Início / Fantasía / Seguindo a Lua / Lua Nova: Verdades Reveladas
Lua Nova: Verdades Reveladas

          Já havia se passado alguns dias desde que fui condenado a ser um Escolhido, mas não tinha nenhum chamado ainda então eu torcia pra não ter nenhum, especialmente porque eu ainda queria ser um Rastreador, mas não tinha como brigar ou argumentar contra isso, eu já achava que as coisas estavam virando de cabeça pra baixo, mas tudo sempre piora.

          Eu estava passeando com Lock meu Wilk de estimação. Wilks são espécies de lobos gigantes, não era só a altura que os faziam diferentes dos lobos da Terra, mas também o fato de existir de diferente cores e poderem falar. Lock era meu companheiro fiel e meu meio de locomoção, ele era mais rápido e mais resistente que um cavalo da Terra.

          Eu tinha ido a Hiver comprar algumas coisas que Loton pediu e quando eu estava voltando eu ouvi barulhos na floresta, achei que podia ser uma coisa boba, mas eu comecei a sentir que estava sendo seguido, parei com o Lock e observei entre as árvores, ouvi o barulho das folhas das e vi vultos entre elas, então usei minha Visão Absoluta e tive a certeza de que eram Rastreadores, eu pensei em lutar, mas são altamente treinados e eu estava sozinho.

- O que faremos? - Lock perguntou.

- Corra o mais rápido que puder para a cabana.

          Então ele correu, em pouco tempo estávamos de volta, eu entrei apressadamente na cabana batendo com tudo a porta o que fez Loton e meu pai interromperem a conversa.

- Que foi, Jack? - meu pai se assusta.

- Tem Rastreadores atrás de mim. - olho pela janela atrás deles.

- Isso não é nada bom. - ele suspira.

- Por que estão atrás de mim? Eles não perseguem... Sei lá... Criminosos?

- E pessoas que o rei manda. - Loton diz.

- E o que o rei quer comigo? - encaro eles.

- Você não sabe de toda a verdade. - meu pai olha com uma expressão de preocupação.

- Acho que eu já deveria saber disso.

- Acho que tá na hora de contar, não acha o mesmo, Richard? - Loton sugere.

- JACK COOPER? O REI EXIGE SUA PRESENÇA! - um Rastreador bate na porta com força.

- Tarde demais pra isso. Jack, aconteça o que acontecer eu sou seu pai e te amo muito. - meu pai diz antes de abrir a porta.

- Cadê o Jack Cooper? - o Rastreador perguntou assim que a porta foi aberta.

- Ele está bem aqui, mas cadê o mandato real com o símbolo do rei? - meu pai cruza os braços.

- Ele está bem aqui. - O Rastreador tirar o papel dobrado do bolso do uniforme.

- Parece bem verídico. - meu pai analisa o papel que tinha o brasão real bem abaixo.

- Então ele terá que nos acompanhar até o rei. - o Rastreador solta um sorriso satisfeito.

- Ele vai sim, até porque é um pedido do rei, mas como Rastreador e como Loton é seu tutor nós vamos com ele.

- O mandato foi para o Jack Cooper. - o Rastreador se sente contrariado.

- É isso ou querem que eu conte para o rei que estavam espionando ele?

- Foram ordens do rei. - ele altera a voz.

- Não foi, era uma intimação. Intimações não vem com espionagem.

- Ok, vocês podem vir conosco, mas o Jack com um de nossos Rastreadores para evitar qualquer rebelião.

- Não, eu vou com o meu Wilk. - me pronuncio.

- Você vai onde queremos que você vá, não está na situação de exigência.

- Não, eu vou no Lock e ponto final, qualquer tentativa de fuga você pode me matar a vontade. - digo calmamente.

- Garoto insolente, tem sorte do rei te querer vivo. - seu rosto fica vermelho.

- Qualquer tentativa de matar meu filho você será um homem morto, eu o matarei porque é isso que Rastreadores fazem com criminosos. - meu pai diz e fecha a porta.

- E agora? - Loton pergunta.

- Tá estranho a espionagem e essa ameaça, nós vamos para lá, mas mantenham os olhos bem abertos e tomem cuidado, em caso de qualquer perigo lutem.

