Alicia

A festa estava perfeita! E todos os meus amigos estavam presentes, Minha prima mais velha que também frequentava a mesma faculdade que eu estava lá e logo corri para falar com ela.

_ Alicia? _ Ela fala surpresa abrindo seus braços largos e compridos para me abraçar assim que me ver entrando no salão

_ Fler _ ela me abraça apertado e sinto um cheiro forte de tequila vindo do seu vestido amarelo sol, me afastei a encarando. A Fler sempre foi criada em berço de ouro e assim como os meus pais, seus pais que eram bem mais rígidos que os meus, nunca permitiram esse tal comportamento.

_ Você está bebendo? _ pergunto espantada e ela ri já em alta por causa da bebida

_ É uma festa Li, deixa de ser careta e comece a se divertir _ grita saindo e não a vejo mais por causa da vasta quantidade de pessoas que vão chegando e dançando ao mesmo tempo.

Encontro o pessoal da minha sala e logo acabo me entrosando. As horas passam voando e nem me dou conta que meu celular estava na bolsa, por causa do som bastante alto me afasto das pessoas para poder ligar para meus pais.

Já do lado de fora está tudo calmo. Um vento quente e saudoso beija meu rosto me obrigando a fechar os olhos e aproveitar aquele momento único. A festa é linda e é em comemoração ao inicio da aulas, era um tipo de boas vindas aos calouros como eu que estava chegando e um breve adeus aos veteranos que já estavam perto de se formarem tornava tudo bem mas especial. Tudo estava bem muito bem arrumado e organizado. Peguei meu celular e disquei o numero da minha mãe.

Uma chamada, duas chamadas e nada...

Disquei o número do meu pai

Uma, duas, três, quatro, cinco e desligo...

_ Alicia, vem, vão coroar o rei e rainha do baile _ Minha colega grita da porta me chamando e eu acabo correndo até ela

_ Acho que vou embora, estou preocupada com meus pais _ digo aflita e ela ri

_ Eles devem estar namorando Alicia e você vai acabar sendo uma empata raio se resolver ir embora agora.

_ Empata o quê? _ ela gargalha

_ É quando você interrompe algo bom que outras pessoas estão fazendo _ ela explica fazendo gestos com as mãos e eu acabo rindo de sua brincadeira e resolvo entrar para me divertir.

Fler foi nomeada a rainha do Baile. Também, uma Loira de um metro e setenta e cinco de olhos verdes claros e corpo definido não iria passar despercebida por ninguém. Enquanto ela chorava colocando a coroa, meu celular tocou e corri de novo para fora do salão para atender.

_ Alô, alô, alô? _ eu gritava em vão, mais ninguém respondia, desliguei e guardei meu celular na bolsa.

Depois da festa a galera iria se reunir no teatro abandonado da cidade para encher a cara e fazer merda, como sexo sem camisinha, apostas idiotas e eu como sempre era medrosa não aceitei participar com medo de alguma coisa dá errado, isso sempre acontecia comigo. Peguei meu carro, me despedi de todos e resolvi voltar para minha casa.

Como de costume estacionei meu carro do lado de fora e fechei o portão de ferro da entrada, desci do meu carro e andei lentamente até minha casa. As luzes estavam apagadas e somente a luz da sala estava acesa. Meu pai sempre ficava até tarde me esperando voltar então não estranhei a cena, peguei minhas chaves me aproximando da porta e senti uma dor agonizante no meu pé. Olhei para baixo e tinha cacos de vidros espalhados por toda parte, olhei para porta e a mesma estava com a fechadura quebrada. Abri bruscamente já gritando o nome do meu pai e vi de relances uma longa correria pela casa. Pés pesados vinham em minha direção e senti uma presença perto de mim, mais ele foi derrubado caindo bem aos meus pés me fazendo gritar alto e assustada

_ Filha corra! _ Ouvi a voz do meu pai me gritar e corri para o único lugar que eu sabia que era seguro: O Cofre!

Vi de relance alguns homens se aproximando de mim e apressei meus passos para trás do quadro, digitei rapidamente a senha e ouvi gritaria por todos os lados da casa, foi quando eu vi a cena que mudou toda minha vida. Minha mãe sendo segurada pelos cabelos com força por um homem encapuzado e meu pai correndo em minha direção.

