POR LINCYO ambiente do outro lado era misterioso, tanto em aparência quanto nas estranhas vibrações que emanavam ao redor. Parecia que estávamos no interior de uma caverna, cujas rochas, formando todas as paredes, tinham um tom amarelo fosco. A única iluminação vinha de fendas no teto.— Isso é holiath? — reconheceu Lenissya, apalpando uma das paredes. — Nossa!— Aproximem-se! — ordenou uma voz estranha e profunda. Como era impossível determinar de onde vinha, e por não ter ecoado, percebi que estava apenas em minha mente.Caminhei pelo corredor da caverna de holiath ao lado de Lenissya. Atrás de nós, estava o unigus que nos guiara até ali, e, um pouco à frente, uma fileira de unigus ainda maiores formava um corredor, conduzindo-nos ao líder. Saitron, o maior entre eles, possuía uma coloração mais acinzentada. Lenissya se curvou respeitosamente, e eu a imitei, observando atentamente.— Então o nosso Guardião está em ação. — Saitron sequer abriu a boca para dizer isso, e confirmei: co
POR LINCYGuardei a dióxy recém-adquirida na bolsa e peguei as outras duas que havia recolhido na caverna. Assim que localizei meu próximo alvo, senti-me aliviada ao perceber que era um lugar mais "normal". Abri o portal de novo, antes que fosse devorada pela areia ou tostada como um frango.— Onde estamos agora? — perguntou Lenissya, logo atrás de mim, assim que atravessamos. Estávamos cercados por árvores, com um riacho próximo. Caminhei até o riacho e entrei na água, procurando uma pedra específica entre as pedrinhas no fundo.— Essa foi fácil! — disse, erguendo a pedra, satisfeita por não ter precisado usar magia.— Maravilha! — comemorou Lenissya ao meu lado, acompanhando meus movimentos e claramente esperando respostas.— Amo a água deste mundo! — exclamei, sentando-me à beira do riacho e percebendo que minhas roupas já estavam quase secas. Guardei a dióxy na bolsa, apanhei um punhado de água nas mãos e bebi. — Límpida e deliciosa!— Se você encontrar água suja em algum lugar de
POR LINCY— Está feito! — anunciei aos homens que estavam em roda, distraídos com uma explicação de Alister.— Demoraram! — reclamou Alister, e com razão. Eles ficaram esperando por muitas horas, e já estava começando a escurecer. A situação se complicou porque eu e Lenissya nos atrapalhamos ao pegar a dióxy de absorção e formular o restante do plano.— Estão com a dióxy de busca? — perguntou Lunester.— Claro! — eu e Lorena respondemos em uníssono, mostrando as dióxys de absorção, uma pedra redonda de um azul vívido, com cerca de nove centímetros.Os poderes de todas as dióxys absorvidas eram incorporados à pedra. Quando todas fossem assimiladas, teríamos em mãos uma arma extremamente poderosa, e percebi a necessidade de adotar medidas de segurança adicionais. Por precaução, mantive a dióxy de identificação e a de réplica guardadas separadamente. Era mais prudente que os buscadores permanecessem na ignorância, pois ter poder em mãos e compreender plenamente sua extensão é uma combina
POR LINCYColoquei minhas coisas sobre a mesa e fui conferir o arsenal de roupas que pertenciam a Lenissya. Soltei um suspiro ao notar que eram todas das mesmas cores: azul e branco. Só então me dei conta de que todos os halisianos que vi neste reino também usavam apenas essas cores. Lenissya não havia mencionado nada sobre isso!Mesmo sem precisar, despi-me e entrei nas águas de uma piscina embutida no cômodo ao lado do quarto. Águas mágicas, sem dúvida! Não era só pelo efeito delas, mas pela forma como eu sentia a energia que percorre este mundo se chocando contra mim. Era boa, revigorante e me fazia sentir tão... calma.— Perdão! Sinto muito! Não sabia que estava no banho — desculpou-se uma jovem que havia entrado no cômodo sem se anunciar.— Tudo bem, afinal, somos ambas mulheres. Da próxima vez, lembre-se de bater na porta antes. Qual é o seu nome? — perguntei, apoiando o cotovelo na borda e descansando o queixo sobre os braços.— Nindik, Alteza! Soube que é princesa em nosso pla
