Patrícia olhou para o relógio de pulso. Geralmente, a esta hora, Raul sempre levava a ela algumas frutas. Onde estaria Raul hoje? Sob a luz amarelada da lâmpada, observou as linhas de chuva que escorriam inclinadas pela janela. A chuva havia começado. Ela detestava esse tipo de clima. Encostada na cama, sem conseguir dormir, deixava seus pensamentos vagarem enquanto ouvia música pelos fones. Não sabia quanto tempo havia passado quando uma violenta sacudida do navio a fez abrir os olhos repentinamente. Algo estava errado! Seriam piratas? Patrícia rapidamente retirou os fones e se atentou aos ruídos caóticos do lado de fora. Parecia que realmente algo sério havia acontecido.Ela era muito cautelosa e, sem saber o que ocorria lá fora, hesitava em sair precipitadamente à procura de notícias de Raul. Mas Raul não apareceu como ela esperava e, incapaz de conter sua ansiedade, a mulher abriu a porta e correu para fora. Seus olhos deveriam se voltar para o navio em chamas, mas uma vo
Ao ver a criança caindo no mar, o sangue de Patrícia gelou nas veias. Como isso poderia acontecer? Estava prestes a salvar a menina, por que o destino tinha que ser tão cruel com ela? Ao seu lado, um menino gritou em agonia:— Minha irmã!Patrícia olhou para baixo e viu um rosto que muito se parecia com o dela. Naquele momento, enlouqueceu. Um pensamento surgiu em sua mente, ela não teve tempo de verificar, pois, assim que a ideia se formou, já estava fora de controle e pulou a cerca. Sua mente estava repleta de imagens do ultrassom 4D que fez há três anos, quando estava grávida de gêmeos, um menino e uma menina. A menina se parecia com Teófilo, era vivaz e sempre sorridente, enquanto o menino tinha traços mais parecidos com os dela e era bem comportado. Seriam essas crianças seus filhos? Patrícia nem teve tempo de sentir a alegria do reencontro com seus entes queridos, pois no segundo seguinte estava mergulhada na dor da reunião. Correu desesperadamente em direção à menina, pe
Joyce já havia engolido várias goladas de água salgada e, num estado de medo extremo, seu corpo tremia incontrolavelmente.— Não tenha medo, mamãe está aqui para te salvar. — Patrícia tentava acalmar Joyce.Afinal, ela era tão pequena, e com o caos e o barulho ao redor, o navio pirata se aproximava cada vez mais. George já havia ordenado que canhões de água fossem disparados em retaliação ao navio pirata.Joyce estava em grande perigo, completamente aterrorizada e se debatendo loucamente.Patrícia mal conseguia se manter e à filha acima da água, usando toda sua força, enquanto a criança continuava a se debater, fazendo ela perder rapidamente suas energias.As ondas estavam altas, e ela já havia engolido muita água salgada, mas Patrícia ainda lutava para manter a criança elevada, temendo que se afogasse.No entanto, sentia como se sua força estivesse sendo drenada, seu corpo ficando cada vez mais fraco.Patrícia pensou consigo mesma que isso não poderia continuar, ou ela e a criança per
Raul acabara de tirar Patrícia da água, envolvendo ela em uma grande toalha felpuda. Ainda com suas roupas encharcadas, ela começou a perguntar freneticamente sobre o paradeiro de Joyce.Seus lábios estavam roxos de frio, e ela parecia pálida e miserável.— Srta. Patrícia, nós fomos salvos. A pequena foi levada para o navio de guerra e está sendo examinada por um médico militar. Você deveria trocar de roupa primeiro, para não pegar um resfriado.— Não, eu quero vê-la.Patrícia saltou da cama apressadamente e correu descalça para fora do quarto.No corredor, ela viu todos os homens em uniformes padronizados, especialmente os armados, e sentiu uma opressão imediata.Foi então que percebeu que não estava no barco de George, mas em um imponente navio de guerra.Assim que saiu, todos os olhares se voltaram para ela.Parando rapidamente, Patrícia ficou visivelmente constrangida sob a pressão. Sem saber o que fazer, ela hesitou enquanto os outros apenas a observavam em silêncio.Mesmo sem nin
