Christopher — E agora? — perguntei, minha voz baixa, ainda cheia de desconfiança. Daniel levantou as mãos, como se estivesse se rendendo. — Eu vou buscar ganhar dinheiro de forma honesta — ele disse, seu tom mais determinado agora. — Isso tudo… a vida de Emily em perigo, não valeu a pena. Chega. Estou fora dessa merda. Ele passou por mim, ainda abalado, mas com uma determinação que não havia visto nele em muito tempo. Quando ele saiu do escritório, fechei a porta atrás dele e fiquei parado por um momento, tentando processar tudo. Peguei o telefone, precisava de respostas. Liguei diretamente para Alex Turner, o detetive que estava acompanhando o caso de perto. O telefone tocou duas vezes antes de ele atender. — Christopher, alguma novidade sobre o Falcão? — Alex perguntou sem rodeios. — Sim, o Falcão está morto — respondi, tentando manter a calma. — Mas e o governador? A troca foi feita. O que aconteceu depois disso? Alex respirou fundo do outro lado, e eu sabia que a
Christopher O mundo pareceu girar ao meu redor. Senti meu corpo esquentar, o sangue subir à cabeça. Meu próprio pai? — Você está mentindo! — gritei, incapaz de aceitar o que ele acabara de dizer. Dei um soco direto no estômago de Daniel, fazendo-o cambalear para trás. Ele tossiu, tentando recuperar o fôlego, mas se manteve em pé. — É a verdade, Christopher. — Ele ofegou, segurando o lado do corpo. — Seu pai entregou a localização. Ele estava envolvido com pessoas muito maiores do que você imaginava. Tudo para proteger os próprios interesses. As palavras dele ecoavam na minha mente, e de repente tudo fez sentido. As falhas no sistema, o fato de que a operação foi comprometida antes mesmo de começar. Meu pai. A traição vinha de dentro. De alguém que deveria ser a pessoa mais confiável da minha vida. Minha visão ficou turva de raiva. Avancei sobre Daniel, socando-o com força, o controle que eu sempre tentava manter escapando por entre meus dedos. Ele tentou se defender, mas
Christopher — Você acha que pode falar sobre honra, Thomas? — continuei, levantando a voz um pouco mais para garantir que ele não notasse Ralf mexendo na parede. — Eu sei mais do que você imagina sobre a sua "honra". Thomas deu uma risada forçada, levando o copo à boca e tomando um grande gole de uísque. Apesar de não passar das oito da manhã. — Você não sabe nada, garoto. Eu fiz tudo pela lei. — Ele me encarou com aquele olhar que sempre usava para me intimidar quando eu era criança, mas agora não tinha o mesmo efeito. — Você deveria aprender um pouco com quem realmente seguiu as regras. Não há espaço para atalhos na vida, Christopher. Enquanto ele falava, ouvi um leve clique atrás de mim. Ralf havia encontrado. Ele deslizou o quadro da parede para o lado, revelando um pequeno compartimento onde, escondida em um compartimento de madeira, estava uma arma. Não qualquer arma. Uma pistola sem registro, daquelas que se usa para trabalho sujo, longe dos olhos da lei. Thomas es
Emily Christopher está agindo de forma estranha ultimamente, e essa nova amizade austera com meu irmão tem me deixado desconfortável. Algo está acontecendo, eu sinto isso. Há uma tensão no ar que não posso ignorar, e não sei se estou pronta para enfrentar o que vem por aí. Ele está diferente, mais distante, mais sombrio. Daniel, por sua vez, parece estar mudando também. O garoto sorridente, gentil, que sempre mantinha um brilho nos olhos, agora parece estar sendo moldado por algo que não reconheço. Há dias em que ele tenta imitar Christopher, e isso me assusta. Sei que Daniel sente falta de nosso pai. Eles eram muito próximos, estavam sempre juntos, e talvez, sem perceber, ele tenha trocado aquela referência, passando a espelhar suas atitudes nas de Christopher. Dias atrás, o vi ajeitando a gola da camisa pólo, franzindo o cenho, exatamente como Christopher faz quando está irritado, só que Christopher ajusta a gravata. Pequenos detalhes que denunciam o quanto meu irmão está muda
