08

Ela foi embora e eu não pude fazer nada para impedir. Preferi continuar sendo orgulhoso e deixar a mulher que eu amo ir embora. Porra, como eu sou estúpido! Mas eu não tive escolha. "Eu não estou preparado para ter um relacionamento sério!", "Eu não sei o que os meus fãs podem pensar!", "As pessoas iriam falar que eu só estava com ela por interesse!". Essas são algumas das razões que eu dava para me pararem de chatear. Mas havia uma razão maior. Uma razão que já não me impede de ficar com Renata.

Meus pais e toda a gente me xingaram por ter mandado ela embora, sabendo que nós nos envolvemos e que nos amávamos. Mas como disse: havia uma razão que impedia de ficar com ela. Na festa de aniversário do Mário, toda a gente reparou que eu estava lá de corpo, mas os pensamentos não estavam lá. Mais uma vez todo o mundo começou a falar que eu não devia ter feito com ela o que eu fiz. "Eu já sei disso, porra!", foi o que eu disse para eles. E o Mário me falou: "Então se quer parar de ser um idiota, vá atrás dela".

E foi isso o que eu fiz. Peguei minhas coisas e fui para Brasília, rumo à empresa da mãe da Renata. Quando lá entrei, aquilo era enorme. Eu nem sabia com quem eu devia falar para chegar até à mãe dela. Andando pelos corredores da empresa, encontrei uma recepcionista, na verdade, era mais como uma secretária.

- Boa tarde! - cumprimentei simpaticamente.

- Boa tarde! - fala a secretária com um sorriso na cara - Em que lhe posso ajudar?

- Eu gostaria de falar com a senhora Deolinda Cavalcante, por favor.

- Eu lamento, mas de momento a senhora Cavalcante está ocupada. - ela perde o sorriso e volta a fazer o que estava fazendo antes de eu falar com ela.

- Não tem forma de falar com ela? - eu pergunto impaciente - É importante... É sobre a filha dela, a Renata.

- É sobre a filha? - me pergunta como se quisesse que eu lhe contasse algo.

- É - eu falo - e é urgente.

- Me dê um momento, por favor. - a vejo começando a tremer, como se eu fosse um ladrão.

Pega no telefone e liga para alguém. Pouco tempo depois, alguém recebe a chamada da secretária.

- Boa tarde, senhor Cavalcante? - ela fala com a mão no pescoço, ainda nervosa - Peço desculpa estar incomodando você numa hora dessas - faço cara feia; "uma hora dessas"? O que ela quer dizer com isso? -, mas está aqui um senhor que diz que gostava de falar com sua mãe sobre a sua irmã. - ela se cala, ouvindo o que o irmão da Renata está falando - Com certeza! - ela se vira para mim - Qual é o seu nome?

- Me chamo Leon Onete. - respondo confuso; não percebo o que se tá passando. Será que aconteceu alguma coisa?

A secretária fica ouvindo o que ele tem para dizer e no final ela responde:

- Com certeza! Eu digo! Boa tarde! - ela pousa o telefone e marca outro número - Pode vir até à recepção? Tem aqui uma pessoa para você cuidar. - ela fala e eu fico preocupado.

Vão cuidar de mim? O que eu fiz?

- Ótimo! - ela se despede com quem tá falando e fala para mim - Senhor Onete? Tá vindo um motorista que vai levar você para a casa da senhora Cavalcante. Agora também tá vindo o segurança que vai levá-lo até à entrada. Você aguarda lá pelo motorista, tudo bem?

- Tudo ótimo! - eu falo.

Eu realmente fico preocupado. Afinal, o que tá acontecendo? O que se passa de tão grave para ter um segurança que me vai levar até à casa da mãe da Renata?

Quando o segurança aparece, ele me leva para junto da entrada. Quando lá chegamos, o motorista já chegou.

Me abre a porta dos bancos de trás do carro. Eu me sento e o segurança se senta no banco da frente, com o motorista, que arranca com o carro.

O carro para junto de um portão enorme. A viagem não durou mais do que 15 minutos. Olho pela janela e vejo o portão se abrindo e o carro arrancando. Na hora que passamos pelo portão, vejo o quão grande é aquela casa. Bem, para falar verdade, aquilo não é uma casa, mas sim uma mansão. O caminho entre o portão e até à mansão é grande e ainda se pode ver os jardins que lá existem. Consigo ver, ao longe, uma piscina enorme.

Quando chegamos à porta da mansão, uma empregada me abre a porta do carro e diz para a acompanhar.

Dessa vez, o segurança não sai e vai com o motorista, talvez de volta para a empresa. Antes de entrar dentro da casa, ainda tenho tempo para ver novamente o quão grande a mansão é. Quando entro na casa, percebo que sou totalmente enganado pelo o que a mansão aparenta ser por fora: o que por fora parece uma mansão rústica, por dentro vejo uma mansão moderna.

