Início / Fantasía / Seguindo a Lua / Lua Crescente: Wilks
Lua Crescente: Wilks

Eu tinha caído em um sono profundo, estava dormindo que nem uma pedra, foi um sacrifício para a Violet me acordar.

- CECÍLIA, ACORDAAAAA! - ela chacoalhava de um lado para o outro, mas eu ainda estava meio inconsciente. - Seu pretende está ai, o Jack está te esperando!

- O que? - acordei rapidinho com aquilo.

- Falou do pretendente e você acordou. - ela ri.

- Não tem nenhum pretende. - reviro os olhos.

- Então o Jack que você jura que não é seu pretendente, mas eu sei que é, está te esperando lá fora.

- Oh não, o passeio com ele... Já estou atrasada para variar. - bati com minha mão na testa.

- Um passeio com o Jack? - ela insinua de novo.

- Ele só vai me mostrar o lugar fora de Printemps. - me levanto para me arrumar.

- Ele te trouxe ontem, falou mais com você do que com qualquer um e agora te chama para um passeio, vai negar até quando que ele está interessado em você? - ela me observa de braços cruzados.

- Ele está tentando ser amigável, só isso. - respondo logo após terminar de escovar os dentes.

- Ainda acho que ele está interessado em você... Quero ver onde vai dar. - ela ri.

- Jack Cooper e eu só estamos tentando ter uma amizade. - pego uma roupa aleatória minha da Terra e visto.

- Do mesmo jeito que você não acha ele lindo. - ela provoca.

- Violet, para de alimentar contos românticos nessa sua cabeça. - penteio meu cabelo.

- Só estou vendo o futuro. - ela ri novamente.

- E eu estou vendo no futuro uma Violet amarrada em uma cadeira com a boca amordaçada se não parar com insinuações. - dou uma última ajeitada.

- Ok... Não está mais aqui quem falou. - ela revira os olhos.

- Até depois. - digo saindo.

- Até depois do seu encontro romântico. - ela fala em um tom de voz alto, mas eu a ignoro.

Avisto Jack entre a minha casa e a dele, ele estava em pé acariciando um enorme lobo preto, então eu me aproximei devagar para não correr nenhum risco, mas não precisei dizer nada para Jack notar minha repentina presença.

- Bom dia, Cecília. - ele não se vira, continua acariciando o lobo.

- Bom dia, mas como sabe que sou eu? - me aproximo mais.

- Bem, pelo seu perfume e pelo barulho de passos. - ele se vira e sorri.

- Faz sentido, mas peço desculpas pelo meu atraso. - fico envergonhada.

- Sem problemas. - ele se vira novamente. - Esse é o Lock, meu fiel Wilk, não vai cumprimentar a Srta. Arsen?

- É um prazer conhecê-la. - o lobo fala e faz uma reverência com a cabeça.

- Igualmente, mas você... Fala? - pergunto assustada.

- O que há de estranho nisso? - Lock pergunta.

- É que de onde ela vem Lock, não existem Wilks, só lobos pequenos e de cores padrões que não falam nada. - Jack explica.

- Achei que fossemos bem comuns em todas as dimensões. - Lock parece confuso com o que acaba de descobrir.

- Cecília é da Terra.

- A dimensão sem magia? - Lock se aproxima de mim e começa a me cheirar.

- Exatamente. - Jack ri da situação a qual eu me encontrava.

- Espera... Aqui animais falam? - pergunto ainda surpresa e com Lock me cheirando.

- Algumas espécies sim, como os Wilks, Lock é um Wilk então ele fala. - Jack explica.

- E porque esse Wilk tá me cheirando? - encaro o Jack.

- Para seu cheiro ser armazenado, caso você se perca o Lock pode te achar. - Jack acaricia ele e ele se afasta de mim.

- Que legal, vamos logo, quero ver mais. - abro um grande sorriso ansiosa.

- Ok... - ele sobe no Lock. - Suba aqui, vamos de Wilk.

- Na Terra é ir a cavalo. - rio e subo em seguida.

- Pode ter certeza que ele é mais rápido e resistente que um, segura firme nos pelos dele que vamos sair daqui correndo.

- Ok. - obedeço ele é seguro firme na pelagem um pouco grande do animal.

- Vamos sair daqui, Lock. - e o lobo gigante o obedece e em segundos já estamos do lado de fora da fronteira e ele desacelera.