Emily — Christopher, você precisa me ensinar a dar porrada, de verdade! — Daniel insistiu, o tom cheio de entusiasmo juvenil. Ele estava fascinado, quase obcecado, com a ideia de aprender a lutar, e parecia não perceber que sua insistência começava a me incomodar. Eu imediatamente senti uma onda de desaprovação passar por mim. Daniel sempre foi pacífico, doce e brincalhão, mas nos últimos tempos, parecia que ele estava tentando se transformar em algo que não era. E isso me preocupava. — Daniel, isso é realmente necessário? — questionei, minha voz soando mais dura do que eu pretendia. Ele era meu irmãozinho, e a ideia de vê-lo tentando imitar Christopher, de todas as pessoas, não me deixava tranquila. — Você não precisa aprender a lutar. Não desse jeito. Daniel apenas deu de ombros, um sorriso despreocupado no rosto. — Emily, relaxa. Todo mundo precisa saber se defender, não é? — Ele olhou para Christopher, quase como se estivesse buscando sua aprovação. Christopher, no en
Christopher Eu precisava de um momento longe dos olhos de Emily. Não porque eu quisesse esconder algo dela, mas porque havia certos detalhes que, por enquanto, era melhor manter em segredo. Quando chegamos à academia, eu fechei a porta atrás de nós e me virei para ele. Seu olhar estava fixo em mim, esperando. Sem perder tempo, puxei do bolso o pequeno cartão que estava junto à caixinha com o anel de noivado de Emily. Ele olhou para o pedaço de papel em minha mão, sua expressão imediatamente se tornando séria. — Reconhece isso? — perguntei, estendendo o cartão para ele. Daniel franziu o cenho enquanto pegava o cartão de minhas mãos, analisando cada detalhe. No centro, uma frase parabenizava Emily pelo noivado, escrita com uma caligrafia elegante e precisa. Mas o que fez seu rosto empalidecer foi o pequeno símbolo no canto inferior do cartão. Uma águia, gravada em alto relevo, dourada e resplandecente contra o fundo branco do papel. — Isso... isso não pode ser... — ele murmu
Christopher Com o cair da noite, as sombras se alongavam nas ruas, e a cidade, apesar de seu movimento constante, parecia envolta em uma calma quase sufocante. Ralf dirigia em silêncio, o motor do carro suave contra o barulho da cidade. Ele sabia para onde estávamos indo, mas o ar dentro do carro estava carregado de uma tensão que nenhum de nós podia ignorar. O esconderijo número 2 — uma velha floricultura, abandonada há muito tempo, mas ainda cheia de memórias que, honestamente, preferia esquecer. Era o lugar onde o passado e o presente se encontravam, e isso me deixava no limite. Quando chegamos, Ralf estacionou na lateral do prédio, longe da vista de curiosos. A loja de flores era simples por fora, com janelas quebradas e uma porta de madeira que outrora já fora brilhante e acolhedora, agora apenas um símbolo do tempo que passou. A pintura estava descascada, e a placa com o nome da loja, "Flores de Aurora", estava coberta de poeira. O lugar parecia ter sido esquecido pelo mu
Christopher O homem arqueou as costas na cadeira, o rosto contorcido de dor, enquanto o sangue escorria lentamente de onde antes estava sua unha. Ralf não se moveu, apenas observou. Já tínhamos feito isso antes. Muitas vezes. — Eu vou perguntar de novo. — minha voz ainda estava baixa, quase em um tom de conversa casual. — Quem é o novo Rei? O homem ofegava, soluçando entre lágrimas, mas não me deu a resposta que eu queria. Caminhei de volta para a mesa, dessa vez pegando uma pequena faca. Era uma lâmina curta, afiada, perfeita para cortes precisos e dolorosos. Voltei para ele, girando a faca entre meus dedos, sentindo o peso da lâmina. — Eu sempre gostei dessa faca, — murmurei, me agachando ao lado dele novamente. — Ela faz cortes limpos, rápidos. Não mata, mas deixa cicatrizes profundas. Marcas que você carrega pelo resto da vida. Deslizei a lâmina levemente pelo lado de seu pescoço, apenas o suficiente para cortar a pele, mas não o suficiente para ser fatal. Ele gritou n