05

O silêncio da sala foi quebrado quando uma garotinha gritou:

- Tio! - Lívia, a sobrinha do Leon salta para o colo dele, e ele para pôr um momento de olhar para mim.

- Bem. O jantar está pronto. Vamos jantar? - pergunta Vera.

Fomos todos jantar e Vera e Paschoal se sentaram nas cabeças da mesa. Eu fiquei junto de Paschoal e depois estava Leon e a sua sobrinha Lívia, que deveria ter uns 3 ou 4 anos. Do outro lado estava o irmão de Leon e a sua mulher com as suas outras filhas, uma mais velha, Luíza, e uma bebé muito fofa. Durante o jantar eu e Leon não conversamos muito, melhor, a gente não conversou nada! O jantar se passou com Paschoal e Ricardo me fazendo perguntas sobre como é fazer filmes e telenovelas.

Depois do jantar a gente foi para a sala estivemos mais algum tempo falando. Eram onze horas da noite e a cunhada de Leon foi pôr as filhas mais novas a dormir. O sono também estava chegando para mim e eu queria ir embora para o hotel. Estava a correr tudo tão mal. Quer dizer, o jantar não tinha corrido mal, as pessoas estavam a gostar de mim; mas o que eu queria falar com Leon simplesmente não saía. Não vale de nada você ter um discurso preparado para falar à pessoa que você gosta porque na hora não vai sair nada de jeito, e se for pior, como foi comigo, você nem vai conseguir falar com ele. Me faltavam as palavras para dizer o que sinto por ele.

- Eu acho que vou embora. - eu falo - O sono está chegando. - rio.

- Você não quer que eu chame um táxi? - Paschoal pergunta.

- Não, obrigada. O hotel fica a 5 minutos daqui. Não preciso de um táxi. - falo olhando para o Leon e ele desvia o olhar para o seu celular. AGRRR!! Será que ele tem vergonha de mim?

- E você vai sozinha? - pergunta Vera - Pode ser perigoso a essa hora.

- Eu não tenho medo. - falo de modo corajoso - eu sei me defender - Leon ri. FINALMENTEEE! Consegui fazer algo com esse cara que quase não se mexe.

- Leon podia levar você ao hotel. - fala Ricardo e Leon levanta a cabeça e olha para mim com a boca meia aberta.

- Sim, Leon pode levar. - fala Vera.

- Não. - eu falo - eu não quero incomodar.

- Não incomoda nada.- fala o Leon com um sorriso grande - Eu não me importo de levar você.

Eu fico calada, olhando para ele feita parva e apenas aceno com a cabeça dando a confirmação de que ele me podia levar. Primeira vez que ele comunica comigo e eu só consigo abanar a cabeça. Sou tão estúpida.

Saímos da casa dos pais do Leon e ele vai em direção a um carro.

- Você não vai entrar? - diz ele abrindo a porta do seu carro.

- N-não é preciso irmos de carro. - eu falo - O hotel é bem perto.

- Tudo bem, tudo bem. Mas de carro seria mais rápido. - que bom! Ele me quer despachar!

- Eu falei que você não precisava me trazer. Se quiser po...

- Não, está tudo bem... - ele me interrompe.

Andamos um pouco em silêncio. Isso tá correndo tão "bem".

Está um pouco de frio, então esfrego minhas mãos nos meus braços na esperança que me pudesse aquecer, deveria ter trazido uma blusa para o frio, eu sei... Mas ainda bem que não trouxe.

- Você tá com frio? - ele me pergunta.

- Um pouco. Não é nada demais.

- Pega. - ele tira a jaqueta que ele tinha vestida e me dá para eu usar. - Veste ela.

- Obrigada. - eu pego nela depois de ter ficado uma eternidade a olhar para ela. Visto a jaqueta e foi como se o sentisse colado ao meu corpo. Apesar de ele não estar colado ao meu corpo, eu tinha algo dele em mim. Podia sentir o cheiro dele. Era um cheiro tão gostoso, que me deixava louca.

E voltamos mais um pouco ao silêncio.

- Então... - dessa vez sou eu quem ganhou coragem para falar - porque você se "masturba" - faço aspas com os dedos - ao ver vídeos de mim? - ele para e olha para mim, e eu me apercebo da estupidez que acabei de falar.

- D-desculpa. - ele fala - Aquilo é só para entreter...

- Eu sei... - tento remediar a borrada que eu fiz - eu estava brincando – rio e vamos o resto do caminho calados…

Também estava esperando o quê? Depois da bosta que eu fiz.

Chegamos ao hotel e eu tento outra coisa.

- Bem. – eu falo – Chegamos.

- É. – “uau! Que conversador Onete!”, penso. - Acho que mereço gravar um vídeo com você depois de você quase me ter matado de coração ao bocado, com aquilo de me masturbar. – ele brinca.

- É mesmo? Você quer gravar um vídeo comigo? – eu pergunto surpreendida, pois pensava que ele só se queria livrar de mim.

- Sim. Quer dizer segunda feira já volto para São Paulo, por isso teríamos que gravar alguma coisa amanhã.

- Amanhã eu não posso. – minto – Talvez, não sei… eu possa ir com você para São Paulo na segunda feira. – ai porra, Renata! Não dá para ser oferecida? – Eu também preciso de ir para lá na segunda feira. – minto novamente para tentar desviar a atenção.

- Sim. – ele fala atrapalhado – Quer dizer, por mim você pode vir.

- Combinado, então. Bem, eu vou para dentro. Ahhh, tchau! – me despeço.

- Tchau. – ele fala e eu viro costas. – Renata?

- Hmm?

- Em que quarto você tá?

- Por que você quer saber? – pergunto confusa.

- Para saber se você chegou viva ao quarto. – ele ri.

- Ah, bom! – rio e entro na brincadeira dele – Eu estou naquele – aponto para a terceira janela do quarto andar – Mas acho que pode deixar e dizer à sua mãe que eu estou viva. – rio. – Tchau.

- Tchau. – ele se despede.

Chego ao meu quarto e penso em como correu a noite. Começou mal, mas eu acho que acabou bem. Pelo menos ninguém morreu e consegui falar com ele. Falei tudo com ele, menos aquilo que eu queria. Como eu sou idiota!

Não devolvi a jaqueta para ele. Já tenho razão para visitá-lo no dia seguinte. Vou fechar as cortinas para poder me arranjar para dormir, e quando vou à janela vejo que o Leon ainda está lá. Ele levanta a mão para dizer “Adeus” e eu faço o mesmo. Porra! Ele esperou mesmo que eu chegasse ao meu quarto? Ele queria saber se eu ficava bem? Ele se preocupa comigo?

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