Daniel Estamos na van, o espaço apertado e cheio de equipamentos de vigilância improvisados, mas é o que temos para essa noite. O silêncio é cortado apenas pelo zumbido baixo dos monitores e o som das nossas respirações pesados. Christopher está ao meu lado, ajustando o casaco com as câmeras acopladas. Ele não perde um detalhe; cada movimento é meticuloso, preciso, e eu não posso deixar de sentir uma mistura de nervosismo e admiração ao vê-lo em ação. Ele é diferente quando está no campo, um predador calculista que sabe exatamente o que fazer para se manter vivo.Eles saem da van, a equipe pequena e silenciosa, movendo-se como sombras na noite. Christopher lidera o grupo com passos seguros, sua postura tensa mas controlada, como um leão caçando na escuridão. Eu observo tudo pelas telas, os ângulos das câmeras transmitindo cada movimento com precisão. A área de manutenção do aeroporto está mal iluminada, com corredores estreitos e poucos funcionários. É o caminho perfeito para quem qu
Daniel Do outro lado da linha, a voz responde com uma calma calculada, o tipo de tranquilidade que só aqueles que estão acostumados a lidar com riscos conhecem. Eu ouço o som de um copo sendo pousado sobre a mesa, e a leve risada que escapa é a confirmação de que ele também está saboreando o momento. — Daniel, você sabe que não gosto de promessas vazias. Mas se tudo está indo conforme planejado, então estamos no caminho certo. — A voz dele é grave, carregada de um respeito que poucos conseguem manter em um jogo onde cada erro pode ser fatal. — Não são promessas vazias. — Respondo, a confiança tingida com uma pontada de desdém que reservo apenas para os momentos em que me sinto no controle. — Eu cuidarei da sua segurança pessoalmente. Você será intocável, o verdadeiro rei do quartel. E quanto ao Falcão… ele não faz ideia do que está para acontecer. Ele vai cair em breve. — Perfeito. — A voz do outro lado responde, agora tingida de um tom de aprovação. — Continue jogando seu papel.
Christopher O tempo tem uma maneira estranha de se mover, de se estender e encolher conforme os momentos pesam em nossa mente. Nos últimos dias, pareceu se arrastar, como se cada minuto fosse uma eternidade à espera de algo inevitável. Mas agora, ao segurar essa pequena caixa de veludo, o tempo parece ter desacelerado, como se o mundo estivesse esperando junto comigo. Os dias passam, e tudo parece seguir um padrão. O trabalho, as reuniões, os pequenos confrontos com Daniel — nada disso me surpreende mais. Mas quando penso nela, em Emily, o tempo para. Cada minuto com ela tem um peso diferente, como se o próprio universo se inclinasse para nos observar.Eu a observei enquanto ela descia as escadas da mansão, e por um momento, fiquei sem palavras. Emily estava deslumbrante, absolutamente encantadora em um vestido verde que destacava seus olhos da maneira mais hipnotizante possível. O tecido fluía suavemente ao redor de seu corpo, como se tivesse sido feito sob medida para ela — e, na
Christopher O restaurante, que até poucos momentos atrás parecia um santuário de intimidade, agora estava repleto de murmúrios e burburinhos. As luzes suaves ainda iluminavam a cena, mas o clima havia mudado. O espaço, que havia sido apenas nosso por um breve momento, agora estava cheio de pessoas, e algumas delas não eram exatamente desconhecidas. Eu podia ver os olhares curiosos, as câmeras discretas sendo levantadas, e a surpresa estampada nos rostos de muitos. Logo após Emily dizer "sim", o que era para ser um instante nosso se transformou rapidamente em algo muito maior. Havia pessoas da mídia presentes, figuras conhecidas que sempre frequentavam esse tipo de lugar. E, como se atraídos pela aura de novidade, alguns dos convidados que estavam ali pelo simples prazer de jantar em um dos melhores restaurantes da cidade começaram a se aproximar, trazendo consigo uma energia de evento social que eu não tinha previsto. Primeiro, vieram alguns empresários que conhecíamos de reuni
