Lorenzo ficou sério:— O que você quer dizer?Patrícia olhou ao redor, atenta aos empregados:— Sr. Lorenzo, podemos conversar em particular?— Venha comigo.Sophie também queria acompanhá-los, mas, incerto quanto à possibilidade de ela representar uma ameaça, Lorenzo pediu que ela aguardasse no andar inferior.Patrícia seguiu ele até o escritório, onde trancou a porta com uma senha. Uma vez a sós, Lorenzo abandonou a encenação:— Srta. Patrícia, por que todo esse esforço para se aproximar da minha irmã? Mesmo que tenhamos nossas divergências, direcione-as a mim. Minha irmã é ingênua e tem pouca experiência social. Ela não tem nada a ver com isso e, se você ousar fazer algo contra ela, eu... — Uma arma foi colocada na cabeça de Patrícia, e sua voz se tornou extremamente fria. — Eu farei você se arrepender de estar vivo.Patrícia, por outro lado, se manteve muito mais calma:— Sr. Lorenzo, se eu fosse você, não agiria tão impulsivamente. Eu nunca envolvi Sophie no nosso conflito com Te
Lorenzo fechou a mão em um punho e bateu com força na mesa. Seu rosto estava tomado por uma expressão sombria:— Quem seria tão cruel a ponto de envenenar uma criança tão pequena?— Pode estar relacionado à família biológica dela. Ela teve sorte até agora, mas se o envenenamento continuasse por mais um ano ou mais, provavelmente teria morrido.— Nos primeiros tempos após a adoção, ela realmente adoeceu com frequência, sendo várias vezes levada à UTI, frágil como se fosse feita de papel. — Lorenzo sentia uma dor imensa ao lembrar daquele período. — Mas ela é tão boazinha, nunca reclamou da própria saúde.Enquanto falava, Lorenzo de repente percebeu por que estava compartilhando isso com Patrícia! Por pouco não revelou demais.Felizmente, Patrícia não pensou muito nisso, sua atenção estava voltada para a origem de Sophie:— Você é realmente um bom irmão.Lorenzo mudou rapidamente de assunto:— Se for como você disse e ela foi envenenada, você pode desintoxicá-la?Patrícia negou com a cab
Lorenzo exibiu uma expressão complicada:— Esta criança foi um acidente. Seu pai morreu e, como irmão, tenho sido como um pai para ela todos esses anos. Posso tomar decisões por ela.Ao ouvir que sua filha adotiva não era casada e notando a relutância hesitante de Lorenzo em elaborar, Patrícia supôs que sua preocupação provavelmente era com a reputação da irmã. Como mulher, Patrícia podia entender, tendo passado por experiências semelhantes, ela queria oferecer ajuda e não insistiu na questão.— Certo, posso ver que a Srta. Sophie é uma pessoa muito gentil e bondosa, ela definitivamente se importa muito com esta criança. Você pode discutir com ela sobre a situação da criança. Se decidirem por um aborto, entre em contato comigo depois de um mês, e eu posso ajudá-la a se recuperar. Se bem cuidada, ela ainda poderá ter filhos no futuro.— Mesmo?— Não posso garantir isso, só posso oferecer ajuda para ela se recuperar. O quanto ela pode se recuperar depende do destino dela. Se optarem pel
Patrícia balançou a cabeça, afastando pensamentos fantasiosos. Logo percebeu que, na realidade, não havia nada de estranho na situação. Sophie, de saúde frágil, despertava compaixão, Lorenzo a acompanhara crescer e, provavelmente, a via como uma verdadeira irmã. Isso parecia com a relação entre João e Patrícia que, mesmo não sendo irmãos de sangue, partilhavam um vínculo mais profundo que muitos irmãos biológicos, Patrícia se convencia de que não deveria pensar neles de forma depreciativa.Ao deixar a fazenda, um vento gelado soprou. Entrando no carro, Patrícia ligou o aquecedor. O calor dissipou rapidamente a névoa e o gelo no vidro. Ela esfregou as mãos, engatou a marcha e acelerou. Talvez influenciada pela triste história de Sophie, dirigiu pelas ruas daquela cidade que parecia a ela ao mesmo tempo estranha e familiar, mas desprovida de ânimo.Os filhos não estavam por perto, João já havia falecido e até sua única amiga estava ausente, a cidade não oferecia a ele um pingo de calo
