Algo se agitou no coração de Patrícia, e Teófilo acrescentou:— Se não fosse por você, eu provavelmente não teria sobrevivido. Você é minha salvadora, e sou profundamente grato. Quando eu melhorar, certamente irei recompensá-la adequadamente.Por algum motivo, Patrícia pensou imediatamente naqueles clichês de filmes em que o herói salva a dama, e a mulher sempre acaba dizendo que só pode pagar com o próprio corpo.Eles já estavam divorciados há tempos, concordando que cada um seguiria seu caminho, sem mais interferências.A ideia de vê-lo se casando novamente despertava um sentimento inexplicável em seu coração, provavelmente uma relutância em aceitar a situação.O homem que ela amou desde os tempos de estudante, com quem sonhou inúmeras vezes envelhecer juntos, cercados por filhos e netos.Quando se casou com ele, entregou a ela todo o seu coração, jamais imaginando que um dia seu casamento se desfaria, que outra pessoa estaria ao seu lado.Mas a realidade é assim, as mudanças chegam
Patrícia, com destreza, fez um nó com seus dedos e disse: — Pronto. — Em seguida, puxou o cinto em sua cintura, levando ele até uma pele de animal estendida no chão. — Descanse um pouco e coma algo para recuperar as energias.A caverna estava equipada com vários itens de uso diário, evidenciando que ela vivia ali frequentemente.Teófilo ponderava se a doença dela teria sido tratada ali. Como ela e as crianças sobreviveram todos esses anos?Sua mente estava repleta de perguntas, mas ele sabia que não deveria ter pressa, os mistérios seriam desvendados.Mal havia se deitado quando um som claro de sinos soou ao seu redor.Seu coração palpitou, era Laís!Embora ainda não soubesse o aniversário de Laís, Teófilo já a considerava sua filha.Ele ficou deitado, imóvel, enquanto o som dos sinos se aproximava, parando ao seu lado.Logo depois, uma mão pequena acariciou seu rosto, fazendo seu coração disparar."Então, a filha também sabe que eu sou o pai dela, não é?"Teófilo não queria perturbar
Teófilo também olhou na direção dela, sabendo que, embora vendado, não conseguia ver Patrícia, e por algum motivo sentia uma ansiedade inexplicável.Ela se levantou, colocando a sobremesa de frutas que havia preparado em uma cesta:— Vou levar um pouco para a Paloma, você pode ficar aqui tomando conta dele?Laís concordou com a cabeça.Quando Patrícia se afastou, Laís se sentou ao lado dele, acariciando a cabeça do pequeno cervo, que ocasionalmente esbarrava em Teófilo, permitindo a ela sentir o cervo e a criança brincando.Ele deveria estar feliz, mas de repente percebeu uma coisa: não há árvores de blueberry nesta região, de onde viriam as blueberries?Havia apenas uma possibilidade: alguém trouxe de fora."Marcos!"Esse pensamento repentinamente passou pela mente de Teófilo.Patrícia também havia reservado uma parte da sobremesa de frutas para ele.Tantos anos se passaram, ele não sabia como o relacionamento deles havia evoluído!Nos milhares de dias e noites em que esteve ausente,
Teófilo apenas pensava em Patrícia com outro homem, e o sangue lhe subia à cabeça, envolto em um desejo assassino.O som dos sinos em Laís chamou a atenção de ambos, e Daniel correu feliz ao encontro dela, mas seu sorriso congelou ao ver o homem ao lado dela.Apontando para Teófilo, ele perguntou a Patrícia:— Este é o seu paciente?— Sim, é uma longa história.Patrícia pareceu dar um sinal a Daniel com os olhos, e ele não disse mais nada.Teófilo achou que deveria desempenhar bem seu papel na farsa.— Maitê, temos visitas?Daniel riu claramente: — Quem é o visitante aqui?Teófilo fingiu não entender: — Este senhor parece hostil comigo. Nós nos conhecemos?Patrícia interrompeu friamente: — Não, não se conhecem. O que você quer aqui?Laís gesticulava, e só então Patrícia olhou para Teófilo: — Seus olhos estão doendo?— Sim, começaram a doer de repente depois que você foi embora, então pedi a Laís que me trouxesse aqui.Patrícia franzia a testa: — Venha comigo.Ela deu alguns passos