Christopher Eu continuei a sorrir, um sorriso que só serviu para aumentar a inquietação de Daniel. Sim, aquele diamante que eu mandei fazer um anel para Emily, o mesmo que agora brilhava em seu dedo, era, de fato, o que havia sumido durante o transporte. Mas o que Daniel não parecia entender era que eu nunca deixava as coisas ao acaso. Tudo o que eu faço é calculado, planejado, e esse diamante... bem, ele tinha o propósito certo. — Então? É ou não é? — Daniel insistiu, a voz agora um pouco mais alta, quase exigente. Eu o observei por um momento, sem pressa. A tensão que ele estava sentindo era palpável, mas eu não compartilhava do mesmo pânico. Não. Para mim, aquilo tudo era apenas parte do jogo. Finalmente, respondi, minha voz calma, mas cheia de uma confiança que Daniel claramente não entendia. — Sim, Daniel. É exatamente aquele diamante no dedo de Emily. O choque no rosto de Daniel foi imediato, mas antes que ele pudesse reagir, continuei, dando um passo em sua direção, o sor
Christopher Assim que a porta se fechou atrás de Daniel, o silêncio encheu o escritório. Eu me sentei à mesa por um momento, deixando as últimas palavras dele reverberarem em minha mente. Ele estava certo em parte — essa jogada tinha muitos riscos, mas a oportunidade era maior do que qualquer ameaça que eu pudesse prever. Emily estaria segura, desde que tudo corresse conforme o plano.Peguei o telefone no bolso e disquei o número de Alex Turner, o detetive com quem eu vinha trabalhando há meses. Cada parte dessa operação dependia de um cálculo preciso, e agora chegava o momento de ver se o golpe havia atingido seu alvo.O telefone tocou apenas uma vez antes de Alex atender. Ele sempre estava à espera de uma atualização.— Christopher — ele disse, direto, sem perder tempo.— O plano deu certo — eu disse, tentando manter minha voz estável, mas o peso do momento não me escapava. — O Falcão vai ser forçado a se expor. O diamante que desapareceu foi o estopim. Ele sabe que algo está fora
Christopher Eu estava na AdVision, sentado na cadeira de couro do meu escritório no último andar, com a cidade se estendendo em um tapete de luzes vibrantes sob o céu noturno. O som constante das ruas abaixo era abafado pelo vidro espesso, mas dentro da minha cabeça, o zumbido do que estava por vir era ensurdecedor. A reunião de mais cedo com os clientes tinha corrido bem — superficialmente. A proposta de uma nova campanha de marketing para uma grande marca de automóveis parecia ser o destaque do dia. Mas agora, todos aqueles detalhes pareciam distantes, irrelevantes. Minha mente estava presa em algo muito maior, muito mais perigoso. O telefone vibrou sobre a mesa da AdVision, cortando o silêncio que pairava no escritório. O nome que apareceu na tela fez um sorriso lento se formar em meus lábios: Bento. Ele não demorou muito. Sabia que essa ligação viria, era apenas questão de tempo. Atendi sem hesitar, mantendo a voz neutra, quase casual, como se estivéssemos conversando sob
Christopher — Vou para casa. Se ela não estiver lá quando eu chegar, você e todos os outros estarão à minha disposição para vasculhar cada centímetro dessa cidade. Eu quero respostas, Daniel. E você vai ser a primeira pessoa a me dar isso. Entendeu? Ele engoliu em seco antes de responder. — Sim, Christopher. Vou encontrá-la. Prometo. Desliguei o telefone sem esperar mais nada e imediatamente peguei minhas chaves. O som do silêncio no escritório contrastava com a fúria que queimava dentro de mim. Emily estava em perigo, e eu sabia que o relógio estava correndo. Seja quem for que a tenha levado, ele tinha acabado de fazer o pior movimento possível. Emily era minha, e quem quer que estivesse por trás disso iria pagar. Assim que entrei no carro, pronto para voltar à mansão, o meu telefone vibrou novamente. Desta vez, não era uma chamada. Era uma mensagem de vídeo. O remetente? Bento. Meu coração disparou, e uma sensação gelada tomou conta do meu estômago. Apertei o play, o