POR LENISSYATeletransportei-me até a entrada de Julitar e segui em levitação entre as casas antigas, até avistar, ao longe, a luz de uma grande fogueira, acompanhada pelas lâmpadas salisianas que flutuavam ao redor.Aproximei-me cautelosamente da área e me teletransportei para o galho de uma árvore próxima, usando magia para camuflar minha presença. Projetei uma lente mágica para observar melhor o que estava acontecendo.O primeiro que detectei foi Henry, fazendo algum tipo de manutenção no Tecbot enquanto conversava com Luiz. Não muito longe deles, Zuldrax estava sentado ao lado de Drakhan, bebendo e conversando animadamente com Alister, que estava de frente para ele. Meu interior fervilhou ao vê-los assim. Considerando o quanto meu irmão e Zuldrax se odiavam, eu jamais imaginaria que pudessem alcançar tanta intimidade. Respirei fundo e esperei.Em algum momento, Zuldrax teria que se afastar do grupo, e então eu poderia sequestrá-lo por um tempinho, só para mim. Quando minhas pernas
POR LENISSYANunca me senti tão "nada" como naquele momento. Era como se minha existência estivesse se esvaindo, como se meu corpo não passasse de uma molécula no ar, sendo lançada em direções desconhecidas, à mercê do fluxo. Minha memória e meus sentidos começavam a falhar, e ergui a mão, percebendo que, em breve, ela não estaria mais ali... que eu não estaria.Por algum motivo, isso não me parecia desesperador. Eu simplesmente deixaria de existir e não sentiria mais nada. Todos os sentimentos ruins que me trouxeram até aqui desapareceriam junto comigo. Fechei os olhos por um breve instante, tentando me lembrar dos momentos mais importantes da minha vida. Foi então que percebi que minha existência não havia sido insignificante, e, quase sem pensar, levei a mão ao pescoço. Meus dedos roçaram o objeto, e um tremor de desespero percorreu meu corpo.— Qualquer lugar... — sussurrei, reunindo todas as minhas forças. Eu precisava sair dali, não importava onde fosse parar. Concentrei uma qua
POR LENISSYAQuando recobrei a consciência, encontrei-me deitada em uma maca, vestindo uma camisola de hospital. A claridade nas paredes brancas era um sinal claro de que o dia já estava no auge. Uma enfermeira estava ao meu lado, trocando uma bolsa de soro. Ela era jovem e bonita, com uma aura de um branco translúcido que me fez questionar se eu realmente estava de volta à Terra.— Olha só quem acordou. Que bom! Imagino que esteja confusa, mas preciso te fazer algumas perguntas — disse ela. Por algum motivo, olhar para ela me trazia uma sensação de calma.— Deixe comigo! — ordenou uma voz masculina. Segui o som e percebi que não estava sozinha no quarto. No leito ao lado, havia uma jovem também recebendo soro diretamente na veia. Sua aura era uma mistura de branco leitoso e translúcido, com bordas acinzentadas e pequenos pontos negros. Olhei para o nome bordado no jaleco do homem que se aproximava: "Dr. Vinícius Almeida."— A febre baixou, a pressão e os batimentos cardíacos estabili
POR LENISSYAO silêncio tornou-se meu refúgio desde o momento em que deixei o hospital. Agora, eu era novamente Lorena V. P., filha de Bruna V. P. e Jonas P., a garota que havia desaparecido misteriosamente e sido encontrada em outro estado. Exceto pelo meu cabelo comprido, meus pais adotivos não notaram nenhuma outra mudança drástica em minha aparência. Por vezes, olhei-me no espelho e me perguntei por que todas as auras, inclusive a minha, pareciam tão brancas. — Filha, você continua se negando a prestar depoimento. Precisa começar a se abrir — reclamou minha mãe. — Eu não quero falar, entenda! — Sentei-me no sofá da sala, cruzei as pernas e apertei nervosamente as mãos uma contra a outra.Meus pais haviam dito que me levariam para comprar materiais escolares, já que me matricularam na semana passada. Isso era inevitável, pois, para eles, eu ainda tinha 17 anos e não havia terminado o último ano do ensino médio. Agora, eu teria que recomeçar o ano letivo. As aulas haviam recomeçad
