O som vinha de longe e parecia que Patrícia estava perseguindo alguém. Teófilo segurou o corrimão e desceu as escadas rapidamente, seguindo na direção dos sons. Pelo caminho, caiu várias vezes, mas se levantava e continuava correndo como se não sentisse dor. O som estava nem perto nem longe, como se estivesse intencionalmente atraindo ele.Preocupado com a segurança de Patrícia, Teófilo gritava seu nome:— Paty, onde você está? Como você está?Patrícia acordou de um susto, de um sonho, ela tinha certeza de ter ouvido Teófilo chamando seu nome. Seria apenas um sonho? De algum modo, ela se sentia inquieta. Embora quisesse apenas deitar e dormir, se levantou novamente, decidindo que se sentiria mais tranquila se desse uma olhada. Cobriu o filho com o cobertor, saiu da cama e viu a porta do quarto de Teófilo escancarada assim que desceu as escadas."Por que ele abriria a porta tão tarde?"Patrícia subiu rapidamente as escadas e, no quarto, apenas uma vela emitia uma luz fraca, a cama
Fernando sentiu um calafrio nas costas ao se lembrar de uma conversa casual que teve com Paloma. Ela mencionou que quarenta e oito tipos diferentes de cobras foram encontrados naquela área e que mais de trinta eram venenosas, com mordidas incuráveis. "E Teófilo, que não pode ver, quais seriam as consequências se ele caísse?" Patrícia e Fernando, temerosos, não ousaram se demorar mais e avançaram rapidamente.— Chefe, pare! — Gritou Fernando com todas as suas forças, o silêncio das montanhas amplificando sua voz, certamente Teófilo o ouviria. Não muito longe, encontraram uma das sandálias de Teófilo e, ocasionalmente, algumas gotas frescas de sangue. Patrícia estava perplexa, o que o atraía tanto que, apesar de cair várias vezes, ele continuava correndo sem se importar com nada? "Ele não percebe o perigo?" Claramente não, mesmo ciente dos riscos, ele não parava, o que buscava era mais importante do que sua própria vida.— Vamos rápido!...Laís estava dormindo profundamente quand
Patrícia não cessava de correr, quanto mais se aproximava da cova das serpentes, mais inquieta se sentia. Esse tipo de local era perigoso mesmo para uma pessoa com visão plena, quanto mais para ele, um cego. Se caísse na cova, certamente seria consumido até o coração pelas inúmeras serpentes. Patrícia não ousava imaginar tal cena.O vento frio trazia o fedor pútrido das serpentes, fazendo o corpo de Patrícia tremer incontrolavelmente. Ela parecia um animal acuado, impulsionada unicamente pelo instinto de correr desesperadamente. Ela não conseguia ouvir nenhum outro som, apenas o vento assobiando, que ampliava seu pânico. De repente, devido à tensão, ela tropeçou e caiu, e Fernando prontamente parou para ajudá-la a se levantar:— Você está bem?Mas ele percebeu que ela tremia violentamente.— Rápido, corra! A cova das serpentes está logo à frente.Ignorando a dor no joelho ferido, Patrícia se levantou e correu desesperadamente. Naquele momento, a dor era irrelevante, ela tinha ape
— Chefe, eu não posso simplesmente deixar de me importar com você.— Se afaste, isso é uma ordem! Fique onde está e não se mexa.Fernando olhava para o céu, tentando conter suas lágrimas. Ele tinha visto muitos amigos morrerem no campo de batalha, onde já não se importavam mais com a vida ou a morte.A morte de Suzana, anos atrás, havia deixado uma cicatriz psicológica nele, suas pernas quase ficaram paralisadas, mas ele se esforçou ao máximo na reabilitação, apenas na esperança de ainda poder ficar ao lado de Teófilo para protegê-lo e evitar que outra tragédia acontecesse.Mas agora, um terrível incidente ocorreu.Como naquela noite chuvosa, ele só pôde assistir Suzana morrer sob a arma de outro, completamente impotente.Aproveitando a distração de Daniel, Patrícia o jogou com força no chão e correu em direção à toca da serpente, passando por Fernando.Ela ignorou toda a razão e as consequências.Tudo que ela via diante de seus olhos era o jovem homem que a havia levantado do mar, o e
