Por LenissyaO corpo de Zuldrax estava sobre o meu, o amuleto tocando meu peito. Toda a escuridão que antes nublava minha mente se dissipou, e comecei a chorar pelas lembranças amargas. Aquele ódio era tão poderoso que me dominara completamente, e só de lembrar disso, o tormento voltava. O sangue de Zuldrax escorria pela minha pele. Ele estava gravemente ferido, mas, mesmo assim, não parava de me abraçar com força.— Você me salvou — falei com a voz embargada. Ele levantou o rosto e me olhou nos olhos.— Eu falei que você é minha.— Me perdoa! Eu te feri tanto, eu... — Ele interrompeu minhas palavras com um beijo profundo e demorado. Depois, acariciou meu rosto, limpando minhas lágrimas.— Por você, eu daria a minha vida. Você vale a pena! Não vou te soltar por mais nenhum segundo, e você sabe que sou duro de queda. Vou ficar bem!— Vaso ruim não quebra! — gritou Alister lá de fora, sorrindo. — Ganhaste meu respeito, Zuldrax!Henry, aliviado, se sentou no chão, abraçando o robô que eu
Por Lenissya— Tu és muito louco! — comentou Alister, rindo e se dirigindo a Zuldrax enquanto caminhávamos para fora da caverna. — Jogar-se daquele jeito num portal desconhecido, sem saber o que te esperava. Poderias ter morrido!— Eu sei, mas era a vida de todos que estava em jogo. E eu estava disposto a fazer esse sacrifício — respondeu Zuldrax, com seriedade.— E de onde você aprendeu aquela magia, Lenissya? — perguntou Henry, intrigado. Parei de andar e abaixei o rosto, pensativa. Eu havia quebrado uma lei deste mundo e não sabia se contar a verdade era o certo naquele momento.— Um aliado usou essa magia uma vez, e eu prestei atenção — respondi, por fim. — Quando fui consumida pelas trevas, tudo o que eu queria era mais poder, poder suficiente para eliminar qualquer um que cruzasse meu caminho. Então, comecei a replicar e treinar magias que poderiam me ajudar a alcançar esse objetivo. Foi tão fácil... nem sei explicar.— Que aliado? — perguntou Zuldrax, franzindo a testa. Antes q
LenissyaDespedi-me de Zuldrax há alguns dias, mas não foi uma despedida dolorosa. Em breve estaríamos juntos novamente. O acordo de paz já estava assinado e oficializado, e agora era apenas uma questão de tempo e esforço para reconstruir tudo o que a guerra havia destruído. Por isso, decidi voltar a Henir com meu irmão. Havia algo que eu precisava fazer, pois meu coração me pedia.— Daigar, você tem visitas.A voz de Ikzar causou profunda irritação em Daigar, e o sentimento era recíproco. Não havia grades, apenas correntes fixadas ao chão, prendendo-o pelos pulsos e tornozelos, impedindo-o de se mover ou usar magia. No entanto, ele se levantou de um salto ao ver-me ao lado de Alister e, logo em seguida, caiu de joelhos, prostrando-se em lágrimas.Eu sabia o que era odiar alguém que se ama e sentir-se impotente para controlar esse ódio. Daigar precisava de compreensão e de aprender a se perdoar, assim como eu vinha tentando fazer comigo mesma desde que feri as pessoas que mais amo.— E
POR LENISSYAOlhei a prateleira bagunçada buscando urgentemente um pedaço de papel para fazer algumas anotações. Sem querer, esbarrei meus dedos em um livro, deixando-o cair no chão. Era um dos mais recentes escritos, que contava sobre todos os fatos que levaram ao movimento de unificação que estávamos vivenciando.Agachei-me para pegar o livro e coloquei-o de volta ao seu devido lugar, puxando a seguir um pedaço de papel em branco. Não pude deixar de recordar todos os fatos que me levaram a esse momento, enquanto minhas mãos se moviam sobre o papel rabiscando palavras.Sou Lenissya, tenho vinte anos e sou a princesa da colônia halisiana no planeta Halasin, e agora sou a rainha de Zafis, território de refugiados vizinho. Faz mais de três anos que meu irmão mais velho, o rei Alister, me trouxe para esse planeta utilizando correntes de energia provenientes de grandes pedras de propriedades místicas e singulares. Rukmedes havia sido derrotado e a dióxy negra neutralizada. Agora, tudo cami
