ChristopherLiguei para Ralf assim que a viatura se afastou, minha mente rodando em um turbilhão de pensamentos e emoções. Meu coração batia tão forte que parecia que ia explodir. O telefone tocou duas vezes antes que ele atendesse.— Christopher? — a voz de Ralf soou preocupada. — O que aconteceu?— Emily... — comecei, a voz falhando. Respirei fundo, tentando recuperar a compostura. — Emily foi presa. Os policiais disseram que é por lesão corporal grave. Algo a ver com o dia em que ela ateou fogo no clube de luta. Alguém se feriu gravemente.Houve um silêncio do outro lado da linha enquanto Ralf processava a informação.— Droga — murmurou ele, finalmente. — Eles mencionaram quem foi ferido?— Não, não deram detalhes — respondi, esfregando a testa, tentando pensar com clareza. — Ralf, eu não sei o que fazer. Ela está grávida, caramba. Isso não pode acontecer agora.Ralf suspirou pesadamente.— Escuta, Christopher, você precisa falar com Charles. Ele tem os contatos e a influência para
Christopher — Porra! — sentei na cadeira a minha frente, novamente um policial me têm nas mãos. — O que você quer de mim? — Sei que você está infiltrado nos negócios de Victoria, não sei o que Jack te falou para que cooperasse. No entanto, os meus métodos são diferentes... — E quais são os métodos, detetive? — Você é um homem talentoso, bem treinado, não quero que trabalhe comigo sob ameaça. Dei um riso amargo, tentando desvendar o homem à minha frente. — Você mandou a minha mulher grávida para a prisão! — Não, eu não mandei. Os parentes da vítima fizeram a denúncia, eles receberam a gravação do dia do incêndio. — De quem? — Pense em quem gostaria de ter Emily fora do caminho? — Victoria — Foi o primeiro nome que me veio à mente. Desgraçada! Alex Turner me olhou com um leve sorriso, como se tivesse me capturado em uma teia da qual não poderia escapar. — Victoria não age sozinha, Christopher. Há alguém acima dela. O verdadeiro chefe. Preciso de alguém que saib
EmilyAssim que a porta se fechou atrás de Christopher, o silêncio preencheu o apartamento, um contraste gritante com a presença dele, sempre tão intensa e segura. Então, ouvi. Um ruído. Inicialmente baixo, quase imperceptível, mas logo mais forte e insistente, como se alguém estivesse tentando forçar a fechadura da porta. Eu não sabia dizer o quê, mas uma sensação de inquietação começou a crescer dentro de mim. Outro som, um gemido abafado, chegou até meus ouvidos, rasgando o silêncio como uma lâmina afiada. Era um som de dor, profundo e desesperado. Meu corpo congelou. Meus músculos se retesaram e o coração começou a bater mais rápido, como se já soubesse o que minha mente ainda tentava processar. Christopher...O pânico explodiu dentro de mim, sufocando qualquer pensamento racional. Meus pés se moveram antes que eu pudesse pensar, fui correndo em direção à porta. Abri-a com força, o coração quase pulando pela garganta, me preparando para o pior.Mas não era Christopher. Era Danie
Christopher Eu estava no galpão, onde costumava me preparar para ser o Dragão, além dos meus equipamentos de treino, eu tinha alguns outros brinquedos da minha vida antiga. Quando Ralf avisou que estavam chegando, peguei a minha submetralhadora e fui aguardar por ele na entrada do galpão, se eles ainda estivessem sendo seguidos, os filhos da puta teriam uma surpresa. O blindado se aproximou e junto com ele a equipe de segurança que eu mandei de apoio. Eu baixei a arma assim que vi Emily sair do carro, pálida como um fantasma, suas mãos trêmulas denunciando o terror pelo qual ela havia passado. Meu peito apertou ao vê-la naquele estado, mas mantive a compostura. Eu precisava ser forte por ela agora. Me aproximei, e sem dizer uma palavra, envolvi-a em meus braços. Senti o corpo dela tremer contra o meu, os dedos crispados na minha camisa, segurando-me como se eu fosse a única coisa sólida em sua realidade desmoronada. — Isso acaba hoje, Emily — minha voz saiu baixa, mas firm
