O silêncio da sala foi quebrado quando uma garotinha gritou:
- Tio! - Lívia, a sobrinha do Leon salta para o colo dele, e ele para pôr um momento de olhar para mim.
- Bem. O jantar está pronto. Vamos jantar? - pergunta Vera.
Fomos todos jantar e Vera e Paschoal se sentaram nas cabeças da mesa. Eu fiquei junto de Paschoal e depois estava Leon e a sua sobrinha Lívia, que deveria ter uns 3 ou 4 anos. Do outro lado estava o irmão de Leon e a sua mulher com as suas outras filhas, uma mais velha, Luíza, e uma bebé muito fofa. Durante o jantar eu e Leon não conversamos muito, melhor, a gente não conversou nada! O jantar se passou com Paschoal e Ricardo me fazendo perguntas sobre como é fazer filmes e telenovelas.
Depois do jantar a gente foi para a sala estivemos mais algum tempo falando. Eram onze horas da noite e a cunhada de Leon foi pôr as filhas mais novas a dormir. O sono também estava chegando para mim e eu queria ir embora para o hotel. Estava a correr tudo tão mal. Quer dizer, o jantar não tinha corrido mal, as pessoas estavam a gostar de mim; mas o que eu queria falar com Leon simplesmente não saía. Não vale de nada você ter um discurso preparado para falar à pessoa que você gosta porque na hora não vai sair nada de jeito, e se for pior, como foi comigo, você nem vai conseguir falar com ele. Me faltavam as palavras para dizer o que sinto por ele.
- Eu acho que vou embora. - eu falo - O sono está chegando. - rio.
- Você não quer que eu chame um táxi? - Paschoal pergunta.
- Não, obrigada. O hotel fica a 5 minutos daqui. Não preciso de um táxi. - falo olhando para o Leon e ele desvia o olhar para o seu celular. AGRRR!! Será que ele tem vergonha de mim?
- E você vai sozinha? - pergunta Vera - Pode ser perigoso a essa hora.
- Eu não tenho medo. - falo de modo corajoso - eu sei me defender - Leon ri. FINALMENTEEE! Consegui fazer algo com esse cara que quase não se mexe.
- Leon podia levar você ao hotel. - fala Ricardo e Leon levanta a cabeça e olha para mim com a boca meia aberta.
- Sim, Leon pode levar. - fala Vera.
- Não. - eu falo - eu não quero incomodar.
- Não incomoda nada.- fala o Leon com um sorriso grande - Eu não me importo de levar você.
Eu fico calada, olhando para ele feita parva e apenas aceno com a cabeça dando a confirmação de que ele me podia levar. Primeira vez que ele comunica comigo e eu só consigo abanar a cabeça. Sou tão estúpida.
Saímos da casa dos pais do Leon e ele vai em direção a um carro.
- Você não vai entrar? - diz ele abrindo a porta do seu carro.
- N-não é preciso irmos de carro. - eu falo - O hotel é bem perto.
- Tudo bem, tudo bem. Mas de carro seria mais rápido. - que bom! Ele me quer despachar!
- Eu falei que você não precisava me trazer. Se quiser po...
- Não, está tudo bem... - ele me interrompe.
Andamos um pouco em silêncio. Isso tá correndo tão "bem".
Está um pouco de frio, então esfrego minhas mãos nos meus braços na esperança que me pudesse aquecer, deveria ter trazido uma blusa para o frio, eu sei... Mas ainda bem que não trouxe.
- Você tá com frio? - ele me pergunta.
- Um pouco. Não é nada demais.
- Pega. - ele tira a jaqueta que ele tinha vestida e me dá para eu usar. - Veste ela.
- Obrigada. - eu pego nela depois de ter ficado uma eternidade a olhar para ela. Visto a jaqueta e foi como se o sentisse colado ao meu corpo. Apesar de ele não estar colado ao meu corpo, eu tinha algo dele em mim. Podia sentir o cheiro dele. Era um cheiro tão gostoso, que me deixava louca.
E voltamos mais um pouco ao silêncio.
- Então... - dessa vez sou eu quem ganhou coragem para falar - porque você se "masturba" - faço aspas com os dedos - ao ver vídeos de mim? - ele para e olha para mim, e eu me apercebo da estupidez que acabei de falar.
- D-desculpa. - ele fala - Aquilo é só para entreter...
- Eu sei... - tento remediar a borrada que eu fiz - eu estava brincando – rio e vamos o resto do caminho calados…
Também estava esperando o quê? Depois da bosta que eu fiz.
Chegamos ao hotel e eu tento outra coisa.
- Bem. – eu falo – Chegamos.
