Christopher Eu concordo, observando o esquema de segurança detalhado no papel. A quantidade de câmeras é absurda, cobrindo cada centímetro do terminal de cargas, e os policiais estão sempre atentos, circulando em horários irregulares, o que dificulta qualquer tentativa de prever seus movimentos. — O ponto de entrada mais seguro é pela ala de manutenção. — Digo, traçando uma linha com o dedo. — Menos câmeras e patrulhas menos frequentes, mas ainda precisamos ser rápidos. Um movimento em falso, e eles estarão em cima da gente. Daniel assente, mas seus olhos brilham com um misto de nervosismo e adrenalina. Ele sabe que, apesar do plano, nada é garantido. Tudo precisa ser executado com precisão, ou vamos nos encontrar cercados antes de conseguir sequer tocar na mala. — Temos que nos mexer rápido e com cuidado. Vamos nos dividir assim que entrarmos. — Continuo, enquanto aponto as posições. — Eu vou direto para a área de despacho, pegar a mala. Você fica de olho nas câmeras, observ
Christopher — Emily, o que estamos fazendo é... complicado. — Tento escolher as palavras com cuidado, mas a verdade está prestes a escorrer pelas rachaduras que Daniel abriu com sua tentativa desajeitada de enganá-la. — Não posso te dar todos os detalhes, mas saiba que nada do que estamos fazendo tem a ver com a AdVision. E com certeza não tem nada a ver com Daniel trabalhando lá. Emily me olha, os olhos estreitados, mas há algo mais ali — uma tristeza contida que me atinge como um soco. Ela se sente excluída, traída pela falta de honestidade, e eu percebo que quanto mais tento protegê-la, mais a afasto. — Então parem de agir como dois adolescentes conspirando no quarto. — Ela rebate, o tom de voz misturando raiva e frustração. — Sinceramente, não quero mais saber de nada, continuem com seja lá o que estiverem fazendo. Emily sai do escritório batendo o pé, a frustração estampada em cada movimento. A porta se fecha com um estrondo que reverbera pela sala, deixando um silêncio pes
Christopher Emily permanece quieta por um momento, os dedos apertando os meus com uma força que denuncia o turbilhão de emoções que ela está tentando segurar. Seus olhos, sempre tão intensos e desafiadores, agora brilham com uma vulnerabilidade que raramente vejo. É como se, por um breve instante, todas as barreiras que ela ergueu contra o mundo estivessem prestes a desmoronar. — Às vezes... eu sinto que você não me ama mais. — Ela confessa, a voz baixa, quase um sussurro, como se admitir isso em voz alta fosse doloroso demais. — Que você não me deseja como antes. Desde que o médico pediu para eu ficar em repouso, você tem me tratado como se eu fosse frágil, e cada vez que você me evita, eu sinto que estou perdendo você. As palavras de Emily atravessam meu peito como uma lâmina afiada. Eu vejo a tristeza estampada no seu rosto, o medo de ser rejeitada, de ser deixada para trás em um momento em que tudo ao seu redor parece incerto. Cada vez que me afastei, tentando protegê-la, só a
Christopher O ritmo muda, tornando-se mais intenso, mais decidido, e minha respiração se entrecorta. Sinto o prazer crescendo, a conexão entre nós se fortalecendo a cada segundo. É como se, através dessa intimidade, estivéssemos nos reafirmando, colocando tudo de volta no eixo, longe das inseguranças que nos perseguiram nas últimas semanas. Emily se inclina, seus lábios encontram os meus em um beijo faminto, cheio de uma necessidade que ultrapassa o físico. Minhas mãos percorrem suas costas, sentindo o calor da pele dela, a suavidade que me faz querer nunca soltar. E no meio desse turbilhão de sensações, sei que esse momento é mais do que apenas prazer; é uma reconciliação silenciosa, uma promessa de que, apesar de tudo, ainda somos inteiros juntos. Eu a deixo guiar, a deixo se perder em seu próprio ritmo, e cada movimento é uma nova reafirmação do quanto a desejo, do quanto ela é essencial para mim. Não há mais barreiras, não há mais distâncias. Só há nós dois, redescobrindo tu
