Calebe

Entro bruscamente na sala e ela não faz nem questão de levantar a cabeça para saber quem é. Jogo com força os papeis em cima da mesa para chamar sua atenção e Arrasto uma cadeira virando de frente para ela. Recebo sua atenção e vejo seus olhos vermelhos e cansados. Dor! Isso que consigo ver pelas suas íris pretas intensas me encarando. Encaro os papeis na minha frente e vejo varias perguntas que tenho que fazer, mais desta vez vou pular o protocolo chato e ir logo ao assunto. Tiro o pirulito da boca para sentir seu sabor e percebo que ela continua me encarando. Leio atentamente sua ficha e vejo que é estudante de medicina, e tem 19 aninhos. Céus, uma criança!

Uma criança linda, dona de belas curvas, de boa família e uma criação diferenciada... Porra, lá vai eu de novo pensando com a outra cabeça, acabo rindo da minha piada interna e jogo os papeis na mesa novamente sem querer a assustando.

_ Alicia Rocha, 19 anos, mora em Atlanta desde que nasceu, sempre viveu e morou com seus pais e faz faculdade para medicina - Resumo o que as pastas dizem e ela não fala nada. Acho que está presa em algum tipo de pensamento. Ela em encara e levanta uma de suas belas sobrancelhas

_ Agora essa é a aquela parte dramática que você vai me falar que sente muito?

_ Se eu fizesse isso estaria mentindo. Agente só sente muito, quando conhece a pessoa que morreu e infelizmente eu não conheci seus pais e tão pouco conheço você, então não tenho o que senti. Por que eu mentiria? isso vai te fazer algum bem? _ Fui sincero e ela acabou se irritando me fazendo rir

_ Eu perdi meus pais idiota! Esqueceram de te dar este treinamento? _ Ela fica linda irritada! _ Resolvi Pirraçar um pouco

_ Olha lá...  sabia que eu nem imaginava? pensei que estava aqui para uma consulta de moda _ Cruzo os braços encarando sua roupa que de algum modo está me incomodando. Ela fica vermelha e sem graça por que percebe que seu mine vestido mal esconde seu corpo. E você mau esconde sua vontade de baixo das calças, grita minha cabeça de cima. Resolvo mudar de assunto para meu bem e o dela, Mais para o meu é claro!

_ Vou ser breve! _ Levanto da cadeira _ Quero que reproduza sua noite, da hora que saiu de sua casa até quando voltou, sei que vai ser difícil, mais isso vai te ajudar - Ela me olha atentamente mais não fala nada. Parecia travar uma intensa batalha interna e eu a entendia mais que ninguém. Ela nega com lagrimas intensivas e sinto uma grande vontade de abraça-la e dizer que vai ficar tudo bem, mais acho que isso não adiantaria grandes coisas no momento...

E então, Ela começou ...

Suas palavras haviam sinceridade e verdade. Alicia tinha sofrido muito com a partida dos seus pais e como eu suspeitava, ela agora estava sozinha! Filha Única, parentes distantes e ninguém próximo demais. Ela terminou a historia totalmente desconsolada. Aos prantos ela enxugou suas penosas lagrimas e me encarou. Eu estava anotando algumas coisas que eu não poderia esquecer.

Primeiro: Com quem ela teve contato em menos de um ano...

Segundo: Quem tinha as senhas principais da casa

Terceiro e o que mais me preocupava: Com quem essa garota iria ficar? E por que essa minha nova dor de cabeça não havia comido nada?

_ alguém já te disse que você é péssimo no que faz? _ Paro de escrever e a encaro sorrindo, seus olhos estão pegando fogo

_ Pelo contrario senhorita Rocha, sou bom até demais no que faço por isso estou aqui! _ Me levanto e vou até a porta, mais imediatamente volto ...