- É. – “uau! Que conversador Onete!”, penso. - Acho que mereço gravar um vídeo com você depois de você quase me ter matado de coração ao bocado, com aquilo de me masturbar. – ele brinca.
- É mesmo? Você quer gravar um vídeo comigo? – eu pergunto surpreendida, pois pensava que ele só se queria livrar de mim.
- Sim. Quer dizer segunda feira já volto para São Paulo, por isso teríamos que gravar alguma coisa amanhã.
- Amanhã eu não posso. – minto – Talvez, não sei… eu possa ir com você para São Paulo na segunda feira. – ai porra, Renata! Não dá para ser oferecida? – Eu também preciso de ir para lá na segunda feira. – minto novamente para tentar desviar a atenção.
- Sim. – ele fala atrapalhado – Quer dizer, por mim você pode vir.
- Combinado, então. Bem, eu vou para dentro. Ahhh, tchau! – me despeço.
- Tchau. – ele fala e eu viro costas. – Renata?
- Hmm?
- Em que quarto você tá?
- Por que você quer saber? – pergunto confusa.
- Para saber se você chegou viva ao quarto. – ele ri.
- Ah, bom! – rio e entro na brincadeira dele – Eu estou naquele – aponto para a terceira janela do quarto andar – Mas acho que pode deixar e dizer à sua mãe que eu estou viva. – rio. – Tchau.
- Tchau. – ele se despede.
Chego ao meu quarto e penso em como correu a noite. Começou mal, mas eu acho que acabou bem. Pelo menos ninguém morreu e consegui falar com ele. Falei tudo com ele, menos aquilo que eu queria. Como eu sou idiota!
Não devolvi a jaqueta para ele. Já tenho razão para visitá-lo no dia seguinte. Vou fechar as cortinas para poder me arranjar para dormir, e quando vou à janela vejo que o Leon ainda está lá. Ele levanta a mão para dizer “Adeus” e eu faço o mesmo. Porra! Ele esperou mesmo que eu chegasse ao meu quarto? Ele queria saber se eu ficava bem? Ele se preocupa comigo?
Eu e Leon estamos indo agora para São Paulo para gravar aquele vídeo que eu tinha prometido a ele. Pelo caminho a gente já decidiu o que iria gravar: iriamos ver fazer um desafio em que íamos à internet ver posições de ginástica e íamos tentar imitar. Leon conseguiu adormecer durante o voo, apesar ter sido rápido. Ele dorme com a boca aberta e fica tão engraçado assim. O avião aterriza, recolhemos as nossas maletas e apanhamos um táxi. O Leon diz a morada dele e o taxista parte em direção ao destino. Nós também já combinamos com Alex, o colega de casa de Leon, que eu iria passar uns dias no apartamento deles. Eu menti para o Leon e disse que não havia quartos liberados em São Paulo, perto da casa dele. Então ele me deixou ficar no apartamento dele.Chegamos ao apartamento e só logo barrada à entrada por Alex, q
Quando eu acordo, o outro lado da cama está frio. Meu braço se estica, procurando pelo corpo de Leon, mas encontra apenas um espaço vazio na cama, apesar de ela ser pequena.- Leon? – chamo por ele, esperando uma resposta, mas simplesmente recebo o silencio da casa. O Alex estava em casa? Ou eu estava completamente sozinha?Tinha apenas vestido uma lingerie e tinha uma blusa jogada no chão. Pego ela e a visto. Tem o mesmo cheiro da jaqueta que o Leon me deu em Ribeirão Preto. A jaqueta! Me lembro que não devolvi ela a Leon. Pego na minha maleta e tiro ela para fora. Me dirijo ao armário para meter ela junto das outras roupas de Leon. Mas a roupa dele não estava lá. Ele ainda não arrumou as roupas dele? Fecho as portas e vejo que as maletas de Leon também não estão no quarto. Sinto um pouco de vento entrando pelo quarto, vindo da janela, que me dá arrepios. Fecho ela
Ela foi embora e eu não pude fazer nada para impedir. Preferi continuar sendo orgulhoso e deixar a mulher que eu amo ir embora. Porra, como eu sou estúpido! Mas eu não tive escolha. "Eu não estou preparado para ter um relacionamento sério!", "Eu não sei o que os meus fãs podem pensar!", "As pessoas iriam falar que eu só estava com ela por interesse!". Essas são algumas das razões que eu dava para me pararem de chatear. Mas havia uma razão maior. Uma razão que já não me impede de ficar com Renata.Meus pais e toda a gente me xingaram por ter mandado ela embora, sabendo que nós nos envolvemos e que nos amávamos. Mas como disse: havia uma razão que impedia de ficar com ela. Na festa de aniversário do Mário, toda a gente reparou que eu estava lá de corpo, mas os pensamentos não estavam lá. Mais uma vez todo o mundo começo
