Quando finalmente anoiteceu e eu fui para o jantar encontrei todos num clima muito estranho.
Minha mãe estava sentada, encarando o seu prato e quase não comendo, meu irmão estava distraído e não parava de olhar para a minha mãe de canto de olho e meu pai parecia estar tentando ignorar a situação. Alguma coisa havia acontecido.
Terminei de comer e esperei que minha mãe se levantasse, então todos foram saindo da sala. Eu segui Percy e o puxei pelo braço assim que os outros se afastaram.
- O que aconteceu? - eu perguntei direta.
Ele franziu a testa.
- Do que está falando, Tori?
- Você sabe do que eu estou falando. Da mamãe. O que aconteceu?
- Nada. - ele respo
Sempre odiei pedir desculpas, por isso me esforçava ao máximo para não errar. Eu não dizia tudo que pensava e sorria sempre que havia alguma discórdia, pensava muitas vezes antes de dizer algo e procurava conhecer tudo o que podia sobre uma pessoa para não a ofender, mas, as vezes, simplesmente transbordava o que estava oculto dentro do meu coração e eu falava demais. Quentin me censurava a respeito disso, me dizendo que algum dia se eu não aprendesse a esvaziar o jarro das emoções, ele transbordaria e me afogaria.Coloquei a cabeça para dentro do quarto da minha mãe, e a encontrei vendo os álbuns de fotos. Seus olhos estavam mais brilhantes por causa das lágrimas e seu nariz parecia uma pimenta.- Mãe? - chamei em voz baixa para não assusta-la. - Posso entrar?Ela acenou que sim sem olhar para mim e eu andei meio vacilante até sentar de
Quando amanheceu no dia seguinte eu estava me sentindo cansada, mesmo que no dia anterior eu não tivesse feito nenhum exercício.Era a minha mente que estava cansada de tanto pensar. E eu quase não havia dormido.Fui na reunião com a minha mãe de novo, depois do café da manhã, e dessa vez, quando ela mandou todos embora, eu permaneci sentada.- Mãe, eu dei uma olhada nos pretendentes à primeiro ministro... - eu falei assim que ficamos sozinhas - Acho que há dois deles que serviriam bem para esse cargo.- E quais seriam? - ela quis saber.Entreguei os papéis para ela.- Thomas e Miguel. - respondi - São os melhores candidatos, na minha opinião.Ela encarou os papéis com os lábios apertados e eu tive medo de que ela discordasse de mim.- Acha que eles não são os certos? - perguntei.Ela sorriu para mim.
As batidas dos cascos dos cavalos no solo, somado com o barulho das lanças se chocando eram tão relaxantes que por algum tempo eu tinha me esquecido de todo o fardo de ser rei.Meu pai se preparava para enfrentar Quentin na luta de espadas, e eu sabia que meu pai tinha sido um guerreiro fenomenal em sua juventude, mas Quentin se mantinha em forma e era tão veloz quanto uma flecha.Eles se analisaram por um tempo até que Quentin fingiu mancar da perna esquerda, meu pai viu e atacou pela direita na tentativa de derruba-lo. Quentin fintou firmando a perna esquerda e dando uma estocada certeira no peito do meu pai.- Trapaceiro. - brincou meu pai - Isso não vale.- O intuito do treinamento é simular a batalha, fazer com que nossos reflexos e ações confundam o inimigo e nos dê a vitória.Meu pai aproveitou que meu mentor falava para dar um ataque frontal. Quentin bloqueou com a espada
Assim que saí do banho encontrei uma roupa um tanto peculiar sobre a minha cama. Sorri balançando a cabeça negativamente.Desci para o salão de festa, onde jantaríamos e fiquei muito surpreso com o que minha mãe e minha irmã haviam feito.Estandartes dos reinos estavam pendurados nas paredes, haviam escudos e armaduras colocados nos cantos. Velas e incensos aromatizavam o lugar, uma grande mesa tinha sido colocada no centro do salão e músicos tocavam canções antigas e alegres. Estava tudo incrível.Senti braços me puxarem por trás me envolvendo em um abraço.- Aí está o grande caçador! - brincou minha irmã me beijando no rosto.Ela usava um vestido rodado com espartilho simples e sem detalhes.Meus avós também estavam ali e também usavam roupas simples em cores marrons e cinzas.Desd
