Ricardo segurou o braço de Rosa com firmeza, inclinando-se para sussurrar perto do ouvido dela:— Vou te levar para casa, Rosa. Vamos.Rosa, meio cambaleante, tentou se soltar.— Não precisa, Ricardo... Eu sei me virar sozinha. — Ela respondeu, com a voz arrastada, os olhos ligeiramente turvos de tanto beber.Ele não deu a ela espaço para mais protestos. Apenas repetiu, firme:— Vamos.Ignorando as tentativas de Rosa de se desvencilhar, ele a puxou gentilmente, mas sem hesitação, em direção à saída. Enquanto isso, Rebeca, que observava tudo de longe, apertou o copo em sua mão, com raiva. Virou a última dose de bebida, pegou suas coisas rapidamente e saiu, pedindo um táxi sem sequer olhar para trás. Nat, no entanto, permanecia no bar, se divertindo com outras pessoas, alheia à tensão que se desenrolava entre Rosa e Ricardo.Dentro do carro, a tensão aumentava. Rosa, bêbada pela primeira vez, estava visivelmente chateada, e não conseguia manter o controle de suas palavras. A raiva que se
Ricardo e Rosa caminhavam pelo shopping, e o contraste entre os dois era notável. Rosa, com sua camiseta improvisada e jeans simples, parecia deslocada ao lado de Ricardo, que exibia sua elegância mesmo em trajes casuais. Eles caminhavam, a passos firmes de Ricardo e o andar hesitante de Rosa, que claramente estava fora de sua zona de conforto. Ela sabia que ele fazia questão de tê-la ali, mas o motivo ainda era um mistério.— Então, você faz compras? — Rosa perguntou, tentando aliviar o silêncio que pairava entre eles.Ricardo lançou um olhar de canto para ela. — Claro que faço. Por que a surpresa?— Não sei, você não parece o tipo que faz coisas tão… normais.Ele arqueou uma sobrancelha, divertido. — Não se preocupe, eu também não sou.Antes que a conversa pudesse continuar, uma voz feminina ecoou pelo corredor do shopping.— Ricardo! Que coincidência!Rosa virou-se e viu Rebeca, impecável como sempre, com saltos altos e uma bolsa de grife pendurada no ombro. O olhar dela pousou ime
Depois do momento tenso e surpreendente na loja, Ricardo e Rosa continuaram caminhando pelo shopping. Rosa ainda segurava a sacola com o vestido, seu olhar alternando entre o chão e Ricardo, que mantinha o passo confiante. Era evidente que ele estava acostumado a esses ambientes, mas para ela, cada vitrine, cada loja de luxo parecia um universo distante.— Não vai me agradecer? — Ricardo perguntou de repente, quebrando o silêncio.Rosa olhou para ele, surpresa. — Agradecer pelo quê?— Pelo vestido.Ela revirou os olhos, tentando esconder o rubor em suas bochechas. — Eu não pedi o vestido.Ricardo sorriu de canto, a resposta típica de Rosa o divertia. — E ainda assim, agora ele é seu. Então…— Obrigada, tá bom? — disse ela, com uma mistura de gratidão genuína e irritação fingida.— De nada — ele respondeu, satisfeito.Enquanto passavam próximos a praça de alimentação, o cheiro de comida chamou a atenção de Rosa, e ela parou, olhando ao redor. Ricardo percebeu e arqueou uma sobrancelha.
