POR LORENANos alinhamos em volta uns dos outros, mas quando peguei a dióxy de localização, Lunester tocou de leve minha mão como quem pede para eu recuar.— Confiem em mim! Precisamos ganhar tempo — pediu, segurando a mão de Jeradar e iniciando a invocação de um portal.Entreguei a dióxy de localização para Zuldrax guardá-la e segurei a mão livre dele. Com a outra mão, me segurei em Lincy, e ela em Miridar, e ele em Jeradar, fechando a corrente.Senti-me estremecer ao encarar aquelas luzes, e fechei os olhos assim que adentramos o portal dimensional. Desde a última experiência, ganhei um temor absoluto da dimensão zero.— Onde estamos? — perguntei, assim que meus pés se firmaram no chão e abri meus olhos. Havia muitas árvores ao redor, numa paisagem verde e exuberante. A grama sob meus pés era baixa, macia e de coloração esbranquiçada, tal qual a nossa aura agora. A claridade era tanta que tive que piscar várias vezes até me acostumar.— Halis — respondeu Lincy, afastando-se do grupo
POR LINCYHalasin era exatamente como Lenissya havia descrito, mas acompanhar tudo era impossível com a turbulência que se agitava dentro de mim. Passamos o restante do dia explicando ao irmão teimoso dela tudo o que havíamos descoberto até então. Teria sido mais fácil se ele acompanhasse o raciocínio com a mesma rapidez que Zuldrax.— Então, seremos alvos de uma invasão? — pronunciou-se o ancião ao lado de Alister. Estávamos em uma sala de reuniões, debatendo o assunto com muitos rostos ainda desconhecidos para mim, que, no momento, pouco poderiam ajudar.— Exatamente, Ikzar. Agora entendem a urgência da situação? Precisamos nos unir pelo bem do nosso lar — respondeu Zuldrax.— Já deveríamos estar procurando por Saitron — resmunguei para Lenissya.— Controle sua amiga apressadinha — ordenou Alister à irmã. — Estamos em reunião agora.— É claro que estou com pressa! — respondi em alto tom. — Quanto mais cedo resolvermos tudo, mais rápido eu volto para casa. Será que isso ainda não est
POR LINCYO ambiente do outro lado era misterioso, tanto em aparência quanto nas estranhas vibrações que emanavam ao redor. Parecia que estávamos no interior de uma caverna, cujas rochas, formando todas as paredes, tinham um tom amarelo fosco. A única iluminação vinha de fendas no teto.— Isso é holiath? — reconheceu Lenissya, apalpando uma das paredes. — Nossa!— Aproximem-se! — ordenou uma voz estranha e profunda. Como era impossível determinar de onde vinha, e por não ter ecoado, percebi que estava apenas em minha mente.Caminhei pelo corredor da caverna de holiath ao lado de Lenissya. Atrás de nós, estava o unigus que nos guiara até ali, e, um pouco à frente, uma fileira de unigus ainda maiores formava um corredor, conduzindo-nos ao líder. Saitron, o maior entre eles, possuía uma coloração mais acinzentada. Lenissya se curvou respeitosamente, e eu a imitei, observando atentamente.— Então o nosso Guardião está em ação. — Saitron sequer abriu a boca para dizer isso, e confirmei: co
POR LINCYGuardei a dióxy recém-adquirida na bolsa e peguei as outras duas que havia recolhido na caverna. Assim que localizei meu próximo alvo, senti-me aliviada ao perceber que era um lugar mais "normal". Abri o portal de novo, antes que fosse devorada pela areia ou tostada como um frango.— Onde estamos agora? — perguntou Lenissya, logo atrás de mim, assim que atravessamos. Estávamos cercados por árvores, com um riacho próximo. Caminhei até o riacho e entrei na água, procurando uma pedra específica entre as pedrinhas no fundo.— Essa foi fácil! — disse, erguendo a pedra, satisfeita por não ter precisado usar magia.— Maravilha! — comemorou Lenissya ao meu lado, acompanhando meus movimentos e claramente esperando respostas.— Amo a água deste mundo! — exclamei, sentando-me à beira do riacho e percebendo que minhas roupas já estavam quase secas. Guardei a dióxy na bolsa, apanhei um punhado de água nas mãos e bebi. — Límpida e deliciosa!— Se você encontrar água suja em algum lugar de