Meu irmão foi embora no dia que se seguiu à noite do jantar e depois disso o castelo pareceu ficar mais parado, como se as coisas desacelerassem. O tempo parecia não querer passar mais e isso estava me deixando irritada.Foi assim até que, depois de alguns dias, recebemos uma visita. Era uma moça chamada Xandra, que nos acompanharia em algumas viagens pelos nove reinos para "recrutar" pretendentes para o meu irmão.Xandra era bonita e parecia uma guerreira. Seus cabelos eram pretos e curtos, a pele era bronzeada e o corpo bem definido.Ela passou uma noite no castelo conosco, mas quase não falou comigo. Não parecia o tipo que falava muito ou que fazia muitos amigos.No dia seguinte fomos para a nossa primeira viagem, até o reino de Vênus, que era bem próximo à Solares.Ao chegarmos no reino, Xandra se separou de nós, indo encontrar Dionísia, a primeira
Mateus nos recebeu na entrada assim que chegamos, mas sua esposa não estava com ele.- Camille pede desculpas por não vir receber vocês, - ele disse - ela estava muito cansada.- Tudo bem. - minha mãe respondeu lhe dando um longo abraço. - Eu não esperava que ela estivesse acordada ainda, já está bem tarde.Mateus sorriu e me abraçou também, depois acenou com a cabeça para Xandra.- Você deve ser a senhorita Xandra... Muito prazer.- Majestade... - ela cumprimentou com uma reverência.- Fiquem à vontade. - ele disse - Devem estar cansadas.- Pode deixar que eu acompanho elas até os quartos, pai. - Nicholas se ofereceu.Ele então nos levou até o andar de cima, deixando cada uma em seu quarto, até que sobrou só nós dois.Assim que ficamos sozinhos Nicholas se aproximou mais de mim, quase
Havia chegado o grande dia. Eu seria oficialmente coroado e poderia começar a executar minha visão para Lunaris e por uma paz sem consequências.Havia sido difícil a cerimônia de luto pelos mortos em Navori, e olhar para cada família, pedir desculpas e dar os pêsames foi mais doloroso do que qualquer treinamento, por isso eu precisava ser o melhor rei possível e evitar mais mortes como aquelas.Caminhei pelo Bosque do Cervo com Quentin ao meu lado. Eu e ele estávamos mais magros e usando nossos mantos prateados.- Você acha que dará certo? - perguntei, sentindo um gosto de bile. - Ninguém nunca fez isso.- Dará. - ele disse firmemente. - Precisamos unir o povo e fazê-los trabalhar ao nosso favor.Quentin estava com olheiras maiores que as minhas e com a pele mais acinzentada, consequências da má alimentação e da correria das &uacu
Do reino de Mercúrio, nós fomos para Urano, que era um dos reinos mais próximos, e ao chegarmos lá fomos direto ao castelo.A próxima pretendente do meu irmão era a princesa Melissa, neta do rei Carlos, cujo filho mais velho, pai de Melissa, havia morrido há alguns anos.Fomos recebidas pelo próprio rei e sua família. Ele nos cumprimentou e Xandra se apresentou à ele, fazendo o convite à princesa, para que comparecesse ao reino da Lua para conhecer o rei. A princesa ficou um pouco surpresa, mas depois sorriu.- Fico lisonjeada. - respondeu ela.Era estranho a forma como meu irmão estava convidando suas pretendentes para conhecê-lo assim. Não era algo comum de acontecer.Pude ver pelo canto do olho o rei Carlos torcer a boca. Era óbvio que, ao contrário da neta, ele não gostou nada daquela ideia, mas disfarçou e nos convidou p