— Minha irmã possui saúde delicada e prefere a tranquilidade, por isso passa o tempo se recuperando na mansão. Normalmente, os empregados se encarregam dos cuidados, mas eu faço visitas esporádicas para acompanhar sua recuperação. Hoje, soube que um médico renomado viria examiná-la e quis me assegurar de que não haveria enganos. — Explicou Lorenzo.— Entendo.Lorenzo não conseguiu captar a emoção no rosto de Patrícia, pois ela ainda mantinha uma máscara, embora sutil, que impedia a clareza de suas expressões.Isso aumentava a insegurança de Lorenzo, que até suspeitava de que isso fosse uma sugestão de Jorge.— O que isso tem a ver com a doença da minha irmã?O sarcasmo era evidente em seus olhos, claramente zombando da desculpa de consulta médica usada por Patrícia.— Tem sim. — Patrícia não disfarçou.— Estou curioso para saber quem está com ela e o que a gravidez dela implica nisso. Por favor, médico, esclareça isso para mim.Sophie arregalou os olhos, percebendo também certa hostili
Lorenzo ficou sério:— O que você quer dizer?Patrícia olhou ao redor, atenta aos empregados:— Sr. Lorenzo, podemos conversar em particular?— Venha comigo.Sophie também queria acompanhá-los, mas, incerto quanto à possibilidade de ela representar uma ameaça, Lorenzo pediu que ela aguardasse no andar inferior.Patrícia seguiu ele até o escritório, onde trancou a porta com uma senha. Uma vez a sós, Lorenzo abandonou a encenação:— Srta. Patrícia, por que todo esse esforço para se aproximar da minha irmã? Mesmo que tenhamos nossas divergências, direcione-as a mim. Minha irmã é ingênua e tem pouca experiência social. Ela não tem nada a ver com isso e, se você ousar fazer algo contra ela, eu... — Uma arma foi colocada na cabeça de Patrícia, e sua voz se tornou extremamente fria. — Eu farei você se arrepender de estar vivo.Patrícia, por outro lado, se manteve muito mais calma:— Sr. Lorenzo, se eu fosse você, não agiria tão impulsivamente. Eu nunca envolvi Sophie no nosso conflito com Te
Lorenzo fechou a mão em um punho e bateu com força na mesa. Seu rosto estava tomado por uma expressão sombria:— Quem seria tão cruel a ponto de envenenar uma criança tão pequena?— Pode estar relacionado à família biológica dela. Ela teve sorte até agora, mas se o envenenamento continuasse por mais um ano ou mais, provavelmente teria morrido.— Nos primeiros tempos após a adoção, ela realmente adoeceu com frequência, sendo várias vezes levada à UTI, frágil como se fosse feita de papel. — Lorenzo sentia uma dor imensa ao lembrar daquele período. — Mas ela é tão boazinha, nunca reclamou da própria saúde.Enquanto falava, Lorenzo de repente percebeu por que estava compartilhando isso com Patrícia! Por pouco não revelou demais.Felizmente, Patrícia não pensou muito nisso, sua atenção estava voltada para a origem de Sophie:— Você é realmente um bom irmão.Lorenzo mudou rapidamente de assunto:— Se for como você disse e ela foi envenenada, você pode desintoxicá-la?Patrícia negou com a cab
Lorenzo exibiu uma expressão complicada:— Esta criança foi um acidente. Seu pai morreu e, como irmão, tenho sido como um pai para ela todos esses anos. Posso tomar decisões por ela.Ao ouvir que sua filha adotiva não era casada e notando a relutância hesitante de Lorenzo em elaborar, Patrícia supôs que sua preocupação provavelmente era com a reputação da irmã. Como mulher, Patrícia podia entender, tendo passado por experiências semelhantes, ela queria oferecer ajuda e não insistiu na questão.— Certo, posso ver que a Srta. Sophie é uma pessoa muito gentil e bondosa, ela definitivamente se importa muito com esta criança. Você pode discutir com ela sobre a situação da criança. Se decidirem por um aborto, entre em contato comigo depois de um mês, e eu posso ajudá-la a se recuperar. Se bem cuidada, ela ainda poderá ter filhos no futuro.— Mesmo?— Não posso garantir isso, só posso oferecer ajuda para ela se recuperar. O quanto ela pode se recuperar depende do destino dela. Se optarem pel
Patrícia balançou a cabeça, afastando pensamentos fantasiosos. Logo percebeu que, na realidade, não havia nada de estranho na situação. Sophie, de saúde frágil, despertava compaixão, Lorenzo a acompanhara crescer e, provavelmente, a via como uma verdadeira irmã. Isso parecia com a relação entre João e Patrícia que, mesmo não sendo irmãos de sangue, partilhavam um vínculo mais profundo que muitos irmãos biológicos, Patrícia se convencia de que não deveria pensar neles de forma depreciativa.Ao deixar a fazenda, um vento gelado soprou. Entrando no carro, Patrícia ligou o aquecedor. O calor dissipou rapidamente a névoa e o gelo no vidro. Ela esfregou as mãos, engatou a marcha e acelerou. Talvez influenciada pela triste história de Sophie, dirigiu pelas ruas daquela cidade que parecia a ela ao mesmo tempo estranha e familiar, mas desprovida de ânimo.Os filhos não estavam por perto, João já havia falecido e até sua única amiga estava ausente, a cidade não oferecia a ele um pingo de calo
Os longos braços de Teófilo envolveram ela firmemente, dissipando o frio de seu corpo. Patrícia obedientemente enterrou a cabeça em seu peito, enquanto seus braços circundavam sua robusta cintura:— Não se mexa, me deixe abraçá-lo.Ao longo dos anos, ela frequentemente se encontrara sozinha, acompanhada apenas pela solidão e pelo ciclo de amanhecer e crepúsculo. Era como um pássaro incansável em busca de um lugar para descansar, ainda que por um momento.— Certo. — Concordou Teófilo, abraçando ela silenciosamente sob a luz fraca das estrelas.Conhecendo ela há tantos anos, ele estava familiarizado com sua personalidade e sua voz rica ressoava suavemente ao lado de seu ouvido:— Paty, estou aqui.Ouvindo o forte batimento cardíaco dele, Patrícia permaneceu assim por muito tempo, seu corpo começando a suar devido ao calor, até que finalmente afastou Teófilo.— Melhorou? — Perguntou Teófilo.Recarregada como um dispositivo totalmente carregado, Patrícia respondeu:— Muito melhor, estou
No dia em que Patrícia Bastos recebeu o diagnóstico de câncer de estômago, Teófilo Amaral estava acompanhando sua “deusa” na consulta de saúde do filho dela.Nos corredores do hospital, Roberto Catelli segurava o relatório da biópsia, com um olhar sério:- Patrícia, os resultados dos exames saíram.
Em uma noite escura, ela retornou sozinha e melancólica ao banheiro.O vapor da água quente dissipou o seu frio, enquanto ela massageava os olhos inchados e entrava em um quarto. Ao abrir a porta, diante dela se revelou um quarto de criança acolhedor.Ela tocou suavemente o móbile, e a música suave