Christopher Estou sentado na sala de reuniões da AdVision Productions, saboreando o sucesso de mais um contrato fechado. A apresentação para o comercial de sopa enlatada foi impecável. Cada slide, cada argumento, tudo funcionou perfeitamente, e agora os executivos estão apertando nossas mãos, satisfeitos com a nova campanha. O brilho de aprovação nos olhos deles é inconfundível, e eu sinto o peso da vitória. — Excelente trabalho, Christopher. É exatamente o que estávamos procurando. — O cliente principal diz, assinando os papéis com um sorriso de satisfação. Estou prestes a finalizar a reunião, aproveitando o momento para reforçar a confiança que esses contratos me trazem, quando a porta da sala se abre com um baque alto, rompendo o clima de controle que mantive até agora. O som é como um raio rasgando o céu em um dia tranquilo, e todos na sala se viram para encarar o intruso. E ali está ele: Daniel Carter. O garoto invade a sala sem hesitação, a expressão marcada por uma det
Christopher Minha cabeça já está latejando só de ouvir as palavras “novo trabalho”. Daniel continua, sem me dar tempo de processar a indignação crescente.— Precisamos pegar uma bolsa de dinheiro no aeroporto e levar para um dos homens do quartel no subúrbio. Simples assim. Sem margem para erro. — Daniel explica, cruzando os braços como se estivesse ditando ordens, o que só aumenta minha irritação. — Eles gostaram do nosso último trabalho.A raiva me toma de assalto. Sinto os músculos se tensionarem, meu corpo em alerta. Ele está me enfiando ainda mais fundo nesse poço sem fim, e com uma naturalidade que me faz questionar até onde ele está disposto a ir. — Você decidiu isso sozinho, Daniel? Ou decidiu que eu sou só um peão nesse seu joguinho? — Eu pergunto, dando mais um passo à frente, encarando-o de perto. A proximidade é intimidante, e eu quero que ele sinta isso.— Decidi que isso é o que precisa ser feito. Se não agirmos agora, estamos mortos. Você, eu, todos que se envolveram
Christopher — Você usava truques, Daniel. Eu sei que usava. — Afirmo, o tom cortante. Daniel aperta os punhos, as mãos tremendo levemente, mas ele não me nega. — Envenenava seus adversários antes das lutas, os deixava fracos, zonzos, para que quando subissem no ringue, você tivesse vantagem. Mas aí... você encontrou um adversário que não foi envenenado, não é? Os olhos de Daniel se enchem de raiva, a lembrança do que aconteceu queimando como uma ferida aberta. Ele se mexe desconfortavelmente, o rosto se contorcendo em uma expressão de pura frustração. Ele sabe exatamente do que estou falando, e a memória o atinge com força. — Foi um erro... — ele admite, os dentes rangendo enquanto fala. — Eu só queria mostrar que podia lutar, que eu era forte. E aí... — Daniel hesita, mas os detalhes estão claros para nós dois. — Aí você apareceu. E você... quase me matou. Eu me aproximo ainda mais, o rosto a poucos centímetros do dele, minha voz baixa, mas carregada de um peso que ele não p
Christopher A mansão está mergulhada em um silêncio quase absoluto, a única interrupção sendo o som suave dos meus passos ecoando pelo corredor enquanto me aproximo do quarto de Emily. Abro a porta devagar, a luz fraca do abajur iluminando seu rosto tranquilo. Ela está dormindo profundamente, o corpo relaxado, respirando de forma ritmada. Há um alívio momentâneo ao vê-la assim, distante de todo o caos que vem nos cercando. Preciso garantir que, pelo menos para ela, a noite será tranquila. Fecho a porta com cuidado, tentando não fazer barulho, e sigo para o escritório. A escuridão é acolhedora, oferecendo um espaço para pensar sem interrupções, sem o peso das emoções que me consomem cada vez que cruzo o olhar com Emily. Antes que Daniel apareça com suas provocações e arrogância, decido fazer o que precisa ser feito. Pego o telefone e disco um número que conheço bem. Do outro lado da linha, Alex Turner atende quase de imediato. O detetive é um aliado improvável, mas necessário. Noss