POR LENISSYASeus lábios se moviam contra os meus em sintonia, enquanto suas mãos percorriam meu corpo me despindo e me pressionando contra ele. Eu amava cada segundo com ele, bem como as diferentes formas que encontrava para me amar, vezes mais calma, e outras, mais sedentas. Em todos esses anos, nossas noites de amor não haviam mudado. Continuavam surpreendentemente marcantes e doces.Dessa vez, ele adormeceu primeiro. Era natural, considerando a viagem que faria com meu irmão no dia seguinte. Suas mãos me envolviam por completo, mas isso não me impediu de levantar o rosto e contemplar sua face serena. Tão lindo...Seu jeito protetor e paciente comigo, ganhou uma forma mais sólida nesses anos, assim como nosso amor. Por vezes, temia que minha ignorância com certos assuntos o fizesse passar vergonha, mas ele sempre contornava minhas gafes e ria com singeleza, dizendo: “essa é minha Lenissya!”Apesar da minha crescente insegurança, ouvi-lo dizer isso sempre me deixava muito feliz. Eu
POR LENISSYATeletransportei-me até a entrada de Julitar e segui em levitação entre as casas antigas, até avistar, ao longe, a luz de uma grande fogueira, acompanhada pelas lâmpadas salisianas que flutuavam ao redor.Aproximei-me cautelosamente da área e me teletransportei para o galho de uma árvore próxima, usando magia para camuflar minha presença. Projetei uma lente mágica para observar melhor o que estava acontecendo.O primeiro que detectei foi Henry, fazendo algum tipo de manutenção no Tecbot enquanto conversava com Luiz. Não muito longe deles, Zuldrax estava sentado ao lado de Drakhan, bebendo e conversando animadamente com Alister, que estava de frente para ele. Meu interior fervilhou ao vê-los assim. Considerando o quanto meu irmão e Zuldrax se odiavam, eu jamais imaginaria que pudessem alcançar tanta intimidade. Respirei fundo e esperei.Em algum momento, Zuldrax teria que se afastar do grupo, e então eu poderia sequestrá-lo por um tempinho, só para mim. Quando minhas pernas
POR LENISSYANunca me senti tão "nada" como naquele momento. Era como se minha existência estivesse se esvaindo, como se meu corpo não passasse de uma molécula no ar, sendo lançada em direções desconhecidas, à mercê do fluxo. Minha memória e meus sentidos começavam a falhar, e ergui a mão, percebendo que, em breve, ela não estaria mais ali... que eu não estaria.Por algum motivo, isso não me parecia desesperador. Eu simplesmente deixaria de existir e não sentiria mais nada. Todos os sentimentos ruins que me trouxeram até aqui desapareceriam junto comigo. Fechei os olhos por um breve instante, tentando me lembrar dos momentos mais importantes da minha vida. Foi então que percebi que minha existência não havia sido insignificante, e, quase sem pensar, levei a mão ao pescoço. Meus dedos roçaram o objeto, e um tremor de desespero percorreu meu corpo.— Qualquer lugar... — sussurrei, reunindo todas as minhas forças. Eu precisava sair dali, não importava onde fosse parar. Concentrei uma qua
POR LENISSYAQuando recobrei a consciência, encontrei-me deitada em uma maca, vestindo uma camisola de hospital. A claridade nas paredes brancas era um sinal claro de que o dia já estava no auge. Uma enfermeira estava ao meu lado, trocando uma bolsa de soro. Ela era jovem e bonita, com uma aura de um branco translúcido que me fez questionar se eu realmente estava de volta à Terra.— Olha só quem acordou. Que bom! Imagino que esteja confusa, mas preciso te fazer algumas perguntas — disse ela. Por algum motivo, olhar para ela me trazia uma sensação de calma.— Deixe comigo! — ordenou uma voz masculina. Segui o som e percebi que não estava sozinha no quarto. No leito ao lado, havia uma jovem também recebendo soro diretamente na veia. Sua aura era uma mistura de branco leitoso e translúcido, com bordas acinzentadas e pequenos pontos negros. Olhei para o nome bordado no jaleco do homem que se aproximava: "Dr. Vinícius Almeida."— A febre baixou, a pressão e os batimentos cardíacos estabili