ELLE NARRANDOFomos ao bar, e quando eu estava ficando muito bêbada, decidimos voltar para casa e continuar a bebedeira em casa. Eu nunca bebi tanto e de propósito em toda a minha vida. A pior parte foi que eu bebia e chorava, falava o nome de Henry, deitava no chão e chorava mais...— Henry Abel, seu grande filho da puta! — Eu falei, por último.— Ele é um grande filho da puta e você é apaixonada por ele, sua tonta.Tive uma pequena lembrança da minha infância, com meus pais. Sabe, nós sempre fomos uma família feliz, mas meu pai sempre manteve muitos segredos, o que me faz odiar isso. Ele escondia coisas da minha mãe e sempre que ela perguntava, ele se recusava a responder, como se ela não tivesse direito de saber mesmo sendo sua esposa. Isso é altamente irritante. O fato de Henry ser uma incógnita, e eu ter tido uma incógnita como pai, me deixa profundamente estressada. Jurei que não repetiria o erro, mas estou repetindo. Ele tem tudo que eu quero e não quero em um homem. Desastre,
ELLE NARRANDOMeus pés doem, eu me virei na cama e percebi que Henry estava abraçado em mim. Tenho lembranças vagas da noite passada, e nem estou entendendo aonde estou direito. O relógio na mesinha de cabeceira marca três da manhã. Eu estou bêbada ainda? Eu não faço ideia. Me virei para frente de Henry, que estava abraçado em mim e dormia. Eu só posso estar muito bêbada para estar dormindo com ele dessa forma. Levei uma das mãos até seu rosto e aproximei meus lábios dos dele, dando um selinho rápido em sua boca. Nem eu mesma sei o porquê de ter feito isso. Antes que eu pudesse afastar os lábios, ele abriu os olhos e me olhou.— Vai passar a noite me torturando, não vai? — Ele disse.— Por que diz isso? — Questionei.— Você já me beijou três vezes. Essa é a quarta... E eu não posso simplesmente te beijar de volta, e foder você, porque você está bêbada. — Ele disse.Coloquei a mão na minha própria boca enquanto o olhava nos olhos. Eu não lembro de ter beijado ele. Nem lembro direito o
ELLE NARRANDOSentamos em uma mesa, pois hoje, pelo que entendi, era a festa da família. Eu e Henry estávamos sentados juntos, lado a lado, e Benny estava do lado dele, mas logo Benny saiu correndo para brincar com alguns amiguinhos. Então, uma mulher junto com um homem vieram de encontro a nós, sorrindo para Henry.— Henry, meu querido, quanto tempo! — O homem disse. Henry se levantou para cumprimenta-lo, e eu fiz o mesmo. O homem esticou a mão para mim, em seguida. — Que linda sua esposa, não sabia que havia se casado! — Ele disse.Eu arregalei os olhos, sem saber o que dizer. Henry olhou para mim com um pequeno sorriso malicioso nos lábios.— Obrigado. Ela é realmente linda, tenho bom gosto. — Disse, satisfeito.Eu não sabia onde enfiar a cara. Ele confirmou que eu sou esposa dele, é isso?Eu sorri sem graça. Eles trocaram algumas palavras com Henry, e depois, foram embora.— Henry, você acabou de confirmar para esse casal que eu sou sua esposa? Você tá maluco? — Eu falei, e ele me
HENRY NARRANDOA lei de Murphy é a mais real que já conheci: “Se algo tem que dar errado, dará. No pior momento possível, e da pior forma possível”. Eu nunca tinha levado a sério essa lei até conhecer a Elle. Por quê? Explico.No dia em que vi Elle pela primeira vez, naquela porra de restaurante, eu não sei o que aconteceu comigo. Eu me apaixonei por ela, desde o primeiro olhar que trocamos. Eu a quis pra mim, de uma forma tão intensa que nem eu mesmo entendi. Eu sou um cara que tem tudo que quer, eu sei, mas quando eu quis Elle, a quis mais do que qualquer outra coisa na vida e não entendi o porque até raciocinar que minha obsessão por ela tinha mais a ver com amor do que com obsessão propriamente. Isso me incomoda, um cara como eu não pode ter pontos fracos e eu já tenho um, meu filho adotivo Benny. Ter mais um ponto fraco me torna vulnerável, muito mais do que já sou.Depois que decidi que queria Elle para mim e que entendi que ela não era um simples capricho para o meu coração, eu