Os longos braços de Teófilo envolveram ela firmemente, dissipando o frio de seu corpo. Patrícia obedientemente enterrou a cabeça em seu peito, enquanto seus braços circundavam sua robusta cintura:— Não se mexa, me deixe abraçá-lo.Ao longo dos anos, ela frequentemente se encontrara sozinha, acompanhada apenas pela solidão e pelo ciclo de amanhecer e crepúsculo. Era como um pássaro incansável em busca de um lugar para descansar, ainda que por um momento.— Certo. — Concordou Teófilo, abraçando ela silenciosamente sob a luz fraca das estrelas.Conhecendo ela há tantos anos, ele estava familiarizado com sua personalidade e sua voz rica ressoava suavemente ao lado de seu ouvido:— Paty, estou aqui.Ouvindo o forte batimento cardíaco dele, Patrícia permaneceu assim por muito tempo, seu corpo começando a suar devido ao calor, até que finalmente afastou Teófilo.— Melhorou? — Perguntou Teófilo.Recarregada como um dispositivo totalmente carregado, Patrícia respondeu:— Muito melhor, estou
Patrícia estava sendo terrivelmente importunada por um homem, que murmurou:— Para com isso.Teófilo levantou a borda de seu pijama, enfiando a cabeça por baixo, e sua voz abafada ecoou sob a larga barra da roupa:— Cuide do seu que eu cuido do meu.Patrícia ficou sem palavras.Teófilo, que antes mantinha uma postura distante, hoje se mostrava insistentemente exigente.Seu corpo foi amolecendo aos poucos, ela sentiu que não conseguia se concentrar em nada.Sob o brilho azul da tela, o pescoço de Patrícia se erguia altivamente, enquanto Teófilo ajeitava um travesseiro macio em sua cintura.A roupa já estava arregaçada até o peito, expondo seu abdômen liso.— Paty... — Teófilo murmurava inconscientemente.A aventura terminou no meio da noite, e o filme já havia acabado muito antes. Exausta, Patrícia descansava no peito dele, sem vontade de se mexer.Teófilo beijou sua testa:— Vou te levar para o quarto.Observando as roupas espalhadas pelo chão, Patrícia corou.— Você é um lobo, é?Ela
No silêncio profundo da noite, apoiada no peito de Lorenzo, Sophie questionou:— Lorenzo, o que a Dra. Maitê realmente te disse hoje? Pode me contar, por favor?Lorenzo, acariciando suavemente seus ombros, respondeu:— Não é nada, mas por que você não me conta o quanto sofreu no passado?Se Patrícia não o tivesse lembrado, ele teria mandado alguém investigar hoje, e ele nunca saberia o que Sophie fez para tentar engravidar.Ela sempre o tranquilizava com frases sobre cuidar da saúde, e ele nunca soube da dor por trás dessas palavras.Com um sorriso nos olhos, Sophie disse:— Já passou, veja como estou bem agora. Além disso, eu só queria ter um filho com você, Lorenzo.Ela esfregou o peito dele como um gatinho:— Ter um filho seu é tudo que eu poderia querer nesta vida. Lorenzo, por favor, não fique bravo comigo.— Lá vem você. — Lorenzo suspirou, impotente.Sophie colocou a mão dele em sua barriga:— É incrível pensar que aqui dentro há uma pequena vida que pertence a nós dois. Você es
No dia em que Patrícia Bastos recebeu o diagnóstico de câncer de estômago, Teófilo Amaral estava acompanhando sua “deusa” na consulta de saúde do filho dela.Nos corredores do hospital, Roberto Catelli segurava o relatório da biópsia, com um olhar sério:- Patrícia, os resultados dos exames saíram.