- Muito rápido. - suspiro aliviada.

- Isso nem é a metade da velocidade que ele alcança. - Jack ri.

Então fomos por uma área aberta, onde só se encontravam várias flores variadas e coloridas, algumas pareciam com arco-íris de tão coloridas, já outras seguiam um padrão, algumas nascia com várias cores de flores em um mesmo galho, mas algumas eram somente rosas, orquídeas, margaridas, cravos entre várias outras que davam pra sentir o cheiro de longe, então guardei cada uma na mente para pesquisar tudo sobre elas depois.

Entramos em uma mata aberta em alguns minutos as cores das folhagens não eram muito diferente das flores, o tronco era marrom, mas todo o resto era colorido, tinha uma com frutas que já vi na Terra como manga que perecia estar dando de monte, o que explicaria o suco de manga da noite anterior, também vi banana, maçã, laranja, entre outras frutas e algumas não tinham na Terra fiz uma análise de tudo e guardei na memória para estudar mais sobre.

- Como pode ter frutas e flores como na Terra? - pergunto curiosa.

- Por que Mahina é o começo de tudo, várias dimensões tem seus padrões, mas Mahina é a mistura de todas elas, então acho que você não vai sentir muita falta das coisas.

- Acho que não. - volto a analisar tudo.

Uma vez ou outra eu perguntava algo para o Jack, mas na maioria eu guardava para descobri sozinha pra ter mais emoção, na maior parte do tempo ficávamos jogando conversa fora. Depois de um hora onde o tempo passou voando Jack escutou o ronco do meu estômago.

- Não tomou café? - ele olha preocupado comigo.

- Acordei atrasada ,então não deu tempo. - suspiro.

- Que tal um café da manhã às 09h00? - ele me lança um olhar sugestivo.

- Meu estômago achou uma ótima ideia. - brinco.

- Bem estamos perto da aldeia Hiver. Hiverianos são mais frios, não se socializam com os outros, não tem horários para nada, muito menos restrição com comida.

- Mas não era em toda a Mahina que era assim? Com regras de alimentos e tudo o mais? - pergunto confusa.

- Sim, mas tem sempre uma aldeia rebelde. - ele ri.

- Pede pro Lock acelerar que eu estou morrendo de fome.

Lock correu muito e em pouco tempo estávamos em Hiver que não era muito diferente de Printemps, só mudava o tamanho, era bem menor, não tem um castelo e tem vários comércios alimentícios.

Jack me levou a uma padaria onde parecia ser bem conhecido das pessoas e ele me explicou que teríamos que nos servir, foi o que eu fiz, fiquei boquiaberta com o que eu estava vendo de opções. Peguei cinco pães de queijo, um pedaço de bolo bem elaborado, nem dava pra saber de vista o sabor, mas estava parecendo tão suculento com aquele chantilly e aquela cereja por cima, peguei um copo de leite, depois de passar por algumas comidas eu consegui achar meu querido achocolatado em pó.

Jack foi mais simples na comida, pegou dois pedaço de pão caseiro, passou manteiga, dois pedaço de um bolo bem simples e café.

Acompanhei-o até uma mesa que ficava na frente de uma enorme janela onde dava pra ver o movimento nas ruas.

- A culinária daqui parece muito com a da Terra. - dou uma mordida no meu pão de queijo.

- Acha que as receitas da Terra saíram de onde? Mas se bem que algumas invenções culinárias nós roubamos, entretanto tem umas que nem na Terra tem, do mesmo jeito que plantas comestíveis é uma especialidade em Puaponi.

- Agora que percebi isso. - lembro de Violet falando do costume de comer plantas comestíveis.

Comemos nossa comida em silêncio, em certos momentos eu o olhava ainda com a impressão de já ter o visto, mas em outros eu tentava afastar esse pensamento louco olhando o vai e vem de pessoas nas ruas. Jack vez ou outra notava eu o observando, mas em seguida eu desviava o olhar e tentava disfarçar, o que era inútil, ele sempre soltava uma risadinha quando percebia minha incapacidade de disfarçar algo.

Violet tinha razão, Jack era muito lindo, mas era diferente de todo tipo de garoto que eu estava acostumada.

- Vamos para onde agora? - pergunto assim que saímos da padaria.

- Vamos por um caminho diferente para Printemps, vamos aproveitar a primavera aqui e ver tudo de bom que tem de flora. - ele assovia chamando Lock.