ELLE NARRANDOEra noite, e eu não conseguia parar de pensar em Henry e no beijo que demos pela manhã. Eu me odeio por ser tão confusa. Minha cabeça me sabota, eu sei disso, e eu fico pensando naquela maldita loira que disse que eu não merecia o Henry o tempo todo. É como se eu pudesse ouvir nitidamente a voz dela, me falando que não sou suficiente. Que ódio!Estou no meu quarto, Henry não chegou e Benny já dormiu. Estou mexendo no meu celular e falando com Nicole sobre morar na casa dela, e então, a porta do meu quarto abriu. Olhei para Henry, que trancou a porta e começou a abrir os botões da camisa.— Vai me expulsar hoje? — Questionou, já com a camisa aberta. Ele agora mexia com os botões do punho, e eu estava embriagada pela imagem dele na minha frente.— N-não. — Respondi. Deus, eu gaguejei?Fiquei em pé, o olhando, sem saber o que fazer. Por sorte, ele sabe, sempre sabe o que fazer. Um sorriso malicioso tomou conta de seus lábios e ele levou uma das mãos até a lateral de meu pes
Acho que é a primeira vez que tenho uma conversa tão sincera com um homem.— Vamos com calma, então. — Ele respondeu e eu sorri.— Eu estava falando com a Nicole, hoje... Sobre precisar de um lugar pra ficar. Tudo bem se eu ficar na casa dela até arrumar um apartamento para alugar? Eu não gosto de ficar morando de favor na sua casa, Henry... — Falei, enquanto acariciava o rosto dele.— Você é boba. Minha casa é enorme, você pode ficar aqui sem nenhum problema. — Falou.— Eu sei... Mas eu quero minha independência, entende? — Ele concordou com a cabeça.— É mais seguro que você fique perto de mim, Elle. — Ele falou, um pouco mais sério.— Eu sei me cuidar sozinha. — Falei e ele riu da minha cara. — Ei! — Dei um tapinha em seu ombro.— Você conseguiu se meter em encrenca mais vezes do que eu posso contar quando estava longe de mim. Se eu não tivesse aparecido... — Ele suspirou.— Eu sei. Prometo ser mais cuidadosa. — Falei.— Eu não posso te obrigar a ficar, por mais que eu queira. Você
ELLE NARRANDOEu achei que as coisas seriam diferentes depois da noite que passei ao lado de Henry, mas mais uma vez, ele agiu como uma verdadeira incógnita pra mim. Ele parecia tão ocupado que mal olhava na minha cara. Não tinha um segundo para mim, e isso foi me deixando mais e mais irritada com o passar do tempo. Todos os dias, eu ia cuidar do Benny, passava o dia lá, e vez ou outra o via de longe, sempre correndo, extremamente ocupado. Ele parecia tão frio quanto da primeira vez que o vi. A verdade é que isso fez com que eu me sentisse usada. Sei que Henry e eu não temos um relacionamento e que ele não me deve nada, mas é muito incômodo ver Henry de longe, vivendo a vida, sem se importar se eu existo ou não. Será que ele está assim porque me mudei? Ou só está muito ocupado?Depois que Henry colocou Benny no carro como de costume, eu parei na frente dele e o olhei.— Ocupado demais para me dar um bom dia decente? — Eu cruzei os braços e mantive a postura firme, o olhando nos olhos.
ELLE NARRANDOO homem começou a me agarrar. Eu olhei para Nicole desesperada, tentando negar aquele idiota, porque eu não queria beijá-lo. Nicole ficou olhando mas realmente não parecia querer fazer alguma coisa útil para ajudar, o que me frustrou.— Ei! Para com isso, era pra ser divertido, se ela não quer, deixa pra lá! — Nicole falou, de longe.Por que minha melhor amiga está agindo assim? Por quê? Por que ela não entra na frente, chama a polícia, sei lá? De vez em quando duvido do amor de Nicole por mim. Ela parece tão imprevisível e centrada na própria vida que às vezes esquece que sou humana, sabe? De vez em quando penso que ela só me quer por perto porque eu sempre tenho dinheiro para pagar as bebidas dela, não sei. Talvez seja isso.Tentei fazê-lo parar. Mas ele parecia cego pela bebida, e começou a me agarrar no sofá. Mesmo bêbado, ele era bem mais forte que eu e começou a me atacar, me pressionar contra o sofá e subiu por cima de mim. Ninguém na festa ligava, ninguém! É ness