Raul respondeu com calma:— Srta. Patrícia, fui eu quem falou quando nos resgataram.— Sim, foi o senhor... Sr. Raul que disse isso, então eu vou sair agora.De algum modo, Patrícia sempre tinha a impressão de que o médico estava fugindo, apressado ao sair pela porta. Raul falou serenamente:— Srta. Patrícia, troque de roupa primeiro, vou trazer a sopa quente para você.— Certo.No quarto, restaram apenas eles dois. Patrícia, com cuidado e cautela, despiu o filho, que já estava da altura de outras crianças de sua idade, sem sinais visíveis de ter sido prematuro. Ele estava limpo e parecia claro, exceto por algumas pequenas feridas nas mãos, indicando que Marcos os havia cuidado muito bem.Patrícia envolveu Joyce em uma grande camisa masculina e trocou de roupa para si mesma. Ela também vestiu uma camisa do mesmo tamanho, que era tão longa que cobria até a parte superior de suas coxas. Rapidamente, ela subiu as calças masculinas, que, embora frouxas, eram muito melhores do que não u
Em seguida, ele lentamente removeu uma fina máscara de seu rosto, revelando um conjunto de traços faciais delicados e tridimensionais no espelho. Devido a meses sem exposição ao sol, sua pele naturalmente pálida parecia ainda mais branca, e a gola da camisa estava levemente aberta. Ele tinha a aparência de um vampiro medieval, elegante e distinto.Despido de calçados, ele entrou no vapor quente do chuveiro, onde a água caía sobre seu corpo, escorrendo um líquido negro. Quando emergiu novamente, já não conseguia ocultar a aura de autoridade que naturalmente emanava dele.Ele colocou a máscara, vestiu o uniforme militar e se dirigiu diretamente para a sala de comando. Conforme passava, todos abriam caminho e prestavam continência, se endireitando:— Comandante.Teófilo entrou com passos firmes, e Lucas, que normalmente se comportava de maneira informal, adotou uma expressão séria:— Comandante, o navio pirata foi afundado, e alguns piratas estão fugindo nos botes salva-vidas.— Nenhum
Quando ele voltou apressadamente ao navio de guerra, Patrícia já estava delirando de febre, claramente com o corpo ardendo em calor, mas murmurando sobre estar frio.O médico militar, com o rosto tenso, disse:— Comandante, já administrei medicamento à Srta. Patrícia, mas ela é muito frágil, se a febre persistir, será muito perigoso.Felizmente, o navio de guerra estava bem equipado com recursos médicos, e Teófilo ficou ao lado dela, apenas esperando que a febre diminuísse por conta própria.Ainda estava escuro lá fora, o céu cinzento, e o som retumbante do mar era claramente audível.Teófilo vestiu suas roupas e se deitou ao lado de Patrícia, olhando para ela com olhos cheios de preocupação.Embora eles passassem todos os dias juntos, ele precisava se passar por outra pessoa o tempo todo, nem mesmo ousava olhá-la diretamente, o que várias vezes levantou suspeitas de Patrícia.Felizmente, sua força mental era forte o suficiente para suportar isso.Ele delicadamente estendeu um dedo par
Naquele momento, um som suave de batidas na porta ecoou, como se um balde de água fria fosse despejado sobre Teófilo. Ele prontamente se afastou de Patrícia, consciente de seu ato! Se aproveitar enquanto Patrícia dormia era impensável. Caso ela acordasse naquele instante, seria impossível explicar.Teófilo se apressou até a porta, com o rosto belamente tingido de nervosismo:— Sim, o que aconteceu?Lucas esfregou os olhos, confuso. Seria sua imaginação, ou o rosto de Teófilo parecia estar vermelho?— É... O médico me pediu para trazer este antipirético. Já pode ser administrado à Sra. Patrícia.— Certo. — Teófilo aceitou o medicamento em silêncio. — E o homem, foi encontrado?— A noite no mar está turbulenta, e os drones estão incontroláveis. Ainda não temos notícias dele, mas fique tranquilo, ele não conseguirá ir muito longe com o menino.— Entendido, me avise imediatamente se houver qualquer novidade.— Claro.Teófilo fechou a porta e retornou ao lado de Patrícia, que ainda não mo