Quando eu acordo, o outro lado da cama está frio. Meu braço se estica, procurando pelo corpo de Leon, mas encontra apenas um espaço vazio na cama, apesar de ela ser pequena.
- Leon? – chamo por ele, esperando uma resposta, mas simplesmente recebo o silencio da casa. O Alex estava em casa? Ou eu estava completamente sozinha?
Tinha apenas vestido uma lingerie e tinha uma blusa jogada no chão. Pego ela e a visto. Tem o mesmo cheiro da jaqueta que o Leon me deu em Ribeirão Preto. A jaqueta! Me lembro que não devolvi ela a Leon. Pego na minha maleta e tiro ela para fora. Me dirijo ao armário para meter ela junto das outras roupas de Leon. Mas a roupa dele não estava lá. Ele ainda não arrumou as roupas dele? Fecho as portas e vejo que as maletas de Leon também não estão no quarto. Sinto um pouco de vento entrando pelo quarto, vindo da janela, que me dá arrepios. Fecho ela e saio do quarto.
A porta do banheiro está aberta e ninguém está lá. Bato à porta do quarto do Alex, mas sem resposta. Entro na confiança e ele também não estava lá. Fecho a porta e me dirijo à sala tendo a confirmação de que estou sozinha naquela casa. Me sento um pouco, esperando que alguém chegue e tomo o café da manhã.
A porta da casa abre, mas quem entre é Alex.
- Bom dia! – fala ele, ele estava vestido e parecia cansado, como se tivesse saído a meio da noite.
- Bom dia. – eu falo, abrindo um sorriso.
- Está tomando o café da manhã?
- Tô. – pego numa tosta – Quer uma?
- Sim!
Ele se senta e começa comendo. Ele estava realmente com fome.
- Então… - eu engulo um pouco de pão – Onde tá Leon?
Ele olha para mim e continua em silêncio.
- Tá tudo bem com ele? – eu falo preocupada.
- Renata… - ele para de comer e olha para mim – Eu não quero mentir para você. – ele olha para o vazio – Ele me contou o que aconteceu entre vocês os dois. – ele levanta a mão - Não fique puta com ele. – ele pausa por um pouco – Eram 4 da manhã e estava ouvindo barulho vindo da sala. Saí do meu quarto e ele estava na sala com as maletas para ir embora. – ele continua – Eu perguntei para onde ele estava indo e me respondeu que estava voltando para Ribeirão Preto.
Eu me levanto e corro para o quarto. Eu tenho que me arranjar para ir também. Alex vem atrás de mim.
- Renata – ele entra no quarto – ele pediu para lhe contar que estava indo para casa, mas ele também pediu para você não ir atrás dele.
- Por quê? – pergunto confusa.
- Não sei. Ele não me falou. – ele coloca a mão em meu ombro – Mas eu também achei estranho. Se ele gosta de você, não sei qual é a razão para estar indo embora.
- Eu tenho que falar com ele, Alex. – me controlo para não chorar.
- Eu não vou impedir de você ir atrás dele. Eu faria a mesma coisa se tivesse uma garota que eu gostasse…, Mas sinceramente eu acho que ele sabe que você vai atrás dele.
- Me pode chamar um táxi para me levar ao aeroporto? – eu pergunto.
- Posso. – ele diz e sai do quarto.
Eu cada vez percebo menos o que vai na cabeça do Leon. Ele tão depressa está bem comigo, como de repente foge de mim. Eu preciso ir atrás dele, e falar tudo o que eu tenho que falar. E preciso saber também o que ele sente por mim.
Alex chama por mim e diz que o táxi já chegou. Me despeço dele e vou para o aeroporto, consigo uma passagem para Ribeirão Preto naquela hora, e parto.
(…)
Chego a Ribeirão Preto e vou de imediato para casa dos pais dele. Quando lá chego, Leon ainda não estava lá. Os pais dele me disseram que Leon ligou para eles dizendo que estava indo para lá, mas que ia demorar porque estava indo de ônibus. Eles me perguntam o que se passa, mas eu descanso-os dizendo que tá tudo bem. Minto para eles e digo que só preciso dar uma coisa para ele antes de ir embora.
(…)
Passaram horas desde que cheguei a Ribeirão Preto e Leon finalmente chega a casa. Quando ele me vê, não parece surpreendido.