Quando abro meus olhos, é como se ainda os tivesse fechados. A sala onde eu estou e completamente escura e tem um cheiro horrível. Uma pequena janela aberta, deixa passar o sol, iluminando assim um pouco o chão, no meio daquela escuridão. Mas mesmo assim, continua difícil ver alguma coisa.Me lembro de ter sido apanhada por dois homens e de depois ter apagado. Me lembro também de ouvir o som de um motor de um barco e de tudo estar mexendo, acompanhando o movimento de ondas, e de depois um homem aparecer e me dopar algo novamente que fez dormir. E agora tô aqui.Tento me levantar e tentar chegar até à pequena janela, para perceber onde eu estava. Olho pela janela e só vejo uma terra amarela, e sinto uma brisa quente batendo na minha cara. Ouço passos vindos de fora da porta daquela sala escura e então me deito na cama, fingindo que estava dormindo.A porta abre e entra um homem com
Eu e Renata tentamos fugir a noite passada. Eu finalmente tinha arranjado um jeito de fugir desse lugar horrível. Mas eles sabem que existem pessoas que querem fugir. Eu tenho a certeza que eles vão redobrar a segurança deste lugar depois o que aconteceu na noite de ontem. Mas penso que eles não desconfiam que sou eu e Renata quem quer fugir.Eles confiam muito em mim, e adoram a Renata. É a mais “bela criação” deles. Mas se desconfiam de algum de nós dois, prefiro que desconfiem de mim, ao invés dela. Ela não merece ser morta por minha culpa.Ainda tenho na minha cabeça o olhar assustado de Renata quando, ontem, eles apareceram e nós tivemos que fugir.Eu vou garantir que isso não volta a acontecer. Não a quero ver mais assustada. Agora só falarei para ela que tenho um novo jeito de fugi
- Não tem nada! – eu falo – Se quiser vir comigo venha, e comprove você mesma. – falo para tentar desviar as atenções dela. Ela me vira costas e sai.Chego novamente à sala, Leon e Renata estão se beijando. Como ela pode desculpa-lo depois de tudo o que ela me contou, depois de tudo o que ele fez com ela. Eles param assim que entramos e Leon começa falando do plano que nos vai levar para a nossa morte.- Tem uma van nos esperando do outro lado dos penhascos. Tudo o que temos que fazer é conseguir passar pelas guardas e depois correr em direção a eles.- Parece um plano brilhante! – falo irónico e Renata me olha chateada – Você nem se pergunta de quem é essa van?Ou com que ele está? – falo para ela.- É como eu falei para você. Se quer vir com a gente, venha. Se quer continuar aqui preso e fazer coisas que
Faz já umas cinco horas que estão operando Leon. De 10 em 10 minutos entre e sai uma enfermeira da cirurgia e de 10 em 10 minutos eu pergunto para a enfermeira como está correndo. A resposta é sempre a mesma: "´Retirar uma bala da nuca é complicado. Temos que ter muito cuidado. Um erro pode ser fatal". Se ao menos eu tivesse dado ouvidos ao Liam. Deveríamos ter arranjado mais tempo para ter um plano para fugir daquele lugar.Algumas enfermeiras já passaram por mim, e me ofereceram comida, mas por muito que tente, não consigo comer nada; já me ofereceram um quarto no hospital para dormir um pouco, mas também não consigo. A dor de saber que a pessoa que você ama está morrendo é demasiado grande para tentar fazer seja o que for. As lágrimas já não caem pelo meu rosto; já secaram todas.A minha família e a do Leon já estão
O avião aterriza e porta abre. Espreito por detrás das caixas e ninguém entre. Respiro fundo e me levanto. Em passos lentos saio do avião e vou a caminho do refúgio. Até lá, tem pessoas cá fora, e enquanto eu vou passando por elas, elas param o que estão fazendo e olham para mim.- É a Renata Cavalcante! – ouço alguém falando.Tento não reagir e olho para o chão, continuando o meu caminho. Ouço mais pessoas cochichando e também ouço passos atrás de mim. Olho para trás e tem uma multidão, batendo palmas para mim. Por que estão batendo palmas? O que eu fiz de bom para fazerem isso? Sinto o meu braço a ser puxado.- Renata? – solto o braço e olho para trás, é o Liam – Pensei que estivesse junto dele?- E estava. – falo para ele – Eu estou aqui para aj