Gabrielle Durante a maior parte de minha vida, sempre soube quem eu era e exatamente como me sentia, tanto em relação aos outros quanto em relação a mim mesma. Os sentimentos que direcionava e nutria para as pessoas ao meu redor eram primitivos e rasos, limitando-se as emoções básicas e de certa forma, mornas. Eu não abria brechas para criar qualquer laço, nem mesmo com aqueles que costumava ver diariamente. Os sentimentos que cultivava em relação a mim mesma, eram sólidos e impenetráveis. Nada era mais importante do que eu mesma e jamais permitiria que qualquer pessoa pudesse fazer com que eu me sentisse menos do que eu era. Talvez eu não fosse tão impenetrável quanto julgava. Com certeza não era. Lucas havia conseguido encontrar uma brecha em minha fortaleza, e de uma forma q
Gabrielle Estacionamos em frente ao clube esportivo. Era um local que todos os garotos costumavam frequentar. As garotas, no entanto, mantinham distância. Eu sempre implorei a Julls para me deixar tornar membro, mas obviamente ele nunca sequer cogitou a hipótese. Em teoria, era apenas um clube onde as pessoas se reuniam para praticar os mais variados esportes. Na prática, era um espaço para resolver desavenças. Toda a hierarquia ficava para fora daquele lugar, e os problemas pessoais eram resolvidos em boas partidas, seja lá qual fosse o esporte. Fiquei surpresa por Gadreel saber daquele lugar. ― Pensei que não conhecesse a cidade ― deixei escapar, olhando de soslaio. ― Fiz minha pesquisa ― respondeu com uma piscadela, soltando o cinto de segurança. Ele deu a volta no carro e abriu a porta para mim. Cavalheiro. N
Gabrielle O tecido de cetim parecia deslizar pela minha pele de um jeito quase indecente. Por um segundo, me senti poderosa, como se pudesse usar aquilo contra ele, mas a sensação logo deu lugar ao desconforto. Era como se cada olhar, real ou imaginário, estivesse me descobrindo ainda mais. Mas ninguém ali parecia se importar. Estavam todos focados em suas próprias lutas, como se o mundo externo não existisse. Na verdade, duvidava que alguém realmente "estivesse" ali. A descrição parecia ser uma regra implícita naquele lugar. Enquanto envolvia as faixas ao redor das mãos e punhos, sentia uma determinação crescendo dentro de mim. Se Gadreel quisesse uma retaliação, eu não facilitaria. Afinal, não era isso que eu queria? Uma chance de colocar em prática todo aquele treinamento? A
Gabrielle Gadreel era uma figura estranha, e talvez fosse exatamente isso que me intrigava. Sempre preferi os desviados. Pessoas previsíveis me entediavam. Sempre preferi aqueles que seguiam suas próprias regras, mas Gadreel era mais do que isso. Ele era um enigma que parecia intencionalmente impossível de desvendar, e isso fazia com que eu quisesse me aproximar, mesmo sabendo que poderia sair ferida. ― Como sabia? ― perguntei, com verdadeiro interesse em sua resposta. ― Você não é a única com dificuldade para dominar seus demônios, minha rainha ― murmurou ele em meu ouvido, enviando uma corrente elétrica pela minha espinha. ― A diferença é que eu não saio por aí acertando as pessoas, com tacos de golfe de cinquenta mil dólares. Sim, ele sabia. E eu nem queria imaginar como tinha
Gabrielle A cada tentativa frustrada, o suor escorria pela minha testa e o ar queimava nos meus pulmões. Ele se movia como uma sombra, e eu não conseguia prever seus movimentos. Quando me segurava, sua força era esmagadora, mas o sorriso no rosto dele era ainda pior Eu estava lutando contra o vento. Literalmente. Nem sequer cheguei perto de acertá-lo uma única vez. Gadreel se move com uma habilidade quase sobrenatural, me deixando ainda mais irritada com sua arrogância. Ele parecia se divertir a cada tentativa frustrada minha, rindo enquanto eu prendia contra seu corpo apenas para me imobilizar. E o pior de tudo era... talvez, uma pequena parte de mim estivesse gostando de alguma coisa. Era libertador. Descarregar minha frustração, minha raiva e minha violência sem medo das consequências. Não im
Gabrielle Os olhos de Gadreel se tornaram ferozes, selvagens. Sua mandíbula se apertou e as narinas inflaram. Ele estava irritado, muito irritado. Suas mãos tremiam ligeiramente, os dedos apertando sob a mesa com força. Era como se estivesse segurando uma tempestade dentro de si, prestes a explodir. Nunca o tinha visto tão descomposto. ― Que porra esse desgraçado está fazendo? ― Perguntou, com o olhar cravado no meu. ― Como ele está te tratando? ― Não é da sua conta ― respondi, num tom áspero que pretendia encerrar a conversa. ― E pelo visto nem da sua ― rebateu, com um veneno afiado. ― O que diabos você está fazendo com um cara que nem te leva para jantar, pelo amor de Deus? Era desconfortável. Como se Gadreel estivesse tirando um véu que eu mesma tinha colocado sobre os olhos. Não queria admitir que ele estava certo, que havia algo fundame
Lucas Park O céu começava a escurecer, nuvens carregadas se formando no horizonte. O vento soprava frio, como se até o clima estivesse se fechando, tentando me avisar que o pior estava prestes a acontecer. Senti minha garganta apertar e a bile subir quando ouvi o ronco do motor se aproximando. O confronto estava prestes a acontecer e, dessa vez, seria inevitável. Eu sabia que Gadreel era um filho da puta completo, mas também tinha certeza de que ele encontraria alguma forma de se safar de qualquer acusação que Gabrielle pudesse ter pensado em fazer contra ele. A culpa, no entanto, era minha. Deveria ter previsto que ela o confrontaria. Gabrielle nunca foi do tipo que engolia sapos, ainda mais quando acreditava estar com a razão. Ela, com certeza, apontaria o dedo na cara dele e despejaria todas as verdades em que acreditava. Fui ingênuo demais ao pensar que ela simplesmente deixaria passar a mentira que inventei — de que havia sido Gadreel o responsável por drogá-la. Se
Lucas ParkMeu coração pulsava mais rápido do que o normal. Seja lá o que Gadreel havia feito, o efeito fora o contrário do esperado. E eu deveria agradece-lo por ser tão precipitado em suas investidas, pois só serviu para afasta-la.Então ela forçou um sorriso, lançando um olhar rápido para seus seguranças, que estavam sentados a poucos passos de nós. Quando voltou a olhar para mim, seus olhos brilharam com uma provocação que era tão instintiva quanto irritante.— Quer mesmo fazer isso aqui? — Perguntou, tentando encerrar a conversa de forma apressada. — Na frente deles?— Eles já presenciaram cenas piores, meu amor. — Meu sorriso cresceu enquanto mantinha os olhos fixos nela