Emily A revelação de Christopher sobre Gio é como um soco no estômago, um golpe baixo que me deixa sem ar. Não é apenas o fato de ele ter tido algo com ela, mas o modo casual como ele admitiu, como se fosse um detalhe insignificante, algo que ele poderia simplesmente varrer para debaixo do tapete. A dor é insuportável, uma mistura de raiva, traição e um vazio que cresce dentro de mim. Sinto meu corpo tremer enquanto tento manter a compostura, mas o nó na minha garganta me impede de respirar direito. — Você realmente acha que isso é suficiente? — Minha voz sai mais alta do que eu pretendia, carregada de uma fúria que não consigo mais controlar. — Você acha que só porque foi antes de mim, isso não importa? Gio está lá, todos os dias, e eu fui ingênua o bastante para acreditar que ela era apenas a filha da empregada. Mas ela era muito mais, não é? Você a manteve na mansão, tão perto, como se nada tivesse acontecido. Christopher tenta falar, mas eu já estou além da explicação dele. Cad
Emily Quando Christopher entra na mansão, eu o sigo à distância, sem realmente saber o porquê, como se uma força invisível me empurrasse para frente. Ele se move com pressa, o rosto sombrio e os ombros tensos, e cada passo seu parece guiá-lo em direção ao quarto, o mesmo quarto onde eu disse que Gio estava trancada. Respiro fundo e dou alguns passos em sua direção, o som dos meus pés quase imperceptível no chão de mármore. Quando me aproximo o suficiente para ver o que está além da porta entreaberta, meu coração se aperta e uma onda de descrença e repulsa me atinge com força. Lá dentro, ajoelhada no chão, está Gio — nua, a cabeça abaixada, em uma posição de submissão absoluta. O corpo dela é uma estátua de obediência, um quadro de rendição que parece ter sido ensaiado muitas vezes. Meu sangue ferve, o choque e a raiva explodindo dentro de mim em um turbilhão que mal consigo conter. Cada pedaço de mim quer gritar, mas as palavras se prendem na garganta, sufocadas pela visão que p
EmilyChristopher sai rapidamente do quarto, pegando o telefone para chamar o médico, e em poucos minutos, ele está de volta, acompanhado por um homem de jaleco branco, o semblante calmo e profissional. O médico avalia meu estado com um olhar atento, pedindo que eu me sente na cama enquanto ele realiza um rápido exame, verificando minha pressão e perguntando sobre como me sinto. O toque frio do estetoscópio contra minha pele me faz estremecer, mas há um alívio silencioso ao ouvir o batimento rítmico e constante do coração do bebê. A confirmação de que, ao menos nesse aspecto, as coisas ainda estão normais é uma pequena âncora em meio ao caos. Depois de alguns minutos, o médico se afasta, ajustando os óculos enquanto anota algo em um pequeno caderno. Ele olha para mim e depois para Christopher, que se mantém próximo, atento a cada movimento. — Emily está bem, mas o dia foi extremamente estressante para ela e isso pode impactar o bebê. — A voz do médico é suave, mas há uma firmeza
Christopher Estou sentado na sala de reuniões da AdVision Productions, saboreando o sucesso de mais um contrato fechado. A apresentação para o comercial de sopa enlatada foi impecável. Cada slide, cada argumento, tudo funcionou perfeitamente, e agora os executivos estão apertando nossas mãos, satisfeitos com a nova campanha. O brilho de aprovação nos olhos deles é inconfundível, e eu sinto o peso da vitória. — Excelente trabalho, Christopher. É exatamente o que estávamos procurando. — O cliente principal diz, assinando os papéis com um sorriso de satisfação. Estou prestes a finalizar a reunião, aproveitando o momento para reforçar a confiança que esses contratos me trazem, quando a porta da sala se abre com um baque alto, rompendo o clima de controle que mantive até agora. O som é como um raio rasgando o céu em um dia tranquilo, e todos na sala se viram para encarar o intruso. E ali está ele: Daniel Carter. O garoto invade a sala sem hesitação, a expressão marcada por uma det
