Por Zuldrax
Meus passos firmes me conduziam à arena. De formato retangular, era um campo aberto onde ocorriam intensos treinamentos, com um patamar elevado na extremidade sul, reservado para os guerreiros mais fortes, aqueles que ocupavam altos cargos e eram considerados membros da elite.
Imensos muros de pedra circundavam a arena, e no topo, acima do patamar, uma grande bandeira hasteada com o brasão de Zafis tremulava ao vento. Em frente ao trono principal, havia uma mesa quadrada adornada com um paramento que também exibia o brasão. As duas espadas representadas ali simbolizavam união e poder—um lembrete de que, por mais forte que eu fosse, sozinho não significava nada.
Falhei tantas vezes em honrar esse brasão que constantemente me pergunto se sou realmente o melhor para Zafis, se mereço ser o rei.
Essa conferência não seria aberta ao público em geral, pois a lotação máxima da arena não permitia. A entrada seria monitora
Por ZuldraxPor algum motivo, depois de revelar quem era Lenissya, minha voz passou a fluir com mais facilidade. Agora, eu conseguia falar com clareza e firmeza:— Era o que todos pensávamos, inclusive Alister. Lenissya estava em outro mundo, e nem ela conhecia sua verdadeira origem. Faz pouco tempo que Alister a trouxe de volta para este mundo, e...Enquanto eu tentava explicar, o clima de ordem e silêncio foi finalmente quebrado. Murmúrios começaram a se espalhar pela multidão, e o espanto era visível nos rostos de muitos. A mistura de sentimentos nas auras ao redor encheu o espaço com pavor, medo, incerteza e, principalmente, ódio. Era exatamente o que eu tanto queria evitar. Mas, tendo falhado, agora teria que enfrentar as consequências do meu erro.— Isso é muito grave! Por que não nos contou antes? — questionou Drakhan, sua voz carregada de reprovação.— Não quis trazer preocupações desnecessárias. Achei que con
LenissyaEu estava muito sonolenta, arrastando os pés pelo chão. As luas iluminavam o caminho, enquanto as poucas estrelas visíveis nesse mundo pareciam querer se esconder. O silêncio da noite era timidamente tentador, e minha vontade de me deitar em qualquer lugar e tirar um cochilo sobrepunha qualquer outro sentimento. A partir de agora, teríamos pouquíssimas pausas para descanso até chegarmos a Henir.Alister havia exagerado ao me chamar de inconsequente. Ele estava me afastando, não me queria mais por perto, e isso me magoava, embora eu soubesse que ele me amava e acreditava estar fazendo isso para o meu bem.Nossa despedida não foi exatamente como eu esperava. Ele apenas disse “Boa viagem, Lenissya, e não esqueça que eu amo você!”, mandando-me imediatamente para Salis, sem um abraço ou qualquer gesto de carinho. Por que tanta pressa? Eu ainda não conseguia aceitar isso. Além disso, ele sequer deu um aviso prévio ao rei de lá. Não sabia como me receberiam, e eu também não queria i
Por LenissyaHavia um aglomerado de rochas, altas e fáceis de escalar. Começamos a subir e, depois de cerca de sete metros, conseguíamos enxergar tudo claramente novamente. O baixo nevoeiro não apenas obscurecia a luz das luas, mas também ocultava uma tempestade que se aproximava a toda velocidade. O vento soprava ferozmente, trazendo consigo uma enorme quantidade de areia, que se infiltrava em minhas roupas e batia com força contra meu rosto. Coloquei a mão à frente dos olhos para evitar que os grãos de areia caíssem neles.— Estávamos indo direto para a tempestade, até Vossa Alteza alterar a direção — disse Ikzar, agradecido, enquanto estendia a mão para me ajudar a entrar numa pequena caverna que havia ali. As paredes sólidas se estendiam por alguns metros, proporcionando uma estrutura segura. — Venha depressa! Precisamos fazer um escudo e lacrar a entrada antes que a tempestade nos alcance!Saltei para dentro e ajudei-os a refo