- Por mim quanto tempo mais demorar melhor. - rio.

Então pegamos o caminho, não passamos por floresta nenhuma, dava para ver várias colinas, algumas árvores e flores, mas tudo muito colorido, as cores em Mahina eram mais vívidas, até a grama tinha um verde bem diferente, mais forte, às vezes parecia brilhar.

Eu estava de braços abertos sentido a doce brisa batendo em mim, foi quando Lock saiu correndo fazendo eu ir com tudo pra frente e passando meus braços pela cintura de Jack para não cair.

- O que está havendo?! - pergunto assustada.

- Lock ouviu alguma coisa. - ele fala um pouco alto para que eu pudesse escutar.

Lock entrou em uma floresta, correu entre as árvores até chegarmos em uma clareira onde tinha um Wilk ferido.

- Está explicado, Wilks atendem o chamado de socorro um dos outros, conseguem ouvir a longas distâncias. - Jack explica.

- Pobrezinha, ela tá machucada. - desço de Lock e vejo marcas de garras na barriga da Wilk.

- Como sabe que é ela e não ele? - Jack pergunta confuso.

- Eu só sei. - não sabia explicar, mas ela me parecia ser fêmea.

- O que houve com ela? - passo com cuidado as mãos no seus ferimentos.

- Isso ela não vai responder, apesar de falantes os Wilks são tímidos.

- Então o Lock pode perguntar. - sugiro olhando para ele.

- Eu posso fazer isso. - então ele começa a uivar.

- É uivando que eles se comunicam com os outros? - pergunto.

- Sim, para que humanos não saibam do que estão falando. - Jack analisa o redor.

- Ela foi atacada por um Lampartaigle. - Lock diz.

- São duas espécies bem rivais. - Jack analisa o ferimentos.

- O que vamos fazer? - fico perdida com a situação.

- Não sei, use magia. - ele sugeriu.

- Como? Não aprendi nada ainda. - sento perto da Wilk.

- Às vezes a magia não é só decorar feitiços, às vezes ela vem do coração. - ele pousa sua mão no meu ombro me encorajando.

- Ok! - respiro fundo.

- Olha só, duas pobres crianças desprotegidas. - uma voz áspera soa atrás de nós então nos viramos abruptamente para ver o que estava acontecendo.

- Acho que vamos nos dar bem hoje. - o outro homem de preto com o rosto o rosto igualmente escondido diz.

- Saqueadores. - Jack revira os olhos.

- Vão passar as coisas por bem ou mal? - o cara da voz áspera tenta nos intimidar com um espada.

- Cecí, cuida da Wilk que desses dois cuido eu. - Jack estende sua mão para o lado e seu cabelo fica branco e o pingente em sua pulseira de couro começa a brilhar com o uso da magia, então ele tira sua espada de uma fenda e vai pra cima dos homens.

- Ok. - respiro fundo e tento sentir a magia.

Jack era bom manuseando espadas, não demorou muito para desarmar um dos homens e matar o outro quando tentou enfiar a espada em seu peito. Ele era bem hábil, lutava como se tivesse feito aquilo milhares de vezes antes, parecia que nada o amedrontava, mesmo quando o outro homem sem espada tentou atacar Jack com a força bruta, ele pegou o homem pelo braço e o arremessou, em seguida ele enfiou a espada em seu peito.

- Acho que já acabou. - ele suspira.

- Você nem derramou uma gota de suor. - olho para os dois corpos.

- Eu treinei muito. - ele se senta perto da Wilk.

- E você sabe usar magia? - olho intrigada pra ele.

- Meu tio me ensinou uns truques. - ele começa a acariciar a cabeça da Wilk.

- Entendi, agora eu posso tentar curar ela? Ou vai aparecer mais alguém? - suspiro.

- Vai em frente, a magia vem do coração. - ele sorri.

- Vou tentar.

Então eu me concentrei, mantive as mãos um pouco longe das marcas das garras e relaxei, deixando toda a magia fluir, e eu senti meu corpo mais leve, vi o pingente brilhar, parecia que eu sabia o que estava fazendo, eu sentia no meu coração que queria ajudar a Wilk, foi quando eu sentir a magia se concentrando nas minhas mãos, fechei os olhos e prossegui.

- Você está conseguindo. - sentia o olhar de Jack sobre mim.