Christopher Minha cabeça já está latejando só de ouvir as palavras “novo trabalho”. Daniel continua, sem me dar tempo de processar a indignação crescente.— Precisamos pegar uma bolsa de dinheiro no aeroporto e levar para um dos homens do quartel no subúrbio. Simples assim. Sem margem para erro. — Daniel explica, cruzando os braços como se estivesse ditando ordens, o que só aumenta minha irritação. — Eles gostaram do nosso último trabalho.A raiva me toma de assalto. Sinto os músculos se tensionarem, meu corpo em alerta. Ele está me enfiando ainda mais fundo nesse poço sem fim, e com uma naturalidade que me faz questionar até onde ele está disposto a ir. — Você decidiu isso sozinho, Daniel? Ou decidiu que eu sou só um peão nesse seu joguinho? — Eu pergunto, dando mais um passo à frente, encarando-o de perto. A proximidade é intimidante, e eu quero que ele sinta isso.— Decidi que isso é o que precisa ser feito. Se não agirmos agora, estamos mortos. Você, eu, todos que se envolveram
Christopher — Você usava truques, Daniel. Eu sei que usava. — Afirmo, o tom cortante. Daniel aperta os punhos, as mãos tremendo levemente, mas ele não me nega. — Envenenava seus adversários antes das lutas, os deixava fracos, zonzos, para que quando subissem no ringue, você tivesse vantagem. Mas aí... você encontrou um adversário que não foi envenenado, não é? Os olhos de Daniel se enchem de raiva, a lembrança do que aconteceu queimando como uma ferida aberta. Ele se mexe desconfortavelmente, o rosto se contorcendo em uma expressão de pura frustração. Ele sabe exatamente do que estou falando, e a memória o atinge com força. — Foi um erro... — ele admite, os dentes rangendo enquanto fala. — Eu só queria mostrar que podia lutar, que eu era forte. E aí... — Daniel hesita, mas os detalhes estão claros para nós dois. — Aí você apareceu. E você... quase me matou. Eu me aproximo ainda mais, o rosto a poucos centímetros do dele, minha voz baixa, mas carregada de um peso que ele não p
Christopher A mansão está mergulhada em um silêncio quase absoluto, a única interrupção sendo o som suave dos meus passos ecoando pelo corredor enquanto me aproximo do quarto de Emily. Abro a porta devagar, a luz fraca do abajur iluminando seu rosto tranquilo. Ela está dormindo profundamente, o corpo relaxado, respirando de forma ritmada. Há um alívio momentâneo ao vê-la assim, distante de todo o caos que vem nos cercando. Preciso garantir que, pelo menos para ela, a noite será tranquila. Fecho a porta com cuidado, tentando não fazer barulho, e sigo para o escritório. A escuridão é acolhedora, oferecendo um espaço para pensar sem interrupções, sem o peso das emoções que me consomem cada vez que cruzo o olhar com Emily. Antes que Daniel apareça com suas provocações e arrogância, decido fazer o que precisa ser feito. Pego o telefone e disco um número que conheço bem. Do outro lado da linha, Alex Turner atende quase de imediato. O detetive é um aliado improvável, mas necessário. Noss
Christopher Eu concordo, observando o esquema de segurança detalhado no papel. A quantidade de câmeras é absurda, cobrindo cada centímetro do terminal de cargas, e os policiais estão sempre atentos, circulando em horários irregulares, o que dificulta qualquer tentativa de prever seus movimentos. — O ponto de entrada mais seguro é pela ala de manutenção. — Digo, traçando uma linha com o dedo. — Menos câmeras e patrulhas menos frequentes, mas ainda precisamos ser rápidos. Um movimento em falso, e eles estarão em cima da gente. Daniel assente, mas seus olhos brilham com um misto de nervosismo e adrenalina. Ele sabe que, apesar do plano, nada é garantido. Tudo precisa ser executado com precisão, ou vamos nos encontrar cercados antes de conseguir sequer tocar na mala. — Temos que nos mexer rápido e com cuidado. Vamos nos dividir assim que entrarmos. — Continuo, enquanto aponto as posições. — Eu vou direto para a área de despacho, pegar a mala. Você fica de olho nas câmeras, observ