POR LINCYO ambiente do lado de fora era agradável. Os canteiros de flores exóticas, bem cuidados e bem distribuídos, eram o ponto forte do paisagismo do jardim. No interior do palácio, o ambiente estava especialmente agitado desde o café da manhã, em virtude da chegada de diversas pessoas que Alister considerava importantes.— Oi! Desculpe o atraso! — ouvi a voz ofegante de Lunester.— Está tudo bem — respondi, virando-me para Lunester e percebendo que ele também estava vestido de azul e branco. Ele se recompôs e aproximou-se com uma postura calma e respeitosa.— Onde está Jeradar? — perguntei, curiosa. Eles sempre estavam juntos, mas fazia algum tempo que eu não o via.— Tentei convencê-lo a vir, mas ele acha que será um peso nos seguir sem poder fazer nada. Não consegui tirar essa ideia da cabeça dele — respondeu Lunester, com a voz baixa e triste. Aproximei-me, diminuindo a distância entre nós, mais para desconcertá-lo com minha proximidade do que com a pergunta que faria a seguir
POR LINCYEsta era a décima vez que eu assumia um turno noturno nesses quarenta dias em que já estávamos aqui. As duplicatas temporais já haviam desaparecido, permitindo uma comunicação mais livre com o uso das dióxys.Segundo Lenissya, Miridar demorou a aprender a técnica do portal e, mesmo agora, seu limite era baixo, impedindo-o de se desvincular do trio dela. Ao contrário dele, Lunester dominou a técnica perfeitamente em poucos dias, e lamentei não ter escolhido Miridar em vez de Lunester. Uma terceira pessoa neste trio para bloquear as provocações de Alister seria bem-vinda, embora eu não tivesse certeza se ele ajudaria ou apenas atrapalharia mais.— Que demora, Alister! É só eu deixar uma tarefa nas suas mãos que acabamos estagnados.— Se achas ruim, venha mergulhar comigo e me mostre como se faz — provocou-me. Esta dióxy estava nas profundezas de um grande lago. O nevoeiro noturno, somado à própria escuridão, dificultava as buscas submersas.— Só porque você é um incompetente —
POR LINCYO restante da busca pela madrugada foi um misto de gritos e silêncio. Embora quase não trocássemos palavras, meus pensamentos gritavam contra mim o tempo inteiro. O que deu em mim? Como pude deixar aquele idiota me beijar?Evitei Alister ao máximo depois daquilo, mas, a cada vez que ele encostava levemente em mim, eu me lembrava daquela tragédia. Se ao menos o beijo dele não tivesse sido tão bom... Que droga!— Aonde estás indo? — perguntou ele. O sol já despontava no céu e, enquanto todos se dirigiam para a refeição matinal, eu subia a escada em direção ao quarto.Não o respondi. No que dependesse de mim, eu não falaria com ele nunca mais. Na pressa, acabei esbarrando em alguém no segundo andar. Suas mãos seguraram meus braços com gentileza, e ergui o olhar, suspirando de alívio ao reconhecer quem era.— Ei! Bom dia! — O sorriso amistoso de Lunester se desfez ao ver a seriedade no meu rosto. Eu não conseguia disfarçar minha indignação. — Está tudo bem?— Sinto muito! — afas
POR LINCYQuando voltei ao quarto, a lua já estava no auge. Acreditava realmente que nada tiraria minha alegria, mas me enganei. Assim que entrei e não encontrei minha bolsa com as dióxys de réplica e de identificação — as únicas que mantive separadas da de absorção — fui tomada por desconfiança. No lugar onde ela deveria estar, havia apenas um novo vaso de flores e uma caixinha bonita.Que golpe baixo de Alister, pegar as pedras! Ele sabia que eu gostava de analisar as novas aquisições para entender do que se tratavam. Eu sempre anotava no meu caderno os dons mais relevantes para a busca e repassava as informações aos outros. Peguei a caixa, torcendo para que as dióxys estivessem lá dentro, ou ele estaria encrencado comigo.— Que fofo! — deixei escapar ao abrir e encontrar um conjunto de joias e uma carta."Perdoe-me por ter sido impertinente; não quero que vás. Este presente é mais que um pedido de desculpas, é também uma forma de agradecer pelo que tens feito para ajudar a salvar e