Depois de ser novamente limpo e após um banho no manancial medicinal, as feridas no corpo de Teófilo pararam de sangrar. Patrícia pegou o iodo para desinfetar suas lesões. A pele branca e lisa dele estava repleta de cicatrizes, com poucos lugares intocados, marcados por cicatrizes de comprimentos variados. Teófilo, com medo de irritar Patrícia, não ousava dizer mais nada. Se ela descobrisse que desde o início havia caído em seu plano, ele sabia que Patrícia ficaria furiosa ao ponto de fugir durante a noite. Ele arriscou sua vida pela verdade, e no momento em que Patrícia correu para ele, desconsiderando o perigo, Teófilo soube que havia vencido sua aposta. Patrícia ainda o amava. Mas o passado dos dois ainda não estava resolvido, mesmo que houvesse um abismo à frente, ele estava determinado a preenchê-lo e se reconciliar com ela. Ele sabia que o processo seria longo e que não podia ter pressa.Patrícia também estava um pouco assustada enquanto tratava seus ferimentos. Ele havia
Patrícia pisou em falso, e um barulho de água espirrou em seu rosto. — Há uma emboscada? — Patrícia olhou ao redor com cuidado, mas só viu Teófilo caído, com os membros estendidos. Inicialmente, Patrícia pensou em brincar com ele. Ele não conseguia enxergar, mas se debatia na água, com uma expressão de desespero no rosto. — Paty, onde você está? Paty, você está bem? Ao ver Teófilo tão lamentável, ela perdeu a vontade de zombar. — Teófilo, estou bem. Ao ouvir sua voz, Teófilo se atrapalhou e caminhou na água em sua direção, abraçando ela apressadamente e falando atropeladamente: — Paty, onde você foi? Não me assuste, eu demorei tanto para te encontrar. Na caverna, além das pequenas lâmpadas solares que Patrícia trouxe, que emitiam uma luz não muito brilhante, restava apenas o luar que caía por uma fresta estreita. Ela olhou para o rosto preocupado de Teófilo e por um momento sentiu um nó na garganta, sem saber como descrever seus sentimentos. Teófilo, que sempre se
Os dois, encharcados, se enrolaram em um amontoado confuso, com Teófilo vergonhosamente tentando se levantar enquanto apenas se atrapalhava mais. Ele era originalmente um homem calmo e controlado, mas, ao encontrar Patrícia, toda a calma e a contenção foram completamente deixadas de lado.Quanto mais tentava ser cuidadoso, mais complicava as coisas.— Não se mexa, eu faço isso. — Disse Patrícia, resignada.Ela entendia a situação, era como quando descobriu sua própria mortalidade e passou por um período de depressão, até cogitar a morte. Como alguém poderia aceitar tranquilamente uma revelação dessas de repente?Para evitar que Teófilo complicasse ainda mais as coisas, ela se acalmou e trouxe roupas limpas, colocando-as ao seu alcance.— Estas são suas roupas e calças, consegue trocar sozinho?— Posso, mas qual é a frente e qual é o verso?— Deixa, eu faço.Afinal, não era a primeira vez que ela via o corpo dele. Patrícia já não se importava mais e, com um puxão, desamarrou o cordão
Ele se pressiona contra aquele corpo familiar, mas estranho, abraçando ela repetidas vezes como se desejasse gravá-la no fundo de sua alma, para que jamais se separassem. Anteriormente, ela não exalava o cheiro de medicamentos, então agora havia uma nova sensação misturada à familiaridade. Ademais, agora que ele está cego, todos os seus sentidos estão amplificados. Ele pretendia apenas dar um beijo leve, evitando ser audacioso demais.Mas certas coisas são como uma enchente que, uma vez iniciada, não pode ser contida. Seus dedos encontram o pente em seus cabelos e o retiram delicadamente, permitindo que os densos cabelos dela deslizem instantaneamente para baixo, passando suavemente por entre seus dedos, tão macios e sedosos, exalando um leve aroma.Talvez o clima estivesse tão agradável que Patrícia também se esqueceu de resistir. As mãos de Teófilo se tornaram mais audaciosas, talvez porque ela tivesse tido outro filho, e ele percebeu que o corpo dela estava ainda melhor do que
