O menino sentiu o medo da menina e rapidamente abriu os braços para abraçá-la, sussurrando:— Não tenha medo, irmãzinha.Ele cobriu os ouvidos da menina com as mãos, tentando acalmar seu medo tanto quanto possível, já que ela não possuía a mesma coragem que ele.A simples ideia de que seu pai poderia morrer diante de seus olhos, como aquele gato, fazia as lágrimas correrem sem parar.Ela estava verdadeiramente aterrorizada.Neste mundo, restavam-lhes apenas o pai e o irmão, o que fariam se o pai morresse?O vento marinho dançava selvagemente sobre o mar, e o som das ondas batendo nas rochas parecia ecoar em seus ouvidos.Por alguma razão, os irmãos sempre tiveram um medo instintivo do mar desde pequenos.Ouvindo cada vez mais pessoas correndo em sua direção, a menina apertou os lábios firmemente, sem ousar emitir qualquer ruído.Não muito longe, um grande navio de carga estava ancorado, o som dos tiros, se misturando ao das ondas, chegava até eles, e as pessoas que estavam deitadas no
Patrícia abriu os olhos repentinamente e se sentou, justo no momento em que havia acabado de adormecer, sem entender o que a havia despertado de repente. Instintivamente, desceu da cama para verificar os arredores, nem as águas do mar estavam agitadas, nem ruídos eram audíveis. O que teria causado seu despertar?Era tarde da noite quando Patrícia abriu a porta do quarto e viu, não muito distante, um homem fumando. Durante o tempo que estiveram juntos, ela nunca tinha visto Raul fumar, mas ali estava ele, encostado casualmente no corrimão. A iluminação do corredor era fraca, tornando quase impossível ver claramente seu rosto, e seu corpo estava envolto em sombras. Apenas as pontas de seus dedos brilhavam em escarlate, e seus dedos esguios eram visíveis. Sua aura era completamente diferente do usual, como uma lua fria envolta em névoa negra, exalando um ar misterioso e sinistro.No momento em que viu Patrícia, Raul rapidamente jogou o cigarro fora, descrevendo uma parábola vermelha
O rosto do menino estava marcado por arranhões, e seus pequenos dedos cobertos de cicatrizes e sangue, uma visão de cortar o coração. Ele ficou imóvel enquanto George aplicava o medicamento, as lágrimas girando em seus olhos, mas se segurou para não chorar. George observou o menino por um longo tempo, sentindo-o estranhamente familiar, como se fosse alguém que já conhecia. Após limpar as feridas, tentou puxar conversa novamente, mas o menino continuava sem responder. A pequena, após comer e beber, começou a balançar a cabeça como um pintinho bicando grãos e adormeceu em minutos. O menino parecia exausto, mas lutava para manter os olhos abertos.— Você não precisa ter medo de mim, não vou te machucar. Qual é o seu nome? Você se perdeu dos seus pais?O menino se manteve em silêncio, sem revelar seu nome.George, resignado, disse:— Nunca vi uma criança tão cautelosa. Tudo bem, não insistirei mais. Se você está cansado, descanse. Vamos ficar aqui mais um dia e amanhã tentaremos encont
Não existia cozinha neste andar, e o navio não transportava itens perecíveis vivos. Então, de onde vinha esse inexplicável cheiro de sangue? Se lembrando do tiroteio da noite anterior, ele se manteve alerta, não deixando escapar nenhuma chance de proteger Patrícia.Após preparar o café da manhã para Patrícia, Raul se dirigiu rapidamente à sala de monitoramento para verificar as câmeras, esperando esclarecer todas as suas dúvidas. Flávio, responsável pela monitoração, estava profundamente adormecido, enquanto Raul examinava habilidosamente as gravações de meia hora atrás.Ele digitava rapidamente no teclado, mas logo percebeu que o sistema de monitoramento estava defeituoso e não conseguiu acessar as informações. O sistema havia sido sabotado!Parecia que alguém havia se infiltrado no navio. Mesmo que não estivessem atrás de Patrícia, Raul não podia simplesmente ignorar a situação. Ele precisava encontrar essa pessoa rapidamente.George havia passado o dia investigando e não encont
