Minhas mãos suavam, minhas pernas tremiam e eu me esforçava ao máximo para não desmaiar. Comecei a fazer respirações curtas e a contar até quatro mentalmente.
Do altar de pedras protegido pela estátua bestial de Lunari eu olhava para reis, rainhas e nobres sentados em troncos de madeira.
Havia fogueiras iluminando o bosque, que estava lotado, e atrás de mim estavam minhas damas-da-lua usando seus vestidos prateados e segurando vitórias-régias.
Soou uma trombeta e então um violino começou a tocar uma melodia suave, parecendo uma prece. Na extremidade oposta surgiu Lissandra, trazendo consigo um majestoso cervo branco e usando seu vestido de casamento, que havia sido ajustado por causa da barriga.
- A primeira lua responde a uma prece. - falou alto para que todos ouvissem.
Eu fiquei meio sem entender, mas a ajudei a se sentar em uma cadeira ao meu lado, enquant
A semana que se seguiu à minha coroação foi bem corrida.Fiz varias aparições publicas, estando presente na inauguração de uma escola especial para deficientes físicos, na abertura de uma nova grande peça de teatro e no centro comunitário na periferia de Solares. Também viajei até o reino de Wintsor, onde falei com o rei Frederick.Wintsor estava todo pintado de branco pela neve e eu fiquei admirada quando vi. A neve era tão linda quanto eu havia imaginado, mas era mais gelada do que eu pensava.Rei Frederick era um homem robusto e parecia ser um pouco rígido e machista. Ele me levou até a sala de visitas para conversarmos, e se sentou com os braços cruzados e a expressão séria.Wintsor era um reino muito avançado na ciência, além de ser uma grande influência e ter um comércio bem movimentado, por i
Meu contrato de casamento mais parecia um testamento. Era incrível como ser rainha era estar constantemente se preparando para a própria morte.Se eu morresse meu primogênito herdaria Solares e meu primogênito homem seria herdeiro de Mercúrio e Netuno. Se meu primeiro filho fosse um homem ele teria que abrir mão de um dos três reinos para o segundo filho, mas se não houvesse um segundo filho, então o reino seria dado ao próximo na linha de sucessão, que no caso poderia ser meu irmão ou o irmão de Nicholas - no caso de Mercúrio. Se eu morresse sem filhos eu estava disposta a deixar Solares nas mãos de Nicholas. Eram tantos "se" e tantas possibilidades que precisavam ser exploradas...Nick se cansou na metade da leitura.- Eu preciso mesmo ler tudo isso? - ele perguntou, jogando o papel sobre a mesa com um suspiro.- Precisa sim. Se tiver alguma coisa a&iac
Eu nunca havia visto uma sala de jantar tão cheia daquele jeito. Cheia de gente e de comida também. Era o meu aniversário de cinquenta anos e eu havia conseguido reunir toda a família daquela vez. Estavam Patrícia e Marcelo, meu tio Lucas, Mateus, Camille e o filho mais novo deles, Emanuel. Victoria estava com Nicholas e seus dois filhos, Lilian de nove anos e Andrew de sete. Quando eles chegaram, Andrew veio correndo na minha direção todo animado. - Vovó! Vovó! Caiu meu dente! - ele gritou me dando um sorriso para mostrar a janelinha que havia ficado onde antes estava o seu dente da frente. Eu o abracei, mas não tive chance de dizer nada, pois Lilian também veio correndo me abraçar. Logo depois dela vieram os filhos de Percival, Dianos tinha sete anos e era filho de Xandra, Aphelios de nove anos era filho de Melissa e Aluane de onze anos era filha da falecida Lissandra, que infelizmente havia morrido no ano anterior e era a ún
Eclipse, o dia em que o sol e a lua se encontram e se tornam um só aos nossos olhos.Melissa Victoria de Lux e Eduardo Percival de Lux são irmãos gêmeos, meus filhos, e representam o futuro de dois reinos que antes eram inimigos declarados.Eu sabia que os planos que eu tinha para eles poderia sobrecarrega-los como haviam sobrecarregado a mim quando eu fui coroada, mas diferente de mim, que fui pega de surpresa, eles seriam preparados. Que a luz da Lua guie meu caminho e ilumine meus passos. Essa era minha prece desde a Revolta da Lua Sangrenta.Por mais que eu tentasse me esquecer do que havia acontecido sempre que fechava os olhos via os corpos, as chamas e o sangue; tudo por minha causa.- Alteza. - A voz grossa e cantante do meu mordomo Lesmir me despertou dos meus pensamentos. - O senhor partirá para o Lagoa da Lua após seu desjejum.Olhei para o rPercival - Capítulo 1 - Que a Luz da Lua
Apesar de já ter servido à marinha, eu não gostava muito de navegar ou de estar no mar.Não ter a certeza do quão fundo posso chegar me deixava indefeso e me fazia sentir pequeno, mas graças a Lunari as águas da Lagoa da Lua estavam tranquilas.Cheira-Cravo cantarolava desafinado enquanto manejava a lancha. Ele havia trocado a farda por uma bermuda cáqui e uma camisa larga azul-marinho, enquanto Quentin estava dormindo na proa com um livro grosso sobre o peito e os óculos torto no rosto. Eles eram uma dupla improvável e engraçada.Eu estava com os irmãos Águarasa que jogavam dados apostando coisas aleatórias como controles de vídeo games, action-figures, bonés, cuecas e namoradas. Tobias estava trapaceando como sempre e Graves fingindo que não percebia.- Alteza, como é Solares? - perguntou Lula, mudando o dado de um para seis com
- Bom Dia! - minha mãe falou animadamente.Esfreguei os olhos, tentando acordar.Que droga!- pensei. Era o meu aniversário.Eu estava fazendo dezoito anos e havia muita expectativa sobre esse dia.Diferente da minha mãe, eu felizmente não seria coroada aos dezoito, mas isso não tornava o dia menos importante. A partir daquela data eu estava apta para herdar o trono caso algo acontecesse à minha mãe, e não precisaria de um regente.Era estranho pensar nisso, mas eu entendia que o reino precisava estar preparado para tudo.Se dependesse de mim minha mãe reinaria para sempre, pois ela era uma rainha excelente e uma mãe incrível.Me sentei na cama, ainda me sentindo sonolenta.- Feliz aniversário meu amor. - ela falou carinhosamente, me puxando para um abraço.- Obrigada mãe. - eu resmunguei com a voz rouca de son
Assim que Tori caiu no sono eu voltei para meu quarto encontrando minha mãe cochilando em minha cama. Ela estava mais magra e sua expressão mais majestosa do que nunca.Minha mãe era uma rainha amada por toda Solares e reinos aliados, e eu conhecia toda sua história e as guerras que só uma verdadeira rainha podia passar.- Vai ficar parado como uma estátua ou vai abraçar sua velha mãe? - brincou ela, abrindo seus olhos verdes penetrantes.Caminhei até ao lado da cama abraçando-a.- Eduardo, meu filho pode me apertar mais forte, não vou quebrar. - cochichou em meu ouvido.Ri apertando-a mais forte. O cheiro de calor e de maçã invadiram meu nariz trazendo lembranças e lágrimas.- Eu sei meu filho. - confortou alisando meus cabelos. - Não tem sido fácil para você e nunca vai ser, mas você vai conseguir.Minha