- Pegue sua espada. - Loton diz pra mim.

- Ok.

          Fui até o quarto onde não achei ela, então fui para o arsenal, Loton tinha a péssima mania de guarda tudo, então eu deixo as coisas em um lugar e quando vejo não estão mais lá.

- Acha que vão tentar fazer alguma coisa Richard? - ouço Loton assim que volto e fico escondido.

- Sim. - ele suspira.

- Então não vamos. - ele observa os cinco homens que nos esperam lá fora.

- Temos que ir, o rei está mandando.

- Podemos matar eles. - Loton sugere.

- Aí seremos presos e mortos. - ele fica pensativo.

- Não podemos fazer nada?

- Não, até eles agirem não.

- Então tá, faremos isso. - ele suspira

- JACK ESTÁ PRONTO? - meu pai me chama.

- Estou aqui. - saio do meu esconderijo.

- Se proteja, ok? - meu pai coloca a mão na maçaneta para abrir a porta.

- Ok. - respiro fundo e saio atrás dele.

- Então vamos? - meu pai pergunta ao Rastreador.

- Agora mesmo.

          Todos os Rastreadores montaram nos seus Lampartaigle que eram uma mistura de leopardos com asas de águia, são muito úteis para viajar, mas como eu decidir ir com meu Wilk os Lampartaigle não mostraram suas asas, ir por terra seria mais seguro no caso de um ataque, teria como se defender, ir com o Lock não foi apenas um capricho meu.

          Printemps a vila onde ficava o castelo do rei não ficava tão longe quando se ia com animais rápidos, demoramos uma hora pelo menos e no caminho não houve nenhum movimento estanho mais mesmo assim estávamos em alerta.

          Quando chegamos o castelo ficava em cima de um relevo, para dificultar a subida até lá, mas ele era enorme, todo de pedra e com bandeira com o símbolo real nas torres, no portão haviam guardas fortes e armados. Então entramos sendo escoltados pelos Rastreadores ao encontro do rei, que estava no seu típico trono real.

- Vossa Majestade, aqui está o Jack Cooper.

- Ok, por favor se retirem. - o rei ordenou e os Rastreadores saíram sem dizer nada.

- Então o que você quer com meu filho, William? - meu pai pergunta ao rei.

- Você quer dizer meu... Mas você fez um ótimo trabalho cuidando dele.

- Richard foi o pai dele. - Loton diz.

- Desculpa, mas o que está acontecendo aqui? - pergunto incrédulo.

- Respondendo sua pergunta Richard, eu quero que meu filho saiba toda a verdade e assuma seu lugar ao meu lado. - o rei fica confiante.

- Você não pensou nisso quando me apunhalou pelas costas, traiu minha confiança ficando com a Lina, você sabia o quanto eu a amava seu ordinário, abandonou ela na Terra grávida e nem a deu assistência.

- Eu a amava tanto quanto você, não tenho culpa se ela se apaixonou por mim.

- Quando se é usuário de magia é fácil fazer alguém se apaixonar por você, por nenhum minuto você pensou no Jack e agora por capricho você o quer ao seu lado? Tá com medo do seu adorado irmão assumir o trono?

- Nunca usei magia com Lina e eu só quero meu filho do meu lado, perdi muito tempo sem ele. - o rei se levanta.

- L'amour à première vue, é uma magia muito forte que deixa sinais, achou que ninguém perceberia? - Loton pergunta.

- Diferente de você eu amei o Jack e não vai ser por capricho seu que vou deixar ele com você, Jack não merecia ser gerado de maneira tão suja assim por alguém sem escrúpulos que só liga para o seu trono e sua coroa.

- Basta! Eu sou o rei e é minha ordem, vou prender todos vocês e ele vai ficar comigo.

          Eu estava horrorizado com tudo que eu estava ouvido, eu não conseguia mexer um músculo, então era por isso que eu não parecia em nada com Richard? É por isso que meu olhos parecem com o do rei? É por isso que meu pai evitava falar do rei e do meu passado? Eu não estava acreditando, então eu não sabia o que pensar, todos esses segredos para no final eu ser o filho bastardo do rei.

