"Eu me vi rodeada por corpos de pessoas mortas por todos os lados, até onde a vista alcançava. O céu estava nublado, cobrindo a maior parte da luz do sol. O cheiro de sangue e morte era insuportável.
De repente algumas pessoas apareceram em minha frente, mas não eram quaisquer pessoas. Felipe me olhou de um modo estranho, e ao lado dele estavam seus pais, meu tio Lucas, meu tio Sebastian e Mateus também.
Todos eles estavam com espadas nas mãos e começaram a andar em minha direção de maneira esquisita, como se mal estivessem me vendo.
Felipe ergueu a espada e quando percebi o que ele ia fazer só tive tempo de pular para o lado, mesmo assim ele me acertou no braço. Fiquei assustada e tirei a espada de um homem morto que estava no chão.
Logo depois da minha aula de etiqueta Marcelo e Felipe vieram falar comigo, então eu acompanhei eles até a sala de visitas e os fiz sentar num sofá. - Bom, eu chamei vocês aqui porque quero algumas aulas de luta, espadas e tiro com armas. - comecei - Vocês são as pessoas em quem mais confio para isso. Quero que o mínimo de pessoas saiba sobre essas aulas. - Como desejar, Majestade. - respondeu Marcelo. - O senhor não precisa me tratar tão formalmente. - pedi - Pelo menos não quando não há mais ninguém por perto. Marcelo acenou com a cabeça concordando. - Eu já mandei prepararem uma sala para as aulas, vocês dois podem revezar os dias. Acho que Felipe seria melhor para as aulas d
Acordei cedo no dia seguinte. Eu estava exausta, mas precisava fazer os preparativos para a viagem. Tomei um belo banho, coloquei um vestido qualquer e desci para o café da manhã. Encontrei meu tio Lucas já arrumado. Ele iria comigo, já que era a minha primeira viagem como rainha. Assim que acabei de comer, subi para o quarto para me arrumar, e logo Julian apareceu acompanhado por sua ajudante Claudia. Eles fizeram minhas unhas e cabelo e me vestiram com o meu mais novo vestido de alcinhas, florido em cores pastosas. Julian me trouxe a minha coroa. Era diferente da que eu havia usado no dia da coroação, mais pequena e mais delicada, com uma pedra vermelha no centro e oito raios
Príncipe Miguel abriu a porta do carro para mim e se sentou ao meu lado. Começamos o passeio tranquilamente enquanto eu olhava pela janela a paisagem ir mudando aos poucos. O reino de Júpiter parecia ser quase tão rico quanto o de Solares por causa de suas casas grandes e luxuosas, mas talvez era assim porque estávamos no centro, próximo ao castelo. - Quer vinho? - perguntou príncipe Miguel ao meu lado. - Não, obrigada. - Tem certeza? Esse é o melhor vinho que a senhorita irá experimentar em sua vida. - insistiu ele - Ele veio de Vênus. Não sei se sabe, mas eles fazem bons vinhos. Fiquei um pouco insegura, mas resolvi aceitar.
Entrei no jatinho novamente com meu tio Lucas ao meu lado e afundei no assento sentindo meus olhos pesados. - Está cansada, Majestade? - a voz de meu tio soou rouca, me tirando de meus devaneios. - Um pouco. - admiti. - Espero que ao menos o passeio tenha sido informativo. O príncipe Miguel lhe mostrou muitos lugares? Eu sabia que aquela era uma forma educada e "sutil" de perguntar os detalhes do meu passeio com o príncipe e por um instante me lembrei de Marcelo e de como ele era sempre super protetor, sempre me perguntando onde eu estava e o que estava fazendo. Também me lembrei de Felipe, que era sempre obrigado a me acompanhar onde quer que eu fosse. Por um instante vi meu ti
Minha viagem para Urano também já estava marcada e depois eu teria a minha "reunião" com o rei de Vênus. Tudo isso na mesma semana. Eu estava um pouco nervosa, mas precisava me acostumar com esse tipo de rotina, pois a minha vida de rainha seria agitada. ... - Está pronta? - perguntou meu tio Lucas ao me encontrar na porta do castelo. - Até onde eu poderia estar. - respondi. Ele me estendeu o braço e me acompanhou até o carro, abrindo a porta para mim. - Tio, eu gostaria de fazer algumas perguntas. Desde a nossa ultima conversa, quando ele havia me revelado o reino de origem
O reino de Urano era tão longe quanto o reino de Júpiter, mas não demoramos muito a chegar. Era um reino simples, as casas eram pequenas e sem graça, as pessoas eram comuns, e as crianças brincavam descalças nas ruas como em qualquer outro lugar no mundo. Não havia nada de muito diferente até onde eu havia visto. O castelo também não era tão grandioso, nem tão ornamentado quanto o de Solares, mas não deixava de ser bonito. Era pintado de branco e azul, me fazendo lembrar do mar e do céu, que eram duas coisas pelas quais eles eram famosos: pelo poder aéreo e pela pescaria marítima. A Marinha deles também não deixava nada a desejar, perdendo apenas para Netuno, pelo que me disseram. O rei Carlos estava com sua esposa e seu filho Kaio na entrada do castelo, mas o resto da família não estava presente.
- Está tudo bem, majestade? - meu tio perguntou ao entrarmos no carro. - Está... Só estou um pouco cansada. O príncipe Kaio e Jasper ficaram brigando e isso me deixou um pouquinho estressada também. - Ficaram brigando? - Sim. Parece que os dois não se dão bem e resolveram competir para tentar chamar a minha atenção, como dois crianções brigando por um brinquedo. Meu tio achou graça disso. - Estou começando a ficar com raiva das pessoas agirem desse jeito apenas por eu ser rainha. - O que quer dizer? - meu tio perguntou. - Bom, eu não sou burra, sei que não estão interessados
- Felipe? - chamei baixinho. - O que foi? Me virei para ele, querendo olhar em seus olhos. Nós estávamos deitados, e ele estava apenas esperando que eu dormisse para poder voltar ao seu quarto, mas eu precisava falar algo para ele antes. - Nós... Precisamos conversar. Felipe se remexeu, parecendo prever que a conversa não seria boa, e eu respirei fundo antes de continuar. - Eu estive pensando em muitas coisas nos últimos dias e... Não sei se vamos poder continuar nos encontrando assim. - Por quê? - a voz dele estava carregada de dúvida e tristeza e eu tive que engolir o nó q