Gabrielle
Eles falavam de mim, tão descaradamente, como se eu nem mesmo estivesse ali, ou pior, como se nem se importassem. As duas únicas pessoas que me tratavam como uma mulher normal, ao invés de me colocarem em uma estante para ser admirada, agora estavam em uma discussão acalorada sobre a vida sexual alheia. Sobre a minha. Perdi o foco de meus pensamentos quando ouvir alguma coiso sobre meus gemidos.
— Ei! — gritei, minha voz cortando o ar como uma faca. — Eu estou ouvindo, seu filho da mãe!
Gadreel se virou para mim, e por um instante, vi algo em seus olhos além da provocação habitual — um lampejo de pena ou talvez irritação genuína. Ele inclinou-se um pouco mais na minha direção, como se quisesse sublinhar o que estava prestes a dizer.
— N&at
Gabrielle Observei enquanto ele caminhava para dentro do apartamento, cada passo carregando a confiança de quem parecia sempre saber mais do que revelava. Um sorriso mal contido brincava em seus lábios, como se ele estivesse escondendo algo que não podia ou não queria dizer naquele momento. Era sempre assim com Gadreel. A sensação de que ele guardava a cereja do bolo para quando julgasse mais conveniente. Talvez eu devesse aprender isso com ele — essa habilidade de controlar o momento exato de revelar o que vale a pena. — Está interessada nele — afirmou Murilo, sua voz cortando meus pensamentos com uma calma que soava quase acusatória. — Não de forma romântica — confessei, mantendo meu olhar fixo no dele. — Eu só estou curiosa. Ele não respondeu imediatamente. Ainda sentado aos meus pés na espreguiçadeira, Murilo estendeu a mão com a natural
Lucas Park Honra, lealdade e respeito. Essas palavras moldaram minha vida. Cresci com elas estampadas em cada canto da empresa, em cada sala de reunião e, em todas as oportunidades, as ouvia sair da boca de meu pai. Mas acho que, no fim, não foi o suficiente para cravá-las na minha alma. De todas elas, o que me restou? Perdi a honra há muitos anos, desde a primeira vez que me deixei levar pelos meus impulsos e fiz aquilo que jurei inúmeras vezes que jamais faria. A lealdade? Um conceito supervalorizado, inventado por alguém que nunca esteve realmente entre a vida e a morte. Porque, quando se está em uma situação em que precisa escolher entre sua sobrevivência ou a maldita ideia de pertencimento, não preciso nem dizer qual vence. Fácil. Todas as vezes. E respeito... Bom, eu nem sei mais o que isso significa. Às vezes, a culpa vinha como um sussurro, outras vezes como um grito. O que mais me aterrorizava era a sensação de que, mesmo que eu queria, não sabia mais
Lucas Park Ela tinha uma forma incômoda e autoritária de se colocar na conversa, como se, de alguma forma, fosse ela quem comandasse o ritmo que deveríamos tomar. Era como se, independente do que havíamos discutido, a decisão final fosse dela. Ela era muito parecida com seu falecido marido quando se tratava de negócios. Leslie era como uma tempestade controlada: cada palavra sua carregava um peso calculado, mas eu nunca sabia quando ela deixaria escapar algo que nos engoliria por completo. Não era medo que eu sentia dela, mas uma irritação constante. Ela sabia demais, falava demais, e sempre parecia um passo à frente Ela também parecia cansada, e, embora a camada de maquiagem pudesse esconder qualquer marca de exaustão, seus olhos não mentiam. Seu semblante, embora firme, estava carregado de preocupação, e eu sabia exatamente a razão. — Foi por essa razão que o convidou para jantar? — Sondei. — Eu o convidei porque precisamos colocar um ponto final nessa rival
Lucas ParkVi o sorriso de Jullian se alargar. Era evidente que esse era seu plano desde o início — ele só não quis ter que dizer em voz alta. Nós tínhamos uma sinergia peculiar, fruto de anos de convivência. Jullian passou incontáveis finais de semana comigo em Seul, me ensinando sobre o cotidiano de Gabrielle: suas manias, suas preferências, até mesmo os pequenos detalhes que poderiam parecer insignificantes para outros, mas que revelavam muito sobre ela.Ele também me treinou para ser membro do conselho interno do conglomerado. Sem isso, jamais teria conseguido essa posição apenas com meu nome. Foi por meio desse aprendizado que entendi como sua mente funcionava. E o mais importante: aprendi a antecipar suas intenções.Às vezes, eu me perguntava se Jullian fazia tudo isso apenas por estratégia ou se, de alguma forma, ele realmente se importava. Mas nunca ousei pergunt