- Jack? Você está bem? - meu pai estava na minha frente com uma expressão bem preocupada.

- Era melhor eu nem ter descoberto a verdade, melhor viver enganado do que descobrir ser filho dele. - encaro o chão.

- Mas, filho... Eu fiz tudo para o seu bem. - o rei diz.

- Não me chame de filho, você é ordinário demais pra ser meu pai. - encaro-o.

- Foi tudo para o seu bem.

- Meu bem? Abandonar minha mãe foi pro meu bem? Ter a usado antes foi para o bem de quem? Você é um ser desprezível. - meu coração começa a disparar.

- Um dia você vai entender. - ele se aproxima de mim.

- Eu nunca vou entender. - me viro para sair.

- Filho, volta aqui. - ele vem atrás de mim.

- EU NÃO SOU SEU FILHO, RICHARD É MEU PAI E NÃO VOCÊ. - eu não aguento a raiva e grito.

- Eu esperava que você aceitasse, aliás quem não quer ser o herdeiro do trono? - ele solta um sorriso que expressa toda sua ambição.

- Você não me conhece, eu não quero ser, até porque deve ser sua culpa minha mãe estar morta.

- Lina está morta? - ele arregala os olhos mostrando surpresa.

- Está, vai se fazer de inocente agora?

- Não foi eu que matei sua mãe... Não pode ser que fizeram isso. - ele parece atordoado.

- ENTÃO QUEM MATOU A MINHA MÃE? - pergunto querendo ter de vez essa resposta.

- Foi... - uma espada corta sua garganta, os Rastreadores entraram do nada e um deles arrancou a cabeça do rei.

- JACK, LUTE! - meu pai grita quando os Rastreadores começam a me atacar.

          Eu tentei usar minha magia de escudo, mas não estava adiantando, então o jeito era atacar, peguei a minha espada e fui diferindo golpes para matar, mas quase todos eles desviavam, eram super bem treinados ou eu morria ou eles morriam.

- Não estou conseguindo usar magia. - digo enquanto desvio de um golpe.

- Tem pedras de Safira na sala, ela inibem magia aqui em Mahina, tudo para a proteção do rei. - meu pai responde enquanto luta com dois Rastreadores do seu nível.

- Eu te falei que ia te matar, criança insolente. - o Rastreador que havia me ameaçado antes estava lutando comigo.

- Tente a vontade. - desvio dos seus golpes.

- Vamos ver, criança. - ela tenta me golpear na barriga, mas eu desvio rodando e acerto minha espada no seu pescoço.

- Amadores. - rio do ameaçador que agora estava no chão sangrando.

- JACK, ATRÁS DE VOCÊ! - Loton grita então eu me viro golpeando o homem antes de sua espada chegar nas minhas costas.

- Acho que já acabou. - meu pai diz enquanto tira sua espada do peito de um dos Rastreadores.

- Parece que sim. - Loton passa por cima de um dos cadáveres.

- VOCÊS ESTÃO PRESOS! - a Guarda Real entra gritando.

- Pelo que? - meu pai pergunta.

- Pelo assassinato do Rei William e de cinco Rastreadores. - o líder da Guarda diz.

- Foram eles que nos atacaram e mataram o rei. - Loton diz.

- Uma testemunha disse que ouviu gritos e viu os Rastreadores se apressando e quando chegamos o rei está morto e os Rastreadores também.

- Como assim? Como alguém ouviu? Por que eu mataria o rei? - pergunto enquanto um dos soldados amarra minhas mãos com uma corda grossa.

- Por raiva, para ficar no trono. - o cara que estava me amarrando responde. 

- A falta que câmeras de segurança fazem em Mahina. - reviro os olhos.

- Por favor, permaneçam calados até o Conselho Real decidir o que faremos com vocês. - o líder diz.

          No final tudo era uma armadilha, alguém conseguiu matar vários Harecorns em um golpe só. Mas algo me dizia que essa pessoa já tinha tudo planejado e foi a responsável pela morte da minha mãe, seja quem foi eu vou procurar em Mahina inteira até acha e depois vou fazer pagar.

