A voz grave de Juan soou do outro lado da linha, carregando um leve cansaço misturado com um toque de bom humor.Alana interrompeu o que estava fazendo e lançou um olhar para o canto inferior direito da tela do computador.— Você não está ocupado hoje? Como arranjou tempo para vir me buscar?Com um clique, abriu outro documento e passou os olhos rapidamente pelo conteúdo.— Já estava nos meus planos. — A voz de Juan soou mais suave. — Tem muita gente perigosa por aí ultimamente, fiquei preocupado de você voltar sozinha.Uma sensação quente se espalhou pelo peito de Alana. Instintivamente, roçou os dedos no lóbulo da orelha, enquanto um sorriso discreto surgia em seus lábios.— Ainda preciso ficar mais um tempo. Essa apresentação é para amanhã.— Então eu subo para te fazer companhia.E antes que ela pudesse responder, a ligação foi encerrada.— Ei, espera...Alana tentou impedir, mas só ouviu o tom de chamada encerrada. Ficou alguns segundos parada, segurando o celular, e logo depois o
Alana pegou o pedaço de pão e deu uma mordida delicada.O sabor suave do trigo, misturado a um leve toque adocicado, espalhou-se por sua boca, dissipando o cansaço do longo expediente.Juan a observava com atenção, os olhos cheios de doçura e um sorriso discreto no canto dos lábios.Os últimos raios do sol poente atravessavam a ampla janela de vidro, banhando seu rosto anguloso com uma tonalidade dourada, realçando ainda mais seus traços marcantes. O perfume amadeirado que emanava dele, misturado ao aroma do café recém-preparado, criava uma combinação envolvente.O porte firme, os ombros largos e a postura imponente exalavam a presença inconfundível de um homem maduro.— Você comprou isso ali em baixo?Alana engoliu o pedaço de pão e ergueu o olhar para Juan, surpresa.Ele assentiu, e um brilho caloroso passou por seu olhar profundo:— Eu ia subir direto, mas vi que ainda tinha gente no escritório. Achei que você poderia ficar desconfortável, então desci para comprar café e pão. Imagin
Alana recostou-se no banco do carro:— A essa hora, vamos para onde?— Um amigo meu tem uma pista de corrida particular aqui na serra. Que tal darmos uma volta? — Juan girou o volante com destreza. — A vista lá de cima é incrível à noite. Dá para ver a cidade inteira.Ela piscou, surpresa. Logo depois, seus olhos brilharam com uma empolgação inesperada.— Corrida? Sério? — Ela se endireitou no banco. — Eu costumava correr muito na época da faculdade. Depois que comecei a trabalhar, quase não tive mais tempo.— Então hoje é o dia perfeito para reviver essa sensação.Juan sorriu e pressionou um pouco mais o acelerador. O carro deslizou suavemente pela estrada sinuosa que levava ao topo da montanha.A brisa noturna entrava pela janela entreaberta, trazendo o ar fresco das colinas e dissipando o cansaço do dia.Pouco tempo depois, o Maybach preto estacionou com precisão no pátio da pista de corrida.Juan saiu primeiro, contornou o carro e abriu a porta para Alana com um gesto natural de ca
Alana, ainda tonta pelo álcool, apoiou-se no peito de Juan. Sua respiração quente, misturada ao leve aroma da bebida, roçava contra a pele dele.Ela ergueu a mão devagar e, com os dedos suaves, traçou pequenos círculos na camisa dele antes de cutucar seu peito:— Juan… por que você é tão alto assim?Os olhos de Juan escureceram ligeiramente, sua garganta se movendo com um engolir discreto. Sua voz saiu baixa e rouca:— Você está bêbada.— Eu não estou bêbada!Alana protestou com um biquinho manhoso e, sem aviso, passou os braços ao redor do pescoço dele, pendurando-se como se fosse a coisa mais natural do mundo.— Estou completamente lúcida! Só… só estou achando você bonito demais.Ela ergueu o rosto, e seus olhos brilhosos e levemente enevoados encontraram os dele. As bochechas coradas e a ponta dos olhos avermelhada a faziam parecer um pêssego maduro—doce, vulnerável, irresistível.Juan sentiu uma onda de calor percorrer seu corpo. Um arrepio subiu por sua espinha, e ele precisou con
