtos, porém volumosos.
Estudamos sobre os direitos de um réu em julgamento, coisa que eu não sabia se algum dia me seria útil, mas anotei tudo e prestei bastante atenção. Conhecimento nunca era demais, principalmente se eu quisesse ser rainha algum dia. Eu precisava ser uma rainha tão boa quanto a minha mãe era, e isso poderia ser um desafio e tanto.
Depois disso, para aliviar o cérebro, eu fui para a aula de pintura, junto com minhas damas Letícia e Daiene.
Minha professora Sofia, de artes, também era uma mulher de pele marrom chocolate, mas era um pouco mais baixa e bem magra, parecia ser fumante, apesar de eu nunca tê-la visto com um cigarro.
Fizemos pinturas em quadros e eu tentei fazer um retrato de minha mãe, mas não ficou tão bom quanto eu queria.
Minhas damas ficaram impressionadas com o desenho e disseram que eu era muito talentosa, mas eu achava que era apenas bajulação desnecessária e que aquilo não estava parecendo em nada com a minha mãe.
Finalmente o dia estava acabando e Percy voltaria com ela do passeio que eles haviam feito.
Eu queria muito ter ido junto, mas eu entendia que minha mãe queria passar um tempo com ele, afinal eles não se viam havia bastante tempo, mesmo assim era chato ficar ali sozinha, e meu pai estava ocupado também, cuidando de outros assuntos.
Eu me sentia um pouco abandonada. Talvez fosse apenas um pouco de ciúmes, e eu sabia que devia deixar aquele sentimento de lado, mas era difícil, afinal era só o meu irmão chegar e todos me deixavam de lado. E o pior era que depois de dois anos sem vê-lo eu nem pude passar muito tempo com ele. Logo Percy iria embora e a vida seguiria como se ele nem existisse. Minha vida voltaria ao "normal", mas eu ficaria sem o meu irmão novamente.
Isso me fazia lembrar de nossa infância, quando passávamos o tempo todo brincando juntos. Nos dias em que nossos pais precisavam sair e nos deixavam com a nossa babá, nós dois aprontávamos a beça.
Era divertido. Ser criança era divertido. Mas essa fase havia passado e era hora de crescer.
Assim que cheguei na porta do escritório do meu pai para participar da reunião minha mãe me esperava com as mãos na cintura. Ficou claro que esse não era o plano dela para mim.- Mãe? - Perguntei para quebrar o silêncio.- Filho. - Ela assoprou uma mecha de cabelo ruivo, fazendo-a parecer mais jovem. - Eu quero conversar com você.Ela estendeu o braço e eu o peguei em silêncio, não havia como discutir com Alice e ganhar.A música da festa foi ficando mais baixa enquanto caminhávamos para os jardins reais. Passamos por um portão de ferro que indicava o primeiro jardim, o Jardim do Sol, onde havia toda variedade de flores, plantas e até árvores de Solares.Minha mãe caminhava olhando fixamente para frente e então se sentou na mureta da fonte.- Quando você pretende ir embora? - ela perguntou.- Hoje ap&o
Por mais que eu fixasse meus olhos no relógio o tempo corria do mesmo jeito lento e isso estava me dando nos nervos.Liguei meu tablet e vi uma mensagem de Nick."- Me ligue, é urgente."Peguei meu celular e estava cheio de chamadas perdidas de Nick.Suspirei encarando o relógio e retornei a ligação.- Percy? - disse Nick com a voz um tanto sonolenta. - Cara, são...- Duas horas da manhã, eu sei. Você me pediu para ligar. O que é tão urgente?- Ah. - exclamou colocando o celular no viva-voz. - Eu vou ter um irmãozinho!- Parabéns. - respondi me sentindo um pouco frustrado por não ser algo tão importante. - Mateus deve estar nas alturas.- Papai está todo atrapalhado, um bobo alegre.- Com quem você está falando? - perguntou uma voz feminina ao fundo - Volta pra cama...- Você não
Quando finalmente anoiteceu e eu fui para o jantar encontrei todos num clima muito estranho.Minha mãe estava sentada, encarando o seu prato e quase não comendo, meu irmão estava distraído e não parava de olhar para a minha mãe de canto de olho e meu pai parecia estar tentando ignorar a situação. Alguma coisa havia acontecido.Terminei de comer e esperei que minha mãe se levantasse, então todos foram saindo da sala. Eu segui Percy e o puxei pelo braço assim que os outros se afastaram.- O que aconteceu? - eu perguntei direta.Ele franziu a testa.- Do que está falando, Tori?- Você sabe do que eu estou falando. Da mamãe. O que aconteceu?- Nada. - ele respo