POR LORENAA manhã estava mais agitada que o normal. Sendo véspera de Natal, a loja estava lotada, e eu mal tinha tempo de dobrar as roupas entre um cliente e outro. A loja dos meus pais vendia de tudo, desde moda até artigos diversos. — Quero um travesseiro. — A figura ao meu lado apareceu com um grande sorriso. Seus cabelos, que antes eram cacheados, agora caíam lisos até os ombros. — Bia, péssima hora para aparecer. — Beatriz era minha melhor amiga desde sempre, mas, ao contrário de mim, não havia mudado nada. Seu jeito estabanado parecia ter se intensificado ainda mais desde que entrou na faculdade. — Ah, qual é, Lorena? Você nem deveria estar trabalhando aqui para começo de conversa. — E onde mais eu deveria estar? — retruquei, enquanto minhas mãos arrumavam a pilha de roupas sobre o balcão.— Em primeiro lugar, na faculdade. — Isso de novo não, por favor! — De novo sim, senhorita. Alguém precisa te lembrar que você tem um potencial muito maior na vida do que ser balconista
POR LORENA— Devo estar louca! — falei comigo mesma, ao chegar no endereço indicado, pontualmente às 12h30. Era uma casa grande, de dois andares, pintada de cinza, com altos muros e cerca elétrica. Se não fosse pela música alta e os risos estridentes ao fundo, eu teria pensado que estava no endereço errado.Toquei a campainha, e um rapaz de pele escura e cabelos curtos abriu a porta metálica branca. Vestia apenas uma bermuda azul-escuro com uma listra amarela em ambos os lados. Não havia dúvidas de que era o namorado da Bia; percebi isso assim que vi o padrão dela na aura dele. Aparentemente, a aura dela não era a única... — Quem é você? — perguntou-me, curioso. — Lorena! — estendi a mão, cumprimentando-o. — Sou amiga da Beatriz. Ela me convidou.— Ora, então você é a Lorena? Ela fala muito de você para mim. — Ele apertou minha mão e depois gesticulou para que eu entrasse. — Amor, olha quem chegou! O grito dele chamou a atenção de um pequeno grupo reunido no gramado em frente à cas
POR LORENA— Vou matar a Bia! — deixei escapar ao ver a mensagem que apareceu no meu celular de um número desconhecido assim que me deitei na cama. Como ela passa meu número sem me consultar?“Oi! Lorena, aqui é o Matheus. Só queria saber se chegou bem em casa.” Visualizei a mensagem e fui olhar minhas redes sociais enquanto pensava se respondia. Cerca de dois minutos depois, recebo outra:“Espero que não se importe que eu tenha pedido o seu número. É que é difícil achar amigos de verdade hoje em dia que se pareçam conosco. Queria que fossemos amigos, Lorena.”— Se for só isso... — sussurrei para mim mesma, começando a digitar uma resposta, ciente de que, a partir daqui, não haveria mais volta.“Olá Matheus! Cheguei bem. Obrigada por se preocupar! Acredito que tudo bem sermos amigos. E você? Chegou em casa bem?” Enviei a mensagem e ri da minha própria estupidez, por ter me esquecido que ele morava na casa ao lado. Já não dava mais para corrigir...“Claro... tirando que quase fui ata
POR LORENAUma disparada de mensagens tomou conta do meu celular naquela noite. A insistência aumentou a ponto de começarem a me ligar. Coloquei o celular no modo avião e me joguei na cama após um demorado e relaxante banho quente. Mal consegui dormir e acordei sendo cutucada pela minha mãe.— Querida, está tudo bem? Seus amigos estão na sala. Estão preocupados com você. — O quê? — gemi. Eu não tinha disposição para levantar. — Podia ao menos ter mandado uma mensagem avisando que chegou bem — Bia entrou resmungando, com as mãos na cintura. Para ela, não havia cerimônias; já era de casa.— Eu não quero falar com ninguém. — Lo, me desculpa! Eu não quis te chatear. — Ela se aproximou, sentando-se na beirada da cama. Minha mãe colocou a mão na minha testa e suspirou fundo.— Parece que você está com febre. Vou pegar um analgésico na cozinha. — Com licença! — soou uma voz masculina, parando na porta do meu quarto. Era Jeff. Logo atrás, Matheus abriu espaço para minha mãe sair, e os doi