Gabrielle
Quando entrei no estacionamento, tudo aquilo que estava se formando em meu coração apenas se materializou. Eu precisava colocar para fora, de alguma forma. Eu não poderia permitir que aquela fúria fosse depositada em outra pessoa, principalmente se essa pessoa fosse Lucas. De nenhuma forma eu poderia permitir que ele visse aquilo que a tanto custo eu tentava esconder.
A passos apressados e nem tão largos quanto eu gostaria, caminhei até estar diante de meu primeiro carro, aquele que eu mais valorizava em minha coleção, o primeiro presente de meu pai. Abri a porta malas e retirei a chave de roda em formato de cruz, e sem nem mesmo me permitir pensar, retirei meus saltos, os jogando em qualquer lugar daquela imensa garagem. Tudo o que eu queria era silenciar os gritos em minha mente.
Rapidamente pulei para cima do capo da Porsche v
Gabrielle Diferente das outras vezes, ele não estava se afastando, não estava me parando. O que havia acontecido? Não queria ter que perguntar, assim como não queria que ele entendesse errado, mas eu soube, quando ele colocou a língua dentro de minha boca, e pressionou seu corpo contra o meu, me prendendo no capo daquele Porsche, que ele não me trataria mais como uma princesa que precisava de espaço e cuidado. Ele estava agressivo e possessivo, de uma forma que jamais supus que pudesse ser. Poderia saber sobre Gadreel? Não. Se esse fosse o caso, estaria discutindo comigo, ao invés de me tomar em seus braços. A intensidade no olhar dele era diferente. Havia um fervor ali que prendia minha respiração, como se ele estivesse enxergando cada pedaço meu, e isso me deixava sem qualquer defesa. O modo como ele me
Gabrielle O peso de seu aviso ainda estava comigo enquanto tentava recuperar o controle. Meu coração batia forte, e aquele misto de excitação e receio me tomava. Saber que ele estava no controle era uma ideia que nunca admitiria, mas que, de alguma forma, despertava algo em mim, quase que como uma necessidade de ser desafiada. Ele segurou em minha mão, e me conduziu para o fundo da garagem. A forma como me escoltava, tendo sua mão firme ao redor da minha, apenas enfatizava tudo aquilo que havia acontecido momentos antes. Foi real e ele se certificaria a todo tempo de não me deixar esquecer. Nunca me vi naquela situação, e pude perceber o peso de estar em um relacionamento real, quando passamos pelos meus seguranças, e seus olhos pousaram em Lucas ao invés de em mim. Estavam aguardando ordens dele e não as minhas
Gabrielle Fechei os olhos, tentando respirar. A verdade é que, em outros tempos, eu nunca teria deixado ele inverter o controle dessa maneira, e me perguntei o que exatamente tinha mudado. Talvez fosse a forma como ele agora parecia me enxergar, de um jeito tão direto, como se já soubesse de cada pensamento meu. Esse pensamento me fez morder o lábio com mais força, prendendo entre os dedos o pingente no meu pescoço, quase buscando ali uma âncora. "Ele nem mesmo me disse que me amava," pensei, num sussurro íntimo. Como eu poderia me entregar a ele sem ouvi-lo dizer? ― Está envergonhada ― disse ele ― não foi minha intenção. ― Decidiu sair do casulo finalmente? ― Perguntei, tentando me mantar no controle. ― Não se engane, minha princesa ― respondeu ele, se
Gabrielle Meu cabelo caia em cascata ao redor de seu rosto, enquanto afundava minha boca na sua. Senti cada musculo de meu corpo reagir ao seu toque, enquanto suas mãos subiram de minhas pernas até pausarem em minha bunda. Ele me puxou para si, tornando o espaço entre nós inexistente. Eu podia sentir, através daquele tecido fino de sua calça, o volume rígido em baixo de mim. Meu corpo se mexia por vontade própria enquanto o beijava. ― Porra princesa ― disse ele, em meus lábios ― para com isso. O calor de seu corpo e aquele sotaque que eu tanto gostava, provocou arrepios pelo meu corpo, tornando ainda mais difícil manter qualquer racionalidade. Sentir suas mãos firmes em minha bunda, a maneira como ele me mantinha tão próxima, como se não quisesse permitir que eu me afastasse, me fazia desejar cada