Sempre odiei pedir desculpas, por isso me esforçava ao máximo para não errar. Eu não dizia tudo que pensava e sorria sempre que havia alguma discórdia, pensava muitas vezes antes de dizer algo e procurava conhecer tudo o que podia sobre uma pessoa para não a ofender, mas, as vezes, simplesmente transbordava o que estava oculto dentro do meu coração e eu falava demais. Quentin me censurava a respeito disso, me dizendo que algum dia se eu não aprendesse a esvaziar o jarro das emoções, ele transbordaria e me afogaria.Coloquei a cabeça para dentro do quarto da minha mãe, e a encontrei vendo os álbuns de fotos. Seus olhos estavam mais brilhantes por causa das lágrimas e seu nariz parecia uma pimenta.- Mãe? - chamei em voz baixa para não assusta-la. - Posso entrar?Ela acenou que sim sem olhar para mim e eu andei meio vacilante até sentar de
Quando amanheceu no dia seguinte eu estava me sentindo cansada, mesmo que no dia anterior eu não tivesse feito nenhum exercício.Era a minha mente que estava cansada de tanto pensar. E eu quase não havia dormido.Fui na reunião com a minha mãe de novo, depois do café da manhã, e dessa vez, quando ela mandou todos embora, eu permaneci sentada.- Mãe, eu dei uma olhada nos pretendentes à primeiro ministro... - eu falei assim que ficamos sozinhas - Acho que há dois deles que serviriam bem para esse cargo.- E quais seriam? - ela quis saber.Entreguei os papéis para ela.- Thomas e Miguel. - respondi - São os melhores candidatos, na minha opinião.Ela encarou os papéis com os lábios apertados e eu tive medo de que ela discordasse de mim.- Acha que eles não são os certos? - perguntei.Ela sorriu para mim.
As batidas dos cascos dos cavalos no solo, somado com o barulho das lanças se chocando eram tão relaxantes que por algum tempo eu tinha me esquecido de todo o fardo de ser rei.Meu pai se preparava para enfrentar Quentin na luta de espadas, e eu sabia que meu pai tinha sido um guerreiro fenomenal em sua juventude, mas Quentin se mantinha em forma e era tão veloz quanto uma flecha.Eles se analisaram por um tempo até que Quentin fingiu mancar da perna esquerda, meu pai viu e atacou pela direita na tentativa de derruba-lo. Quentin fintou firmando a perna esquerda e dando uma estocada certeira no peito do meu pai.- Trapaceiro. - brincou meu pai - Isso não vale.- O intuito do treinamento é simular a batalha, fazer com que nossos reflexos e ações confundam o inimigo e nos dê a vitória.Meu pai aproveitou que meu mentor falava para dar um ataque frontal. Quentin bloqueou com a espada
Assim que saí do banho encontrei uma roupa um tanto peculiar sobre a minha cama. Sorri balançando a cabeça negativamente.Desci para o salão de festa, onde jantaríamos e fiquei muito surpreso com o que minha mãe e minha irmã haviam feito.Estandartes dos reinos estavam pendurados nas paredes, haviam escudos e armaduras colocados nos cantos. Velas e incensos aromatizavam o lugar, uma grande mesa tinha sido colocada no centro do salão e músicos tocavam canções antigas e alegres. Estava tudo incrível.Senti braços me puxarem por trás me envolvendo em um abraço.- Aí está o grande caçador! - brincou minha irmã me beijando no rosto.Ela usava um vestido rodado com espartilho simples e sem detalhes.Meus avós também estavam ali e também usavam roupas simples em cores marrons e cinzas.Desd
Meu irmão foi embora no dia que se seguiu à noite do jantar e depois disso o castelo pareceu ficar mais parado, como se as coisas desacelerassem. O tempo parecia não querer passar mais e isso estava me deixando irritada.Foi assim até que, depois de alguns dias, recebemos uma visita. Era uma moça chamada Xandra, que nos acompanharia em algumas viagens pelos nove reinos para "recrutar" pretendentes para o meu irmão.Xandra era bonita e parecia uma guerreira. Seus cabelos eram pretos e curtos, a pele era bronzeada e o corpo bem definido.Ela passou uma noite no castelo conosco, mas quase não falou comigo. Não parecia o tipo que falava muito ou que fazia muitos amigos.No dia seguinte fomos para a nossa primeira viagem, até o reino de Vênus, que era bem próximo à Solares.Ao chegarmos no reino, Xandra se separou de nós, indo encontrar Dionísia, a primeira