"Não pode ser.""Teófilo, esse desgraçado, será que sua alma foi possuída por alguém?""Você mesmo percebe, você ainda é a mesma pessoa de antes? Seu caráter desmoronou.""Comparado com a esposa, o caráter não tem utilidade alguma, a esposa fugiu, de que preciso de dignidade?"Sem receber resposta de Patrícia, Teófilo falou novamente: — Desculpe, esse pedido foi um pouco rude, finja que não ouviu, vá descansar, eu estou bem sozinho.Patrícia, sabendo que havia um certo propósito nas palavras dele, mas ciente de que ele estava cego, envenenado e havia caído em um buraco de cobras, irritadamente passou a mão pelos cabelos. No fim, cedeu, trazendo seu próprio cobertor e travesseiro para perto dele: — Eu estou aqui agora, você pode dormir.— Obrigado, Paty.Não muito depois, quando Patrícia estava quase dormindo, a pessoa ao seu lado chamou novamente: — Não venha.Patrícia abriu os olhos:— O que aconteceu?No segundo seguinte, uma pessoa se enroscou em seu cobertor, e o homem a abraçou
Aquela noite foi de insônia para Teófilo. Ele refletia sobre o tempo que levou para poder abraçar Patrícia e quanto lutou para tê-la de volta, e por isso, não queria deixá-la ir. Embora não conseguisse ver claramente o rosto de Patrícia, ele resistia a fechar os olhos, abraçando ela cuidadosamente, com olhos cheios de um amor profundo. Patrícia dormiu tranquilamente até o amanhecer. Quando abriu os olhos e encontrou o olhar perdido de Teófilo, se assustou:— Você não dormiu a noite toda?Com a voz rouca, Teófilo respondeu:— Fico pensando naquelas cobras, e você me envolveu tão fortemente que simplesmente não consegui dormir.Patrícia baixou os olhos e viu que estava agarrada a ele com braços e pernas, como um polvo. Imediatamente corou e o empurrou para longe, apressadamente:— Não foi intencional.— Mesmo que fosse, não tem problema. — Teófilo sorriu para ela. — Não me importo.Patrícia agitou a mão na frente dos olhos dele e, ao perceber que ele não reagia, finalmente relaxou.
A porta rangeu ao abrir, e Patrícia entrou carregando remédios. Ao ver Teófilo deitado na cama com uma expressão triste, ela ficou preocupada.— O que houve com ele? Fernando hesitou em olhar para Teófilo, receoso de revelar a verdade. Ele repetiu a desculpa de Teófilo:— O chefe não tem conseguido dormir à noite. Assim que fecha os olhos, se lembra daquela cena e não consegue descansar, o que retarda sua recuperação.Patrícia franziu a testa, pois havia se mantido distante de Teófilo nos últimos dias, interagindo com ele apenas para entregar medicamentos.— Você ainda não consegue dormir à noite? — Patrícia observou as profundas olheiras sob os olhos dele.Ela sabia que Teófilo passava as noites em claro pensando nela, com medo de ser expulso de casa por Patrícia no dia seguinte, o que o deixava ansioso e explicava suas intensas olheiras.Teófilo acenou fracamente com a cabeça:— Sim, assim que fecho os olhos, começo a pensar nessas coisas. Mas não se preocupe, Paty, não dormir não
Patrícia ainda não tinha percebido, mas ao se inclinar levemente, sua testa tocou a de Teófilo. Era tão suave. Teófilo, com os olhos fechados, repetia mentalmente que tudo diante dele era vazio e irreal. Felizmente, o barbear foi rápido, e ele pôde relaxar um pouco. Patrícia lavou as mãos e aplicou óleo essencial, começando a massagear sua cabeça com ainda mais habilidade do que antes. Inicialmente sem sono, Teófilo foi gradualmente relaxando sob suas mãos e com o agradável aroma, adormecendo sem perceber. Patrícia suspirou aliviada ao vê-lo dormir. Ela se levantou, se esticando e olhando para o calendário, calculando que em no máximo uma semana o veneno no corpo de Teófilo estaria 90% eliminado, o restante teria que ser gradualmente recuperado por ele mesmo. Ela se perguntava se esse homem iria embora tão facilmente. Se ele não fosse, talvez ela devesse ir. Depois de consultar um livro médico por algum tempo, Patrícia percebeu que não havia sinais de que ele acordaria