Longe da borbulhante raiva e ressentimento do marido, Selene observou maravilhada a magia azulada que brilhava em sua mão. Era a primeira vez em anos que conseguia irradiar magia conscientemente, e a sensação era indescritível. Sentia-se conectada com a energia da natureza, como se finalmente estivesse descobrindo seu verdadeiro eu. Com um sorriso radiante, olhou para Grend, o líder dos elfos da montanha do Corvo, que devolveu o olhar com um aceno de orgulho por seu avanço.Permaneceu fascinada pelo brilho azulado mais um momento, se concentrando na sensação, no calor irradiando a partir de seu centro elemental, movendo-se por suas mãos até seguir para a flecha estendida por Genry, a elfa que a instruía.Inspirou e expirou devagar, transferindo para a flecha o poder lunar, controlando-se para, em sua empolgação, não falhar como nas vezes anteriores. Aprontou o arco, olhou para o alvo por um segundo, virou-se e lançou a flecha na direção contrária.Ansiosa, podendo ouvir as batidas ace
Ignorando a intromissão de Grend, e os olhares vindos de toda parte da floresta, Cedric passou pelo elfo, aproximando-se de Selene até ficar a um passo de distância. A estatura imponente e vários centímetros maior que Selene, a fez erguer o rosto, não com o fascínio apaixonado, mas com medo e preocupação. Assim como as íris negras estavam vermelhas não de paixão, mas por fúria.— Pedi ajuda para treinar magia para usar meu poder a favor do povo, para que eles me aceitem como rainha e confiem em mim para protegê-los — explicou em busca de amenizar sua situação.Cedric soltou uma risada amarga.— O povo de Eszter jamais cometerá o mesmo erro que eu — disparou, acrescentando sem medir as palavras: — Quando tiverem oportunidade, se livrarão da traidora que tem o sangue ruim de Magdala.O choque estampado no rosto de Selene foi o primeiro sinal de que havia ido longe demais. No entanto, o sinal mais eloquente veio de Aodh. O corvo de imediato quebrou a conexão, contorcendo-se para remover
Recebendo de Eriz notícias a respeito de Eszter, Mamba estava radiante, um sorriso sinistro estampado em seu rosto pálido.Pelos mares, os soldados de Magdala impediam o Corvo de avançar com seus navios. Por terra, o feitiço lançado nos providos de magia dos territórios invadidos foi bem sucedido. Estavam atacando sem cessar a muralha do Rei Corvo. Também tinha a cumplicidade de várias criaturas, cuja passagem foi facilitada pelos portais deixados pelos aprendizes de feiticeiro de Eszter, aliados a sua causa. Era uma pena que dentro da fortaleza, após o ataque a Selene, foram colocados selos bloqueadores que somente Ayala e Cedric podiam remover.Mas a melhor notícia era que Cedric descobriu sobre as aulas de magia de Selene com Grend, o elfo poderoso da Montanha do Corvo, e proibiu de sair do palácio, dando ordens para vigiarem todos os passos dela.Acabou seu receio de Selene despertar todo o potencial da magia lunar, o que podia atrapalhar seus planos futuros para a guerra entre os
Recusando-se a pensar profundamente na conversa com Ayala, enquanto tentava afastar da mente o desentendimento com Selene, Cedric prosseguiu nas funções da parte da manhã. No começo da tarde, cansado de fingir despreocupação, seguiu para as acomodações reais, ansioso em encontrar Selene e almoçar em juntos na saleta privativa, como faziam todos os dias.No entanto, ao chegar lá, não a encontrou. Franziu a testa e tencionou os dedos em volta do punho da espada. Surpreso e irritado com a ausência de Selene, seguiu para o quarto dela. Como imaginado, a encontrou ali, almoçando em companhia de Patry e Aodh.A servente de imediato o saudou e saiu para dar privacidade ao casal. Selene não disse uma palavra e nem retirou a atenção da refeição.Compreendendo a atitude dela, pegou a cadeira ocupada por Patry e sentou em frente a esposa, ainda ignorando sua presença.— Como foi seu dia? — questionou da mesma forma dos dias anteriores.— Pergunte a Patry. Seguindo as suas ordens, ela vigiou cada
