O silêncio da noite era quebrado apenas pela respiração tranquila de Amora, que dormia profundamente ao lado de Yaman. Ele permanecia acordado, os olhos fixos no teto enquanto os pensamentos percorriam sua mente a uma velocidade frenética. Embora tivesse conseguido acalmar Amora mais cedo, ele não conseguia afastar a preocupação crescente. O leve deslocamento de placenta era um sinal de alerta que ele não podia ignorar. Cada decisão, cada ação dele, precisava ser cuidadosamente planejada para garantir o bem-estar de Amora e do bebê.Enquanto refletia sobre os cuidados e as mudanças que precisariam implementar na rotina, o som súbito de seu celular vibrando sobre a mesa de cabeceira o tirou de seus pensamentos. O coração de Yaman saltou ao pensar que poderia ser o médico com novas informações. Rapidamente, ele pegou o aparelho, mas ao olhar para a tela, viu que o número era desconhecido. Franziu a testa, questionando-se quem poderia estar ligando àquela hora da madrugada.— Alô? — ele
Yaman se acomodou na cadeira ao lado da cama de Zeynep, observando o monitor ao lado dela que mostrava os batimentos cardíacos constantes. O quarto de hospital estava silencioso, exceto pelo som suave das máquinas. Ele ficou ali, os pensamentos correndo soltos enquanto Zeynep adormecia, exausta pelo estresse dos últimos dias. O coração de Yaman estava dividido entre a responsabilidade de cuidar de Zeynep e o desejo desesperado de estar ao lado de Amora, que também precisava dele agora mais do que nunca.Enquanto olhava para Zeynep, Yaman não pôde deixar de pensar em como as coisas tinham chegado a esse ponto. Quando eles se conheceram, havia sido um relacionamento baseado em conveniência e desejo. Ele nunca a amou de verdade, mas havia algo nela que o atraía—talvez fosse a força que ela demonstrava ou o modo como ela parecia ter controle sobre tudo ao seu redor. No entanto, essa força que uma vez o impressionou agora parecia ter se transformado em uma teia que aprisionava tanto ela qu
O sol já havia subido quando Amora e Yaman se acomodaram na cozinha para o café da manhã. Era uma manhã tranquila, mas havia uma tensão silenciosa no ar. Yaman olhava para Amora de vez em quando, com um misto de preocupação e carinho, enquanto ela cuidadosamente espalhava manteiga em sua torrada.— Como você dormiu? — ele perguntou, quebrando o silêncio.Amora sorriu suavemente, mas seus olhos mostravam sinais de cansaço.— Dormi bem, considerando tudo o que aconteceu ontem. E você?Yaman suspirou, balançando a cabeça enquanto passava a mão pelos cabelos.— O suficiente, mas ainda estou com muita coisa na cabeça. — ele admitiu, pegando sua xícara de café. — Hoje precisamos ir ao hospital ver Zeynep. Quero ter certeza de que ela está sendo bem cuidada e também conversar com o médico sobre a situação dela.Amora assentiu, embora uma sombra de insegurança passasse por seu rosto. Ela entendia a importância da visita, mas a ideia de estar tão envolvida nos assuntos de Zeynep, especialmente
A manhã estava ensolarada, mas havia uma brisa fresca no ar, que parecia carregar consigo uma sensação de renovação. Yaman e Amora decidiram desviar a rota em que faziam, o carro deslizava suavemente pelas ruas enquanto seguiam em direção à empresa. O silêncio entre eles era confortável, cada um perdido em seus pensamentos, mas cientes da presença reconfortante do outro.Quando chegaram à empresa, Yaman foi imediatamente recebido por seus funcionários, que o saudaram com sorrisos e cumprimentos respeitosos. Amora caminhava ao lado dele, observando atentamente como ele interagia com todos. Era claro o quanto Yaman era respeitado e admirado por ali. Ele tinha uma presença imponente, mas ao mesmo tempo, havia uma gentileza natural em seu comportamento que fazia todos se sentirem à vontade ao seu redor.— Vamos ver como as coisas andam na minha ausência, — Yaman disse, enquanto eles se dirigiam ao seu escritório.Ao entrarem, ele imediatamente começou a revisar relatórios e a verificar o