E minhas mãos foram aliviando, abri os olhos e não vi mais marcas nenhuma nela, meu pingente foi deixando de brilhar e quando eu vi a expressão da Wilk se suavizando e ela se rendendo ao sono eu tinha certeza que eu tinha conseguido.

- Bom trabalho. - Jack deita na grama com a cabeça apoiada nos braços.

- Nem acredito que consegui. - me deixo cair pra trás com os braços abertos e olho para o céu.

- Mas conseguiu, eu não teria conseguido. - ele ri.

- Fala sério, você tira armas de fendas. - reviro os olhos.

- É magia aprendida e não improvisada, sou péssimo com magia improvisada. - ele solta uma gargalhada.

- Tirar armas de uma fenda pareceu improvisado. - rio.

- Se fosse seria mais fácil, quer esperar ela acordar?

- Claro, não vou deixar ela desprotegida até ter certeza que ela está bem. - suspiro.

- E quem vai proteger nós?

- Você, acabou de matar dois Saqueadores, acho que pode nos proteger muito bem. - sorrio.

- Se você acha, não vou discordar. - ele ri.

- Mas não vai dá problema se acharem os corpos deles? - pergunto preocupada.

- Não, são Saqueadores foi para salvar nossas vidas, eles não só roubam, mas matam também. - ele olha pra mim.

- Mas e se não tivesse matado eles?

- Os Rastreadores matariam, se estão aqui quer dizer que estão fugido, normalmente eles esperam perto das vilas, mas esses estavam bem distantes tanto de Printemps quanto de Hiver.

- Mas se estavam fugindo uma pausa para um assalto atrasaria a fuga, cada segundo seria importante quando estão sendo seguidos por um bando de gente altamente treinada para achar e matar, a não ser que precisavam de mohans para continuar a fuga. - analiso a situação.

- Provavelmente, mas mesmo que nos matassem ele iam sair sem dinheiro.

- Eu não acostumei com esse negócio de não pagar nada, até a mulher da padaria nos tratou como celebridades.

- Eu nem queria ser um Escolhido. - ele suspira.

- Por que não? - olho pra ele.

- Não sei, além de achar que não serei bom, eu também tinha um sonho e isso me impede de segui-lo.

- E qual seria o sonho?

- Ser um Rastreador, procurar pessoas más, parece bobeira, mas era o que eu estava planejando antes de descobrir sobre o pingente e tudo mais.

- Por que procurar pessoas más? - encaro ele.

- Porque muitas vidas inocentes são perdidas por causa dessas pessoas, eu treinei anos pra isso. - ele suspira.

- Ser um Escolhido não te ajudaria mais nisso?

- Mais atrapalharia do que ajudaria, mas vou ter que esperar isso tudo acabar. - seu olhar fica sombrio.

- Jack, você perdeu alguém? Desculpa a indelicadeza, mas nunca nos importamos com a vidas inocentes a não ser de perdemos uma pessoa importante pra nós injustamente. - me aproximo dele.

- Sim, minha mãe. - seu rosto se esvazia.

- Eu sinto muito, mas caçar criminosos não vai ajudar.

- É, talvez não. - ele pensa em algo e dá um meio sorriso.

Eu não conseguir dizer mais nada, Jack tinha uma dor profunda que havia notado desde que nos conhecemos pela expressão vazia dele e pelo fato dele não querer tocar no assunto da família dele no jantar de ontem, apesar da enorme insistência do Nick, cheguei a achar que ele ia ficar muito estressado com o Nick, mas ele respondia educadamente que não queria falar sobre aquilo.

Depois de uns minutos ele notou que eu estava sorrindo, ele se aproximou e me despertou da minha imaginação com um toque no meu braço.

- Por que está tão feliz? - ele estava sentado do meu lado.

- Isso ainda parece um sonho, tenho até medo de acorda. - sorrio.

- Então não serei eu que vou te beliscar. - ele ri.

- Não seja mesmo. - rio ainda mais.

- Aqui realmente é muito perfeito.

- Acho que nunca sonhou com um lugar maravilhoso que não fosse esse, você tá aqui a mais tempo então está acostumado já.

- Claro que já sonhei com outro lugar que não fosse aqui. - ele volta a deitar.

- Sério? Que lugar? - dessa vez sou eu que me sento.