Com a guerra batendo nas muralhas, e os informes de ataques nas cidades-feudos cada vez mais preocupantes, no começo da noite Cedric juntou-se a Ayala, Gael e Tristan na sala do trono, protegida por magia de sigilo. Embora a sua frente estivessem duas pessoas que abusaram de sua confiança, a pior delas sendo a que iniciou a reunião. — Majestade, precisamos ter uma atitude energética — Gael, conselheiro de defesa e estratégia desde os dias dos pais de Cedric, alertou com expressão grave. — Enquanto a muralha é cercada, as cidades-feudos estão sem segurança. Os informes dos nobres são preocupantes, os inimigos tomaram quase todo o território e deixaram diversos feridos e mortos. O poder de Selene será de grande ajuda para eles — concluiu com palavras calculadas. Cedric fechou os olhos por um momento, tentando conter a raiva que borbulhava dentro dele. Ele confiava em Gael, mas as últimas decisões do estrategista o deixaram em alerta máximo. Fitou o estrategista com a raiva reluzindo n
Seguindo pelos corredores do palácio com passos firmes, expressão compenetrada e coração pesado pelas responsabilidades da guerra, havia uma questão urgente na mente de Cedric: Precisava resolver as divergências entre ele e Selene.Adentrando seu quarto que compartilhava com Selene nos últimos meses, Cedric olhou ao redor, buscando pela esposa. No entanto, o cômodo estava vazio.A frustração tomou conta dele. Era evidente que Selene não queria mais compartilhar o quarto com ele.Em um longo respiro, os dedos tensos na espada, ele seguiu para a passagem entre os quartos. Entrando no dormitório, banhado pelas cores do entardecer, hesitou por um momento. Admirou a esposa junto a grande janela, observando o céu, os fios loiro-platinados com tons de laranja e vermelho, os dedos se movendo pelas penas de Aodh.Por usar armadura, para o caso de necessitar lutar em defesa da muralha, sua presença era anunciada ao passar por qualquer local. O que significava que Selene sabia que não estava soz
Temendo a reação dela, pediu para Selene se sentar. Ela obedeceu, se acomodando na beirada da cama, os olhos azulados fixos nos dele, estranhando a confusão e vergonha na expressão sempre orgulhosa e impenetrável.Sincero, disposto a mostrar para ela a tolice que cometia oferecendo o poder dela para ajudá-lo.— Percebemos seu poder logo que chegou a Eszter. Quando buscou a ajuda de Tristan, sua magia o alcançou e abrandou as feridas dele — contou, desviando o olhar por um segundo ao revelar: — Decidimos que Tristan seria seu amigo aqui, de forma que ele tivesse as feridas aliviadas. — Em silêncio, ela o observou começar a andar de um lado para o outro a sua frente. — Após o ataque que você sofreu, ao descobrir sua ascendência élfica, Ayala propôs manipularmos suas emoções, para obter o poder que você possui. Fazer você se apaixonar por mim e, assim, concordar que utilizássemos sua magia contra Phelix, seu pai — confessou não conseguindo olhá-la.— O quê? — ela soltou em um sussurrou i
De madrugada, o pátio do palácio estava envolto em uma atmosfera tensa. Os soldados, divididos em três grupos, se preparavam para acompanhar o Rei Cedric Darkv em sua missão de proteger os territórios do reino de Eszter, ameaçados pelos comparsas de Phelix Volun, o Rei Perverso de Magdala.No topo da escadaria do palácio, entre Gael e Patry, com a mente perturbada criando mil teorias do que aconteceria, Selene observava com olhos marejados seu marido preparar as tropas para a batalha. O medo a consumia por dentro, mas sabia que Cedric tinha que cumprir seu dever como rei e protetor de Eszter.Patry, sua dama de companhia, colocou uma mão reconfortante em seu ombro.— Vai ficar tudo bem, minha senhora. O Rei é um guerreiro valente e habilidoso. Ele vai proteger nosso reino e voltar para você — disse a jovem para acalmar os receios de Selene.Selene assentiu, forçando um sorriso para a dama de companhia, os dedos apertados na manga da túnica rosa com padrões em dourado.Notando a afliçã