Yaman deixou o quarto de Zeynep com um nó apertado em seu peito. Cada passo que dava pelo corredor do hospital parecia mais pesado que o anterior. Ele sabia que o que estava por vir exigiria toda sua força e determinação, e não apenas por Zeynep, mas também por Amora e o bebê que eles esperavam. Ao chegar à porta do consultório do Dr. Oslon, Yaman parou por um momento, respirando fundo antes de bater na porta.— Entre. — veio a voz grave do médico de dentro da sala.Yaman entrou, sendo recebido com um olhar de cansaço e profissionalismo por Dr. Oslon. O médico, apesar de cansado, parecia sempre ter uma presença calma, que Yaman apreciava. Sentando-se em uma das cadeiras diante da mesa do médico, Yaman começou a falar.— Doutor, eu preciso discutir a situação de Zeynep com você. — Ele começou, sua voz controlada, mas com uma nota de preocupação que não conseguiu esconder.— Claro, Yaman, o que deseja discutir? — Dr. Oslon perguntou, cruzando as mãos sobre a mesa e inclinando-se ligeira
As portas da sala de parto se fecharam atrás de Yaman, isolando-o da cena que se desenrolava além delas. A tensão em seu peito apertava como um nó impossível de desatar. Ele se encostou na parede fria do corredor, passando a mão pelos cabelos enquanto tentava controlar a respiração. O som abafado dos preparativos médicos e as ordens que ecoavam do outro lado da porta o faziam sentir-se ainda mais impotente.O tempo parecia distorcer-se; cada minuto parecia uma eternidade. Ele olhou para o celular, percebendo que não havia avisado Amora sobre o que estava acontecendo. Ela, com certeza, ainda estava descansando, acreditando que Yaman ainda estava ao lado de Zeynep em uma situação relativamente controlada. O pensamento de perturbá-la, sabendo que ela também estava passando por uma gravidez complicada, o fez hesitar. Ele decidiu, por ora, manter o foco em Zeynep e no bebê que estava prestes a chegar.Dentro da sala de parto, os médicos e enfermeiros se moviam rapidamente, preparando Zeyne
Zeynep despertou lentamente, seus sentidos voltando à consciência como se estivessem emergindo de uma névoa densa. O som suave de um monitor cardíaco e o cheiro estéril de um hospital foram as primeiras coisas que registrou. Seu corpo estava pesado, como se estivesse preso sob um peso invisível, e havia uma dor surda em sua barriga que a fez franzir a testa.Quando seus olhos se abriram totalmente, ela viu uma enfermeira ao seu lado, ajustando cuidadosamente os lençóis. A enfermeira percebeu que Zeynep havia acordado e imediatamente se aproximou, oferecendo um sorriso suave.— Olá, Zeynep. Como está se sentindo? — A voz da enfermeira era calma, quase melódica, projetada para acalmar os pacientes recém-despertos.Zeynep piscou, tentando processar as palavras. Então, como um relâmpago, a lembrança da noite anterior a atingiu. O parto, a dor, o medo... Sua mão instintivamente foi para o abdômen, que agora estava vazio, e seus olhos se arregalaram de pânico.— Minha filha... — A voz de Ze
A manhã na casa de Yaman passava em um ritmo quase frenético, embora ele estivesse imerso em seu escritório, trabalhando incansavelmente no novo projeto do hotel. A concentração com que Yaman se dedicava ao trabalho era impressionante, e o tempo parecia escapar-lhe por entre os dedos. Arquitetura e planejamento sempre foram refúgios onde ele podia escapar da turbulência emocional que rondava sua vida pessoal. Cada linha desenhada, cada cálculo feito, o aproximava de uma nova visão para seu império, e ele se perdeu naquilo, com os ponteiros do relógio girando sem que ele percebesse.Do outro lado da casa, Amora tentava encontrar maneiras de passar o tempo. Ela tomava seus remédios conforme prescrito, mas a inquietação não a deixava em paz. Após dias de repouso forçado, ela se sentia aprisionada em sua própria casa, sem poder fazer muito além de andar de um lado para o outro. A televisão não conseguia prendê-la, e os livros que ela tanto amava pareciam não conseguir a distrair. A rotina