_ Olha Garota vou sair por alguns instantes e pegar algo decente para você vestir,  deve está com fome pelo horário que saiu e não mencionou hora nenhuma que tomou café então vou trazer café e algumas rosquinhas para você comer, o mais importante é claro, vou pedir que um paramédico venha ver seu pé por que se não notou, além das pegadas coloridas que deixou na sala seu pé está enxado e sangrando e por ultimo sobre seu depoimento quando voltar continuamos tudo bem? _ Avisei devagar e fechei os olhos quando inspirei seu perfume importado de rosas do campo. Ela estava estática, aproveitei a deixa e sai da sala.

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_ Não foi ela que matou os pais! _ Digo ao adentrar a sala de Silas, ele me olha entre os óculos de tartaruga e sorri

_ Eu já tinha te dito isso _ Me encara cruzando as mãos sob a mesa _ O que achou?

_ Foi assassinato Silas ! Sabiam que os pais estariam sozinhos, sabiam que a filha estaria longe, mais para isso alguém programou e arquitetou tudo

_ Exatamente. Na casa foram encontrados dinamites, e bombas de altas intensidades _ Silas abriu a gaveta e jogou algumas fotos. Uma mochila preta cheia de explosivos que poderia derrubar um prédio

_ Não conseguiram, por que as portas eram de titânio. Mais o  que tinha naquela porta? _ Perguntei

_ Isso você vai ter que descobrir _ Bufei e joguei os papeis na mesa, era coisa demais para minha cabeça

_ Silas não estou preparado... _ Ele não me deixou terminar

_ Os caras que invadiram a casa de Alicia são os mesmos que trabalham para El Miaclo Bandeno, está é sua chance de caçar o filho da puta e vingar seu irmão! Basta cuidar da garota Calebe e o resto deixe comigo_ Ele sabia o quanto eu queria a cabeça do desgraçado, mais já estava jogando baixo

_ Cuidar da garota? _ Por que achei que iria me arrepender de perguntar isso?

_ Ela não tem ninguém! Quem fez isso sabe que ela pode abrir aquela porta e não duvido que tentarão fazer de novo, você é a única chance daquela menina sobreviver

Que legal virei baba ...

_ Onde ficaremos?

_ Onde ela ficará? Na sua casa Calebe, onde mais?

_ O que? Minha casa? está brincando não é? _ Isso não esta acontecendo

_ Claro que Não! Manterei patrulhas em frente a sua casa vinte e quatro horas por dia, as equipes estarão ao seu dispor caso precise leve Natanael e Luiza para sua casa eles te ajudaram a cuidar da garota.

_ Não quero ninguém na minha casa, sabe que sei me virar _ Natanael mesmo sendo meu parceiro não me inspira confiança, sei lá ele parece comprável e Luiza? bem, eu e ela no mesmo lugar não iria prestar...

_ Como quiser Calebe, mais os deixe perto de você okay? Não queremos nenhuma surpresa!

_ Faz um favor pra mim? _ Silas me encara e acena que sim _ Compre café e Rosquinhas para garota comer, ela está com fome! 

Ótimo! Minha vida mais uma vez vira um jogo de gato e rato e desta vez eu sou o gato faminto querendo a cabeça de vários ratinhos ousados que mexeram na toca errada. Saio da sala de Silas e vou até o Porão da Delegacia procurar algo pra garota vestir. Algumas vezes prendemos prostitutas que sempre deixam suas roupas nas celas, parece algo engraçado mais isso sempre acontece. Não acho nada e volto pra minha sala. Abro meu armário e acho algumas camisas minhas que uso durante os serviços, minhas roupas nunca voltam limpa para casa então sempre sou precavido e coloco roupas extras no trabalho. Então, Ligo para enfermaria.

_ Preciso que alguém compareça a sala de interrogação, temos uma garota ferida precisando de ajuda então se poder ser breve eu agradeço!

Depois de pegar minha camisa, o Café e as rosquinhas na sala de Silas vou até seu encontro. Abro a porta mais devagar e de novo ela não se da o trabalho de me olhar. Resolvo mudar nossas apresentações.

_ Desculpa pelo jeito que te tratei mais cedo Alicia, Estava de férias e ... bem isso não importa Meu nome é Calebe e sou Policial que vai cuidar do seu caso _ Ela me encarou seria e entortou a boca

_ Há é mesmo? nem notei, Pensei que era um bombeiro _ Tá bem eu mereci essa!