No caminho de volta, o silêncio no carro era confortável, mas carregado de pensamentos não ditos. Ricardo dirigia com a mesma expressão impassível de sempre, enquanto Rosa observava a cidade passando pela janela, sua mente ainda presa nos acontecimentos do dia.Ela pensava no vestido, no bracelete, na forma como Ricardo lidou com a vendedora e, claro, na insinuação de Rebeca. Aquilo ainda a incomodava, embora não quisesse demonstrar.— Está muito quieta — Ricardo comentou, os olhos fixos na estrada.— Só estou pensando… — ela respondeu, sem olhá-lo.— Sobre?Rosa hesitou. Não queria trazer à tona o nome de Rebeca, mas a curiosidade foi mais forte.— Sobre o que ela disse…Ricardo franziu o cenho, sem tirar os olhos da estrada. — Quem?— Rebeca — Rosa respondeu, um pouco mais firme. — Sobre… vocês dois.Ricardo soltou um suspiro, mas não pareceu surpreso. Ele sabia que isso viria à tona mais cedo ou mais tarde.— O que exatamente te incomodou? — ele perguntou, direto como sempre.Rosa
Era de manhã e Rosa acordou com o som do telefone de Ricardo tocando no outro cômodo. O som era abafado, mas insistente. Por um momento, pensou em ignorar, mas logo percebeu que já era manhã e que ele provavelmente estava ocupado com algo importante.Ao sair do quarto, encontrou Ricardo na cozinha, já vestido com uma camisa social e uma calça casual. Ele parecia tenso enquanto falava ao telefone, sua voz baixa, mas firme.— Não me importa como, apenas resolvam isso antes de amanhã — ele dizia, antes de desligar abruptamente.— Problemas no paraíso? — Rosa brincou, ainda sonolenta.Ricardo olhou para ela e relaxou ao vê-la. — Apenas trabalho.Ela arqueou uma sobrancelha. — Trabalhando num sábado?— Trabalho todos os dias, Rosa. Diferente de você, que teve um dia de folga.— Não foi exatamente um dia de folga… — ela retrucou, relembrando as situações desconfortáveis do shopping.Ele deu um sorriso de lado, algo que Rosa começava a interpretar como seu jeito particular de suavizar as cois
Enquanto Ricardo dirigia em direção à casa de Rosa, ela observava a expressão dele de canto de olho. Ele estava calado, o olhar fixo na estrada, e a tensão no ar era quase palpável. Depois de tudo o que havia acontecido naquela noite, ela não sabia o que pensar. O jantar, as conversas, os olhares, tudo parecia muito mais do que apenas casual, mesmo que ele insistisse em agir como se não fosse.O silêncio foi quebrado por Rosa, incapaz de conter sua curiosidade.— Então, você vai me deixar em casa hoje? Nada de me sequestrar para o seu apartamento?Ricardo soltou uma risada baixa, mas não desviou os olhos da estrada. — Não preciso mais de você hoje.— Uau. Isso soa quase carinhoso — ela provocou, cruzando os braços.— Não se acostume, Rosa.— Você realmente gosta de me manter na linha, não é?Ele deu de ombros. — Alguém precisa.Antes que ela pudesse responder, uma chuva repentina e intensa começou a cair, como se o céu tivesse desabado de uma vez. As gotas batiam no para-brisa com for
Um desejo estranho tomou conta de Ricardo, um desejo que ele não podia evitar. Ele roçou o nariz no de Rosa, passou os seus lábios, esperando um retorno. Ele queria ser correspondido, não suportaria uma rejeição.— Então me beija como fez da última vez na minha cama — Ricardo falou baixo, olhando diretamente para a boca de Rosa, no curto espaço em que estavam naquele banheiro.Rosa ficou paralisada por um segundo, o desejo correndo como fogo por suas veias. Ricardo não esperou mais. Ele avançou sobre Rosa, agarrando-a com urgência, como se precisasse dela naquele momento mais do que qualquer coisa.Os lábios de Ricardo roçavam seu pescoço, deixando um rastro de beijos molhados que faziam sua pele arrepiar. Ele murmurava contra a pele dela, a voz grave e rouca de desejo.— Você está me enlouquecendo, Rosa — ele sussurrou, suas mãos deslizando pelas curvas do corpo dela, apertando-a como se precisasse lembrar-se de que ela estava ali, que ela era dele, pelo menos naquele momento.Os de
Quando finalmente saíram do banheiro, Rosa estava sem fôlego e ainda tentando processar o que havia acabado de acontecer. Ricardo, por outro lado, parecia tão calmo quanto sempre, embora houvesse um brilho diferente em seus olhos.— Espero que sua toalha seja maior que seu banheiro — ele comentou, secando o cabelo com uma toalha que encontrou pendurada.Rosa riu, nervosa. — Você realmente sabe como arruinar um momento.Ele deu de ombros. — Não sou fã de clichês.Ela o olhou, ainda sem saber se queria matá-lo ou beijá-lo novamente. Uma coisa era certa: Ricardo Trajano era uma tempestade, e Rosa estava bem no olho dela.Enquanto a chuva continuava implacável, Ricardo olhou pela janela, os braços cruzados e uma expressão indecifrável no rosto. Rosa, ainda tentando recuperar o fôlego e lidar com a tempestade, tanto a de fora quanto a de emoções dentro de si, secava os cabelos com uma toalha.— Parece que a chuva não vai passar tão cedo — ele comentou, como se falasse para si mesmo.— Sim,