- Quando eu era criança minha mãe lia vários livros pra mim, mas tinha uns que me agradavam mais que os demais, era uma aventura bem envolvente, misturava mitologia que fazia eu gostar ainda mais.... Era viciante, eu sempre fazia minha mãe reler e quando ela estava relendo eu me imaginava em Natureza tomando suco de pêssego azul e imaginando tudo do lugar, era um sonho. - ele sorri.

- Então eu acho que você me entende. - rio.

- Mais do que você pensa. - ele sorri, mas eu percebo algo oculto no seu sorriso.

- Acho que vamos nos atrasar para o jantar. - rio.

- Aposto que não, temos a tarde toda aqui, mas algo me diz que logo ela acorda.

- Lock não saiu de perto dela desde que chegamos. - vejo Lock deitado do lado dela.

- Instinto de proteção Wilk, eles se protegem e se ajudam. - Jack olha para seu companheiro.

- Mais uma coisa para a lista do que eu aprendi hoje.

Ficamos em silêncio só admirando a paisagem até eu cair no sono.

Não sei quanto tempo fiquei dormindo, só senti a mão de Jack no meu braço, e sua voz doce ecoando nos meus ouvidos.

- Cecí, a Wilk acordou. - ele me balançava suavemente.

- Já acordei. - me levanto as pressas para vê-la.

- Ela parece bem. - Jack vai para perto de Lock.

- Como você se sente? - perguntei a ela.

- Muito bem, muito obrigada por ter me salvado. - a Wilk responde e Jack e Lock se entreolham.

- Não podia te deixar aqui machucada e também não podia te deixar sozinha e indefesa, fiz minha parte. - sorri.

- Já vi algo parecido. - Lock diz e eu não entendo.

- Eu serei eternamente grata. - a Wilk se levanta e abaixa a cabeça para mim como uma reverência, eu olho confusa para Jack.

- Quando um Wilk tem uma dívida de gratidão com alguém ele paga sendo o seu companheiro e fica com você até a morte, se você passar a mão na cabeça dela vai dizer que você quer que ela seja sua companheira. - Jack explica.

- Entendi. - então passo a mão na cabeça dela.

- Agora você tem que dar um nome pra ela. - Jack responde antes mesmo de eu perguntar.

- Como assim, eles não tem nomes? - pergunto surpresa.

- Eles tem uma identificação na alcateia, mas é secreto só os membros da alcateia sabem.

- Nesse caso vou te chamar de Mavis. - acaricio sua cabeça e sorrio.

- Qual é seu nome? - ela me pergunta.

- Cecília, prazer em conhecê-la.

- O prazer é todo meu. - Mavis se aproxima e me lambe.

- Acho que alguém ganhou uma companheira. - Jack ri.

- Acho que sim. - sorrio.

- Pra quem acabou de chegar aqui, você tá indo bem. - ele se aproxima de mim.

- Eu sei, isso é muito legal! - acabei me empolgando e abracei ele desajeitadamente.

- Você é especial, Cecí. - ele retribui o abraço.

- Obrigada. - me desfaço o abraço e sorrio.

- Disponha. - ele olha para o lado e percebo o quanto minha ação repentina o deixou um pouco desconfortável.

- Desculpe por ter te abraçando, eu fiquei feliz demais e então...

- Não precisa se desculpar, eu gostei, só que eu não sou acostumado com abraços. - ele olha para o chão e coça a cabeça.

- Entendo. - fico corada.

- Temos que ir se vocês querem jantar hoje. - Lock nos tira daquele momento.

- Verdade, vamos? - Jack pergunta.

- Você pode andar? - pergunto pra Mavis.

- Posso até correr, graças a você. - ela me responde.

- Então vamos. - subo nela.

- Os mais rápido que puder Lock. - Jack diz para seu Wilk e então os dois disparam.

- Acompanha eles Mavis. - digo e ela corre tanto quanto Lock.

Fomos embora o mais rápido que podíamos, já estava escurecendo, então não podíamos perder tempo. Chegamos lá meia hora depois. Na entrada descemos dos Wilks, antes de ir pra casa Jack ia me levar até um lugar onde eu podia deixar a Mavis.

- Então, como que Lock virou seu companheiro? - pergunto tentando quebrar o silêncio constrangedor que estava se estendendo pelo percurso até o local.

- Um dia eu estava treinando na floresta e achei um filhote de Wilk perdido e com fome, então cuidei dele até ele ficar melhor, aí ela ficou com uma dívida de gratidão e o resto você já sabe. - ele sorri enquanto lembra de tudo aquilo.