Um som corta o ar e o vejo caindo no chão ainda me olhando

_ Entre ai e não saia pra nada _ meu pai grita sangrando e um dos homens se aproxima pisando em seu peito e desferindo dois tiros a queima roupa contra seu coração.

Grito para que ele pare e os deixe em paz e ele faz o mesmo com a minha mãe, a j**a sobre o corpo do meu pai e atira em direção do seu rosto.

Sinto meu corpo ficar leve de repente e um som irritante alta de sirene me assusta. O alarme da casa foi accionado e eles vem em minha direção apontando armas e facas dizendo coisas que não consigo entender e a única coisa que faço é fechar a porta apertado o grande botão vermelho que fica na parede. Ando para trás com os olhos arregalados e ouço ainda suas vozes

_ Peguem a dinamite, ainda dá tempo de derrubar tudo

_ Cê tá maluco, essa porta e feita de Titanium e reforçada com Adamantino imbecil, nem uma bomba vai destruir isso ai, vamos embora.

_ E nosso dinheiro? Como fica?

_ Damos um jeito, depois idiota vamos!

_ E a garota?

_ Ela não viu seu rosto, vamos embora logo!

O som era insuportável ao ponto de fazer latejar minha cabeça, mais a dor maior era do peito, essa estava me destroçando de dentro para fora de tal forma que nunca imaginei.

Me abaixei no canto da sala do cofre e abracei as pernas chorando desesperada. Na minha frente havia monitores onde pude ver pelas câmeras de saída um furgão preto grande parado perto do meu carro e cinco homens entrando nele para fugir. Um deles atirou nos pneus do meu carro e quebrou os vidros com um grande pedaço de pau. Na Outra tela o corpo do meu pai e da minha mãe estavam imóveis no chão.

Esperei atentamente eles irem embora e me levantei como uma bala apertando de novo aquele botão vermelho esperando que a porta se abrisse de novo. A porta se abriu e eu corri rapidamente ate meus pais. Chorei e gritei ao ver que eles estavam mortos, sem pulsação, frios, sem vida e eu não pude fazer nada para salvá-los. Tive forças para empurrar minha mãe para o canto e deitei no meio deles. Peguei seus braços e uni nossas mãos como sempre fazíamos quando eu sentia medo por qualquer besteira. Mas naquele momento meu medo maior havia se concretizado: meus pais estavam mortos e eles não iriam voltar e essa era a realidade que mais me machucava.

_ Não sei por quantas horas fiquei deitada lá com eles. A polícia apareceu de repente e me trouxe para cá _ finalizei minha história e enxuguei as diversas lágrimas que encharcavam meu vestido. Ele não falava nada apenas anotava algumas coisas no papel sem ao menos me olhar e aquilo acabou me machucando profundamente.

_ Alguém já te disse que você é péssimo no que faz? _ me irritei com a sua indiferença

Suas mãos pararam de escrever e ele me nota com uma leve fúria em seus olhos verdes escuros, seu sorriso de lado novamente aparece desta vez maldoso.

_ Pelo contrário, senhorita Rocha, sou bom até demais no que faço, por isso estou aqui!

Ele se levanta e vai até porta, parece que se esqueceu de algo e volta logo em seguida. Sinto cheiro de perfume forte e cigarro, um hálito quente mentolado chega até a mim me fazendo arrepiar como nunca antes.

_ Olha Garota vou sair por alguns instantes e pegar algo decente para você vestir e se aquecer,  deve está com fome pelo horário que saiu e não mencionou hora nenhuma que tomou café então vou trazer café e alguma coisa para você comer, o mais importante é claro, vou pedir que um paramédico venha ver seu pé por que se você não notou, além das pegadas coloridas que deixou na sala seu pé está enxado e sangrando e por último sobre seu depoimento quando voltar continuamos tudo bem?

O som de suas palavras ainda ecoavam na minha cabeça e quando resolvo me levantar para dizer algo a única coisa que encontro é a sala totalmente vazia e um cheiro gostoso de perfume importado…

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