- Venha. – ele me fala, depois de deixar as maletas no chão – Preciso falar com você.
Eu vou atrás dele e ele me leva até à sacada e espero que ele comece a falar, mas não.
- Eu preciso falar para você o que tenho para falar desde que cheguei aqui. – eu falo, mas ele continua de costas para mim, olhando para a paisagem urbana – Leon, eu nunca acreditei no amor à primeira vista… - engulo um pouco a minha saliva – Eu sempre pensei que isso era uma coisa absurda, uma coisa de filme. – eu me ponho junto dele, olhando também a paisagem. – Mas isso foi até conhecer você. Eu… Eu no início também não sabia bem o que sentia por você – as lágrimas começam correndo pela minha cara -, mas depois com o passar do tempo… - ele olha para mim – Com o passar do tempo eu percebi que gostava de você… Eu percebi que amava você…
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Leon coloca as mãos na minha cara e me beija. O beijo é demorado e só paramos quando o ar falta. Leon limpa as lágrimas da minha cara.
- A gente não pode… - ele desvia o olhar para a paisagem – A gente não pode ficar junta.
- Porque não? – as lágrimas voltam a correr pela minha cara.
- Não faça perguntas, é o melhor para você.
- Não! – falo alto e ele me vira costas novamente, colocando as mãos no muro da sacada – Eu recuso pensar que a gente não pode ficar junta, se nós gostamos um do outro.
- Foi tudo mentira, ok? – ele continua de costas voltadas para mim – Tudo o que aconteceu entre nós… Isso foi tudo eu me aproveitando de você.
Eu demoro um pouco a processar as palavras dele.
- E-eu não acredito. – me aproximo um pouco dele.
- É a verdade, Renata.
- Diga isso olhando para mim. – digo, agarrando o braço dele.
- Não torne isso mais difícil para você.
- Me olha na cara e me diga isso!
- Eu não gosto de você, tá? – ele olha para mim, e pude ver nos olhos dele raiva – Eu só usei você para prazer meu… - ele pausa por um pouco.
- Porque será que eu não acredito nem um pouco nas suas palavras?
- Porra! – ele fala baixo e sai de perto de mim. – Eu quero que você saia da minha vida, está bem? – eu me aproximo dele e ele continua falando – Você foi apenas um brinquedo que eu usei… - fico de boca aberta com aquilo que fala – Eu já tive o que queria, agora quero que você vá embora. – eu lhe dou um tapa na cara e fica um silêncio constrangedor na sacada daquela casa. Ele volta a falar – Eu disse que queria tornar isso mais fácil para você, mas você não me deu a chance. Desculpa. – termina.
- Você é um porco!
Saio da casa dos pais dele, sem me despedir de ninguém. Chamo um táxi e me dirijo para o aeroporto. Pelo caminho minha mãe me liga. Eu conto-lhe todo o aconteceu e ela me lembra de suas palavras: “se der errado é porque tinha que acontecer. Mas você nunca pode ir abaixo. Se isso acontecer é porque há alguém no mundo que te merece mais”. Digo a ela que vou para os Estados Unidos, que não consigo ficar mais no Brasil. Ela pergunta se eu vou precisar de alguma coisa. Eu digo que apenas preciso de ir para o apartamento da família em Los Angeles, e nada mais. Ela se despede de mim e diz que vai ficar tudo bem, um dia.
Eu não consigo acreditar naquilo que aconteceu. Mais uma vez a minha vida se tornou uma bosta. Mas é como a minha mãe diz. Se aconteceu é porque tinha que acontecer… Nem sempre pode haver finais felizes nas histórias. Mas esse foi o meu final infeliz… Mais um final infeliz.
(…)
Semanas se passaram desde que cheguei a Los Angeles. Ter ficado este tempo sozinha, me tem feito bem…
Ainda não esqueci o Leon, nem sei se vou esquecer. Por muito que penso naquilo que a minha mãe me disse, continua sendo difícil. Ao contrário do que aconteceu com Larazo, com o Leon está sendo difícil esquecer. Tem alguma coisa nele que não me permite esquecê-lo. Tento tirar esses pensamentos da minha cabeça e saio de casa.