Na manhã seguinte, Alana foi despertada pelo barulho estridente do despertador. Esfregou os olhos sonolentos e estendeu a mão para o outro lado da cama, mas só encontrou o vazio.Juan não havia voltado para casa na noite anterior. Seu olhar carregava uma sombra de emoções indecifráveis.Empurrou as cobertas para o lado, sentindo o frio do chão sob os pés descalços enquanto caminhava até o guarda-roupa. Pegou uma blusa de tricô bege e uma calça pantalona preta sem pensar muito.Depois de se arrumar e tomar um café da manhã rápido, saiu de casa apressada.Ao chegar na empresa, dirigiu-se diretamente ao seu posto de trabalho, ligou o computador e começou a resolver suas pendências. No entanto, por mais que tentasse, sua mente insistia em vagar.As imagens de Juan atendendo o telefone na noite anterior, com aquela expressão fria, e da maneira apressada como ele saiu, não saíam de sua cabeça.Suspirando, Alana preparou uma xícara de café quente, esperando que a bebida lhe trouxesse de volta
Ao ouvir aquelas palavras, o rosto de Alana se fechou instantaneamente.Ela encarou Diego de frente, seu olhar afiado como uma lâmina:— Diego, vê se lava essa boca antes de falar comigo! Minha vida não te diz respeito. Se estou bem ou mal, isso é mérito meu, e você não tem o direito de meter o nariz onde não foi chamado.Diego ficou sem reação por um instante, mas logo recuperou o tom arrogante de sempre:— E que mérito você tem, Alana? Você não passa de um nada! Sem mim, você não é ninguém, uma completa inútil!As palavras venenosas dele não a abalaram nem um pouco.Há muito tempo, Alana havia enxergado a verdadeira face de Diego: um homem mesquinho, egocêntrico e patético.Um dia, ela acreditou que ele era sua salvação, sua luz no fim do túnel.Mas no final, ele não passava de um tirano que queria controlá-la como se fosse um simples brinquedo.— Diego. — Ela falou devagar, sua voz firme e implacável. — Três anos atrás, eu era uma tola por ter me apaixonado por você. Mas agora, esto
— Me solta, Diego! Você me dá nojo!Alana se debatia, tentando se livrar do aperto dele, mas Diego era muito mais forte. A dor latejante em seu pulso aumentava conforme ele a segurava com mais força.Enquanto isso, escondido nas sombras do estacionamento, Bruno saiu discretamente, já com o celular em mãos. Ele posicionou a câmera, pronto para gravar o que estava prestes a acontecer.Diego não estava sozinho naquela noite. Ele já havia combinado tudo com Bruno. Seu plano era simples: registrar imagens comprometedoras e usá-las para destruir Alana."Quero ver como você vai continuar bancando a valentona depois disso, Alana!"Um sorriso cruel surgiu nos lábios dele enquanto puxava a gola da blusa dela:— Vou garantir que todo mundo no Grupo Alves veja quem você realmente é! Isso é o que acontece quando alguém me desafia!Mas antes que conseguisse rasgar sequer um fio do tecido, um impacto violento o lançou para trás.Diego foi atingido por um chute certeiro, fazendo-o cair desajeitadament
Alana instintivamente quis impedir, mas Juan segurou seu pulso com firmeza.O calor do toque dele percorreu sua pele, trazendo um instante de alívio para seu coração ainda agitado.Enquanto isso, Diego já havia discado o número da polícia. Com a voz cheia de indignação forçada, narrou o ocorrido, exagerando cada detalhe sobre ter sido agredido, omitindo convenientemente suas próprias ações desprezíveis.Assim que desligou a chamada, ele se recostou contra a parede, lançando um olhar venenoso para os dois:— A polícia já está a caminho. Alana, gosta de bancar a protetora de um homem sustentado por mulher, né? Quero ver como vai livrar ele dessa! Ou será que você tem tanto dinheiro assim para subornar até a justiça?Ele soltou uma risada alta e debochada, seu rosto deformado pelo ódio e pelo orgulho ferido.Juan, por outro lado, permaneceu impassível. Sem demonstrar pressa ou preocupação, pegou o celular, digitou uma mensagem e enviou. Depois, apenas cruzou os braços, esperando calmament