Gabrielle Um pouco antes do almoço, ouvi uma batida leve na porta. Já fiquei surpreso que ele não tivesse corrido atrás de mim. Não pensei que demoraria tanto para me procurar, mas não era ele. Jullian entrou com seu semblante inexpressivo de sempre. Sem pressa, sentou-se na poltrona que sempre ocupava e me observou, esperando que eu tomasse a iniciativa de me sentar ao seu lado. — Antes de começarmos nossa pequena reunião... — disse ele, o tom pausou enquanto tentava se lembrar de algo, num de seus gestos calculados. — O que aconteceu com seu carro favorito? O que eu poderia responder? Tentei manter a calma, enquanto buscava uma desculpa decente. — Eu... — hesitei, escolhendo as palavras. — Pelo menos não foi uma pessoa. Ele riu, um som leve,
Lucas Park Eu tinha vinte e quatro anos, um adulto formado em teorias que não pude aplicar e em memórias que nem sequer são minhas. Minha adolescência? Passei em um limbo inerte, ancorado a uma cama de hospital. A ideia de que “perder” algo parece tão vaga... Talvez eu nem saiba o que seria se tivesse uma vida normal, ou quem teria me tornado se tivesse estado "presente" durante esses anos. De certa forma, acho que foi até um presente. Como teria sido minha vida sem o acidente? Se não tivesse acontecido, o desenrolar era previsível: uma educação em colégios de elite, anos como o estudante exemplar, seguido de uma faculdade para me preparar para a sucessão na empresa da família. A guerra interna com meus tios pelo poder? Inevitável, ainda que fosse a última coisa que eu desejasse. E Gabrielle? Mesmo criança, eu sabia que ela seria minha no final. Essa promessa pairava entre nossas famílias, um destino mapeado. Mas e se as coisas fossem normais? Talvez eu tivesse conhecido
Lucas Park Gabrielle ocupava a segunda vaga, entre as outras dezoito naquele longo corredor ladeado de carros. Como ela ainda não me notara, ali, a poucos metros? Encostei-me à McLaren da primeira vaga e continuei observando, meu sorriso se ampliando a cada explosão de fúria que a tornava mais brutal. Ela era tão perfeita. Sua raiva era linda, refinada. E dentro de mim, algo profundo e indomável era atraído para perto dela, como se meu lado mais sombrio finalmente tivesse encontrado alguém que não recuaria quando ele se mostrasse. Alguém que não temeria ver quem eu realmente sou. Alguém semelhante. Meu corpo ardia ao ver o caos que ela criou. Meu coração disparou ainda mais do que quando ela bateu em Alice, porque eu entendia o peso daquele carro. Ver Gabrielle descontando sua frustraç&atild
Lucas Park Ouvi o carro se aproximando e pressionei ainda mais meu corpo contra o dela. Ela precisava perceber que todas as ações têm consequenciais, e principalmente, precisava aprender a confiar em mim. Seus olhos encontram os meus, estava assustava. Pensou mesmo que simplesmente a deixaria ir? Eu não permitiria que ela fugisse de mim, e de nenhuma forma, que eles a vissem nua, pois ela estava. Sem pensar muito, a mantive ali, embaixo de mim. ― Não ouse se levantar ― sussurrei em seu ouvido ― Ou eles a verão...excitada. E somente eu posso vê-la assim. O olhar constrangido em seu rosto me deliciava. Ela era ainda mais linda com as faces coradas daquele jeito. Achou mesmo que eu a deixaria se levantar e exibir seu corpo para qualquer um desses caras? Nem em um milhão de anos. Cada pedaço dela era meu, e ela devia saber disso.