LÚCIANão foi o som da tempestade que me acordou, mas os passos do macho bêbado que empurrou a porta do meu quarto.O macho cheirava a bebida e seus olhos estavam injetados de fúria, suas roupas amassadas e seus cabelos desalinhados. Ele havia dormido no sofá na noite passado enquanto bebia sua última garrafa de uísque. Olhei para o despertador ao meu lado que havia me deixado na mão. Era para ele ter me acordado para que eu pudesse sair para trabalhar antes que ele me acordasse...Meu pai segurava a garrafa vazia em sua mão e seus lábios se torceram em uma careta para mim.— Dormindo ao invés de trabalhar? você não vale nada assim como sua mãe! — ele cuspiu as palavras e para meu horror, jogou a garrafa vazia contra mim.Não consegui me desviar a tempo e a garrafa bateu contra a minha testa, o sangue escorrendo imediatamente.Eu o odeio, ele não pode ser chamado de pai! Cibele, minha loba rosnou em minha mente e começou a tentar me curar.Meu pai tentou avançar contra mim, mas corri d
JANEMarius me olhava chocado com o que eu dizia e quanto mais sua expressão se suavizava e eu o via ficar pensativo, pesando cada palavra que eu disse, mais eu começava a acreditar que estava certa.Eu não estava delirando por causa da dor de cabeça repentina, e comecei a acreditar que essas dores de cabeça poderia ser a própria deusa Selene tentando me avisar que era um erro o matarem.— Jane, sei que quer encontrar seu pai, mas não temos nenhuma prova disso. Ele ainda é o macho que nos caçou e... — Marius começou a dizer, mas eu me levantei da cama o interrompendo.— Eu sei disso, Marius. Mas essa possibilidade existe, e se eu estiver certa e eles o matarem? E se essa for a minha única chance de descobrir sobre o meu passado? — falei sentindo o meu coração bater mais rápido.O rosto da fêmea pairando em minha mente, enquanto minhas mãos suavam e eu imaginava os lobos de Kilian invadindo a casa do macho Grayson e o matando.Comecei a caminhar de um lado para o outro no quarto, roend
Eu não queria pensar naquilo nesse momento, porque a única coisa que se passava em minha mente era que o tempo estava correndo.Desviei o olhar do macho que me encarava e fui até o armário onde eu havia guardado as roupas que Kevin trouxe.Enquanto puxava um casaco e procurava sapatos, Marius se aproximou de mim por trás de me tocou no ombro.— Jane, vamos conversar sobre isso? Eu não acho que Kilian irá enviar seus lobos hoje. Ele vai pensar bem em como fazer isso.Me virei para o macho e tirei sua mão do meu ombro. A expressão de Marius era mais calma agora, mas eu via agora claramente o que ele temia.— Você acha que se ele for o meu pai eu vou de alguma forma abandonar você? Que vou ir embora?Quando ele não respondeu, eu sabia que era isso.— Não é isso, estou zelando pela sua segurança e não acho inteligente sair correndo no meio de uma tempestade para a casa do macho que tentou nos matar. — Ele negou veementemente.Eu não acreditei em uma palavra do que ele disse.— Venha comig
Marius apenas fechou os olhos e respirou fundo. Eu estava sentada agora o encarando, esperando que ele usasse o seu bom senso e cumprisse com sua promessa.— Eu preciso de tempo, está bem? — ele disse por fim, abrindo os olhos e olhando para mim.— Tempo? Quanto tempo? — questionei.Quando ele não respondeu, eu imediatamente soube que nem mesmo ele sabia, estava completamente mergulhado em seus medos e paranoia.Respirei fundo.— Está bem, vou deixá-lo pensar um pouco.Eu não tinha tempo. Me levantei da cama e coloquei a roupa.— Onde você vai? — Marius perguntou se sentando na cama.— Eu vou fazer o almoço. Pode esperar aqui, e não se preocupe, não vou fugir.Marius estreitou os olhos e pareceu analisar minha expressão e o que eu havia dito.— Não há nenhum carro aqui perto e você me encontraria em segundos. Além disso, confio e você vai tomar a melhor decisão. A decisão correta. — falei e sai do quarto deixando-o pensativo.Desci as escadas e fui direto para os armários onde eu havia
Enquanto descia correndo a colina, a chuva caía espessa ao meu redor, meus pés afundando na lama, meus pensamentos todos voltados para Marius na casa.Meu coração doía tão intensamente que cogitei mais de uma vez retornar para ele. Retornar para a casa e implorar o seu perdão, mas se fizesse isso, como eu poderia descobrir sobre o meu passado? Como poderia saber se aquela fêmea da foto era a minha mãe? Agora ela não era mais um nome em uma lápide destruída, mas um rosto que eu havia visto. Ela tinha uma vida.Será que Marius me perdoaria? Eu não sabia e isso quase me sufocou.Continuei descendo a colina e minhas lágrimas se misturaram com os pingos da chuva sobre a minha cabeça. Se ele não me perdoasse, se eu estivesse o perdendo...Não, eu não podia pensar nisso agora!Se pensasse, desistiria.Continuei caminhando até encontrar uma estrada de terra, segui por ela até chegar em uma pequena cidade e a primeira coisa que fiz foi procurar terminal de ônibus. Eu sabia que havia levado a n
LÚCIAOs três machos me olhavam como se eu tivesse dito que os mataria. Naquele momento me ocorreu que aquilo devia ser um segredo e possivelmente a razão de estarem discutindo antes.O macho que discutia com Kevin o encarou e eles pareceram discutir silenciosamente.O outro macho com olhos em tons prateados estava observando os dois.— Quer dizer, quem são vocês? Ah, quer saber isso não importa. — falei e comecei a me levantar da cama, quando fiz isso, percebi que estava usando uma camisola de seda branca.Fiquei chocada porque aquilo definitivamente não era meu.Levantei o olhar para os três machos.— Qual dos tarados colocou isso em mim? — questionei.Os três machos se entreolharam e os de olhos em tons prateados e o que parecia um tipo de rei da beleza olhou para o que havia me atropelado.— Resolva isso, Kevin. Agora. — O macho que discutia antes rosnou e saiu do quarto.O que havia apenas observado até agora de olhos estranhos saiu em seguida, ele lançou um rápido olhar em minha
TRISTAN Caminhei de um lado a outro do quarto ainda pensando nas ordens de Kilian. Havia acabado de sair do banho e mesmo após um longo tempo debaixo da água fria pensando na razão de suas ordens, não conseguia chegar a uma solução. Mas eu sabia que ele estava tramando algo. Ele parecia estranho ao telefone, pedindo que eu capturasse o macho rastreador ao invés de matá-lo. Se eu havia entendido bem, aquele macho estava atrás de Marius e Jane, pelo que aconteceu na clareira e ele que os havia sequestrado. Não sabia como eles haviam escapado, mas agora Jane estava segura. Respirei fundo me lembrando do terror que senti ao ver o sangue no quarto vazio, sem ter ideia do que havia acontecido aos dois. Por um instante, apenas por um instante, desejei não ter sido tão rude com ambos. E as últimas palavras de Jane para mim me dizendo que me odiava pareceram cortar ainda mais fundo após sua partida. Fui até o pequeno banheiro e lavei o rosto, encarando-me no espelho vi as olheiras profunda
LÚCIASeus olhos estavam fixos em mim e meu coração começou a bater descompassado. Aquele macho olhava nos meus olhos com tamanha profundidade, não era como outros que me lançavam um olhar de desprezo ou desdém.Sim, ele estava me interrogando e eu não podia confiar nele, mas ele me olhava como se eu fosse alguém digno de conhecer.Não, eu devia estar apenas delirando, ele estava apenas interessado em saber quem eu era porque talvez eu representasse algum perigo para sua verdadeira identidade.Eu não podia ser tola.— O que você disse, Lúcia, antes sobre os lobos meu e dos meus irmãos...Então eles era irmãos.— Eu já disse, não sei porque disse aquilo, estava confusa...O macho me encurralou contra a porta e pressionou seu corpo contra o meu. Suas mãos desceram para minha cintura e ele estava com o rosto a centímetros do meu.O terror daquele momento sendo encarada por aqueles olhos vermelhos fez com que meus pelos do corpo se arrepiassem e um frio na espinha me percorreu.De repent