Daniel Estamos na van, o espaço apertado e cheio de equipamentos de vigilância improvisados, mas é o que temos para essa noite. O silêncio é cortado apenas pelo zumbido baixo dos monitores e o som das nossas respirações pesados. Christopher está ao meu lado, ajustando o casaco com as câmeras acopladas. Ele não perde um detalhe; cada movimento é meticuloso, preciso, e eu não posso deixar de sentir uma mistura de nervosismo e admiração ao vê-lo em ação. Ele é diferente quando está no campo, um predador calculista que sabe exatamente o que fazer para se manter vivo.Eles saem da van, a equipe pequena e silenciosa, movendo-se como sombras na noite. Christopher lidera o grupo com passos seguros, sua postura tensa mas controlada, como um leão caçando na escuridão. Eu observo tudo pelas telas, os ângulos das câmeras transmitindo cada movimento com precisão. A área de manutenção do aeroporto está mal iluminada, com corredores estreitos e poucos funcionários. É o caminho perfeito para quem qu
Daniel Do outro lado da linha, a voz responde com uma calma calculada, o tipo de tranquilidade que só aqueles que estão acostumados a lidar com riscos conhecem. Eu ouço o som de um copo sendo pousado sobre a mesa, e a leve risada que escapa é a confirmação de que ele também está saboreando o momento. — Daniel, você sabe que não gosto de promessas vazias. Mas se tudo está indo conforme planejado, então estamos no caminho certo. — A voz dele é grave, carregada de um respeito que poucos conseguem manter em um jogo onde cada erro pode ser fatal. — Não são promessas vazias. — Respondo, a confiança tingida com uma pontada de desdém que reservo apenas para os momentos em que me sinto no controle. — Eu cuidarei da sua segurança pessoalmente. Você será intocável, o verdadeiro rei do quartel. E quanto ao Falcão… ele não faz ideia do que está para acontecer. Ele vai cair em breve. — Perfeito. — A voz do outro lado responde, agora tingida de um tom de aprovação. — Continue jogando seu papel.
Christopher O tempo tem uma maneira estranha de se mover, de se estender e encolher conforme os momentos pesam em nossa mente. Nos últimos dias, pareceu se arrastar, como se cada minuto fosse uma eternidade à espera de algo inevitável. Mas agora, ao segurar essa pequena caixa de veludo, o tempo parece ter desacelerado, como se o mundo estivesse esperando junto comigo. Os dias passam, e tudo parece seguir um padrão. O trabalho, as reuniões, os pequenos confrontos com Daniel — nada disso me surpreende mais. Mas quando penso nela, em Emily, o tempo para. Cada minuto com ela tem um peso diferente, como se o próprio universo se inclinasse para nos observar.Eu a observei enquanto ela descia as escadas da mansão, e por um momento, fiquei sem palavras. Emily estava deslumbrante, absolutamente encantadora em um vestido verde que destacava seus olhos da maneira mais hipnotizante possível. O tecido fluía suavemente ao redor de seu corpo, como se tivesse sido feito sob medida para ela — e, na
Christopher O restaurante, que até poucos momentos atrás parecia um santuário de intimidade, agora estava repleto de murmúrios e burburinhos. As luzes suaves ainda iluminavam a cena, mas o clima havia mudado. O espaço, que havia sido apenas nosso por um breve momento, agora estava cheio de pessoas, e algumas delas não eram exatamente desconhecidas. Eu podia ver os olhares curiosos, as câmeras discretas sendo levantadas, e a surpresa estampada nos rostos de muitos. Logo após Emily dizer "sim", o que era para ser um instante nosso se transformou rapidamente em algo muito maior. Havia pessoas da mídia presentes, figuras conhecidas que sempre frequentavam esse tipo de lugar. E, como se atraídos pela aura de novidade, alguns dos convidados que estavam ali pelo simples prazer de jantar em um dos melhores restaurantes da cidade começaram a se aproximar, trazendo consigo uma energia de evento social que eu não tinha previsto. Primeiro, vieram alguns empresários que conhecíamos de reuni