POR LINCY— Está feito! — anunciei aos homens que estavam em roda, distraídos com uma explicação de Alister.— Demoraram! — reclamou Alister, e com razão. Eles ficaram esperando por muitas horas, e já estava começando a escurecer. A situação se complicou porque eu e Lenissya nos atrapalhamos ao pegar a dióxy de absorção e formular o restante do plano.— Estão com a dióxy de busca? — perguntou Lunester.— Claro! — eu e Lorena respondemos em uníssono, mostrando as dióxys de absorção, uma pedra redonda de um azul vívido, com cerca de nove centímetros.Os poderes de todas as dióxys absorvidas eram incorporados à pedra. Quando todas fossem assimiladas, teríamos em mãos uma arma extremamente poderosa, e percebi a necessidade de adotar medidas de segurança adicionais. Por precaução, mantive a dióxy de identificação e a de réplica guardadas separadamente. Era mais prudente que os buscadores permanecessem na ignorância, pois ter poder em mãos e compreender plenamente sua extensão é uma combina
POR LINCYColoquei minhas coisas sobre a mesa e fui conferir o arsenal de roupas que pertenciam a Lenissya. Soltei um suspiro ao notar que eram todas das mesmas cores: azul e branco. Só então me dei conta de que todos os halisianos que vi neste reino também usavam apenas essas cores. Lenissya não havia mencionado nada sobre isso!Mesmo sem precisar, despi-me e entrei nas águas de uma piscina embutida no cômodo ao lado do quarto. Águas mágicas, sem dúvida! Não era só pelo efeito delas, mas pela forma como eu sentia a energia que percorre este mundo se chocando contra mim. Era boa, revigorante e me fazia sentir tão... calma.— Perdão! Sinto muito! Não sabia que estava no banho — desculpou-se uma jovem que havia entrado no cômodo sem se anunciar.— Tudo bem, afinal, somos ambas mulheres. Da próxima vez, lembre-se de bater na porta antes. Qual é o seu nome? — perguntei, apoiando o cotovelo na borda e descansando o queixo sobre os braços.— Nindik, Alteza! Soube que é princesa em nosso pla
POR LINCYO ambiente do lado de fora era agradável. Os canteiros de flores exóticas, bem cuidados e bem distribuídos, eram o ponto forte do paisagismo do jardim. No interior do palácio, o ambiente estava especialmente agitado desde o café da manhã, em virtude da chegada de diversas pessoas que Alister considerava importantes.— Oi! Desculpe o atraso! — ouvi a voz ofegante de Lunester.— Está tudo bem — respondi, virando-me para Lunester e percebendo que ele também estava vestido de azul e branco. Ele se recompôs e aproximou-se com uma postura calma e respeitosa.— Onde está Jeradar? — perguntei, curiosa. Eles sempre estavam juntos, mas fazia algum tempo que eu não o via.— Tentei convencê-lo a vir, mas ele acha que será um peso nos seguir sem poder fazer nada. Não consegui tirar essa ideia da cabeça dele — respondeu Lunester, com a voz baixa e triste. Aproximei-me, diminuindo a distância entre nós, mais para desconcertá-lo com minha proximidade do que com a pergunta que faria a seguir
POR LINCYEsta era a décima vez que eu assumia um turno noturno nesses quarenta dias em que já estávamos aqui. As duplicatas temporais já haviam desaparecido, permitindo uma comunicação mais livre com o uso das dióxys.Segundo Lenissya, Miridar demorou a aprender a técnica do portal e, mesmo agora, seu limite era baixo, impedindo-o de se desvincular do trio dela. Ao contrário dele, Lunester dominou a técnica perfeitamente em poucos dias, e lamentei não ter escolhido Miridar em vez de Lunester. Uma terceira pessoa neste trio para bloquear as provocações de Alister seria bem-vinda, embora eu não tivesse certeza se ele ajudaria ou apenas atrapalharia mais.— Que demora, Alister! É só eu deixar uma tarefa nas suas mãos que acabamos estagnados.— Se achas ruim, venha mergulhar comigo e me mostre como se faz — provocou-me. Esta dióxy estava nas profundezas de um grande lago. O nevoeiro noturno, somado à própria escuridão, dificultava as buscas submersas.— Só porque você é um incompetente —