Christopher Eu estava com a pistola em punho, cada músculo do meu corpo tenso, pronto para agir. O silêncio no salão era opressor, mas o homem à minha frente parecia completamente alheio a isso. Ele tinha um olhar calculista, mas havia algo nele que não combinava com o papel que estava desempenhando. Ele era jovem, talvez jovem demais para ser o tal chefe de Victoria, como havia se apresentado. Não mais do que um garoto, com uma postura forçada e um olhar que não escondia sua inexperiência. — Eu sou o chefe de Victoria — ele repetiu, com um sorriso presunçoso no rosto, mas eu já começava a duvidar da seriedade dessa afirmação. — Você parece mais um moleque brincando de ser adulto — retruquei, abaixando a arma. Eu poderia acabar com ele facilmente, mas a foto de Emily em seu celular me fez recuar. Ele soltou uma risada curta e irritante, cruzando os braços como se estivesse no controle da situação. — Você subestima o que eu posso fazer, Christopher. — Ele deu de ombros. — Tenho
Emily O silêncio da mansão era quase assustador, mas, ao mesmo tempo, acolhedor. As paredes altas e os cômodos espaçosos eram um contraste gritante com o caos pelo qual eu havia passado nas últimas horas. Senti uma pressão crescente no peito enquanto os pensamentos rodopiavam na minha mente, cada um tentando encontrar um ponto de descanso. Mas o único refúgio que parecia fazer sentido no momento era a cozinha. Cozinhar sempre me ajudou a relaxar, a organizar meus pensamentos e, de alguma forma, a encontrar alguma paz em meio à tempestade. Deixei meus dedos tocarem suavemente o balcão frio da cozinha enquanto o cheiro suave de temperos começava a se misturar com o ar. Escolhi alguns vegetais frescos e comecei a cortá-los lentamente, tentando focar nas cores vibrantes e nas texturas sob meus dedos, deixando que essa simplicidade me acalmasse. — Ei, pequeno — murmurei baixinho, levando uma das mãos ao meu ventre, sentindo o leve movimento do bebê lá dentro. — Está tudo bem agora. Es
Dois anos atrás Daniel As paredes do Sanatório St. Jude eram de um branco sujo, manchado pelo tempo e pela tristeza que parecia escorrer dos corredores. O cheiro de antisséptico se misturava com algo amargo, como o gosto da derrota. Senti meu corpo ser empurrado pelas mãos firmes do enfermeiro, que me tratava como se eu fosse uma carga qualquer, sem nome, sem passado, sem futuro. As portas se fecharam atrás de mim com um clique pesado, um som que eu sabia que ia me perseguir nos próximos anos A sala de admissão era fria, sem cor e sem vida, como eu me sentia. Me sentei em uma cadeira desconfortável, o olhar perdido, enquanto meu cérebro rodava em círculos tentando entender como tudo tinha desmoronado tão rápido. Eu só queria gritar, mas a voz se prendia na garganta, sufocada pela confusão que me consumia. Dra. Renata. Li o nome no jaleco, enquanto observava a mulher que apertava a prancheta contra o próprio peito, ela era esguia, os olhos castanhos pareciam cansados, sem vida,
Emily Christopher e Daniel se sentaram à mesa do jantar, e se eu não os conhecesse bem diria que há uma rivalidade entre os dois. O meu irmão apesar de ser o caçula, sempre foi ciumento, me lembro como ele era controlador com a minha mãe, não é de se estranhar que tenha se incomodado com a presença do Christopher em nossas vidas. Tento conduzir o jantar da forma mais amena possível, mas o excesso de testosterona é uma realidade inegável, Christopher praticamente rosna as palavras, quando lhe perguntei o que achou do assado. Enquanto Daniel dá um sorriso que paira entre encabulado e chateado. — A comida estava excelente, Emily. Vou para o quarto e... Christopher, obrigado por nos hospedar tão gentilmente em sua casa. Christopher lançou um olhar enviesado para Daniel que se retirou despreocupadamente, espero que Daniel desapareça do nosso campo de visão para confrontar Christopher. — O que aconteceu com vocês dois? — encaro Christopher veemente, os seus olhos estão semicerrados