Christopher — E o que é agora? — perguntei, minha voz fria, mas firme. — O governador — Daniel respondeu, a voz baixa, como se estivesse esperando que eu explodisse. — Eles querem que a gente o sequestre. Isso faz parte do acordo. O Falcão está pressionando, e é isso que ele quer. Se conseguirmos, Emily volta. Fechei os olhos por um momento, tentando absorver a loucura do que estava sendo exigido. Sequestrar o governador? Isso não era apenas um trabalho sujo. Era uma manobra política com implicações enormes. Bento estava querendo muito mais do que um diamante. Ele queria mostrar poder, e nós éramos suas peças no tabuleiro. Abri os olhos e encarei Daniel, a raiva ainda queimando em meu peito. — Escuta bem, Daniel. — Minha voz saiu mais baixa, mas cada palavra estava carregada de ameaça. — Esse vai ser o último trabalho. Depois disso, eu estou fora. Ele me olhou, surpreso, mas não disse nada. Continuou escutando, talvez finalmente percebendo que havia ido longe demais. — Você sa
Christopher — Christopher, você tem certeza de que isso vai funcionar? — ele perguntou, claramente preocupado. — Bento não é alguém com quem se joga. Ele pode não devolver Emily, mesmo com o governador.Eu sorri levemente, sabendo que Daniel estava certo em sua preocupação, mas também sabendo que eu tinha um trunfo que Bento não esperava.— Não se preocupe com Bento. Eu já tenho um plano de contingência. Se ele tentar algo, estarei pronto.Daniel parecia satisfeito com a resposta, ou pelo menos não fez mais perguntas. Sabia que estava andando sobre uma linha tênue, e quanto mais se envolvesse, mais difícil seria sair desse jogo.Eu sabia disso também. Mas Emily era tudo o que importava agora.— Prepare tudo para amanhã à noite. — Ordenei, voltando meu olhar para a janela. — Vamos fazer isso de forma limpa e rápida.Daniel assentiu mais uma vez e saiu do escritório. Eu fiquei ali por um momento, o peso da situação caindo sobre mim. Sequestrar o governador, entregar um homem poderoso c
Christopher — Daniel — chamei, minha voz saindo mais fria do que eu pretendia. Ele levantou o olhar, surpreso. — O quê? — perguntou, tentando parecer inocente, mas eu já conhecia aquele olhar de "não sei de nada" muito bem. Cruzei os braços, me aproximando da mesa lentamente, sem desviar o olhar dele. — Você não parece tão preocupado quanto deveria estar — falei, observando cada reação. — Estamos falando de sequestrar o governador e recuperar Emily, sua irmã, e você está agindo como se fosse um negócio qualquer. Daniel piscou, mas manteve a compostura. Talvez um pouco demais. — Claro que estou preocupado, Christopher. — Sua resposta saiu rápida, como se ele estivesse esperando por essa pergunta. — Estou tentando me manter focado. É o único jeito de fazer isso funcionar. Mas algo naquela resposta me irritou ainda mais. Focado? Desde quando Daniel era assim tão eficiente quando se tratava de um assunto tão delicado? Ele sempre fora mais impulsivo, mais caótico. E agora, de repen
Christopher Os parceiros do Falcão surgiram das sombras assim que me aproximei do armazém, cercando o carro de forma quase cirúrgica. Seus movimentos eram rápidos, eficientes, como se tivessem feito isso mil vezes antes. Três homens, todos bem armados, se posicionaram ao redor do veículo, seus rostos inexpressivos. Eu sabia que estavam ali para buscar o governador, e minha mente já estava correndo, tentando calcular os próximos passos. O líder do grupo, um homem alto e de olhos frios, deu um passo à frente e se aproximou da janela. Ele bateu levemente no vidro, sinalizando para que eu saísse. Com um suspiro, abri a porta e saí do carro, mantendo a calma, mas com cada músculo do meu corpo pronto para o que viesse. — Então, Donovan — o líder falou, a voz baixa e cheia de uma confiança sinistra. — Chegou a hora. Entregue o governador, e logo você terá sua preciosa Emily de volta. Olhei ao redor, meus olhos rapidamente avaliando a situação. Eles estavam em vantagem numérica e de armam
