Teófilo também olhou na direção dela, sabendo que, embora vendado, não conseguia ver Patrícia, e por algum motivo sentia uma ansiedade inexplicável.Ela se levantou, colocando a sobremesa de frutas que havia preparado em uma cesta:— Vou levar um pouco para a Paloma, você pode ficar aqui tomando conta dele?Laís concordou com a cabeça.Quando Patrícia se afastou, Laís se sentou ao lado dele, acariciando a cabeça do pequeno cervo, que ocasionalmente esbarrava em Teófilo, permitindo a ela sentir o cervo e a criança brincando.Ele deveria estar feliz, mas de repente percebeu uma coisa: não há árvores de blueberry nesta região, de onde viriam as blueberries?Havia apenas uma possibilidade: alguém trouxe de fora."Marcos!"Esse pensamento repentinamente passou pela mente de Teófilo.Patrícia também havia reservado uma parte da sobremesa de frutas para ele.Tantos anos se passaram, ele não sabia como o relacionamento deles havia evoluído!Nos milhares de dias e noites em que esteve ausente,
Teófilo apenas pensava em Patrícia com outro homem, e o sangue lhe subia à cabeça, envolto em um desejo assassino.O som dos sinos em Laís chamou a atenção de ambos, e Daniel correu feliz ao encontro dela, mas seu sorriso congelou ao ver o homem ao lado dela.Apontando para Teófilo, ele perguntou a Patrícia:— Este é o seu paciente?— Sim, é uma longa história.Patrícia pareceu dar um sinal a Daniel com os olhos, e ele não disse mais nada.Teófilo achou que deveria desempenhar bem seu papel na farsa.— Maitê, temos visitas?Daniel riu claramente: — Quem é o visitante aqui?Teófilo fingiu não entender: — Este senhor parece hostil comigo. Nós nos conhecemos?Patrícia interrompeu friamente: — Não, não se conhecem. O que você quer aqui?Laís gesticulava, e só então Patrícia olhou para Teófilo: — Seus olhos estão doendo?— Sim, começaram a doer de repente depois que você foi embora, então pedi a Laís que me trouxesse aqui.Patrícia franzia a testa: — Venha comigo.Ela deu alguns passos
Fernando não conseguiu deixar de notar a mudança de humor em Teófilo e, ciente do que era apropriado, foi o primeiro a fechar a porta. Em seguida, baixou a voz ao dizer:— Às suas ordens, chefe.Teófilo, após respirar fundo algumas vezes para se acalmar, conteve suas emoções e começou a analisar a situação com objetividade.Se algo de fato tivesse ocorrido entre Patrícia e Daniel, seria tarde demais para impedir.Por outro lado, se eles não tivessem tal relação, ou seja, se Daniel ainda não tivesse obtido sucesso, Teófilo se odiaria mais do que o odiaria a ele.Assim, ele não deveria entrar em pânico neste momento, mas sim procurar entender a relação entre os dois, o que era crucial.Com os pensamentos organizados, Teófilo sussurrou algumas instruções ao ouvido de Fernando, que claramente hesitou.— Presidente Teófilo, isso é muito arriscado.— Faça como eu te digo, precisamos pagar um preço para alcançar nosso objetivo.Fernando olhou confuso. "O que ele estava prestes a fazer?"Teófi
Diante do deboche de Paloma, Teófilo baixou a cabeça enquanto Laís o observava, esperando também por uma resposta. Até aquele momento, ela nada sabia sobre seu próprio pai. Sempre que perguntava a Patrícia, recebia apenas respostas evasivas, sem nunca entrar em detalhes sobre ele.Agora, diante de Teófilo, foi a primeira vez que ela ouviu algo direto sobre Patrícia vindo dele.Não era como ela imaginava, seu pai realmente amava sua mãe.— Paloma, você pode me insultar. Eu fiz muitas coisas no passado que prejudicaram ela. Admito que não sou uma boa pessoa, sou um desgraçado, mas você não pode questionar o meu amor por ela. Mesmo que ela tenha se afastado do meu mundo por alguns anos, nunca houve um dia em que eu a esquecesse.A voz de Daniel interrompeu:— Sr. Teófilo, isso também é irônico. Se você realmente a amasse como diz, como poderia tê-la machucado? Não é contraditório? — Teófilo ouviu os passos de Daniel se aproximando até que ele se posicionou ao lado de Teófilo, muito próxi