           Tivemos que esperar 3 horas para todo o Conselho Real se reunir, o Conselho era composto pelo ancião mais sábio de Mahina, o irmão do rei, os mais ricos e o assistente braço direito do rei. A monarquia de Mahina era diferente da Terra, não existia os títulos de Duques, Marqueses, Condes, Barões e essa coisas, existiam pessoas influentes, poderosas e ricas que faziam parte do Conselho Real, mas para ser "democráticos" eles tinham um pequeno "júri" com gente do povo.

          Eu estava sentado na sala do Conselho Real, de frente para todo o Conselho, meu pai estava do meu lado direito e Loton do meu lado esquerdo.

          Foi então que começou o julgamento, então o ancião começou.

- Jack Cooper, Richard Cooper e John Loton, você então aqui, por serem os únicos suspeitos em uma rebelião contra o rei que resultou em sua morte, no momento temos apenas uma testemunha, a empregada do rei disse que escutou gritos e que em seguida os Rastreadores entraram para ajudar o rei, vocês confirmam a história?

- Confirmamos até o ponto dos gritos, a Vossa Majestade havia contado ao Jack que ele era seu pai biológico como quer que um menino enganado, não fique estressado com o rei quase querendo obrigá-lo a ficar do seu lado? - meu pai se pronúncia.

          Tribunais em Mahina era totalmente diferente da Terra, não tinha advogados para te defender, você tinha que se defender e provar sua inocência enquanto um júri te acusa.

- Então você confirma que Jack matou o então pai? - um dos nobres diz.

- Não põe palavras na minha boca, estou dizendo que por isso que ouve os gritos. - meu pai diz calmamente.

- Então como explica o rei estar morto? - outro nobre pergunta.

- Os Rastreadores que vocês acreditam que estavam tentando salvo o rei na verdade o mataram, então tentaram nos atacar e nós nos defendemos.

- Está acusando os Rastreadores que juram lealdade ao rei de terem o matado? - um terceiro nobre pergunta.

- Não estou acusando, estou afirmando. - meu pai cruza os braços.

- Sabe o que isso me aparece? Parece que um filho revoltado matou o pai amável e honesto que ele tinha.

- Desculpe senhor, mas o rei William está longe de ser um pai amável e honesto como você está pintando ele, me diz que pai maravilhoso é esse que enganou minha mãe e a abandonou grávida na Terra? - resolvo me defender.

- Você está acusando o rei de tamanha desonestidade, essa acusação falsa pode ser um problema. - um dos nobres fica irritado.

- Mas não seria um problema se as acusações fossem verídicas, e que nosso amado rei fez tudo isso, usou L'amour à première vue, magia proibida por sinal até para o próprio rei, e usou em uma Terráquea e a abandonou grávida. - meu pai diz.

- Essa é uma acusação muito forte. Sr. Cooper. - o ancião diz calmamente.

- Como mestre em magia eu posso provar que é verdade, mas seria um escândalo se viesse agora e atrapalharia a coroação do nosso novo Rei George. - Loton diz.

- Não temos como provar que foram eles mesmo, alguém do Conselho tem alguma ideia sobre isso? - o ancião pergunta aos demais.

- Eu, esquecemos um fator importante, Jack é um Escolhido, não podemos prender ele, e não temos prova para acusar seu pai adotivo e seu tutor de conspiração. - pela primeira vez o futuro Rei George se pronuncia.

- Então qual sua sugestão, Vossa Alteza? - o sábio pergunta.

- Manteremos os três sobre vigilância da Guarda Real, Richard será afastado de suas funções como Rastreador e tanto ele como John não poderão sair de Mahina, alguma objeção?

- Sim, porque não os prendemos e os matamos? Você vai ser rei, tem esse poder. - um dos nobres sugere.

- Não quero começar meu reinado com mortes, se a culpa deles for comprovada faremos isso, mas enquanto não é provada nem a culpa e nem a inocência deles serão mantidos assim. - George fala um pouco mais alto para que todos ouçam.

- Vamos fazer a votação, quem for a favor da ideia do rei levante a mão. - o ancião disse e um conselho de dez pessoas somente dois nobres foram contra.

- Então acho que está decidido, isso não vira a tona para a população e para mantermos as aparências os três terão que ir ao velório que acontecerá na Terra como manda a tradição, vocês concordam? - ele se levanta já para sair.