- É fácil as pessoas terem um Wilk de companheiro?

- Não, só ficam com um humano por gratidão e é difícil isso acontecer, Wilks quase nunca ficam em situação de perigo, na alcateia um protege o outro, mas as vezes tem casos como os nossos.

- E como um Lampartaigle fez um machucado tão grande na Mavis? - pergunto ainda sem entender.

- Alguns animais são selvagens, o Lampartaigle está nesse grupo de animais, então são extremamente agressivos, mas pra você ter um ideia e mais fácil ter um Lampartaigle como companheiro do que um Wilk. - ele acaricia o pelo preto de Lock.

- Se são selvagens, como é mais fácil ter um deles?

- Porque pra ter um Lampartaigle tem que domar ele, é meio problemático domar eles, mas com experiência fica fácil, tem até um ditado aqui em Mahina que fala "É mais fácil domar um Lampartaigle que ter a gratidão de um Wilk".

- Estou entendendo, somos sortudos então. - paramos na frente do que parecia um estábulo, perto do campo de treinamento.

- Muito sortudos, chegamos. - ele entra no estábulo.

- Que lugar é esse? - pergunto atrás dele.

- Um lugar feito para ficar só os animais dos Escolhidos.

- Acho que percebi. - vejo a madeira pintada com a cor de cada Escolhido dividindo o estábulo. Branco, azul escuro, violeta e vermelho claro do lado direito e azul claro, lilás e vermelho escuro do esquerdo.

- Até mais Lock. - ele se despedi do Wilk o deixando no lugar de cor branca.

- Tchau, Jack. - Lock responde e se deita.

- Você vai ficar aqui, Mavis. - a levo até o lugar azul escuro onde parecia bem confortável.

- Ok, Cecília. Tchau. - ela se deita pra descansar.

- Até mais. - então eu saio do estábulo e Jack vem logo atrás.

- Não se preocupe com nada, Adam cuida dos animais também. - Jack vê minha preocupação.

- Ok. - suspiro.

- A lua já está tomando o lugar do sol, chegamos bem a tempo para o jantar. - ele diz olhando para o céu enquanto voltamos pra casa.

- Com certeza, isso tudo me deu fome. - rio.

- Somos dois. - ele ri junto.

- Eu ainda tenho que me arrumar, te vejo no jantar. - saio correndo pra casa assim que chegamos perto.

Quando entrei eu vi Violet jogada no sofá lendo uma revista, torci para que ela estivesse concentrada de mais e nem notasse minha chegada, mas não deu certo, eu tive que aguentar suas provocações.

- Como foi o encontro? - ela se levanta correndo e joga a revista na mesa.

- Não foi um encontro, foi um passeio. - vou até meu quarto.

- Então como foi seu passeio?

- Tirando a parte em que apareceram Saqueadores lá, foi ótimo, adorei ver mais coisas daqui. - me jogo na cama para dar uma descansada rápida.

- Saqueadores? E vocês fugiram? - ela se senta na cama.

- Não, Jack deu um jeito neles.

- Olha além de lindo, inteligente... Ele também é herói. - ela ri.

- Ele só sabe lutar. - rio.

- Mas ele te salvou, duvido que conseguiria sozinha. - ela revira os olhos.

- Se me desse uma espada... Quem sabe? - dou de ombros.

- Você é muito teimosa, não quer admitir o que está na cara.

- Você fica fantasiando muito. - suspiro.

- Mas me conta tudo que fizeram.

- Se eu resumir você para de me encher com essa história?

- Dou uma trégua. - ela abre um sorrisinho.

- Tá, melhor que nada... Ele me levou pra ver tudo que tinha lá fora, então eu estava com fome por ter perdido o café e ele me levou para fazer o desjejum em Hiver...

- Ele te convidou pra um café da manhã. - ela me interrompe para uma de suas provocações.

- Aí quando estávamos voltando o Wilk dele achou uma Wilk ferida, aí os Sequestradores apareceram e ele pegou a espada e matou eles...

- Com um bom herói que ele é. - ela me interrompe e ri.

- Aí eu conseguir usar magia pra salvar a Wilk e esperamos ela acorda, não ia deixar ela indefesa lá, deitamos na grama e ficamos conversando...

- Deitados na grama, indícios de um romance. - ela me interrompe de novo.