São onze da noite e pego no meu carro e vou em direção à praia. Estaciono o carro no estacionamento mais perto dela e saio. A praia está vazia. Afinal, quem estaria numa praia numa sexta-feira às onze da noite? Só mesmo eu.
Me sento um pouco na areia e volto a pensar naquilo que Leon me disse: “Você foi apenas um brinquedo que eu usei.”
Limpo as lágrimas que escorrem pela minha cara. Devo ter ficado uma meia hora na praia, até ao momento que decido voltar para casa.
Me levanto e saio da areia. Me agacho para limpar a areia dos meus pés. Levanto os olhos e vejo que tem um cara na praia vestido de negro e com capuz, que está olhando para mim. Ele está falando ao telefone com alguém, mas não tira os olhos de mim. Começo a andar um pouco em direção ao estacionamento e volto a olhar para ele. Ele já não está onde estava, ele me está seguindo.
Começo a andar um pouco mais rápido para fugir desse homem. Quando chego ao estacionamento vejo que está outro homem, que estava vestido como o outro, e estava vindo em minha direção. Eu nunca os vi na vida! Penso o porquê de eles me tarem seguindo. Pego as chaves do meu carro e começo correndo em direção a ele. Quando abro a porta, um cara me agarra e me prende os braços. O outro aparece na minha frente com um lenço na mão. Tento gritar por ajuda, mas o cara que tinha o lenço na mão, o colocou na minha boca. O lenço tinha um cheiro horrível e logo começo me sentindo tonta. Abro os olhos e tudo está rodando. Começo a não ter mais forças para tentar fugir deles.
Sinto uma picada no meu braço e depois apago.
Ela foi embora e eu não pude fazer nada para impedir. Preferi continuar sendo orgulhoso e deixar a mulher que eu amo ir embora. Porra, como eu sou estúpido! Mas eu não tive escolha. "Eu não estou preparado para ter um relacionamento sério!", "Eu não sei o que os meus fãs podem pensar!", "As pessoas iriam falar que eu só estava com ela por interesse!". Essas são algumas das razões que eu dava para me pararem de chatear. Mas havia uma razão maior. Uma razão que já não me impede de ficar com Renata.Meus pais e toda a gente me xingaram por ter mandado ela embora, sabendo que nós nos envolvemos e que nos amávamos. Mas como disse: havia uma razão que impedia de ficar com ela. Na festa de aniversário do Mário, toda a gente reparou que eu estava lá de corpo, mas os pensamentos não estavam lá. Mais uma vez todo o mundo começo
Quando abro meus olhos, é como se ainda os tivesse fechados. A sala onde eu estou e completamente escura e tem um cheiro horrível. Uma pequena janela aberta, deixa passar o sol, iluminando assim um pouco o chão, no meio daquela escuridão. Mas mesmo assim, continua difícil ver alguma coisa.Me lembro de ter sido apanhada por dois homens e de depois ter apagado. Me lembro também de ouvir o som de um motor de um barco e de tudo estar mexendo, acompanhando o movimento de ondas, e de depois um homem aparecer e me dopar algo novamente que fez dormir. E agora tô aqui.Tento me levantar e tentar chegar até à pequena janela, para perceber onde eu estava. Olho pela janela e só vejo uma terra amarela, e sinto uma brisa quente batendo na minha cara. Ouço passos vindos de fora da porta daquela sala escura e então me deito na cama, fingindo que estava dormindo.A porta abre e entra um homem com
Eu e Renata tentamos fugir a noite passada. Eu finalmente tinha arranjado um jeito de fugir desse lugar horrível. Mas eles sabem que existem pessoas que querem fugir. Eu tenho a certeza que eles vão redobrar a segurança deste lugar depois o que aconteceu na noite de ontem. Mas penso que eles não desconfiam que sou eu e Renata quem quer fugir.Eles confiam muito em mim, e adoram a Renata. É a mais “bela criação” deles. Mas se desconfiam de algum de nós dois, prefiro que desconfiem de mim, ao invés dela. Ela não merece ser morta por minha culpa.Ainda tenho na minha cabeça o olhar assustado de Renata quando, ontem, eles apareceram e nós tivemos que fugir.Eu vou garantir que isso não volta a acontecer. Não a quero ver mais assustada. Agora só falarei para ela que tenho um novo jeito de fugi