Christopher Ela olhou para mim, aliviada, mas ainda visivelmente abalada. Quando finalmente afrouxei as últimas cordas, Emily caiu em meus braços, e a segurei firme, sentindo seu corpo tremer levemente. — O que aconteceu aqui? — perguntei, a urgência na minha voz inconfundível. Nada sobre essa cena fazia sentido. Emily respirou fundo, como se estivesse tentando encontrar as palavras. — Eles... eles queriam o meu anel... — ela sussurrou, a voz fraca. — Eles disseram que precisavam dele... Que eu deveria entregar. Eu... lamento Christopher... Eles levaram. — Ela fez uma pausa, os olhos enchendo-se de lágrimas enquanto lembrava dos detalhes. — O anel? — perguntei, me lembrando do diamante falso que eu havia dado a ela. Emily assentiu, tentando se recompor. — Mas aí... — ela continuou, com a voz ainda tremendo — alguém apareceu. Não sei quem era. Ele matou os seguranças... e depois... matou o Falcão. Eu não vi muito. Estava com medo, com as mãos atadas... Mas ele afrouxou a
Christopher — E agora? — perguntei, minha voz baixa, ainda cheia de desconfiança. Daniel levantou as mãos, como se estivesse se rendendo. — Eu vou buscar ganhar dinheiro de forma honesta — ele disse, seu tom mais determinado agora. — Isso tudo… a vida de Emily em perigo, não valeu a pena. Chega. Estou fora dessa merda. Ele passou por mim, ainda abalado, mas com uma determinação que não havia visto nele em muito tempo. Quando ele saiu do escritório, fechei a porta atrás dele e fiquei parado por um momento, tentando processar tudo. Peguei o telefone, precisava de respostas. Liguei diretamente para Alex Turner, o detetive que estava acompanhando o caso de perto. O telefone tocou duas vezes antes de ele atender. — Christopher, alguma novidade sobre o Falcão? — Alex perguntou sem rodeios. — Sim, o Falcão está morto — respondi, tentando manter a calma. — Mas e o governador? A troca foi feita. O que aconteceu depois disso? Alex respirou fundo do outro lado, e eu sabia que a
Christopher O mundo pareceu girar ao meu redor. Senti meu corpo esquentar, o sangue subir à cabeça. Meu próprio pai? — Você está mentindo! — gritei, incapaz de aceitar o que ele acabara de dizer. Dei um soco direto no estômago de Daniel, fazendo-o cambalear para trás. Ele tossiu, tentando recuperar o fôlego, mas se manteve em pé. — É a verdade, Christopher. — Ele ofegou, segurando o lado do corpo. — Seu pai entregou a localização. Ele estava envolvido com pessoas muito maiores do que você imaginava. Tudo para proteger os próprios interesses. As palavras dele ecoavam na minha mente, e de repente tudo fez sentido. As falhas no sistema, o fato de que a operação foi comprometida antes mesmo de começar. Meu pai. A traição vinha de dentro. De alguém que deveria ser a pessoa mais confiável da minha vida. Minha visão ficou turva de raiva. Avancei sobre Daniel, socando-o com força, o controle que eu sempre tentava manter escapando por entre meus dedos. Ele tentou se defender, mas
Christopher — Você acha que pode falar sobre honra, Thomas? — continuei, levantando a voz um pouco mais para garantir que ele não notasse Ralf mexendo na parede. — Eu sei mais do que você imagina sobre a sua "honra". Thomas deu uma risada forçada, levando o copo à boca e tomando um grande gole de uísque. Apesar de não passar das oito da manhã. — Você não sabe nada, garoto. Eu fiz tudo pela lei. — Ele me encarou com aquele olhar que sempre usava para me intimidar quando eu era criança, mas agora não tinha o mesmo efeito. — Você deveria aprender um pouco com quem realmente seguiu as regras. Não há espaço para atalhos na vida, Christopher. Enquanto ele falava, ouvi um leve clique atrás de mim. Ralf havia encontrado. Ele deslizou o quadro da parede para o lado, revelando um pequeno compartimento onde, escondida em um compartimento de madeira, estava uma arma. Não qualquer arma. Uma pistola sem registro, daquelas que se usa para trabalho sujo, longe dos olhos da lei. Thomas es