Christopher Eu concordo, observando o esquema de segurança detalhado no papel. A quantidade de câmeras é absurda, cobrindo cada centímetro do terminal de cargas, e os policiais estão sempre atentos, circulando em horários irregulares, o que dificulta qualquer tentativa de prever seus movimentos. — O ponto de entrada mais seguro é pela ala de manutenção. — Digo, traçando uma linha com o dedo. — Menos câmeras e patrulhas menos frequentes, mas ainda precisamos ser rápidos. Um movimento em falso, e eles estarão em cima da gente. Daniel assente, mas seus olhos brilham com um misto de nervosismo e adrenalina. Ele sabe que, apesar do plano, nada é garantido. Tudo precisa ser executado com precisão, ou vamos nos encontrar cercados antes de conseguir sequer tocar na mala. — Temos que nos mexer rápido e com cuidado. Vamos nos dividir assim que entrarmos. — Continuo, enquanto aponto as posições. — Eu vou direto para a área de despacho, pegar a mala. Você fica de olho nas câmeras, observ
Christopher — Emily, o que estamos fazendo é... complicado. — Tento escolher as palavras com cuidado, mas a verdade está prestes a escorrer pelas rachaduras que Daniel abriu com sua tentativa desajeitada de enganá-la. — Não posso te dar todos os detalhes, mas saiba que nada do que estamos fazendo tem a ver com a AdVision. E com certeza não tem nada a ver com Daniel trabalhando lá. Emily me olha, os olhos estreitados, mas há algo mais ali — uma tristeza contida que me atinge como um soco. Ela se sente excluída, traída pela falta de honestidade, e eu percebo que quanto mais tento protegê-la, mais a afasto. — Então parem de agir como dois adolescentes conspirando no quarto. — Ela rebate, o tom de voz misturando raiva e frustração. — Sinceramente, não quero mais saber de nada, continuem com seja lá o que estiverem fazendo. Emily sai do escritório batendo o pé, a frustração estampada em cada movimento. A porta se fecha com um estrondo que reverbera pela sala, deixando um silêncio pes
Christopher Emily permanece quieta por um momento, os dedos apertando os meus com uma força que denuncia o turbilhão de emoções que ela está tentando segurar. Seus olhos, sempre tão intensos e desafiadores, agora brilham com uma vulnerabilidade que raramente vejo. É como se, por um breve instante, todas as barreiras que ela ergueu contra o mundo estivessem prestes a desmoronar. — Às vezes... eu sinto que você não me ama mais. — Ela confessa, a voz baixa, quase um sussurro, como se admitir isso em voz alta fosse doloroso demais. — Que você não me deseja como antes. Desde que o médico pediu para eu ficar em repouso, você tem me tratado como se eu fosse frágil, e cada vez que você me evita, eu sinto que estou perdendo você. As palavras de Emily atravessam meu peito como uma lâmina afiada. Eu vejo a tristeza estampada no seu rosto, o medo de ser rejeitada, de ser deixada para trás em um momento em que tudo ao seu redor parece incerto. Cada vez que me afastei, tentando protegê-la, só a
Christopher O ritmo muda, tornando-se mais intenso, mais decidido, e minha respiração se entrecorta. Sinto o prazer crescendo, a conexão entre nós se fortalecendo a cada segundo. É como se, através dessa intimidade, estivéssemos nos reafirmando, colocando tudo de volta no eixo, longe das inseguranças que nos perseguiram nas últimas semanas. Emily se inclina, seus lábios encontram os meus em um beijo faminto, cheio de uma necessidade que ultrapassa o físico. Minhas mãos percorrem suas costas, sentindo o calor da pele dela, a suavidade que me faz querer nunca soltar. E no meio desse turbilhão de sensações, sei que esse momento é mais do que apenas prazer; é uma reconciliação silenciosa, uma promessa de que, apesar de tudo, ainda somos inteiros juntos. Eu a deixo guiar, a deixo se perder em seu próprio ritmo, e cada movimento é uma nova reafirmação do quanto a desejo, do quanto ela é essencial para mim. Não há mais barreiras, não há mais distâncias. Só há nós dois, redescobrindo tu