- Queira aguardar no sofá, enquanto eu chamo pelos senhores? - fala a empregada.

- Claro. - eu falo.

Me sento no sofá. O sofá era enorme: fazia uma meia roda à volta de uma televisor também grande. Espero um pouco tal como foi recomendado pela empregada. Enquanto espero, sou assustado pelos gritos de uma menininha.

- Olha, mãe! É o Toddy! - fala uma menina, talvez com uns 7 anos, para a sua mãe, que eu reconheço como a cunhada da Renata. Elas estavam entrando por uma porta e a deixaram aberta; consigo ver que essa porta, é a porta que nos leva até à piscina.

- É! Vamos para o quarto. - fala a cunhada para a filha, e depois fala para mim - Boa tarde!

- Boa tarde! - eu retribuo.

Elas sobem umas escadas enormes, com um tapete vermelho, que davam acesso ao piso superior. Espero mais uns minutos, esperando que alguém chegue para falar comigo.

Fico esperando mais alguns minutos, até que ouço alguém descendo as escadas. Eu reconheço quem está vindo. É a mãe de Renata, que vem de braço dado com o irmão da Renata.

- Boa tarde, Leon. - fala Hélder, o irmão.

Eu me levanto - Boa tarde!

- Estou feliz por conhecê-lo. - fala a mãe de Renata - Eu e Renata já estivemos falando de você. - se sentam no sofá - Fui eu quem convenceu a Renata a ir atrás de você. Se senta, por favor. - e eu me sento - Minha secretária disse que queria falar comigo sobre a Renata?

- Sim! - eu engulo um pouco de saliva - Bem, na verdade... Eu queria falar com ela. Eu só fui até à sua empresa porque era o único jeito de chegar até ela. - esfrego minhas mãos.

- Ela me contou o que aconteceu... - fala a mãe de Renata, olhando para o chão.

- Eu sei que a fiz sofrer - a interrompo -, mas eu quero remendar as coisas. Eu tô aqui para pedir desculpas para ela. - falo enquanto vejo uma lágrima escorrendo pelo rosto da mãe da Renata.

- Você ainda não sabe o que aconteceu? - pergunta a mãe de Renata.

- O que... - tento perguntar mas sou interrompido pelo irmão.

- Provavelmente não, mãe. Eu e a polícia estamos tentando escondendo o máximo possível da comunicação social.

- Me desculpem, mas me podem contar o que aconteceu, por favor? - falo, cada vez mais assustado.

Fico cada vez mais preocupado. A cada segundo que passa, sinto meu coração apertando cada vez mais.

- Depois o que aconteceu entre vocês - fala o irmão de Renata -, a Renata foi para os Estados Unidos. Ela queria se afastar do Brasil, para tentar esquecer o que aconteceu. Semanas depois, a Renata desapareceu. - me levanto e levo as mãos a minha cabeça - A empregada que costumava arrumar o nosso apartamento em Los Angeles nos ligou e disse que Renata não tinha dormido em casa. Nós pensamos que ela tivesse arranjado um namorado e talvez estava em casa dele. Por isso não ficamos muito preocupados. Mas depois recebemos um telefonema da policia de Los Angeles que disse que o carro da Renata foi encontrado abandonado num estacionamento. - o irmão dela limpa as lágrimas que começam escorrendo pela cara dele - Mas não encontraram só o carro...

Quando ouço o irmão de Renata dizendo que "não encontraram só o carro", eu perco o chão... Fico como que se uma faca se enfiasse em meu coração.

- Não... Ela... - me atrapalho nas palavras e uma lágrima escapa dos meus olhos - Ela não pode tar morta! - falo, esperando que ele dissesse algo que me tirasse o desespero que tenho.

- Não! - ele fala - Ela não tá morta! - dou um suspiro de alívio - Quer dizer, é o que esperamos. - ele dá um suspiro - O que a polícia encontrou foi uma seringa caída no chão. A polícia levou a seringa para investigar e descobriu uma substância nela. A seringa tinha um líquido que faz adormecer uma pessoa e...

- Mas onde tá a Renata? - o interrompo.

- A polícia pensa que ela foi raptada. - fala a mãe de Renata, enquanto limpa as lágrimas que escorrem pelo rosto - Mas a verdade é que ainda não recebemos nenhum telefonema pelo resgate...

Eu paraliso olhando o desespero na cara da mãe de Renata, e percebo o quanto estúpido eu fui. Se eu não tivesse mandado a Renata embora, nessa hora ela estaria comigo. Quem sabe ela não teria sido raptada, e não estaríamos nesse desgosto de não saber onde ela está. Agora, eu perdi-a.

Mas eu não vou aceitar isto como um final! Não vou aceitar isto como um final infeliz! Renata e eu ainda vamos ter o nosso final, e será feliz! Eu não sei onde ela tá, mas sei que vou fazer de tudo para encontrá-la e trazer ela de volta para a família dela, para junto de mim. Eu não vou desistir...

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