Por LenissyaOs dias seguintes da viagem foram árduos. Meu coração permanecia aflito pelo que acontecera e, agora, angustiado pela incerteza do que estava por vir. Como me receberiam? Eu seria bem tratada ou vista apenas como uma inconveniência?Era uma noite mais agradável. Olhei para as luas no céu e depois para o horizonte. Havia pontos luminosos ao longe. Seriam estrelas? À medida que nos aproximávamos, comecei a perceber que essas luzes se assemelhavam às lâmpadas do mundo em que cresci. Pontas de alguma construção começaram a se destacar conforme nos aproximávamos. Os detalhes ainda estavam embaçados, mas parecia-me uma cidade. Estaríamos finalmente chegando?— O que é aquilo? — perguntei, apontando na direção em que íamos, seguido de um bocejo.— Seradon, nosso destino final — respondeu Ikzar.O aspecto e os detalhes da cidade tornavam-se cada vez mais claros a cada passo. Lâmpadas flutuavam no
Por LenissyaToc, toc, toc. O som das batidas na porta era insistente, como se quisesse me arrancar do meu sono agradável. "Só mais cinco minutos", pensei, recusando-me a acordar.— Lenissya? Posso entrar? — Abri os olhos assim que reconheci a voz. Era Henry! Espreguicei-me na cama e me sentei. Ele bateu levemente mais algumas vezes na porta. Dei um longo bocejo antes de responder, dando meu consentimento.— Claro! Entre! — A porta se abriu, e ele deu uma espiada antes de entrar. — A casa é sua, não precisa ser tão formal.— Não é certo entrar no quarto de uma dama sem ser convidado, independentemente da situação — respondeu ele.Fiquei vermelha, mas continuei olhando-o, sem acreditar no que estava ouvindo. Ele permaneceu de pé perto da porta, segurando uma muda de roupas na mão.— Trouxe um vestido para você usar agora de manhã. Pedi que providenciassem mais roupas para você. Até o fim do dia, trarão o restant
Por LenissyaSeradon era repleta de obras maravilhosas, a começar pelas casas flutuando umas sobre as outras. Escadas flutuantes, como as do palácio, davam acesso a essas moradias, que, ao contrário das de Henir, não seguiam um padrão único. Cada casa tinha sua própria arquitetura e tamanho. Acho que o que havia de mais semelhante entre elas era a cor, que seguia os padrões verde e amarelo de Salis. No entanto, havia variações criativas, com diferentes tonalidades e gravuras que conferiam uma personalidade única a cada uma.— Henry, isso é incrível! Este lugar é lindo!Eu não me cansava de admirar tudo, e Henry não se cansava de rir das minhas reações. Estava realmente maravilhada. Passei a manhã inteira conversando com os parentes de Henry, que eram muitos, e a simpatia deles me encantava. Logo percebi que a educação de Henry vinha de sua família. Sem as guerras, a mortalidade dos salisianos era meno
Por LenissyaHenry voltou a me guiar, desta vez para dentro de um prédio imenso. As pessoas que entravam e saíam pareciam alheias à minha presença, todas imersas em suas tarefas.— Onde estamos exatamente? — perguntei, curiosa.— No centro de pesquisas e desenvolvimento. A biblioteca principal também fica neste prédio, assim como o setor de engenharia deste mundo. Tenho algo especial para você.— Algo para mim? — Ele despertou ainda mais minha curiosidade. Tentei captar alguma pista, mas ele manteve-se impassível, sem deixar escapar nenhuma reação suspeita.— É surpresa. Estamos quase lá.Os corredores seguiam em uma forma semilunar, e descemos para o andar inferior. Paramos diante de uma sala repleta de salisianos, homens e mulheres, todos concentrados em atividades específicas. O que mais chamou minha atenção foi um grupo ao norte da sala que, diferente dos outros, não estava focado em leitura e escrita, mas
Por LenissyaAlguns dias haviam se passado desde que cheguei a Seradon. Estive tão envolvida conhecendo tudo que, ao tropeçar sem querer na mochila no meu quarto, lembrei-me de que minha vinda aqui não era só por diversão. Além disso, eu tinha em meu poder um objeto que pertencia a esse povo e que precisava ser devolvido.— O que é isso, Lenissya? — Henry me perguntou durante o café da manhã, enquanto olhava para a caixinha em minhas mãos. Trouxe a relíquia comigo e agora a expunha na mesa para que toda a família real pudesse vê-la.— Acho que isso pertence a vocês. Não lhes contei essa história antes, mas, pouco antes de meu irmão me mandar para cá, estive em Julitar investigando a história da separação dos reinos e, por acaso, encontrei isso. Pertencia a Elric, e eu gostaria de aproveitar esta oportunidade para devolvê-lo.O pai de Henry foi quem pegou a caixa das minhas mãos, analisando a tranca com um olhar curioso. O am