HENRY NARRANDOQuando eu vi o meu celular aberto na mão de Elle, já sabia exatamente o que havia acontecido: Ela descobriu quem eu era. Depois de tantos dias maravilhosos juntos, fui um idiota por não sentar e contar a verdade para ela. Talvez, se eu tivesse simplesmente sido sincero, esse momento não estaria acontecendo.Elle arremessou o celular em mim, e eu o peguei, constatando as mensagens de um dos meus subordinados. Fechei meus olhos e respirei com raiva, deixei o celular no bolso e fui atrás de Elle pela casa. Eu a segurei pelo braço, impedindo de sair.— Elle, por favor, me dá uma chance de ao menos me explicar. — Eu falei.Elle estava em prantos. Era como se eu tivesse rasgado seu coração com uma faca cega.— Explicar o que? Quer me contar como foi prazeroso pra você matar meus pais? Quer me contar quantos tiros cada um levou? Porque eu não tive tempo de contar, caso não saiba. — Ela puxou o braço com tudo e começou a apontar o dedo na minha cara. — Você é um cretino! Sabia
ELLE NARRANDOFLASHBACKPassei as duas mãos em meus cabelos na frente do espelho do banheiro da escola, e sorri para mim mesma. Eu estou bonita, até o Tomas me elogiou hoje. Vou ficar a tarde toda na escola resolvendo algumas coisas da minha apresentação de amanhã. Quero que saia perfeita, porque quero conseguir entrar em uma boa faculdade. Não sei exatamente que tipo de curso quero fazer, mas pensei em fazer enfermagem, porque gosto muito de cuidar das pessoas.Peguei minha mochila e coloquei nas costas. O caminho para casa é sempre tranquilo e eu vou andando, sempre ouvindo música. Quando não está chovendo, o caminho é uma beleza.Ao chegar em casa, notei a porta aberta, o que é estranho. Mas o mais estranho veio a seguir: Assim que entrei em casa, vi uma mancha vermelha no tapete da sala. Pensei que algo pudesse ter caído ali, mas... Ao dar alguns passos a mais para dentro, vi minha mãe caída. Meus olhos se arregalaram ao ver a cena. Minhas mãos tremiam, e eu constatei o que havia
HENRY NARRANDO— Alô? Oi, Sophia, tudo bem? Eu estou com um problema em casa... Será que você poderia pegar o Benny na escola? — Questionei.— É claro.Sophia é a mãe do melhor amigo do Benny. Vez ou outra ele dorme lá, e vez ou outra, Tommy dorme aqui. Achei melhor mandar Benny uns dias para lá... Porque a situação está complicada.Estou há alguns dias sem ir trabalhar ou responder mensagens. Talvez esteja na hora de resolver minha vida.Eu estava sentado no chão, desolado. Meu filho definitivamente não deveria me ver assim. A casa está o caos, eu quebrei praticamente tudo aqui e na cozinha. Estou olhando para tudo enquanto fumo um charuto, coisa que não fazia há um bom tempo. Bebo um gole do uísque da garrafa mesmo, e continuo pensando no que acabou de acontecer.Dessa vez não tem mais jeito, eu perdi a Elle. Como vou reconquistá-la depois de tantas mentiras e omissões? Eu estaria tão puto quanto ela.Trago o charuto mais uma vez e depois tomo mais um gole do uísque.— Senhor Henry!
ELLE NARRANDO— Vó, você tem certeza do que está dizendo? Eu não quero que minta para mim. — Ela suspirou ao me ouvir. Fechei os olhos antes de ouvir a resposta.— Eu já te falei, Elle, nunca vi Henry em nenhuma foto do Templo Negro. Seu pai nunca me falou de Henry nenhum, e ele me confidenciava tudo! Ou quase tudo, né. — Minha avó respondeu.Nós duas olhávamos as fotos sem parar, procurando Henry, mas ele não estava em nenhuma. Esse era um arquivo pessoal do meu pai, que acabou ficando com minha avó e agora eu e ela estávamos mexendo. Não, Henry parecia não estar em lugar nenhum naquelas fotos e sinceramente, as pessoas que estavam por lá eram mais velhas do que a idade que ele teria na época.— Eu tô me sentindo um lixo. — Falei, limpando as lágrimas do meu rosto. — Estou completamente apaixonada por uma pessoa da organização que matou meus pais. — Minha avó suspirou mais uma vez.A verdade é que mesmo que ele não tenha feito parte da ordem de assassinato dos meus pais, ele ainda fa
HENRY NARRANDO— Senhor Henry, Elle Wilson foi levada para o hospital. Estou seguindo a ambulância. — Parlo disse. Ele está sempre de olho em Elle, de longe, para a proteção dela.— Estou indo até vocês. O que aconteceu? — Questionei, nervoso.— Ainda não sei.Meu coração estava acelerado, eu senti minhas pernas formigarem e corri até o meu carro com pressa. Dirigi feito um louco até o hospital que Elle foi levada, nervoso ao imaginar que algo poderia ter acontecido com minha garota.Quando cheguei no hospital, encontrei a avó de Elle e Nicole, a amiga piranha dela. As duas vieram ao meu encontro, e eu estava muito ansioso para saber o que estava acontecendo.— O que aconteceu com a Elle? Por favor, me falem... — Nicole deu os ombros.— Quer que eu te fale? Vocês fizeram sexo. Ela está vomitando sem parar “de nervoso” nos últimos três dias e agora desmaiou. O que você acha que ela tem, Henry? — Nicole disse, de forma bastante ignorante.— Deixa o rapaz, Nicole! — A avó a repreendeu. N
Depois que me troquei, fui liberada pelo médico para que eu pudesse ir para casa. Ele me deu uma receita com algumas vitaminas, mas em geral, não havia muito o que fazer. Quando cheguei do lado de fora do hospital, vi minha avó e Nicole sentadas, me aguardando.— Elle! — Nicole disse, vindo em minha direção e me abraçando. Eu a abracei de volta. — Você está bem?— Estou. — Respirei fundo.— Afinal, o que você tem? — Nicole perguntou.— Eu... Eu estou grávida, Nicole. — Ela arregalou os olhos. Vi seu rosto ficar vermelho em ódio.— Eu vou matar o Henry. A culpa disso é dele, ele é um filho da puta. O que vamos fazer agora? Você vai abortar, não vai? — Minha avó veio se aproximando vagarosamente com um sorriso suave no rosto.— Não. Eu vou ser mãe, Nicole. — Ela ergueu as sobrancelhas.— Você tá maluca? Não, amiga, não seja louca. É melhor você abortar, esquece esse bebê, Elle! Você não o planejou! E se ele vier com alguma doença? — Eu respirei de forma profunda e olhei muito séria para
ELLE NARRANDODois dias se passaram desde que descobri que estou grávida. Estou no mercado e escolhi algumas coisas gostosas para comer. Estou priorizando as coisas saudáveis, claro, mas tenho que dar uma economizada, não quero que falte nada para o meu bebê. Depois que passei no caixa, fui para casa e bati na porta do meu apartamento. Ela estava trancada, o que não é comum. Deixei as compras no chão e fui procurar a chave na bolsa, e assim que abri, vi um bilhete em cima da mesa. Minha avó havia saído para tomar café com as amigas que fez na praia.Peguei as compras e coloquei para dentro. Quando fui fechar a porta, vi Henry parado na porta. Ele estava lindo, como sempre... Seu perfume inconfundível emanava dele para todo o ambiente. Como ele pode ser tão... Lindo?— Oi. — Ele disse. — Posso entrar um pouco? — Eu respirei fundo e não respondi, apenas fui levar as compras para cozinha.Henry entrou no meu apartamento e fechou a porta.— O que quer, Henry? — Perguntei.— Saber de você.
ELLE NARRANDOMe tranquei em meu quarto depois que Henry foi embora e chorei feito uma condenada. Meus hormônios estão me deixando completamente fora da casinha, eu sei, mas não consigo fazer diferente. Queria que fosse possível lidar com isso de forma mais fácil, mas não entra na minha cabeça como eu poderia amar alguém que faz parte da organização que matou meus pais. Ainda mais o líder dela!Acabei adormecendo de tanto chorar. Quando acordei na manhã seguinte, ouvi batidas na porta do apartamento e fui abrir. Era o motorista de Benny segurando uma mochila nas mãos, e eu o olhei confusa.— O que está acontecendo aqui? — Perguntei, ainda vestindo meu pijama e um pouco constrangida de aparecer na porta com pijama de bichinho, na frente de um homem.— Senhor Henry pediu que ficasse com ele. — Ele disse e esticou a mochila para mim.Benny sorria, feliz da vida. Ele correu até minhas pernas e me abraçou, então, eu o abracei de volta.— Oi, meu amiguinho. — Me abaixei para falar com ele,