- Não tem nada! – eu falo – Se quiser vir comigo venha, e comprove você mesma. – falo para tentar desviar as atenções dela. Ela me vira costas e sai.Chego novamente à sala, Leon e Renata estão se beijando. Como ela pode desculpa-lo depois de tudo o que ela me contou, depois de tudo o que ele fez com ela. Eles param assim que entramos e Leon começa falando do plano que nos vai levar para a nossa morte.- Tem uma van nos esperando do outro lado dos penhascos. Tudo o que temos que fazer é conseguir passar pelas guardas e depois correr em direção a eles.- Parece um plano brilhante! – falo irónico e Renata me olha chateada – Você nem se pergunta de quem é essa van?Ou com que ele está? – falo para ela.- É como eu falei para você. Se quer vir com a gente, venha. Se quer continuar aqui preso e fazer coisas que
Faz já umas cinco horas que estão operando Leon. De 10 em 10 minutos entre e sai uma enfermeira da cirurgia e de 10 em 10 minutos eu pergunto para a enfermeira como está correndo. A resposta é sempre a mesma: "´Retirar uma bala da nuca é complicado. Temos que ter muito cuidado. Um erro pode ser fatal". Se ao menos eu tivesse dado ouvidos ao Liam. Deveríamos ter arranjado mais tempo para ter um plano para fugir daquele lugar.Algumas enfermeiras já passaram por mim, e me ofereceram comida, mas por muito que tente, não consigo comer nada; já me ofereceram um quarto no hospital para dormir um pouco, mas também não consigo. A dor de saber que a pessoa que você ama está morrendo é demasiado grande para tentar fazer seja o que for. As lágrimas já não caem pelo meu rosto; já secaram todas.A minha família e a do Leon já estão
O avião aterriza e porta abre. Espreito por detrás das caixas e ninguém entre. Respiro fundo e me levanto. Em passos lentos saio do avião e vou a caminho do refúgio. Até lá, tem pessoas cá fora, e enquanto eu vou passando por elas, elas param o que estão fazendo e olham para mim.- É a Renata Cavalcante! – ouço alguém falando.Tento não reagir e olho para o chão, continuando o meu caminho. Ouço mais pessoas cochichando e também ouço passos atrás de mim. Olho para trás e tem uma multidão, batendo palmas para mim. Por que estão batendo palmas? O que eu fiz de bom para fazerem isso? Sinto o meu braço a ser puxado.- Renata? – solto o braço e olho para trás, é o Liam – Pensei que estivesse junto dele?- E estava. – falo para ele – Eu estou aqui para aj
Estamos indo para Besaysin, uma cidade a sudeste de Jableh. Durante a noite recebemos a informação que as tropas rebeldes de Constantim iam levar os cidadãos dessa cidade para Jableh, para puderem ter mais segurança pelo lado sul.Ficamos também a saber que Constantim fez um acordo com líderes de países mundiais. Os líderes desses países convenceram Constantim a deixar sair a população; disseram que aquilo era uma guerra entre eles e os cidadãos não deviam ser envolvidos. Ficamos também a saber que nós agora também trabalhamos para esses líderes mundiais, pois Larson fez também um acordo de cooperação entre eles. Parece que o secretismo acabou…Felizmente, isso vai garantir que nenhum cidadão se machuca. Um enorme navio está atracado na Cavalcante e está recebendo os cidadãos para leva-los para se
Constantim continua olhando para mim. Continua com a mesma expressão na cara, como quando disse aquilo. E eu também. O que ele queria dizer com “Ele não é quem você pensa que ele é”?A verdade é que antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, ou que eu pudesse perguntar alguma coisa, as equipas entraram na sala e levaram Constantim. Eu volto a guardar a arma. Não sei ele quis dizer aquilo para que eu não disparasse, ou se simplesmente está dizendo a verdade. Mas se é verdade, quem é essa pessoa?- Você não disparou. – fala Liam.Eu espero que as equipas saiam da sala para puder falar com ele.- Você ouviu o que ele disse? – eu pergunto.- Ouvi. Você sabe de quem ele tá falando.- Não, mas eu…- Vocês vêm? – um soldado me interrompe - Está vindo um helic&oac