Teófilo perguntou com cautela, temendo que um som mais alto fizesse Patrícia desaparecer como em um sonho.Patrícia estendeu o punho e socou seu peito:— Idiota, você sabe onde estamos?Se recuperando do choque, Teófilo rapidamente segurou a mão de Patrícia:— Paty, há muitas serpentes aqui, vá embora, saia daqui.Fernando, que não entendia por que Teófilo chamava outra pessoa de Patrícia, ainda assim gentilmente informou:— Chefe, as serpentes foram dispersas, vocês estão seguros agora.Sob a luz da lua, Laís montava um cervo pequeno, segurando uma flauta, parecendo um pequeno anjo correndo pela floresta, tocando uma melodia agradável.Ela viu Patrícia e Teófilo se abraçando em lágrimas, e até mesmo a pequena Laís sentiu um calor no coração.Afinal, sua mãe nunca realmente havia deixado seu pai.Ela olhou para Daniel ao lado, que decidiu não ficar para testemunhar o amor deles e foi embora sem olhar para trás.Embora Patrícia tivesse dado um tapa em Teófilo, ele não se irritou, mas ri
Lá fora, Laís estava atrás dela. Patrícia acariciou sua cabeça e disse:— Laís, você se comportou muito bem. Mamãe vai cuidar disso agora. Você pode ir descansar, você também está cansada esta noite.Laís acenou com a cabeça em concordância.Patrícia observava a silhueta de Laís desaparecendo e mergulhava em seus pensamentos. Como Teófilo reagiria ao descobrir que Laís não era sua filha? Ele perderia a razão e faria algo contra Laís? A lembrança da expressão fria de Teófilo surgia em sua mente, ele sempre dizia que jamais permitiria ser traído. Mesmo tendo perdoado ela e Raul anteriormente, isso não significava que ele aceitaria um filho de outro homem. A existência de Laís seria como um espinho constante em seu coração.Quando Patrícia chegou, Teófilo já estava despido, imerso na água. Sabendo que era ela, Fernando, também compreensivo, rapidamente encontrou uma desculpa para sair, deixando a caverna para os dois.Teófilo lambeu os lábios, transbordando de palavras não ditas.Apesa
Depois de ser novamente limpo e após um banho no manancial medicinal, as feridas no corpo de Teófilo pararam de sangrar. Patrícia pegou o iodo para desinfetar suas lesões. A pele branca e lisa dele estava repleta de cicatrizes, com poucos lugares intocados, marcados por cicatrizes de comprimentos variados. Teófilo, com medo de irritar Patrícia, não ousava dizer mais nada. Se ela descobrisse que desde o início havia caído em seu plano, ele sabia que Patrícia ficaria furiosa ao ponto de fugir durante a noite. Ele arriscou sua vida pela verdade, e no momento em que Patrícia correu para ele, desconsiderando o perigo, Teófilo soube que havia vencido sua aposta. Patrícia ainda o amava. Mas o passado dos dois ainda não estava resolvido, mesmo que houvesse um abismo à frente, ele estava determinado a preenchê-lo e se reconciliar com ela. Ele sabia que o processo seria longo e que não podia ter pressa.Patrícia também estava um pouco assustada enquanto tratava seus ferimentos. Ele havia
Patrícia pisou em falso, e um barulho de água espirrou em seu rosto. — Há uma emboscada? — Patrícia olhou ao redor com cuidado, mas só viu Teófilo caído, com os membros estendidos. Inicialmente, Patrícia pensou em brincar com ele. Ele não conseguia enxergar, mas se debatia na água, com uma expressão de desespero no rosto. — Paty, onde você está? Paty, você está bem? Ao ver Teófilo tão lamentável, ela perdeu a vontade de zombar. — Teófilo, estou bem. Ao ouvir sua voz, Teófilo se atrapalhou e caminhou na água em sua direção, abraçando ela apressadamente e falando atropeladamente: — Paty, onde você foi? Não me assuste, eu demorei tanto para te encontrar. Na caverna, além das pequenas lâmpadas solares que Patrícia trouxe, que emitiam uma luz não muito brilhante, restava apenas o luar que caía por uma fresta estreita. Ela olhou para o rosto preocupado de Teófilo e por um momento sentiu um nó na garganta, sem saber como descrever seus sentimentos. Teófilo, que sempre se