Teófilo foi atingido no rosto por um grão e, irritado, jogou as vagens de volta na cesta:— Paloma, eu não consigo.— Jovem, não fique tão irritado. Sei que você vem de uma família nobre e nunca fez esse tipo de trabalho, mas precisa entender algo: seus olhos não vão melhorar em dois ou três dias. Você precisa começar a se adaptar à vida de uma pessoa cega.Teófilo hesitou, percebendo que Paloma estava tentando fazê-lo se exercitar.Patrícia havia dito algo semelhante, naquela época, ele estava tão absorto na alegria do reencontro com Patrícia que mal se preocupou com seus olhos.A lembrança das palavras de Paloma o fez encarar a realidade:— Paloma, quanto tempo até meus olhos melhorarem?— É difícil dizer. Se for rápido, talvez três a cinco meses. Se for devagar, pode ser um ano ou até mais. O melhor seria esperar o veneno dissipar completamente antes de ir ao hospital para um exame detalhado. Problemas de visão não são fáceis de tratar, não espere uma cura rápida.Teófilo sentiu um
O som da porta abrindo ecoou.Teófilo estava inundado por um turbilhão de emoções, sentindo o sangue pulsar em direção à testa. Incapaz de ver, sua mente criava imagens de Patrícia e Daniel emaranhados, um cenário que Daniel já havia tentado arquitetar anos atrás no navio, se aproveitando dos efeitos dos medicamentos. Agora, com Patrícia divorciada, qualquer interação com Daniel poderia ser vista como consensual. Mesmo que descobrisse, o que ele poderia fazer? Naquele instante, Teófilo chegou a sentir um alívio por não poder testemunhar as cenas que imaginava.Um aroma doce permeava o quarto, não lembrava especiarias, mas algo como shampoo ou sabonete líquido. Patrícia falou com uma voz gelada:— O que você está fazendo aqui?Teófilo estava um tanto quanto perturbado neste momento."O que eu vim fazer aqui? Vim ver se fui traído?"Ele lutava para manter as emoções sob controle, tentando fazer sua voz soar natural:— Eu estava lá embaixo e ouvi você gritar de dor, pensei que algo tiv
Patrícia lavou os cabelos e se encostou à janela, observando a lua cheia no céu. Ela havia mentido para Daniel. Por três anos e meio, pensou que tinha superado aquele relacionamento, mas, ao saber que Teófilo estava envenenado e à beira da morte, se sentiu desesperada e impotente. Voltou correndo para casa, não só por causa das crianças, mas porque, no fundo, não queria que ele morresse. Era um sentimento que não deveria ter surgido nela. Parecia que deveria curá-lo rapidamente e mandá-lo embora para evitar mais incidentes.Ao longe, uma canção ecoava, Laís estava tocando na varanda do quarto de Teófilo, e a menina gostava muito dele. Como diria a Laís que Teófilo não era seu pai biológico? Se Teófilo descobrisse que ela havia engravidado de outro homem e dado à luz, ele poderia machucar Laís? Depois de mais de três anos, Patrícia não tinha certeza do tipo de pessoa que Teófilo havia se tornado.Laís tocou algumas canções e parou, bateu na mão de Teófilo e o levou para a cama, in
O som vinha de longe e parecia que Patrícia estava perseguindo alguém. Teófilo segurou o corrimão e desceu as escadas rapidamente, seguindo na direção dos sons. Pelo caminho, caiu várias vezes, mas se levantava e continuava correndo como se não sentisse dor. O som estava nem perto nem longe, como se estivesse intencionalmente atraindo ele.Preocupado com a segurança de Patrícia, Teófilo gritava seu nome:— Paty, onde você está? Como você está?Patrícia acordou de um susto, de um sonho, ela tinha certeza de ter ouvido Teófilo chamando seu nome. Seria apenas um sonho? De algum modo, ela se sentia inquieta. Embora quisesse apenas deitar e dormir, se levantou novamente, decidindo que se sentiria mais tranquila se desse uma olhada. Cobriu o filho com o cobertor, saiu da cama e viu a porta do quarto de Teófilo escancarada assim que desceu as escadas."Por que ele abriria a porta tão tarde?"Patrícia subiu rapidamente as escadas e, no quarto, apenas uma vela emitia uma luz fraca, a cama