Por ZuldraxO Rei Nicolas sorriu para mim e, inesperadamente, retribuiu a reverência que fiz. Não só ele, mas sua esposa também abaixou a cabeça em sinal de respeito.— Obrigado, Zuldrax. Graças a você e Lenissya, temos uma perspectiva melhor para o futuro deste mundo. Leve minha V4, por favor — disse Nicolas, erguendo a cabeça e me entregando um pequeno objeto cônico. — Agora, salve-a!Assenti, grato, e ao sair da construção, encontrei todos já em suas posições. Alister estava na garupa de Henry e Brook na de Luiz, prontos para partir. Drakhan permanecia firme, atento, aguardando minhas ordens.— O que meu pai queria? — perguntou Henry, curioso.— Ele me deu isso — respondi, erguendo a pequena pedra que acabara de receber e exibindo-a para ele.— É a V3, elemento de propulsão. Sem ela, a V4 não vai para frente. Encaixe-a na parte de trás daquela V4. — Henry apontou para o único veículo vazio. — Eu te mostro — disse Drakhan, apontando para uma fenda na parte traseira, sob o veículo. A
Por ZuldraxNão tardou para anoitecer. Já estávamos próximos e prosseguimos até o ponto em que os veículos deles foram repelidos, quase lançando-os contra o chão. Eu já havia sentido essa energia poderosa e parei instantes antes. Não dava para continuar. A percepção que meu corpo tinha do cinturão de energia repulsiva era tão intensa que eu quase podia vê-lo. Ele circundava toda a zona, formando uma barreira de proteção. Eu não sabia ao certo se estava ali para preservar algo que se escondia dentro ou para evitar que os desastres alcançassem aqueles que tentassem entrar de fora.O cinturão se erguia alto o bastante para impossibilitar qualquer salto sobre ele, e ao mesmo tempo, baixo o suficiente para tornar inviável qualquer tentativa de escavação. Havia algumas fissuras no solo que poderiam, talvez, permitir uma entrada, mas explorar cada uma delas levaria tempo — e tempo era justamente o que não tínhamos.— E agora? — Alister perguntou impacientemente, esperando por respostas. Desc
Zuldrax — Acho que agora estamos seguros — comentei, observando que a cratera formava um túnel cujo teto nos protegia dos perigos externos.— Precisamos ir mais fundo — disse Alister com seriedade. — Sinto que Lenissya está próxima, mas algo está errado. É como se ela estivesse consumindo muita de sua energia mágica.— Se ela está em batalha, precisamos correr! — falei, ansioso. Não perdi tempo analisando o terreno, nem esperei que Alister assumisse a liderança. Havia apenas um caminho, e era para lá que eu iria. O ambiente ao redor era sufocante, com uma complexidade difícil de explicar, até mesmo para mim. Aumentei o fluxo de energia, aprimorando meus instintos ao máximo, atento a qualquer sinal de perigo, embora até agora nada tivesse surgido. Não demorou muito para que eu pudesse finalmente sentir sua presença.— Está ali! — falei, deixando que Henry descesse ao chão e aguardando Alister se aproximar. Tecbot nos seguia fielmente, sem perder velocidade.— Ela deve ter entrado ness
ZuldraxFui forçado a tomar uma decisão que eu não queria. Aproveitando a única brecha que percebi no chão, concentrei toda a minha energia na lâmina e desferi um golpe poderoso contra o solo. A força da onda de impacto se espalhou em linha reta, destroçando os galhos que avançavam contra nós e seguindo em direção a Lenissya. Eu temia machucá-la, mas era a única maneira de neutralizar o feitiço e garantir que saíssemos dessa situação com segurança, atacando diretamente a origem do poder.Felizmente, ela reagiu a tempo, projetando um escudo ao seu redor enquanto os ramos se desintegravam no ar. Foi um alívio vê-la se defendendo, mas a preocupação logo tomou conta. O que ela faria a seguir?— Seu amor é tão falso quanto a coroa que herdaste, Zuldrax. Você não tem porte nem capacidade para ser rei. — Sua voz, outrora doce, agora transbordava ódio e amargura. Mas eu não deixei que isso me afetasse. Eu sabia que essa não era a verdadeira Lenissya, ela jamais falaria assim.— Para com isso,
