Gabrielle
O tecido de cetim parecia deslizar pela minha pele de um jeito quase indecente. Por um segundo, me senti poderosa, como se pudesse usar aquilo contra ele, mas a sensação logo deu lugar ao desconforto. Era como se cada olhar, real ou imaginário, estivesse me descobrindo ainda mais.
Mas ninguém ali parecia se importar. Estavam todos focados em suas próprias lutas, como se o mundo externo não existisse. Na verdade, duvidava que alguém realmente "estivesse" ali. A descrição parecia ser uma regra implícita naquele lugar.
Enquanto envolvia as faixas ao redor das mãos e punhos, sentia uma determinação crescendo dentro de mim. Se Gadreel quisesse uma retaliação, eu não facilitaria. Afinal, não era isso que eu queria? Uma chance de colocar em prática todo aquele treinamento? A
Gabrielle Gadreel era uma figura estranha, e talvez fosse exatamente isso que me intrigava. Sempre preferi os desviados. Pessoas previsíveis me entediavam. Sempre preferi aqueles que seguiam suas próprias regras, mas Gadreel era mais do que isso. Ele era um enigma que parecia intencionalmente impossível de desvendar, e isso fazia com que eu quisesse me aproximar, mesmo sabendo que poderia sair ferida. ― Como sabia? ― perguntei, com verdadeiro interesse em sua resposta. ― Você não é a única com dificuldade para dominar seus demônios, minha rainha ― murmurou ele em meu ouvido, enviando uma corrente elétrica pela minha espinha. ― A diferença é que eu não saio por aí acertando as pessoas, com tacos de golfe de cinquenta mil dólares. Sim, ele sabia. E eu nem queria imaginar como tinha
Gabrielle A cada tentativa frustrada, o suor escorria pela minha testa e o ar queimava nos meus pulmões. Ele se movia como uma sombra, e eu não conseguia prever seus movimentos. Quando me segurava, sua força era esmagadora, mas o sorriso no rosto dele era ainda pior Eu estava lutando contra o vento. Literalmente. Nem sequer cheguei perto de acertá-lo uma única vez. Gadreel se move com uma habilidade quase sobrenatural, me deixando ainda mais irritada com sua arrogância. Ele parecia se divertir a cada tentativa frustrada minha, rindo enquanto eu prendia contra seu corpo apenas para me imobilizar. E o pior de tudo era... talvez, uma pequena parte de mim estivesse gostando de alguma coisa. Era libertador. Descarregar minha frustração, minha raiva e minha violência sem medo das consequências. Não im
Gabrielle Os olhos de Gadreel se tornaram ferozes, selvagens. Sua mandíbula se apertou e as narinas inflaram. Ele estava irritado, muito irritado. Suas mãos tremiam ligeiramente, os dedos apertando sob a mesa com força. Era como se estivesse segurando uma tempestade dentro de si, prestes a explodir. Nunca o tinha visto tão descomposto. ― Que porra esse desgraçado está fazendo? ― Perguntou, com o olhar cravado no meu. ― Como ele está te tratando? ― Não é da sua conta ― respondi, num tom áspero que pretendia encerrar a conversa. ― E pelo visto nem da sua ― rebateu, com um veneno afiado. ― O que diabos você está fazendo com um cara que nem te leva para jantar, pelo amor de Deus? Era desconfortável. Como se Gadreel estivesse tirando um véu que eu mesma tinha colocado sobre os olhos. Não queria admitir que ele estava certo, que havia algo fundame
Lucas Park O céu começava a escurecer, nuvens carregadas se formando no horizonte. O vento soprava frio, como se até o clima estivesse se fechando, tentando me avisar que o pior estava prestes a acontecer. Senti minha garganta apertar e a bile subir quando ouvi o ronco do motor se aproximando. O confronto estava prestes a acontecer e, dessa vez, seria inevitável. Eu sabia que Gadreel era um filho da puta completo, mas também tinha certeza de que ele encontraria alguma forma de se safar de qualquer acusação que Gabrielle pudesse ter pensado em fazer contra ele. A culpa, no entanto, era minha. Deveria ter previsto que ela o confrontaria. Gabrielle nunca foi do tipo que engolia sapos, ainda mais quando acreditava estar com a razão. Ela, com certeza, apontaria o dedo na cara dele e despejaria todas as verdades em que acreditava. Fui ingênuo demais ao pensar que ela simplesmente deixaria passar a mentira que inventei — de que havia sido Gadreel o responsável por drogá-la. Se
Lucas ParkMeu coração pulsava mais rápido do que o normal. Seja lá o que Gadreel havia feito, o efeito fora o contrário do esperado. E eu deveria agradece-lo por ser tão precipitado em suas investidas, pois só serviu para afasta-la.Então ela forçou um sorriso, lançando um olhar rápido para seus seguranças, que estavam sentados a poucos passos de nós. Quando voltou a olhar para mim, seus olhos brilharam com uma provocação que era tão instintiva quanto irritante.— Quer mesmo fazer isso aqui? — Perguntou, tentando encerrar a conversa de forma apressada. — Na frente deles?— Eles já presenciaram cenas piores, meu amor. — Meu sorriso cresceu enquanto mantinha os olhos fixos nela
Lucas Park Ela tinha me encurralado. Aquele filho da puta... Claro que era ele. Ele estava bagunçando com a cabeça dela. Esse era o jogo dele: quebrar o que nós tínhamos, destruir o vínculo que existia entre nós. E o pior de tudo? Estava funcionando. Engoli em seco e olhei para ela, desesperado para quebrar aquela muralha que agora se erguia entre nós. — Pode duvidar de absolutamente tudo... — Minha voz saiu rouca, calma, e carregada. Eu precisava que ela entendesse, precisava que ela sentisse. — Mas não do quanto eu te amo. Meu amor por você é inquestionável... e você sabe disso. O silêncio que se seguiu me pareceu interminável. Os olhos dela vacilaram, como se buscassem alguma verdade no que eu dizia. Algo n
Lucas ParkEla sempre tinha essa reação. Sempre tinha surpresa em seus olhos e aquela leve mordiscada em seu lábio inferior. A mão sendo levada ao pequeno pingente em seu pescoço quando estava nervosa. Todo o seu conjunto me desestabilizava de uma forma que nenhuma outra mulher, jamais conseguiu. Ela nem precisava fazer nada além de respirar, para iniciar um incêndio dentro de mim.Ela me observava, ainda confusa, ainda tentando me decifrar. Mas eu sabia que, dessa vez, ela não encontraria as respostas que buscava. Pois nem eu as tinha. O que eu sabia é que estava a um fio de quebrar a promessa que fizera a mim mesmo, porque o medo de perdê-la era infinitamente maior do que qualquer culpa que poderia me assombrar na manhã seguinte.— Eu prefiro quebrar uma promessa a mim mesmo do que vê
Lucas ParkLutando contra o desejo ardente de devorar cada centímetro de sua pele, mantive os olhos fechados enquanto traçava um caminho de beijos quentes pelo seu pescoço. Seu corpo reagiu instantaneamente, arqueando-se sob o meu toque. Um tremor sutil percorreu sua pele, e o som suave de sua respiração entrecortada foi suficiente para inflamar cada fibra do meu ser.— Eu te amo mais do que a minha própria vida — murmurei contra sua pele, deixando meu hálito quente roçar seu ouvido. — Então preciso que me prometa… que irá me dizer para parar se não conseguir suportar.Ela hesitou por um segundo, sua mão deslizando pela minha nuca, puxando-me mais para perto.— E por que eu faria isso? — Sua voz era um desafio, mas ta