_ Trouxe seu café e suas rosquinhas. Essas são minhas favoritas com recheio de brigadeiro, coma você vai se sentir melhor _ Ela sorri fraco e pega a bandeja da minha mão

_ Obrigada, Sabe, minha mãe sempre costumava comprar essas rosquinhas para meu pai, ele as adorava para tomar café _ Falou e um sorriso triste se fez, partindo meu coração

_ Aqui toma _ Entreguei uma das minhas camisas favoritas _ Não achei nada pra vc vestir então peguei uma das minhas camisas, assim você não sentirá tanto frio

Ela apenas balançou a cabeça que sim e voltou a beber seu café. Logo Uma enfermeira da corporação chegou e cuidou do seu ferimento, as duas conversavam amenidades de mulheres como se conhecessem a vida toda e acabei rindo por vê-la tão a vontade. O ferimento não era tão grave, mais pelo que entendi acabou cortando um pouco profundo demais e por isso o sangramento todo. Depois que as duas terminaram, Silas entrou na sala. Alicia me encarou de longe pedindo explicações e eu apenas acenei que sim e tentei transmitir confiança pelo meu olhar

_ Alicia meu nome é Silas, sou Delegado Regional de Atlanta e preciso te passar algumas recomendações, tudo bem? _ Ela apenas acenou que sim

_ Você ficará sob a proteção de um dos meus melhores policias. Calebe já está na área a algum tempo e sabe o que está fazendo, então pode confiar nele. Preciso que tranque a faculdade por enquanto e evite contato com outras pessoas

_ Por que isso? por que me isolar do mundo? Logo agora?

_ Alicia escute com atenção tudo bem? Silas sabe o que está dizendo _ interrompi e ela apenas acenou que sim voltando sua atenção ao meu chefe

_ As pessoas que mataram seus pais sabem que você sabe abrir aquela porta e achamos que tentarão de novo _ Observei com atenção os dois e ela de novo me olhou. Sorri fraco e pisquei involuntariamente _ Não precisa se preocupar, você estará em boas mãos. Silas se aproximou dela e apertou suas mãos, ela lê deu um sorriso fraco e acenou que sim. Por que de repente fiquei com vontade de chutar a bunda do meu chefe?

_ E minhas coisas?

_ Posso passar na sua casa e pegar _ Me ofereço enquanto Silas se levanta

_ Posso ir com você?

_ Calebe não acho uma boa ideia _ Nem eu ...

_ Tudo bem! Pegamos suas coisas e depois vamos para minha casa, por enquanto ficará sob a minha proteção, não deixarei que ninguém machuque você _ Respondi e ela me deu um sorriso lindo de dentes abertos. Silas me encarou e eu dei de ombros, se era estranho para ele imagina pra mim. Ele saiu da sala e ficamos só nos dois se encarando estranhamente.

_ Quer vestir a blusa? _ Ofereci uma ajuda que não precisava, Ela fez que sim e se levantou.

Fui até ela e novamente senti seu cheiro de rosas do campo. Ela levantou delicadamente os braços e coloquei devagar minha camisa nela, quando a camisa passou pela sua cabeça acabou bagunçando seus cabelos

_ Acho que coube!

_ Sim deu direitinho em você, vou organizar seus documentos e levarei para Silas assinar sua liberação, depois vamos lá pra casa, vai ficar segura _ Me viro para sair e ela segura meu braço me fazendo parar. Seus olhos ficam levemente vermelhos de novo e aquela vontade de abraça-la surge. Vontade de protege-lá de tudo e de todos.

_ Obrigada pelo que está fazendo por mim _ Sussurra e enxuga uma lagrima solitária, me aproximo dela e ficamos frente a frente. Passo o dedo levemente pelo seu rosto expulsando sua lagrima de sua face rosada e abatida

_ Será um prazer, agora fique aqui, não demoro! _ Ela sorri e volta a se sentar

Saio da sala com uma única certeza gritante dentro de mim : Ela não está mais sozinha!

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