- Sim. - respondemos em uníssono totalmente contrariados.

- O Conselho está encerrado. - o ancião disse e todos saíram.

          Fomos escoltados de volta para a cabana onde teríamos vigilância 24 horas, mas melhor isso que ser morto injustamente.

- E o que faremos? - perguntei assim que nós três estávamos sozinhos novamente.

- Dançar conforme a dança até achar um jeito de provar nossa inocência. - meu pai disse.

- É uma boa estratégia. - Loton concorda.

- Que merda, espero que isso se resolva logo. - me jogo no sofá.

- Foi o rei que te deu o pingente, John? - meu pai pergunta.

- Quem mais daria? No caso do Jack foi hereditário, era só para entregar o colar, ele nem queria saber do Jack, esse súbito amor é o que está me deixando curioso.

- Acho que tem alguém mexendo muito bem os pauzinhos. - meu pai fica bem pensativo.

- E quem seria? - pergunto.

- Alguém que seria muito favorecido e bem inteligente pra armar tudo isso.

- A verdade logo aparece. - Loton disse.

- Vamos ter que ir naquele velório mesmo? É o último lugar que eu quero ir. - reviro os olhos.

- É o jeito... - Loton olha através da janela - esse povo leva vigilância muito a sério. 

- E não vão sair daí em momento algum, vamos ter que investigar secretamente. - meu pai suspira.

- Isso não vai ser tão difícil, nem o segredo que eu era o filho bastardo do rei durou muito tempo, só uns 17 anos.

- Jack, não começa. - meu pai revira os olhos.

- É brincadeira, mas traumatizei. - rio.

- Não está bravo por temos escondido isso? - ele pergunta confuso.

- Não, era melhor eu nem ter descoberto que meu pai biológico é um porco imundo, pelo menos meu pai verdadeiro é um herói que caça bandidos, não é mesmo, senhor Rastreador?

- Pois é. - ele ri.

- Mas o que me frustra e que ele estava perto de falar quem mandou matar minha mãe, não podiam ter matado ele outra hora não? - reviro os olhos.

- Pelo menos agora sabemos que a mesma pessoa está envolvida em toda essa confusão, agora é só achar a ponta do rolo. - Loton diz com um sorriso confiante.

- Não tem tipo... Sei lá uma magia pra isso? - pergunto.

- Nossa magia não é tão avançada assim. - ele suspira.

- Que merda!

                                                            •••

          O velório foi no outro dia, já estávamos todos de preto e arrumados para ir, o que me  incomodava era os soldados da Guarda Real no nosso pé.

- Não se meta em confusão, Jack. Nossos pescoços estão na corda. - meu pai me adverti.

- Não sou tão imprudente assim. - reviro os olhos.

- Vamos gente, os cães do rei está nos esperando, ou devo chamá-los de soldados da Guarda Real? - Loton brinca com a situação.

- Cães do rei soa mais poético. - digo.

- Vamos logo. - meu pai abre a porta e um dos soldados já vem nos escoltar.

- Obrigado pela sua atenção, mas acho que sabemos o caminho até o portal. - Loton diz.

- Estamos fazendo nosso trabalho. - o soldado ignora a ironia de Loton.

          Então eles foram com nós até o portal que dava bem perto de onde seria o velório, achei estranho eu nunca ter visto aquele local. Quando chegamos perto do caixão havia um pouco de gente lá, então fiquei perto, encarando com raiva do rei e com raiva de quem o matou antes de mim, eu não havia percebido ninguém lá, até que vi Loton e meu pai encarando algo atrás de nós. Segui seus olhares e vi que eles estavam olhando para uma garota ruiva que parecia ser mais nova que eu, ela era linda e não tinha como negar, foi a primeira vez que uma menina me chamou a atenção. Quando vi que a mulher ao lado dela percebeu que eu estava encarando a garota ruiva eu desviei o olhar e fui falar com meu pai.

- Por que estavam encarando a ruiva ali?

- Oi? - ele se assusta com a minha presença.

- A ruiva ali, estavam encarando ela por quê? - refiz a pergunta.