Lucas Park A palma da minha mão doía pela força com que cravava as unhas na carne. Juro por Deus, se Leslie fosse um homem, eu teria lhe dado um soco bem dado. Como ela teve a audácia de usar a própria filha como isca? Era evidente que colocar nossa empresa no bolso sempre foi seu objetivo desde o começo. E eu, tolo, me permiti acreditar que ela só queria a felicidade de Gabrielle. Com as mãos fechadas em punhos ao lado do corpo, soltei o ar lentamente. Não era hora de explodir, por mais que cada fibra minha gritasse para acabar com aquilo ali mesmo. Esse não era o meu palco, ainda. Mas quem sou eu para criticar intenções escondidas sob o véu das boas ações? Eu, que menti, manipulei e ocultei tudo sobre mim mesmo, para conquistar meu espaço ao lado dela. Entre todas as pessoas nesse emaranhado de relações, eu fui, sem dúvida, quem mais escondeu, quem mais usou segundas e até terceiras intenções
Lucas Park Desde que voltamos, meu pai e eu mal tivemos tempo juntos. Contava os dedos as vezes em que nos sentamos para uma refeição, apenas nós dois. Mas eu não o culpava. Ele era a pessoa mais responsável que conhecia, e, mesmo sabendo que nosso distanciamento não o agradava, entendia que ele apenas respeitava o espaço que acreditava que eu precisava. Talvez fosse melhor assim. Eu jamais teria conseguido mentir descaradamente naquela forma se meu pai estivesse sempre por perto. Ele sabia exatamente o quão fundo eu estava cavando o buraco onde me encontrava, mas não interviria, a menos que eu pedisse. Ele confiou na minha capacidade de lidar com os problemas, embora deixasse claro que nunca o fiz da maneira mais eficaz ou correta. Meu pai acreditava em mim, mas discordava profundamente dos meus métodos. Às vezes, eu também discordava. Mas
Lucas Park Quem poderia imaginar que Alice se tornaria a arma perfeita? A vadia seria o alvo pintado na testa de Castillo, e eu faria questão de apontar na primeira oportunidade. Gabrielle poderia até perdoar o afastamento dele. No fundo, eu sabia que ela nunca o culpou de verdade por ter se mantido longe por tanto tempo. Mas seu envolvimento com Alice? Isso era outra história. Não importava que Alice fosse apenas mais uma puta qualquer, uma entre as tantas prostitutas dessa cidade movidas por dinheiro e status. Ela era a única mulher que Gabrielle escolheu odiar. A única que foi marcada como alvo. Não havia como escapar. Nem Castillo, nem Alice. Eles finalmente conheceriam o verdadeiro rosto de Gabrielle, a mulher violenta e cruel que eu amo, que se esconde por debaixo daquela fachada. Eu estava contando os segundos para ve-la outra vez, despida daquela máscara. Como
Art. Único: A herdeira terá posse absoluta, irrefutável e intransferível, após a maioridade de 21 (vinte e um) anos, sob o cumprimento das seguintes exigências: 1. A herdeira deverá ser apta ao cargo de CEO, tendo pleno conhecimento certificado das seguintes áreas: a. Administração de empresas e finanças corporativas b. Economia c. Engenharia d. Arquitetura e. Gestão de pessoas Essa foi a primeira das dez exigências de meu pai, nada fáceis de se cumprir. Ele era a pessoa que mais me conhecia no mundo, talvez soubesse mais de mim do que eu mesma, o que me deixava desconfortável, pois sabia exatamente como lidar com meu narcisismo. Não pude conter o riso quando li pela primeira vez, na verdade, eu ri alto e tão descontroladamente, que senti cada músculo do meu corpo vibrar. Me obrigar a ser social mediante um documento era tão John. Ele sabia que eu não gostava de participar de eventos sociais, sabia que eu não gostava das pessoas da minha idade, assim como sabi