Fernando não conseguiu deixar de notar a mudança de humor em Teófilo e, ciente do que era apropriado, foi o primeiro a fechar a porta. Em seguida, baixou a voz ao dizer:— Às suas ordens, chefe.Teófilo, após respirar fundo algumas vezes para se acalmar, conteve suas emoções e começou a analisar a situação com objetividade.Se algo de fato tivesse ocorrido entre Patrícia e Daniel, seria tarde demais para impedir.Por outro lado, se eles não tivessem tal relação, ou seja, se Daniel ainda não tivesse obtido sucesso, Teófilo se odiaria mais do que o odiaria a ele.Assim, ele não deveria entrar em pânico neste momento, mas sim procurar entender a relação entre os dois, o que era crucial.Com os pensamentos organizados, Teófilo sussurrou algumas instruções ao ouvido de Fernando, que claramente hesitou.— Presidente Teófilo, isso é muito arriscado.— Faça como eu te digo, precisamos pagar um preço para alcançar nosso objetivo.Fernando olhou confuso. "O que ele estava prestes a fazer?"Teófi
Diante do deboche de Paloma, Teófilo baixou a cabeça enquanto Laís o observava, esperando também por uma resposta. Até aquele momento, ela nada sabia sobre seu próprio pai. Sempre que perguntava a Patrícia, recebia apenas respostas evasivas, sem nunca entrar em detalhes sobre ele.Agora, diante de Teófilo, foi a primeira vez que ela ouviu algo direto sobre Patrícia vindo dele.Não era como ela imaginava, seu pai realmente amava sua mãe.— Paloma, você pode me insultar. Eu fiz muitas coisas no passado que prejudicaram ela. Admito que não sou uma boa pessoa, sou um desgraçado, mas você não pode questionar o meu amor por ela. Mesmo que ela tenha se afastado do meu mundo por alguns anos, nunca houve um dia em que eu a esquecesse.A voz de Daniel interrompeu:— Sr. Teófilo, isso também é irônico. Se você realmente a amasse como diz, como poderia tê-la machucado? Não é contraditório? — Teófilo ouviu os passos de Daniel se aproximando até que ele se posicionou ao lado de Teófilo, muito próxi
Teófilo foi atingido no rosto por um grão e, irritado, jogou as vagens de volta na cesta:— Paloma, eu não consigo.— Jovem, não fique tão irritado. Sei que você vem de uma família nobre e nunca fez esse tipo de trabalho, mas precisa entender algo: seus olhos não vão melhorar em dois ou três dias. Você precisa começar a se adaptar à vida de uma pessoa cega.Teófilo hesitou, percebendo que Paloma estava tentando fazê-lo se exercitar.Patrícia havia dito algo semelhante, naquela época, ele estava tão absorto na alegria do reencontro com Patrícia que mal se preocupou com seus olhos.A lembrança das palavras de Paloma o fez encarar a realidade:— Paloma, quanto tempo até meus olhos melhorarem?— É difícil dizer. Se for rápido, talvez três a cinco meses. Se for devagar, pode ser um ano ou até mais. O melhor seria esperar o veneno dissipar completamente antes de ir ao hospital para um exame detalhado. Problemas de visão não são fáceis de tratar, não espere uma cura rápida.Teófilo sentiu um
O som da porta abrindo ecoou.Teófilo estava inundado por um turbilhão de emoções, sentindo o sangue pulsar em direção à testa. Incapaz de ver, sua mente criava imagens de Patrícia e Daniel emaranhados, um cenário que Daniel já havia tentado arquitetar anos atrás no navio, se aproveitando dos efeitos dos medicamentos. Agora, com Patrícia divorciada, qualquer interação com Daniel poderia ser vista como consensual. Mesmo que descobrisse, o que ele poderia fazer? Naquele instante, Teófilo chegou a sentir um alívio por não poder testemunhar as cenas que imaginava.Um aroma doce permeava o quarto, não lembrava especiarias, mas algo como shampoo ou sabonete líquido. Patrícia falou com uma voz gelada:— O que você está fazendo aqui?Teófilo estava um tanto quanto perturbado neste momento."O que eu vim fazer aqui? Vim ver se fui traído?"Ele lutava para manter as emoções sob controle, tentando fazer sua voz soar natural:— Eu estava lá embaixo e ouvi você gritar de dor, pensei que algo tiv