Por LenissyaO corpo de Zuldrax estava sobre o meu, o amuleto tocando meu peito. Toda a escuridão que antes nublava minha mente se dissipou, e comecei a chorar pelas lembranças amargas. Aquele ódio era tão poderoso que me dominara completamente, e só de lembrar disso, o tormento voltava. O sangue de Zuldrax escorria pela minha pele. Ele estava gravemente ferido, mas, mesmo assim, não parava de me abraçar com força.— Você me salvou — falei com a voz embargada. Ele levantou o rosto e me olhou nos olhos.— Eu falei que você é minha.— Me perdoa! Eu te feri tanto, eu... — Ele interrompeu minhas palavras com um beijo profundo e demorado. Depois, acariciou meu rosto, limpando minhas lágrimas.— Por você, eu daria a minha vida. Você vale a pena! Não vou te soltar por mais nenhum segundo, e você sabe que sou duro de queda. Vou ficar bem!— Vaso ruim não quebra! — gritou Alister lá de fora, sorrindo. — Ganhaste meu respeito, Zuldrax!Henry, aliviado, se sentou no chão, abraçando o robô que eu
Por Lenissya— Tu és muito louco! — comentou Alister, rindo e se dirigindo a Zuldrax enquanto caminhávamos para fora da caverna. — Jogar-se daquele jeito num portal desconhecido, sem saber o que te esperava. Poderias ter morrido!— Eu sei, mas era a vida de todos que estava em jogo. E eu estava disposto a fazer esse sacrifício — respondeu Zuldrax, com seriedade.— E de onde você aprendeu aquela magia, Lenissya? — perguntou Henry, intrigado. Parei de andar e abaixei o rosto, pensativa. Eu havia quebrado uma lei deste mundo e não sabia se contar a verdade era o certo naquele momento.— Um aliado usou essa magia uma vez, e eu prestei atenção — respondi, por fim. — Quando fui consumida pelas trevas, tudo o que eu queria era mais poder, poder suficiente para eliminar qualquer um que cruzasse meu caminho. Então, comecei a replicar e treinar magias que poderiam me ajudar a alcançar esse objetivo. Foi tão fácil... nem sei explicar.— Que aliado? — perguntou Zuldrax, franzindo a testa. Antes q
LenissyaDespedi-me de Zuldrax há alguns dias, mas não foi uma despedida dolorosa. Em breve estaríamos juntos novamente. O acordo de paz já estava assinado e oficializado, e agora era apenas uma questão de tempo e esforço para reconstruir tudo o que a guerra havia destruído. Por isso, decidi voltar a Henir com meu irmão. Havia algo que eu precisava fazer, pois meu coração me pedia.— Daigar, você tem visitas.A voz de Ikzar causou profunda irritação em Daigar, e o sentimento era recíproco. Não havia grades, apenas correntes fixadas ao chão, prendendo-o pelos pulsos e tornozelos, impedindo-o de se mover ou usar magia. No entanto, ele se levantou de um salto ao ver-me ao lado de Alister e, logo em seguida, caiu de joelhos, prostrando-se em lágrimas.Eu sabia o que era odiar alguém que se ama e sentir-se impotente para controlar esse ódio. Daigar precisava de compreensão e de aprender a se perdoar, assim como eu vinha tentando fazer comigo mesma desde que feri as pessoas que mais amo.— E
POR LENISSYAOlhei a prateleira bagunçada buscando urgentemente um pedaço de papel para fazer algumas anotações. Sem querer, esbarrei meus dedos em um livro, deixando-o cair no chão. Era um dos mais recentes escritos, que contava sobre todos os fatos que levaram ao movimento de unificação que estávamos vivenciando.Agachei-me para pegar o livro e coloquei-o de volta ao seu devido lugar, puxando a seguir um pedaço de papel em branco. Não pude deixar de recordar todos os fatos que me levaram a esse momento, enquanto minhas mãos se moviam sobre o papel rabiscando palavras.Sou Lenissya, tenho vinte anos e sou a princesa da colônia halisiana no planeta Halasin, e agora sou a rainha de Zafis, território de refugiados vizinho. Faz mais de três anos que meu irmão mais velho, o rei Alister, me trouxe para esse planeta utilizando correntes de energia provenientes de grandes pedras de propriedades místicas e singulares. Rukmedes havia sido derrotado e a dióxy negra neutralizada. Agora, tudo cami