Estavam prestes a entrar no Mar dos Demônios, e Raul pensava que era hora de se livrar daquela pessoa. Ele sabia que o outro certamente estaria escondido no depósito. Raul já havia se informado de que lá só havia algumas ferramentas e que ninguém visitaria o lugar por meses. Ao abrir a porta, um cheiro desagradável o atingiu. No meio do mofo, detectou também um odor de sangue. O anoitecer se aproximava, e o dia chuvoso deixava o vasto mar sob uma densa escuridão, fazendo com que o quarto no porão ficasse completamente sem luz. Além do som das ondas batendo no casco do navio, o quarto estava assustadoramente silencioso.Raul avançava passo a passo em direção à frente, seu instinto o alertava que a pessoa estava ali, na sala. Como uma serpente venenosa escondida na escuridão, apenas esperando o momento certo para dar o bote. O céu estava cada vez mais escuro, e a brisa do mar começava a soprar, apesar de portas e janelas estarem fechadas. Patrícia não sabia de onde vinha aquele v
O dono daquela máscara era Marcos, que observava com os olhos semicerrados o homem alto à sua frente. Ele lembrava um pouco Teófilo, mas Teófilo era mais forte. Seu olhar pousou no rosto de Raul, uma face comum que ele nunca tinha visto antes. Será que ele não era o homem enviado para matá-lo?— Você me conhece?Sim, aquela voz era familiar. Raul deu alguns passos à frente, agarrou a gola do homem e falou com um olhar gelado:— Fale, como você veio parar aqui?A atitude de Raul deixava Marcos confuso, se o grupo que o perseguia quisesse matá-lo, já teriam feito isso, e não estariam fazendo essas perguntas inúteis. Quem ele era, afinal? O chute que Raul havia dado atingiu exatamente a ferida do homem, fazendo ela se abrir novamente e o sangue manchar sua roupa de vermelho.Antes que Raul pudesse pressionar mais, vozes alarmadas de marinheiros ecoaram pelo corredor:— Piratas! Os piratas estão vindo!Um brilho frio passou pelos olhos de Raul. Eles realmente tinham encontrado piratas
George se levantou apressadamente, sem tempo para mais explicações. Joyce olhou preocupada para Frederico, que não retribuiu o olhar, se concentrando na última peça que George havia jogado no tabuleiro. Apesar de saber que havia uma armadilha à frente, ele ainda assim deu um passo adiante. Nesta partida, qualquer movimento resultaria em derrota.— Meu irmão...Frederico conhecia as histórias de piratas contadas por Marcos, seres desumanos, revestidos de pele humana, astutos e terríveis. Eles cometiam todo tipo de atrocidades para dominar os recursos dos mares, se tornando os senhores dos oceanos. O navio de transporte de minérios, naturalmente, se tornou um alvo para eles. Parecia que George havia se envolvido em grandes problemas. Ele estava ciente do perigo, mas impotente para evitá-lo.A única coisa a fazer era encontrar Marcos rapidamente e garantir que partissem antes que algo pior acontecesse. Uma criança de apenas dois anos já compreendia o significado da vida e da morte
Patrícia olhou para o relógio de pulso. Geralmente, a esta hora, Raul sempre levava a ela algumas frutas. Onde estaria Raul hoje? Sob a luz amarelada da lâmpada, observou as linhas de chuva que escorriam inclinadas pela janela. A chuva havia começado. Ela detestava esse tipo de clima. Encostada na cama, sem conseguir dormir, deixava seus pensamentos vagarem enquanto ouvia música pelos fones. Não sabia quanto tempo havia passado quando uma violenta sacudida do navio a fez abrir os olhos repentinamente. Algo estava errado! Seriam piratas? Patrícia rapidamente retirou os fones e se atentou aos ruídos caóticos do lado de fora. Parecia que realmente algo sério havia acontecido.Ela era muito cautelosa e, sem saber o que ocorria lá fora, hesitava em sair precipitadamente à procura de notícias de Raul. Mas Raul não apareceu como ela esperava e, incapaz de conter sua ansiedade, a mulher abriu a porta e correu para fora. Seus olhos deveriam se voltar para o navio em chamas, mas uma vo