- Nada... Ela só parece com alguém que eu e o John conhecemos. - ele vira rapidamente para o caixão.

- E quem seria? - pergunto curioso.

- Você nem era nascido, então você nem conhece, mas sinto que você vai saber. - ele abre um meio sorriso.

- Ok. - tento deixar isso de lado.

          Fiquei olhando atentamente para o caixão tentando ignorar a segurança reforçada da Guarda Real, então eu me viro e a garota já não estava lá, estava somente a mulher do lado, que um tempo depois também foi embora.

          Depois daquele exaustivo velório minha vontade era deitar e dormir assim que cheguei na cabana, mas eu tinha que começar a estudar sobre alguma coisa que desse para comprovar minha inocência. Mas meu estudo não passou de uma hora, eu me vi tentado a olhar para o espelho e me perguntar no que eu me parecia com o William e comecei a ver as semelhanças nos olhos escuros que eu nunca entendi, pois minha mãe tinha olhos cor de mel e Richard tinha olhos azuis, vi semelhança no nariz, na boca e comecei a pensar nele ser meu pai biológico, mas logo recusei esse pensamento.

                                                                  •••

          Três semanas depois daquele tedioso velório o último dono foi encontrado e eu fui chamado para meus deveres de Escolhido.

          Foi péssimo ter recebido essa notícia, ainda mais quando você é acordado do seu sono profundo pelo seu pai te balançando de um lado para o outro.

- Jack, Jack, Jack... - ele começou a me balançar mais forte e eu me recusando a abrir os olhos - JAAACK!

- Não precisa gritar, tá tendo um ataque? Deixa a Guarda Real resolver. - me viro assim que ele para de me balançar.

- Para de ser preguiçoso, acorda logo, o último pingente já encontrou seu dono.

- Não podia começar melhor o dia. - resmungo.

- Arruma suas coisas, vamos para Printemps após o café da manhã, então ande logo. - ele sai do quarto e bate a porta para garantir que eu ia levantar em seguida.

          Arrumei minhas coisas em uma mala e puis meus livros de magias junto, naquela altura eu já tinha vários livros. Tomei um banho para tentar acordar de vez e ficar mais disposto.

- Anda Jack antes que o pão endureça. - meu pai me apressa.

- Já estou indo. - pego minhas armas, minha mala e vou tomar o café.

- Tá ansioso, Jack? - Loton pergunta.

- Totalmente. - digo ironicamente.

- Não vai te matar.

- Não ainda. - pego um pedaço de pão e como com pressa.

- Não precisa enfiar tudo de uma vez.

- Eu sei, Loton. Mas eu ainda tenho que ajeitar o Lock pra irmos, pelo menos eu vou poder ficar com ele?

- Vai sim, mas evita o uso de magia, um guerreiro não usa só magia e força física, ele usa a inteligência. - meu pai diz.

- Entendi. - aceito seu conselho.

          Quando terminei o café da manhã contei tudo para Lock sobre irmos para Printemps e o fato dele ficar comigo lá. Lock estava ansioso pra ir e feliz por poder ficar comigo, então ele não parava de tagarelar sobre essas coisas e como devia ser a sensação de ser um  animal mágico de um Escolhido, então eu ignorava sua falação eu não estava tão ansioso assim por ser um dos famosos Escolhidos e o fato da minha rotina ser toda mudada novamente me deixava incomodado.

- Por que você tá com essa cara de velório? - ele me tira do meu mundo da lua.

- Eu não queira nada disso que tá acontecendo, ainda mais agora esse negócio de Escolhido. - suspiro.

- Pensa pelo lado de que como Escolhido você poderá sair de Mahina.

- Pelo menos você vai estar comigo, amigão. - sorrio.

- Pode ter certeza. - então eu acaricio sua cabeça.

           Depois de percorrer o mesmo caminho da última vez só que com a Guarda Real que prometeu disfarçar enquanto eu estou lá para não chamar a atenção de curiosos, finalmente chegamos perto de Printemps. Quando olhei para o lado um portal estava se abrindo e dele saiu um homem e ela, seus olhos brilhavam com cada coisa que ela via, ela sorria, estava animada, então ela pegou um livro, leu alguma coisa e sorriu mais ainda.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo