ELLE NARRANDOAlguns dias se passaram desde que me mudei para a casa de Henry, e eu percebia sua frieza comigo. Não entendia o motivo, mas ele se afastou completamente de mim... Eu queria dizer que isso não me magoou, mas isso me magoou, sim. Talvez eu tenha entendido tudo errado... Ele me protege como sempre, cuida de mim como sempre, mas não... Deus, o que estou pensando? Estou reclamando porque ele não deu em cima de mim, mais? É, é isso. Foram dias sem vê-lo direito, ele parecia ocupado. Até que, hoje, ele decidiu falar comigo. Estava com um cabide envolto em um saco de guardar roupa, e então, ele apenas me entregou.— Seu trabalho vai ser um pouco diferente, hoje. — Falou.— Bom dia pra você também, Henry. — Falei, de forma irônica. — Eu vou muito bem, e você?Isso o fez rir.— Ando muito ocupado. De verdade. Eu preciso que compareça em um baile comigo e com o Benny. É importante, preciso ver algumas pessoas lá e o Benny vai embora com os primos, terá uma festa do pijama depois d
A última vez que ele disse isso, transou comigo na minha casa. O que ele iria fazer, então? Ah, sim... Eu entendi quando me vi chegando na pista de dança, e como o rapaz disse, está realmente linda e muito romântica. Há pétalas de rosa no chão, e a música suave que toca atrai os casais para a pista. As luzes estão baixas, e o clima é perfeito.Henry encontrou um canto para nós na pista. Ele levou uma das mãos até a minha cintura, e a outra, segurou minha mão. Seu rosto estava muito perto do meu, e ele fazia questão de olhar em meus olhos e em meu rosto, vez ou outra observando meus lábios.Senti seu nariz encostar no meu. Isso me fez fechar os olhos. A presença dele é tão embriagante quanto vinho. Ele roçou o nariz em minha pele da bochecha, e alcançou meu ouvido. Fez menção de falar algo, mas acabou não falando.Não queria que aquele momento acabasse. Não queria que aquela dança terminasse... Mas a música acabou e ele se separou de mim. Pegou minha mão e deu um beijo nela, como um pe
ELLE NARRANDOFomos ao bar, e quando eu estava ficando muito bêbada, decidimos voltar para casa e continuar a bebedeira em casa. Eu nunca bebi tanto e de propósito em toda a minha vida. A pior parte foi que eu bebia e chorava, falava o nome de Henry, deitava no chão e chorava mais...— Henry Abel, seu grande filho da puta! — Eu falei, por último.— Ele é um grande filho da puta e você é apaixonada por ele, sua tonta.Tive uma pequena lembrança da minha infância, com meus pais. Sabe, nós sempre fomos uma família feliz, mas meu pai sempre manteve muitos segredos, o que me faz odiar isso. Ele escondia coisas da minha mãe e sempre que ela perguntava, ele se recusava a responder, como se ela não tivesse direito de saber mesmo sendo sua esposa. Isso é altamente irritante. O fato de Henry ser uma incógnita, e eu ter tido uma incógnita como pai, me deixa profundamente estressada. Jurei que não repetiria o erro, mas estou repetindo. Ele tem tudo que eu quero e não quero em um homem. Desastre,
ELLE NARRANDOMeus pés doem, eu me virei na cama e percebi que Henry estava abraçado em mim. Tenho lembranças vagas da noite passada, e nem estou entendendo aonde estou direito. O relógio na mesinha de cabeceira marca três da manhã. Eu estou bêbada ainda? Eu não faço ideia. Me virei para frente de Henry, que estava abraçado em mim e dormia. Eu só posso estar muito bêbada para estar dormindo com ele dessa forma. Levei uma das mãos até seu rosto e aproximei meus lábios dos dele, dando um selinho rápido em sua boca. Nem eu mesma sei o porquê de ter feito isso. Antes que eu pudesse afastar os lábios, ele abriu os olhos e me olhou.— Vai passar a noite me torturando, não vai? — Ele disse.— Por que diz isso? — Questionei.— Você já me beijou três vezes. Essa é a quarta... E eu não posso simplesmente te beijar de volta, e foder você, porque você está bêbada. — Ele disse.Coloquei a mão na minha própria boca enquanto o olhava nos olhos. Eu não lembro de ter beijado ele. Nem lembro direito o
ELLE NARRANDOSentamos em uma mesa, pois hoje, pelo que entendi, era a festa da família. Eu e Henry estávamos sentados juntos, lado a lado, e Benny estava do lado dele, mas logo Benny saiu correndo para brincar com alguns amiguinhos. Então, uma mulher junto com um homem vieram de encontro a nós, sorrindo para Henry.— Henry, meu querido, quanto tempo! — O homem disse. Henry se levantou para cumprimenta-lo, e eu fiz o mesmo. O homem esticou a mão para mim, em seguida. — Que linda sua esposa, não sabia que havia se casado! — Ele disse.Eu arregalei os olhos, sem saber o que dizer. Henry olhou para mim com um pequeno sorriso malicioso nos lábios.— Obrigado. Ela é realmente linda, tenho bom gosto. — Disse, satisfeito.Eu não sabia onde enfiar a cara. Ele confirmou que eu sou esposa dele, é isso?Eu sorri sem graça. Eles trocaram algumas palavras com Henry, e depois, foram embora.— Henry, você acabou de confirmar para esse casal que eu sou sua esposa? Você tá maluco? — Eu falei, e ele me
HENRY NARRANDOA lei de Murphy é a mais real que já conheci: “Se algo tem que dar errado, dará. No pior momento possível, e da pior forma possível”. Eu nunca tinha levado a sério essa lei até conhecer a Elle. Por quê? Explico.No dia em que vi Elle pela primeira vez, naquela porra de restaurante, eu não sei o que aconteceu comigo. Eu me apaixonei por ela, desde o primeiro olhar que trocamos. Eu a quis pra mim, de uma forma tão intensa que nem eu mesmo entendi. Eu sou um cara que tem tudo que quer, eu sei, mas quando eu quis Elle, a quis mais do que qualquer outra coisa na vida e não entendi o porque até raciocinar que minha obsessão por ela tinha mais a ver com amor do que com obsessão propriamente. Isso me incomoda, um cara como eu não pode ter pontos fracos e eu já tenho um, meu filho adotivo Benny. Ter mais um ponto fraco me torna vulnerável, muito mais do que já sou.Depois que decidi que queria Elle para mim e que entendi que ela não era um simples capricho para o meu coração, eu
ELLE NARRANDOEra noite, e eu não conseguia parar de pensar em Henry e no beijo que demos pela manhã. Eu me odeio por ser tão confusa. Minha cabeça me sabota, eu sei disso, e eu fico pensando naquela maldita loira que disse que eu não merecia o Henry o tempo todo. É como se eu pudesse ouvir nitidamente a voz dela, me falando que não sou suficiente. Que ódio!Estou no meu quarto, Henry não chegou e Benny já dormiu. Estou mexendo no meu celular e falando com Nicole sobre morar na casa dela, e então, a porta do meu quarto abriu. Olhei para Henry, que trancou a porta e começou a abrir os botões da camisa.— Vai me expulsar hoje? — Questionou, já com a camisa aberta. Ele agora mexia com os botões do punho, e eu estava embriagada pela imagem dele na minha frente.— N-não. — Respondi. Deus, eu gaguejei?Fiquei em pé, o olhando, sem saber o que fazer. Por sorte, ele sabe, sempre sabe o que fazer. Um sorriso malicioso tomou conta de seus lábios e ele levou uma das mãos até a lateral de meu pes
Acho que é a primeira vez que tenho uma conversa tão sincera com um homem.— Vamos com calma, então. — Ele respondeu e eu sorri.— Eu estava falando com a Nicole, hoje... Sobre precisar de um lugar pra ficar. Tudo bem se eu ficar na casa dela até arrumar um apartamento para alugar? Eu não gosto de ficar morando de favor na sua casa, Henry... — Falei, enquanto acariciava o rosto dele.— Você é boba. Minha casa é enorme, você pode ficar aqui sem nenhum problema. — Falou.— Eu sei... Mas eu quero minha independência, entende? — Ele concordou com a cabeça.— É mais seguro que você fique perto de mim, Elle. — Ele falou, um pouco mais sério.— Eu sei me cuidar sozinha. — Falei e ele riu da minha cara. — Ei! — Dei um tapinha em seu ombro.— Você conseguiu se meter em encrenca mais vezes do que eu posso contar quando estava longe de mim. Se eu não tivesse aparecido... — Ele suspirou.— Eu sei. Prometo ser mais cuidadosa. — Falei.— Eu não posso te obrigar a ficar, por mais que eu queira. Você