- Depois ficou tudo bem com a Wilk e eu fiquei tão feliz e acabei abraçando ele...

- Você abraçou ele? Depois diz que não sente nada. - ela revira os olhos.

- Posso terminar? - encaro ela.

- Sim, não vou atrapalhar. - ela põe a mão na boca.

- Mas ele ficou meio sem jeito, aí foi um momento meio constrangedor, agora eu tenho a Wilk como companheira e voltamos para a Academia para o jantar bem a tempo.

- Vocês vão acabar ficando juntos. - ela ri.

- Fica aí fantasiando que eu vou tomar um banho. - saio do quarto para não ouvir mais suas besteiras.

- Escuta o que eu estou te falando. - ela ri mais alto.

Tomo meu banho, me arrumo e nesse tempo a ignoro completamente, Violet sonhava demais com essas coisas.

Quando chegamos no Salão, Lucy estava grudada com o Jack, ela havia puxado sua cadeira para perto dele é estava praticamente se esfregando nele, enquanto ele nem olhava pra ela e não reagia, acho que não queria ser mal educado com a garota, apesar que depois que me viu ela fez uma cara de nojo e voltou para sua mesa. Eu ri muito mentalmente, Lucy e sua mania de sempre dar em cima de algum garoto.

Jack não falou muito no jantar, provavelmente por causa da situação constrangedora que minha prima fez ele passar, mas nem eu quis falar direito, só quis apreciar a comida em paz, enquanto isso a conversa rolava solta entre Violet e Nick.

Jack saiu assim que terminou sua sobremesa, eu fiquei mais um pouco por preguiça de andar, Violet foi para a outra mesa conhecer melhor Jane e Alan, assim sobrando só eu e Nick.

- Acho que já vou. - digo me levantando.

- Hoje eu te acompanho, pode ser? - Nick se ofereceu e se levantou.

- Obrigada. - comecei a andar pelo corredor evitando olhar para as pessoas em volta.

- Eu fui atrás de você hoje. - Nick disse assim que saímos.

- Sério? Pra que? - pergunto curiosa.

- No jantar ontem depois que você saiu, Violet disse que você havia trazido vários livros da Terra e eu sempre quis dar uma olhada na literatura terráquea, queria ver se me empresta alguns. - ele fica meio sem jeito.

- Claro, vou separar uns amanhã e te levo. - sorrio gentilmente.

- Agradeço. - ele sorri e ficamos em silêncio até chegarmos na casa.

- Boa noite, Cí. - ele beija o dorso da minha mão cordialmente assim que me deixa na porta da minha casa.

- Boa noite, obrigada pela companhia. - me despeço e agradeço.

- É uma honra acompanhar uma bela dama. - ele ri.

- Sinto-me lisonjeada. - rio e então o vejo indo embora.

Fiquei sentada na frente de casa tomando um ar antes de entrar, vejo no escuro Jack vindo da direção dos estábulos e me lembro de algo.

- Jack! - o chamo e ele vem.

- Oi, Cecí, o que foi? - ele pergunta surpreso se aproximando.

- Nada, só queria dizer que o passeio hoje foi incrível, eu amei cada segundo.

- Eu também. - ele sorri.

- Muito obrigada pelo passeio, por me levar a Hiver, por ter acabado com aqueles Sequestradores, por ter esperado Mavis melhorar junto comigo e obrigada por me mostrar como usar a magia e salva ela. - dou um beijo na sua bochecha como forma de agradecimento.

- Não foi nada. - ele fica sem jeito.

- Boa noite, Jack. - sorrio.

- Boa noite, Cecí. - ele retribui o sorriso e vai embora.

Coloco uma roupa mais confortável e me jogo na cama, então pego o livro da minha vó que estava em cima da cabeceira e começo a ler.

Está aqui, isso quer dizer que agora você tem um companheiro, queria saber qual é o seu, mas já deve ter visto o estábulo, meu Lampartaigle nem gostava de sair de lá, depois de ter sido muito difícil de domá-lo ele se tornou um completo preguiçoso. Quero que saiba que tem um ditado muito conhecido aí em Mahina que diz "É mais fácil domar um Lampartaigle do que ter a gratidão de um Wilk" leve esse ditado para a vida, ele será muito útil!

Era o mesmo ditado que o Jack me disse, seja lá o que quisesse dizer aquilo direto, eu tinha certeza de que ia acabar precisando dele.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo